Amor à segunda vista! escrita por Yasmin, Yasmin


Capítulo 19
Capítulo 19 - Tempo


Notas iniciais do capítulo

Oie, mais um capítulo. Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/699954/chapter/19

╔─━━━━━━░★░━━━━━━─╗

Amor à Segunda Vista

Capítulo 19

╚─━━━━━━░★░━━━━━━─╝

Joe buzinava impaciente, estava na espera de Peeta há mais de 25 minutos, perderiam o voo caso ele não se despedisse de Katniss naquele último minuto.

— Ei, precisamos ir... — Ele gritou e viu o casal que estava insuportavelmente em amassados enfim se soltar.

— Volto antes da neve derreter. — Despediu-se Peeta, beijando-a mais uma vez nos lábios e enfim caminhou na direção da picape onde Joe o aguardava. Joe girou a chave na ignição e acelerou se distanciando da casa, assim Peeta acenou para a noiva vendo a casa e o pé de orvalho se distanciarem.

Enquanto trafegavam até o aeroporto da cidade. Peeta olhava na tela de seu laptop, monitorando os últimos passos de seu algoz, eles se encontrariam assim que chegasse em Springfield. Dentro do avião ele colocava a escuta por baixo da camisa branca, se transformaria em Oliver mais uma vez e esperava que aquela fosse a última vez.

Joe e ele repassam os planos, Cato, o gênio de computação testava a micro câmera que Peeta usaria no encontro.

Com seu smoking alinhado, ele usava e abusava do seu charme para cada vez mais conquistar a moça, no entanto, Mérida não se abria completamente, toda vez que tocava no assunto família, ela invertia o jogo e queria saber mais da família dele, ou melhor, falava de tudo, menos o que ele queria ouvir e por algum motivo, dor na consciência, talvez, ele não conseguia retribuir os toques ela buscava ter com ele e isso estava a deixando-a irritada, sedenta por sentir os lábios dele novamente.

                — Você está diferente — Observou ela, olhando para o rosto dele.

                — Impressão sua. — Peeta que estava com o pensamento longe, finalmente voltou sua atenção para a jovem na sua frente.

                Mérida suspirou, desconfiada, ela era tudo menos boba, mas Peeta ou melhor, Oliver como ela o conhecia a deixava sem prumo. Encantada, nunca, desde que seus pais morreram tivera alguém que lhe tentava, se importava dessa maneira.

                — Se quiser podemos desmarcar — Sugeriu magoada, olhando em torno do restaurante fino, quase lotado.

                Apesar de nunca ter sido criada diretamente com o avô, a moça havia herdado o gênio dele. Maléfico, maldoso, egoísta e invejoso. Ela tinha todos esses defeitos dentro de si, só não queria desperta-los, repetia para si mesmo que apesar das circunstancias, nunca se igualaria a ele.

                Peeta ficou aborrecido com seu despreparo, não podia deixar seus sentimentos, interferissem no que ele tinha de fazer naquela noite. Ele precisava de apenas uma direção e Mérida precisa dizer apenas uma palavra e logo em seguida a cavalaria do FBI estaria no encalço de Snow e assim o pedaço da América que ele pretendia explodir estaria à salva, com esse pensamento, ele clareou a mente e observou pela primeira vez e verdadeiramente como Mérida estava: o cabelo solto mostrava a beleza sensual, que lhe era natural, mas muito mais sofisticada. Usava um vestido vermelho. Elegante, pertinente para ocasião; um jantar romântico, onde eles estenderiam a noite num lugar reservado. Precisava se concentrar, pensou e retomou com a execução do plano.

─━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━─

                Bastou apenas que colocasse meio comprimido na última taça do vinho bordô que a garota bebia e ficasse inconsciente; permitindo finalmente sua entrada no apartamento, logo em seguida dos amigos que, conseguiram imobilizar os capangas que faziam guarda na porta do apartamento dela, parecendo “Queen's Guards”. Eles tinham pouco tempo para agir. Pois assim que, quem quer fosse tomasse nota do silencio dos homens e falta de comunicação com a garota, tudo estaria perdido.

