GUILHERME LACERDA 

 Finalmente chegamos em casa. Toda aquela sitiuação fez com que Gabrielle chorasse o caminho todo atê aqui. 

 — Mãe cheguei! - aviso, entrando. 

 — Ah, oi filho. Pode cuidar da sua irmã hoje?. Tenho que assinar o papel da alta do seu irmão, tenho que passar a noite com Helena.

 Bufa, frustrada. 

 — Mãe, nós precisamos conversar. 

 — Desculpe filho, mas estou com muita coisa pra fazer. Pode ser depois. 

 — Não, mãe. Por favor, a coisa é seria. 

 Seguimos para a sala de jantar, nos sentando á mesa. 

 — Pode falar. - abro a boca mas ela me interrompe. - Se for algo da escola, me conte depois. Adolescentes sempre tem seus problemas. 

 — Não é isso mãe. É coisa muito mais importante. 

 — Então diga. 

 Seus imensos olhos verdes me encaram. Nunca tive medo de ninguem, mas dela eu tinha.

 Seguro a mão de Gabi e ela me dá forças para dizer. 

 — Gabi esta gravida. 

 Ela nos olha por um tempo atê que uma lagrima rola por seu rosto. 

 — Por que fazem isso comigo? - é a unica coisa que diz. 

 — Mãe foi um acidente... 

 — Acidente?. Não me diga que Gabrielle e você transaram por acidente?. Assim do nada. - o rosto da minha namorada fica vermelho de vergonha. - nada é um acidente Guilherme. 

 — Queremos ajuda mãe. O pai da Gabi a expulsou de casa. 

 — É o que eu faria! 

 — Aconteceu com você tambem. Quando tinha 16. E eu já sou maior de idade. 

 — O problema é a situação Guilherme! - começa a chorar. - estão me deixando louca! 

 Passa a mão pelos cabelos loiros. 

 — Porra, vocês tinham que ter mais responsabilidade! 

 Soluça de choro e abraça a si mesma. 

 — Vocês fazem de propósito, não é? - murmura. - vocês querem me deixar louca! - grita. 

 Ricardo aparece nos olhando, confuso. 

 — O que esta acontecendo? 

 Minha mãe o abraça. 

 — Eles fazem de proposito. - diz pra ele. 

 — O que eles estão fazendo, querida? 

 — Ricardo, é melhor leva-la lá pra cima. - falo e ele concorda, mas antes que vão, eu falo. - Mãe, você vai nos ajudar? 

 — Sai de perto de mim! 

 Ricardo a tira dali. 

 Não culpo minha mãe. O que ela passa é duro. Somos uma familia, problematica. 

 Passa a mão pelos cabelos. Gabi recomeça a chorar baixinho. 

 — Vamos dar um jeito. - digo meio incerto. 

 — Não esta muito seguro. 

 Ela é a pessoa que mais me conhece, depois de meus irmãos, claro. 

 — Eu sei. Gabi vou dar um jeito. - acariscio seus cabelos. - suba e deite-se um pouco. 

 Lhe dou um beijo e ela vai. 

 Tudo esta tão maluco. 

 Me deito no sofá, pensando em tudo. Cacete, por que nossa vida tem que ser assim?. Deviam fazer um documentario dos "Trigemeos mais azarados do planeta".

  — Guilherme. - olho para Ricardo que se senta na poltrona. - o que aconteceu? 

 — Gabi esta gravida. 

 Ele faz uma careta. 

 — Sinto muito. - assinto. 

 — Ela esta bem? 

 — Sim. Esta dormindo. Olha, ela não esta em sã conciencia pra nada, utimamente. Todo esse negocio da sua irmã, a deixou delicada demais. - fala ele. 

 — Você tambem sente pelo Gabriel né?. Alias, a culpa é sua. 

 Abaixo a cabeça e estrala os dedos. 

 — É. A culpa foi minha. Selena me acusa, todos os dias que a vejo. 

 Viro o rosto. 

 — Você não gosta de mim, desde que vim morar com a sua mãe. E me odeia por fazer seu irmão perder uma perna. Mas saiba que não te odeio, Guilherme. Eu sempre vi potencial em você. 

 — Não me importo com que acha de mim. 

 — Ela não vai ajudar. Não quer mais problemas. 

 — Ela é minha mãe. Tem que ajudar. 

 — Mãe faz tudo para que o filho cresça, fique forte e arque com suas responsabilidades. Quando o filho ainda é pequeno, ela toma suas dores, chora junto. Mas quando a criança se torna adulta, ela não pode fazer mais nada, Guilherme. Sua mãe passou por muita coisa. Não pode obriga-la a te ajudar. 

 — Você não sabe, Ricardo. 

 — Sei. Sou mãe tambem, alem de pai. Minha esposa morreu quando Selena tinha cinco anos. Foi dificil cuidar de uma criança. 

 O olho. 

 — Quando você é pai, tudo gira ao redor de seu filho. Você toma as dores dele, chora com ele, ri com ele. Sofre junto. Só que sua mãe não esta aguentando mais. Seus irmãos estão a consumindo. 

 — Como? 

 — É complicado tudo isso. Vê-la assim me deixa mal.

 — Não estou entendendo. 

 — Quando seu filho nascer, entenderá. 

 — É. Quando estivermos dormindo na calçada. 

 — Tente seu pai. 

 Solto um riso sarcastico. 

 — Meu pai?. Prefiro morrer a falar com ele. 

 — Ele vai ajudar. Não tem coração de pedra. 

 — Mas Georgia tem. 

 — Não a culpe. 

 Bufo. 

 — Não vou falar com ele. 

 — Faça o que quiser. - se levanta. - Só pense. Ele não vai te deixar por si só, rapaz. 

 Se vai. 

 Lady Arlena aparece, balançando o rabo. 

 — Oi garota. - acarinho sua cabeça. - como esta? 

 Ela grunhi. 

 — A vida é complicada ne?. Bem, sua familia é maluca. 

 Ela late. 

 — Eu sei. É loucura.