20 anos depois - A salvação da Escola Mundial escrita por W P Kiria


Capítulo 11
Capítulo 9




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“Bom dia, amiga. Dormiu bem?” Maria Joaquina perguntou para Valéria, que havia passado a noite em seu apartamento com Sara.

“Adoraria dizer que sim, mas tive pesadelos a noite toda. Não parava de sonhar com a Escola, com o Davi...” Suspirou a jornalista, sentando no sofá.

“Também sonhei muito com a Escola.” Concordou a estilista, abraçando os joelhos. “O que você sentiu de dançar com o Davi ontem?”

“Que todas aquelas malditas borboletas continuam no meu estômago.” Resmungou Valéria, coçando os olhos. “Por um momento, era como se estivéssemos de volta na formatura, ou na escola, e aquela tal noiva não existia.”

“Ela já deve estar com uns 18 anos, não é?”

“Algo assim. Creio que logo ela e o Davi se casam.” Lembrou a morena, com a voz embargada. “E eu aqui, ainda esperando que as coisas mudem.”

“Val, você sabe que ninguém torce e deseja mais a sua volta com o Davi, do que eu e o Cirilo. Mas dói muito na gente ver você, e a Sarinha, sofrendo. Nossa pequena merece uma família, merece ser feliz. E você também, Val. Chega de sofrer, amiga.”

“Ah, Majo...” As duas se abraçaram, enquanto a jovem mãe soluçava. “Eu queria tanto que nós três pudéssemos ser a família que sempre sonhamos.”

“Bom dia, amor da minha vida e comadre favorita.” Cirilo desceu as escadas com Sara aninhada em seu colo. “Essa coelhinha estava no corredor, chamando a mamãe.”

“Oi, minha boneca. Vem aqui com a mamãe.” Valéria a pegou, ajeitando sobre suas pernas.

Oce tava choando mamãe?” Perguntou a pequena, vendo os olhos da mãe molhados.

“Eu tive um sonho chatinho, filha, só isso.” Explicou, acariciando as molinhas dos cabelos dela.

“Mamãe, posso binca com o tio Davi? Ele foi legal com eu ontem.” Valéria sentiu a garganta se fechar ao ouvir aquilo.

“Eu vou ligar para o tio Davi, e vejo se ele tem algum compromisso. Pode ser?”

“Pode sim, mamãe. A Majoca e o Cililinho podem î tamém?” A pequena encarou os padrinhos, que sorriam como bobos.

“Tudo que a nossa bonequinha pedir.” Prometeu Majo, se levantando. “Que tal irmos naquela padaria mega-chic tomar café? Eles têm croissants de chocolate.”

“Maria Joaquina será sempre Maria Joaquina.” Valéria riu, se levantando com a filha no colo. “Mas vamos. Um pouco de chocolate cairia bem no dia de hoje.”

~*~

“Carmen? O Leo está no quarto de brinquedos, pediu para eu te chamar para a gente passear.” Daniel desceu as escadas. Encontrando a esposa sentada na sala. “Amor?”

Ela se virou para ele, que viu os olhos levemente puxados cheios de água. Na mesinha à frente dela, um copo de uísque pela metade. Daniel suspirou, mexendo nos cabelos desconfortavelmente.

“Não é nada, eu juro.” Ele tentou se explicar, mas ela levantou irritada. “Carmen.”

“Não, Daniel, nem começa. Eu te pedi ontem para não beber a droga da cerveja, que era só um gatilho. Você não consegue se controlar quando começa. Duas cervejas ontem e hoje já acordou e foi atrás de algo mais forte.” Ela entrou na cozinha, virando o copo na pia. No nervoso, ele caiu lá dentro e se quebrou em vários pedaços, um deles cortando a mão da mulher. “Droga.”

“Machucou?” Ele segurou a mão delicada, vendo o corte que havia se formado na palma. “Cadê a maleta de primeiros socorros?”

“No armário.” Ela indicou o local, e Daniel pegou o estojo de lá. Ligou a água e lavou a mão dela, logo enrolando com um guardanapo para que o sangue estancasse. “Vou ter que desinfetar, ok?”

“Álcool não falta aqui em casa, não é?” Ela ironizou e o homem mal teve coragem de retrucar.

“Desculpa, Carmen.”

“Eu não aguento mais você pedindo desculpas, Daniel, é assim toda a vez. Você tem um problema, e parece que não dá importância a isso.” Ela baixou os olhos, enquanto ele examinava sua mão. “Você tem ido as reuniões do AA?”

“Sim, o Jaime me acompanha todas as semanas. Ele ficou bravo porque eu bebi cerveja ontem, disse que alcoolismo não é brincadeira.” Daniel suspirou, cansado. “Eu estava sem beber nada há 67 dias, e acabei indo na onda dos meninos.”

“A culpa não é dos meninos, Daniel, eles não sabem de nada. A escolha de beber a cerveja foi sua.” Ela resmungou, arfando logo em seguida, quando ele passou o mercúrio no corte.

“Calma, calma, já vai passar.” Ele abraçou a mão dela com força, como se tentando puxar toda a dor para si. “Vai começar tudo de novo.”

“De novo, de novo e de novo.” Os olhos da morena se encheram de água. “Dani, eu tenho te apoiado nisso desde antes do Leo nascer, eu e o Jaime te ajudamos a esconder isso por causa da ONG, ele te apadrinhou no AA. Mas eu preciso de você agora, amor, mais do que nunca.”