                — Boa-noite cinderela, Mellark? Você já foi mais criativo — Disse Joe, mais uma vez reprovando a atitude impulsiva de Peeta. Dar sonífero para a garota não estava nos planos deles, tudo deveria acontecer naturalmente, visto que se essa primeira tentativa não desse certo, poderiam manter o disfarce, mas agora era tudo ou nada. 

                Peeta não conseguiu agir conforme as ordens de Haymitch e agora precisava encontrar sinal do paradeiro de Snow. E ali tinha de ter algum rastro, já que neta e avô não se comunicavam por internet e nenhum outro meio que pudessem ser rastreados. Então, ele estava em busca de alguma carta, telegrama, ou algum outro telefone onde o chip não fosse descartável e os impedisse de rastreá-lo.

                — Diz isso porque não é você que precisa aturar essa a garota — respondeu ríspido, mau-humor inalterado, ficar ao lado de Mérida estava cada dia mais complicado, não porque ele não conseguia resistir a ela, a verdade era que, estava criando um sentimento de pena da menina, era obvio que ela era só uma vítima, fazia o que fazia porque morria de medo do avô e engana-la estava ficando cada vez mais difícil, a garota cada vez mais pergunta sobre a suposta esposa qual ele havia inventado. Tinha medo que ela descobrisse sobre Katniss, sobre sua filha, assim não pensou duas vezes em desobedecer as ordens de Haymitch que havia o instruído de um modo diferente.  — Ela sabe aonde moro, não sei como conseguiu essa informação, se continuarmos seguindo o plano, envolverá Katniss nisso. — concluiu com o semblante preocupado, então Joe entendeu, devia ter imaginado que sua ação imprudente, fora por um motivo de força maior, assim bateu nas costas do parceiro, um gesto encorajador, faria o mesmo por sua família, Joe pensou.

                — Aqui!

                Eles ouviram o silvo de Cato e deixaram o quarto onde vasculhavam.

                — Encontrei alguma coisa. — Cato estava na sala, tateando a parede que dividia o apartamento vizinho.  — Tem algo aqui. — ele empurrou o móvel de madeira, encontrando atrás dele uma passagem oculta.

                Vendo isso, Joe caminhou até o lado de fora, avistando apenas três portas onde deveriam ter quatro. Eureca. Como eles não haviam notado.

                — Os dois apartamentos foram acoplados, deve ter alguma passagem. — falou quando retornou.

                Então Peeta iniciou sua busca, não sairia dali sem a resposta que queria.  O apartamento era grande, vistoso, um dos mais caros da área nobre da cidade. Ninguém imaginaria que ali residia uma criminosa. Era um belo disfarce para a Srta. Snow.

                Peeta adentrou a cozinha equipada com utensílios metálicos, ao olhar para o chão, avistou a cama do gato que até então não tinha sequer dado sinal de vida. Sem parcimônia ele vasculhava cada metro quadrado da cozinha, depois os quartos, o escritório e nada. Nenhum deposito de armas, cofres mascarados por obra de artes, nada piegas como criminosos endinheirados possuem em casa.  Mas, dentre o que encontrou vislumbrou uma marreta e teve a ideia brilhante de quebrar a parede da sala.

                — Não dá para procurar à noite toda. — ele disse e socou o objeto onde pretendia, a parede ruiu, fazendo uma fumaça de terra ocupar o ar e depois tossiu, mas não parou, continuou até quebra-la o suficiente para que, pudesse ver o que tinha do outro lado, ele deixou a marreta num canto. Pegou a arma do coldre e se posicionou para entrar, mas Cato o lembrou de estar sem o colete, tomando assim a sua frente.

                Peeta liberou a passagem e Cato iluminou o local os presenteando com a visão por trás da fumaça branca.

                — Filha da mãe!!!! — murmurou Joe, procurando o rádio, para passar a informação o que eles haviam encontrado. Não era o paradeiro de Snow, mas um arsenal de bombas escondido em uma das cidades mais patriotas do país.

