GUILHERME LACERDA

Georgia não diz nada no caminho todo atê o hospital. Parece que esta tentando me ignorar. Na verdade, é isso o que ela esta fazendo. 

 Bato na porta do quarto e abro. Gabriel esta almoçando, ganhando comida na boca. 

 — Não acha que já esta meio grande para ganhar comida na boca? - me olha e sorri. Me aproximo e nos abraçamos. 

 Selena sorri pra mim. 

 — Oi Selena. - comprimento lhe dando um beijo na buchecha. 

 — Como esta? 

 — Tirando a falta da minha perna, estou bem. 

 — Vai ficar bem, cara. Podemos comprar um corpo novo pra você. Bem mais alto, musculoso. Acho que ficaria atê melhor. Você é feio. - brinco, fazendo Selena rir. 

 — Sou parecido com você, idiota. - rimos. - como esta a Maratona? 

 — Cara eu preciso contar uma coisa a vocês. 

 — Conte. 

 — A você e a Helena. 

 — Eu acho melhor eu ir. Gabi esta ai? 

 — Sim. Pode ir lá. 

 Ela beija o namorado e sai. 

 — O que esta acontecendo? 

 — Vem comigo. - o ajudo a sentar na cadeira de rodas.

 O empurro pelo corredor e bato na porta do quarto dela. 

 Uma enfermeira atende. 

 — Quem são vocês? 

 — Irmãos. - respondo apenas. 

 Ela nos dá passagem e então a vemos. 

 Sua pele palida e os labios roxos, mostram como as coisas estão más para ela. 

 A enfermeira nos deixa a sós, dizendo que não podemos tirar a mascara, nem falar muito perto. 

 — Lena. - seus olhos se abrem e ela nos olha, um pouco confusa. 

 — Garotos... - sussurra pela mascara de respiração. 

 — Como esta? 

 — Nada bem. 

 — Guilherme quer nos contar algo. - fala Gabriel. Me sento na poltrona. 

 — O que? - pergunta ela. 

 Me preparo. 

 — Gabrielle esta gravida. 

 Os olhos de Gabriel se arregala. 

 — O que?! 

 — É isso ai. 

 Helena ri baixinho. 

 — Minha melhor amiga esta gravida? 

 — Isso. 

 — Eu mataria vocês dois se eu não estivesse a beira da morte... - acariscio sua mão. 

 — Não diga isso. 

 — Quem foi a primeira pessoa que você contou? - pergunta meu irmão. 

 — Arthur. 

 — Você contou primeiro pra ele?. Que falta de consideração com seus gêmeos, Guilherme! 

 — Como que eu iria contar?. Você estava amputando a perna pra ficar mais magro e Helena estava querendo dar uma fugida pro o cêu. 

 Os dois ri. 

 — Vocês que não tem consideração comigo. 

 — Ah, que carencia. - Gabriel me abraça, percebendo meu drama. - calma maninho. Ainda estamos aqui. 

 — E como esta a mamãe? - pergunta Lena. 

 — Maluca. 

 — Não a culpo. Tudo o que esta acontecendo mexe com ela. - diz Biel. 

 — Temos uma vida maluca. - fala Lena. 

 — E o que vai fazer, quanto ao bebê? 

— Ricardo sugeriu que eu falasse com o papai. 

 — Vai fazer isso? - dou de ombros.

 — Fale com ele. Não vai te morder. - diz Helena.

 — Ele não gosta da gente, Lena. Tem a familia dele. 

 — Ele nos ama. - me corrige. - Chega de orgulho. Fale com ele... 

 Balanço a cabeça e o quarto fica em silencio. 

 Sempre quando um pensa, os dois tambem fazem o mesmo. A tempos, não sentimos algo de Trigemeos. 

 — Não o vejo na escola. - respondo, antes que ela fizesse a pergunta. 

 Engole em seco e fecha os olhos. 

 — Acha que vamos sair dessa? - pergunta Gabriel. 

 — Nossa cota de azar esta acabando. Aguentem mais um pouco. - digo. 

 Pego a mão dos dois e entrelaço nossos dedos. 

 — Juntos atê a alma. 

 Os dois balaçam a cabeça. 

 — Juntos atê a alma. - concordam.