“Do que você está falando, Carmen?”

“Dan, eu to grávida de novo.” Ele arregalou os olhos, surpreso. “Eu descobri na sexta, fiz um teste de farmácia. Eu que pedi para o Leo te chamar para irmos no parque, tinha preparado toda uma coisa fofa. Mas, agora... Na sua última recaída você demorou semanas para conseguir se controlar, eu quase tive que te colocar para fora de casa. Agora, tem toda a situação da escola, nossa insegurança financeira futura, e mais o Leo. Daniel, eu vou precisar que você se recomponha e seja firme. Ou então nosso casamento vai terminar antes do que você imagina.”

~*~

Davi estava na sala, com a mãe e o pai lendo no sofá ao lado. Ele rolava a timeline de Valéria, admirando as fotos dela e de Sara, o coração apertado.

“Admirando alguma coisa, Davi?” Perguntou Isaac, vendo o sorrisinho bobo do filho.

“Nada não, pai.” Ele se apressou em responder, mas Rebeca esticou a cabeça por cima do filho e viu a tela. Suspirou, cansada, voltando ao seu lugar.

“O que é, querida.”

“A Valéria e a menina.” Respondeu a esposa, voltando sua atenção ao livro.

“Não fala assim da minha filha.” Rosnou Davi, irritado. Isaac fechou seu livro, bufando.

“Nós já conversamos sobre isso, Davi.”

“Vocês me proibirem de ter contato com ela não muda o fato de que ela é minha filha, e que eu amo e me preocupo com ela.” Ele rebateu nervoso, fechando o computador. Antes que a briga prosseguisse, a campainha tocou. “Vocês estão esperando alguém?”

“Ela chegou cedo.” Rebeca conferiu o relógio, sorrindo animada. “Davi, abra a porta, querido, por favor.”

O jovem judeu arqueou a sobrancelha, mas concordou e se levantou, indo abrir a porta. Qual foi sua surpresa ao encontrar Cirilo, Maria Joaquina, Valéria e Sara ali.

“Vocês?”

“Oi tio Davi.” Sara cumprimentou animada, estendendo os bracinhos para ele. O homem se abaixou e a pegou no colo, recebendo um abraço de urso. “Pedi pa mamãe e pos dindinhos taze eu aqui. Vamo passear no paquinho?”

“Ela adorou que você brincou com ela ontem lá em casa, e ficou falando do tio Davi a manhã toda.” Explicou Cirilo, sorrindo animado.

“Valéria? Cirilo? Maria Joaquina? Que surpresa agradável.” Rebeca e Isaac foram até a porta, um sorriso amarelo no rosto. “E essa é sua filha, Valéria? Uma graça.”

Bigada, moça.” Sara sorriu para a avó desconhecida, que vacilou por um momento. “Você é mamãe do tio Davi? E você o papai?”

“Isso, mocinha.”

“Eu não conheço meu papai, ele tá lá longe.” Se lamentou a baixinha, fazendo um biquinho delicado. Davi e Valéria sentiram o coração apertar, trocando um olhar silencioso. “Vamo binca, tio?”

“Claro, anjinho, o tio vai adorar brincar com você.” Davi sorriu, mas o pai pigarreou.

“Na verdade, filho, nós teremos uma visita para o almoço, e é importante que você esteja aqui.”

“E posso saber quem é a visita?” Questionou o rapaz, irritado.

“Com licença?” Uma voz surgiu por trás de Maria Joaquina, e todos se viraram, encontrando uma jovem moça. “Esse é o apartamento do Isaac e da Rebeca?”

“Hannah? Querida, como cresceu.” A judia se adiantou em meio as visitas, indo abraçar a recém-chegada. “Está uma moça linda.”

“Quem é ela?” Perguntou Sara, sorrindo curiosa.

“Essa é Hannah, a noiva do Davi.” Apresentou Isaac, sorrindo orgulhoso.

Cirilo e Maria Joaquina deixaram o queixo ir ao chão, enquanto Valéria sentia os olhos se encherem de água e Davi sentia o chão sumir aos seus pés. Só Sara, com sua doce inocência, parecia animada.

“Nossa, tio Davi, que noiva boita.” Comentou a pequena, abraçando mais o pescoço do tio.

“Desculpem ter chegado mais cedo, mas com a confusão aqui perto preferi me adiantar. Tá tudo uma loucura por conta do incêndio.” Explicou Hannah, envergonhada diante de tantas pessoas.

“Que incêndio? Nós não vimos nada pelo caminho que viemos.” Perguntou Cirilo.

“A Escola Mundial, aqui perto. O jardim do prédio está em chamas.” Disse ela simplesmente, fazendo os quatro amigos de escola se entreolharem e saírem correndo, não antes de Davi entregar Sara para seu pai. “Eu falei algo errado?”


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Notas finais do capítulo

Oi gente, mil desculpas pela demora!
Estava tentando terminar o capítulo bônus Marilina, mas viajei e fiquei sem tempo de escrever! Então vim com mais um capítulo, e o próximo, provavelmente, será o bônus.
Amei ver as reações de vocês com as histórias Marilina e Jorgerida. Quis abordar temas mais adultos, mas que não fossem TÃO pesados, sabem? Infelizmente quando se chega a fase adulta os problemas vem, especialmente em um "novela" AHAHAHAHAH Agora falando um pouco de Carmeniel. O que será que está acontecendo com nosso nerd favorito?
Logo tem mais, prometo!
Abraços.



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