─━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━─

                Eles já haviam feito contato com o Washington, D.C. Precisavam fazer relatórios e elaborar uma nova estratégia. O caso não havia sido finalizado, mas haviam dado um grande passo, mesmo consciente de que se Snow nota-se o silencio da neta, agiria de imediato, eles precisavam ser rápidos. Assim, deixaram dois agentes de apoio, eles substituiriam a atividade dos capangas, enquanto   tentavam convencer Mérida a colaborar.   E infelizmente a tarefa havia sido atribuída a Peeta, a garota tinha se afeiçoado a ele, talvez ele conseguisse convence-la a cooperar. E quando ele, Peeta, revelou que era um federal disfarçado e garota emudeceu, seus olhos escorriam lágrimas acidas de ódio.

                — Mérida, preciso que colabore, diga aonde está Snow. — Peeta repetia aquela frase pela terceira vez, mas, a garota permanecia calada, intacta, o fuzilava, e serrava os pulsos de modo que as algemas que ele havia posto nela começavam a machuca-la.  — Está bem!!!! — ele disse impaciente e levantou-se, dando lhe as costas, pensaria num plano B.

                — Como eu posso saber que vai cumprir o acordo? — Falou ela, Mérida, interrompendo seus pensamentos.

                Peeta havia lhe proposto um acordo interessante. A incluiria no programa de proteção a testemunhas. Uma nova identidade. Uma oportunidade de recomeçar. O departamento estava sendo generoso, normalmente não oferecem esse tipo de acordo, mas depois de aferir a exacerbada quantidade de armamento em alcance de Snow, precisam detê-lo de qualquer jeito.

                — Precisa confiar em mim. — implorou ele, calmo, Peeta estava agindo com uma parcimônia diferente, era pena dela.

                Mérida riu friamente.

                — Confiar em você? — Ela, franziu o lábio com desdém.

                 Como ele podia pedir que confiasse nele depois de tudo? Havia sido uma tola, uma burra, devia ter percebido que aquilo não passava de uma armadilha, mas depois de pensar bem, percebeu que era melhor aceitar a oferta que ele fazia do que ir a julgamento e passar anos numa prisão federal. Não suportaria viver nessas condições, isso se vivesse por muito tempo, lembrou-se de Enobaria, uma amante do avô e o auxiliava ativamente nas transações com quem ele fazia.

                Enobaria fora estrangulada dois meses após entrada na prisão federal que fora enviada.

                E quando ela entrasse na prisão e os demais detentos soubessem o motivo que entrara ali, teria o mesmo destino e não queria aquilo. Ela era uma boa pessoa, ou ao menos tentava ser, quando conseguia ficar longe do avô a quem ela o odiava por obriga-la a ser quem ela estava se tornando, uma criminosa, uma terrorista, uma assassina... começou a lembrar dos ataques em parques, não só na américa, ele e seus alinhados agiam em qualquer parte do mundo,  o fetiche deles era mostrar o poder, ver sangue escorrendo nas ruas, sim, todos eles eram loucos,  e quando  o assunto era: invadir os muros intransponíveis da américa, o divertimento se multiplicava.  E ela sabia o que estava por vir, o maior atentado que o mundo já assistiu.

                Com medo, ela decidiu aceitar, se aceitasse o acordo que Oliver estava propondo sumiria do mapa, nunca mais precisaria conviver com o doente do seu avô. Mas, como confiar naquele homem? Ela nem sabia o nome verdadeiro dele, só sabia o sobrenome, escutou quando o outro policial entrou no quarto, acreditando que ela ainda estava sob o efeito da maldita droga que o maldito do federal havia dado a ela.

                Peeta pegou a cadeira e sentou na sua frente, precisava convencê-la, era a única saída, assegurou que o FBI cumpriria na integralidade o acordo. Mérida o olhou cansada e perguntou o que deveria fazer, Peeta chamou Joe, ele explicou o plano.

                — Nos leva até ele — Pediu Joe à Mérida que, à queima roupa disse que ir até Snow era uma missão quase impossível.

