Quando chegamos em casa, foi como se mamãe e Ricardo tentasem separar dois rinocerontes numa briga.

 Guilherme avançou em Gabriel e partiram para socos e ponta-pés. Isso resultou em dois nariz quebrados, quatro olhos roxos, uma sobrancelha rasgada, roupas rasgadas, labios cortados, um dedo quebrado e um ar tenso na casa. 

 Agora Guilherme esta sentado na cozinha, ao meu lado e ao lado de Gabriel, enquanto mamãe e Ricardo nos encara. 

 _estou decepcionada com vocês. - diz ela, olhando para os garotos. - nunca achei que tomaria esta decisão. Isto me deixa um puco desconfortavel, mas terei que fazer. 

 Isto nos deixa confusos. 

 _Guilherme e Gabriel, chameio o pai de vocês, para que se junte a conversa. 

 Os garotos parecem surpresos. 

 Frances entra. Ricardo o comprimenta e sai, dando lugar a meu pai.

 _oi filhos...

 _o que esta fazendo aqui? - pergunta Guilherme o encarando ferozmente. 

 _meu papel de pai. 

 Meu irmão ri com desdem. 

 _como você teve a cara de pal, de vir aqui e falar que é pai? 

 _e como você teve a cara de pal de tratar sua irmã do jeito que tratou? - se inclina para frente, com os dedos entrelaçados, á mesa. 

 _não tem moral para falar assim comigo. - vira o rosto.

 _o que sua mãe e eu vivemos foi extremamente triste, mas nunca a tratei assim. Nunca a faltei com respeito. 

 _mas a traiu. 3 vezes. - isto faz nossa mãe fechar os olhos. 

 _trai, sim. Mas me arrependo. Você humilhou sua irmã, por ela ter um problema de saude grave. Isto não tem desculpa, Guilherme. 

 Meu irmão o encara. 

 _não foi assim que nós o criamos.

 _nós?. Você nem estava aqui, seu velho nojento. Nunca esteve. Preferiu ficar com sua vadias, ao criar seus filhos. - nós ficamos muito surpresos com a atitude dele.

 Guilherme sempre foi muito educado e quase nunca falou um palavrão sequer. 

 _Guilherme! - repreende mamãe. 

 _o que foi?. Não gostou que tratei seu ex marido assim?. Você tambem nunca foi uma mãe exemplar. Vive as custas do dinheiro que esse cara nos dá, e paga de rica para as amigas. E alem do mais, traz um namorado para cá, com uma filha. Pensa que não a viamos sair de madrugada, procurando marido pelas ruas? 

 Ela fica em choque. Frances se levanta bruscamente. 

 _não fale com sua mãe assim! - aponta o dedo na cara dele. 

 Guilherme levanta o encarando. Os dois, separados por uma mesa. 

 _o que vai fazer? Me bater? ou vai pagar para que fassem isso por você? Você nao passa de um velho bebado rico, que transa com vadias pelas ruas. 

 Frances lhe dá um tapa forte no rosto. 

 Com isso consigo sentir o cheiro de alcool, de seu halito. 

 _ele esta bebado! - aviso. 

 Papai o pega pela gola da camisa. 

 _aprenda a respeitar. Eu pago sua casa, sua comida, seu carro, e atê esta sua bebida que andou tomando. Peça desculpas as sua mãe!

 Guilherme se solta de sua mão, e sai de casa, batendo a porta. 

 ...

 O clima ficou pesado. 

 De madrugada, ouvi os choros de minha mãe, vindo do quarto, e quase me esqueci de tomar as pilulas anti-vomito. 

 Me sento sozinha, a mesa no café da manhã. É sabado e não tem ninguem nem na sala e nem na cozinha.

 papai enviou Martha nossa antiga governanta para que ficasse com a gente já que tudo nesta casa mudou. 

 A mulher baixinha de cabelos avermelhados, põe as frutas a minha frente.

 _Guilherme voltou?

 _se chegou quando cheguei, não vi, senhorita. 

 _quem esta em casa? 

 _a Senhora Georgia e a menina Selena.

 _onde foram, Ricardo e Gabriel?

 _a peocura de seu irmão. 

 _tudo bem. Que horas são?

 _11:24 Am. - fala olhando em seu relogio de pulso. - ah! a menina Deborah, dos VilasBoas, ligou. Queria saber se pode passar na casa dela. A qualquer hora.

 _ok. Já que não tenho nada a fezer, irei lá. 

 _lembrese que tem Quimioterapia as Seis da tarde.

 _tudo bem. - falo me levantando. 

 _esta levando seus remedios?

 _estou. Fique tranquila. Se minha mãe perguntar, responda que fui ver Gabi. Não a conte que irei nos VilasBoas. fechado?

 _fechado.

 Rimos e saio de casa. 

 Entro no carro. 

 A casa dele é um pouco longe, então vou ouvindo musica. 

 Quando chego, logo me apresso a bater na porta. Esta casa me faz lembrar, da festa, onde me declarei a Arthur e ele me deu um fora no dia seguinte. 

 A mãe, Raquel, atende. 

 _Helena? - parece um pouco surpresa. - o que traz uma Lacerda, a minha casa? - falou em um tom gentil, e um sorriso no rosto.

 Por que as duas, minha mãe e ela, sempre falam assim?

 _bom dia. Deborah esta?

 _sim, claro. Entre. - o faço.

 _suponhava que quisese saber de Arthur. 

 Fico meio sem graça. Será que ele contou sobre nosso relacionamento? 

 _er... não. Eu vim falar com Deborah. 

 _Deborah! - grita. 

 _o que é? - ouve de reposta. 

 _Helena esta aqui!

 _pode subir! - o faço. O corredor. Passo pela porta do quarto de Arthur.

 Por um momento me deu uma baita vontade de entrar. Mas não. Não posso sofrer mais.