                — Eu nunca sei aonde ele está — ela explicou — ... é ele, que sempre se comunica, eu nunca ligo, é sempre ele que liga pra mim. Ele telefona uma vez por semana, sempre à noite, nunca num mesmo horário, nunca no mesmo telefone — ela pediu que eles retirassem o tapete que cobria o chão do quarto, ali continha um cofre, mostrando um arsenal de celulares, chips descartáveis ainda não utilizados, Cato pegou os que já haviam sido usados — Eu deveria ter descartado, mas não consegui, eu nunca quis fazer parte disso... — Ela olhou para os pés, se perguntando quando tudo teria fim.

— E com aqueles dois que estavam lá fora? —Peeta disse mostrando uma espécie de rádio que um dos homens usava.

— Os dois não se comunicavam com meu avô, outra pessoa cuida dessa parte, não me pergunte quem, eu não sei, eu era apenas a neta que, um dia assumiria os negócios dele, por isso, apenas por isso ele me mantinha por perto, talvez ele já até saiba que estão aqui ou quem você é de verdade — olhou para Peeta — Ou não, eu nunca sei de nada...

— Consegue fazer uma identificação? — Cato falou lhe mostrando alguns retratos no laptop, mas nenhum deles submergiu a memória da moça.

— Estão procurando no lugar errado, Snow não se aliou a mulçumanos, ninguém do oriente médio, já frequentei alguns jantares e nunca vi ninguém usando turbantes ou com aparência do oriente, são pessoas normais, americanos, ingleses, russos talvez.

— Está querendo dizer que — Joe ficou intrigado com a fala dela. — São cidadãos americanos.

— Eu não posso confirmar, mas tudo indica que sim, teve uma... — Mérida fechou os olhos quase desfigurando o cérebro de tanto colocá-lo para pensar.

— Uma o que? — Peeta se aproximou dela, mas no exato momento o rádio começou a fazer um chiado, indicando que alguém pretendia fazer contato. Mérida abriu os olhos assim que ouviu a voz, e então o nome que ela buscava submergiu de repente, contudo ela disse:

— Alma Coin!

Os três agentes se olharam com um sorriso no rosto, Alma Coin era uma empresaria, a maior exportadora de armas do país, tinha as costas quentes com o governo, assim o FBI nunca sequer conseguiu chegar a um metro dela.   Agora era diferente, a fala de Mérida havia lhes dado um precedente.

O interrogatório já havia sido encerrado, mas eles ainda permaneciam no mesmo local, esperavam impacientes aguardando algum contato do mafioso e durante o tempo que esperavam, conversavam baixo, evitando que o assunto alcançasse os tímpanos de Mérida que ainda que estava algemada num canto da sala, longe suficiente de qualquer eletrônico.

— Se ela pudesse matava você. — comentou Joe, observando o olhar furioso que a prisioneira mirava em Peeta.

— Esse é um dos efeitos que os homens causam nas mulheres.

Joe riu.

─━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━─

                Ela aguardava o ponteiro do relógio marcar as 7h30. Quinze minutos seria tempo suficiente para que ela atravessasse a cidade e chegasse no horário. Uma amiga do antigo trabalho havia lhe telefonado, parecia aflita, e precisava da ajuda dela, katniss pensou em passar o endereço de Peeta, mas a casa estava de cabeça para baixo com a decoração do quarto do bebê, assim aceitou ir até a casa dela.  

                — Katniss, que bom que veio — disse, Lavínia, sua amiga de longa data, elas não eram exatamente amigas. Lavínia era uma das poucas colegas da faculdade que ela ainda mantinha contato, isso porque Lavínia retornou para Chicago após a formatura em Harvard, depois disso elas se encontravam diariamente nos corredores dos tribunais e nunca mais perderam contato. Lavínia assim como as outras pessoas ficaram absortas quando souberam do rompimento do relacionamento com Gale e ficaram mais espantados ainda quando souberam que ela estava gravida de outro. E noiva por sinal.  Mas, Lavínia, diferente dos fofoqueiros, ficara alegre com a notícia, nunca morreu de amores pelo procurador, na verdade ela, Lavínia, se perguntava como Katniss suportava o arrogante em todas as manhãs. — Você está linda, Katniss, eu precisava vê-la para acreditar— Lavínia deu passagem para que katniss adentrasse a casa, uma bela casa, bem próxima a casa de Peeta, Katniss nunca havia ido até sua casa, quando recebeu o convite, através, pensou em usar o GPS, mas, quando Lavínia, lhe passou o endereço completo, sorriu ao perceber que seriam vizinhas. 

                — É claro que eu viria — cumprimentou, Katniss abrindo um sorriso luminoso.

                — Eu fiquei em duvidas, já que agora é uma federal, deve ser bastante ocupada.

                — Ah, sim, muito ocupada, a minha barriga me ocupada o dia todo — falou ela lembrando do pessoal do trabalho que a transformou numa espécie de intocavel, nem as pastas com processos permitem que carregue, Johana então fica em cima o tempo todo, quando está na rua liga a cada quinze minutos, diz que precisa estar presente já que é uma das concorrentes a vaga de madrinha.

                — Pelo menos você tem emoção, eu não aguento mais aquele tribunal, não aguento mais a quinta emenda, os acordos e principalmente bater de frente com o Fuller.

                Katniss a observou de lado.

                — Ele ainda está lá?

                — Sim — Respondeu a amiga, em tom de desgosto — Vem que te conto tudo. — Então Katniss   a seguiu para o jardim que ficava nos fundos da bela casa, elas se sentaram enquanto Lavínia de uns biscoitos e um chá que as aquiesceriam, katniss retirou a luva e pegou a xicara ouvindo Lavínia falar sem parar, atualizando-a de tudo o que ocorria no antigo trabalho, ela, Lavínia  sempre fora bastante detalhista, não esqueceria nenhum detalhe, disse que sente pela saída da amiga, que a promotoria precisava de alguém humano e justo com Katniss, bem diferente de Fuller e sua assistente Glimmer. — Eles são horríveis, não abrem precedentes, preciso torcer para que meu assistido não caia nas mãos dele.

                — E a corregedoria?

                — Já tentei — Lavínia bufou — Eu já tentei de tudo, Katniss, você é minha última alternativa. — Ela a olhou envergonhada.

                — Não tem problema. — Katniss a confortou colocando sua mão sobre a dela, estimulando-a falar mais, e assim Lavínia resumiu para ela o caso. — E como eu posso ajudar? — Ela havia feito essa mesma pergunta para si mesmo

                — Gale!! — Lavínia tinha os cabelos ruivos e a pele branca como a neve, mas sempre que estava em apuros, o rosto todo se avermelhava. E quando pronunciou o nome do detestável do Gale ela ficou mais vermelha que uma Ferrari.

─━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━─

                Quando Katniss chegou em casa, retirou o casaco e as luvas, a casa já estava quente, antes de Peeta partir, havia instalado um aquecedor digital, que podia ser programado de forma virtual, assim quando a noiva chegasse na casa a encontraria quentinha, e não era apenas isso, ele também havia instalado sistemas de segurança e já havia e ainda pesquisava outras formas de garantir segurança a sua família.

                Então, depois fechou as portas e ativou o alarme, tomou um banho quente e esperou o contato dele.

                Ditada de lado, era a única maneira que ela conseguia ficar confortável, dessa forma ela  folheava as cópias do processo que Lavínia havia confiado a ela, era um caso simples, se estivesse na promotoria, ofereceria um acordo, mas se tratava de um homem negro, residente da periferia de Chicago e esses requisitos, mais as provas arroladas aos autos eram o bastante para Fuller convencer o júri a condena-lo.

                Katniss sabia que a pena era justa, mas não no caso em questão, já que o homem havia perdido o emprego que sustentava a família, e vender produtos piratas, fora o meio que ele havia encontrado para prover o sustento dos filhos. Ele não tinha ajuda de nenhum parente, a da genitora dos menores eles só sabia o nome, Fuller precisava ter clemencia, mas sabia que isso não ocorreria, assim, como Lavínia havia pedido, ela tentaria falar com Gale para que ele intervisse no caso, é claro, se ele concordasse em recebe-la. 

                Depois de ler todo o processo ela se aninhou ao travesseiro do noivo, parecia uma louca cheirando os objetos dele, isso era culpa do tempo.  O tempo. O maldito tempo que os separava. Fazia dias que não se viam, e ela se preocupava todas as noites que ele não fazia contato. Se chateou percebendo que seria uma noite dessas. As vezes ficava irritada, preocupada, porém se acalmava quando Johanna confessava que não havia falado com Cato.

                A família, também quase não a deixava sozinha, o pai, principalmente não ficava um dia sequer sem vê-la, sempre levava algo para matar sua fome, as vezes, ela acordava e o encontrava do lado de fora da casa, retirando a neve que cobria a varanda da casa. Depois da conversa entre Peeta e ele, pareceu dar uma trégua, não fazia cara feia toda vez que ela ou alguém falava dele. Até perguntava mais sobre ele, onde ele estava e como estava.

                — Bom dia, pai.— Ela desceu as escadas, sabia que era ele o responsável pelo cheiro de comida que invadia o quarto. John beijou o rosto da filha e disse:

                — Senta, eu fiz o café — ele ajeitou a cadeira — Sua mãe queria ter vindo, mas precisou correr para o hospital.

                               Katniss sentou-se e levou a xicara a boca.

                — Emergência? — perguntou depois de engolir tudo.

                — Sim. — o pai juntou-se a ela, depois de colocar a cesta de pães de queijo sobre a mesa.      

                — Eu consigo fazer meu café, pai, não precisa atravessar a cidade   todos os dias só para isso.

                — Eu sei que consegue e que não gosta de toda essa atenção, mas eu prometi que viria. — John respondeu distraidamente enquanto lia o jornal.

                — Prometeu a quem, John Everdeen?

                — A sua mãe.

                — A mamãe não pediria isso. Qual é o lema dela mesmo?

                “Criamos os filhos para mundo” disseram os dois em uníssono.

                — Eu sempre desobedeci sua mãe — katniss sorriu.

                — Só quando ela estava longe.

                — Ok, fiz um trato com seu noivo, vou cuidar de você todo o tempo que ele estiver fora.

                — Quando acordaram isso?

                — Antes dele partir... — John disse — Ele passou na construtora e me pediu isso, coloca ai na lista do senhor perfeito que sua mãe, irmãs e avó fizeram para ele.

                — Vou adicionar — ela riu acelerando a forma como devorava a comida, precisava se apressar caso ainda quisesse conseguir falar com Gale. — Eu queria ficar mais —justificou-se — mas tenho que chegar cedo, que tal um jantarmos aqui hoje?

                — Claro, venho mais cedo para ajudá-la, pode ir, eu limpo a bagunça — ele olhou para a pia, para a bagunça que ele havia feito.

                — Eu ajudo — ela sabia o quanto ele odiava fazer limpeza, se bem que a máquina de lavar louça cuidaria da parte mais difícil e retirar a mesa não duraria mais que cinco minutos. Ele aceitou.

                Quando terminaram cada um seguiu seu rumo, e ela dirigia determinada o departamento de justiça. A sede do FBI em Chicago ficava concentrada junto de outros órgãos públicos que envolviam a segurança da cidade. Torceu para cruzar com Johana logo cedo, queria saber se ela havia feito contato com Cato, isso a deixaria mais tranquila, já que não dormiu a noite toda preocupada com Peeta e porque sentiu algumas dores, lembrou de ligar para Prim e verificar se era normal, assim como o sangramento que teve da outra vez.

 Ao adentrar no prédio antigo, mas que é altamente equipado ela deixou seus pertences no vasilhame que rolou para dentro do detector de metais, um procedimento comum, ninguém, nem mesmo os agentes adentravam ali sem exibir a credencial.

                — Sabe se o procurador já passou por aqui? — perguntou ao guarda em exercício.

                — O procurador Hawthorne utiliza a entrada privativa — disse Trend, era o nome do segurança.  

                — Certo — katniss lembrou no mesmo instante — Obrigada pela informação, bom trabalho.

                Katniss pegou seus pertences e caminhou lentamente seguindo para elevador. Dentro da caixa de ferro seu ar parecia que sumia. Não gostava de entrar ali. Ou era o psicológico. Coisas de gravida, talvez. Em toda sua vida, já imaginava que estar gravida não era algo agradável. Mas, não imaginava que chegava a tanto. Ela mal conseguia andar cinco metros sem sentir que tinha disputado a maratona de Nova York. Nem o teste de aptidão física foi tão puxado como está sendo carregar sua menina.

                Quando chegou no andar que ficava o escritório de Gale se deparou com portas gigantescas e um chão forrado com um tipo e carpete verde fosco. A secretaria falava com alguém ao telefone, assim ela se sentou e enquanto aguardava repassou em sua mente todos os argumentos possíveis para que Gale mesmo a odiando tenta-se intervir no julgamento do assistido de Lavínia.  Ela sabia que era inadequado aproveitar da influência dele, mas nesse caso ela estava tentando impedir que Fuller cometesse outra injustiça, e Gale lhe devia favores, estava na hora de cobra-los, certo?

— Posso ajudar?

            — Gale está?

            — O Dr. Hawthorne, ainda não chegou.

            Katniss tinha certeza que a mulher sabia de quem ela se tratava.

            — Ele vai demorar?

            A mulher pediu um minuto e começou a folhear uma agenda, depois disse que ele, Gale, se encontrava numa conferência com os chefes de estado, a secretaria continuou dizendo que ele retornaria a qualquer momento, dessa forma, ela decidiu esperar, uma espera que não durou mais que 20 minutos, pois logo ouviu a voz oponente do procurador aproximando da antessala.

            Gale parecia nervoso, discutia com alguém ao telefone, quase não a percebeu, só foi possível isso, porque antes dele entrar na sala, Katniss o chamou, num tom bastante audível, suficiente para ele a ouvisse.

            — Katniss? — Ele retirou o celular da orelha, piscou três vezes, queria garantir que era ela mesmo e não uma miragem.

            — Oi.

            — O que faz aqui? — Antes de responder, Katniss olhou para a secretaria que os observava.

            — Eu preciso falar com você — ela disse — Tem um minuto?

            — Claro!

            Antes de concordar, Gale retornou a falar no celular, avisou ao seu interlocutor que retornaria a ligação assim que possível, depois abriu a porta do seu gabinete, deu passagem para que ela entrasse primeiro, entrando logo em seguida.

            Gale retirou o terno que usava, deixou em cima da mesa e apontou a cadeira para que ela se acomodasse, ela fez isso e viu os olhos dele na sua barriga, era impossível não olhar, era estranho estar ali depois de tudo, não sabia prever a resposta dele, com o nervosismo, desviou o olhar e começou a reparar nos objetos pessoais que ele obtinha na sala, não era muito, Gale nunca fora apegado a sentimentalismo, revelar suas emoções nunca fora o forte dele, não depois que eles romperam, pois logo sua visão a reconheceu em um dos retratos no móvel de madeira que ele possuía atrás dele, era foto de uma viagem que eles haviam feito no começo do namoro. Naquela época era boba e apaixonada, se perguntou porque pessoas mudam o tempo todo. As pessoas eram com as horas, mudam o tempo todo, pensou.

            — Deixou o cabelo crescer...— observou ele, pois quando namoravam, Katniss não deixava que os fios passassem dos ombros, agora estavam perto da cintura, e soltos, um pedido de Peeta, ele os adora, preso, solto, desalinhado, escovado, tinha uma fixação e quando se amavam num ritmo mais quente, gostava de puxa-los, tê-los presos em suas cálidas mãos. Ela ruborizou por pensar no que Peeta  faz com ela, enquanto o ex namorado lhe encarava.

            — Estou sem tempo — ela gaguejou, mas logo se recompôs  e foi direto ao assunto: — Gale, eu preciso de um favor!!!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor à segunda vista!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.