Amor à segunda vista! escrita por Yasmin, Yasmin


Capítulo 11
Capitulo 11 — Penetrando


Notas iniciais do capítulo

Oi, minhas lindas...
Olha só quem está de volta?
Perdoem-me pela demora, mas acontece que aconteceram algumas coisas....e também, eu estou meio envergonhada por ainda não ter respondido os comentários, pois sempre que tento surge algo daqui de fora para resolver...
Mas, enfim, quero agradece-las pelo carinho, e pela dedicação em comentar...Ah, quero dar boas vindas aos novos leitores que estão deixando seus reviews...
Obrigada e boa leitura
Estarei nas notas finais.
Beijos.



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 *** 

Depois daquela semana onde tudo poderia ter acontecido. Katniss acordou determinada e consciente que tudo se ajeitaria. Não só na vida pessoal, na vida profissional também; pois tudo ao seu redor havia tomado um rumo completamente inesperado.

 Ainda com tempo de sobra para chegar ao trabalho, ela ajeitou o colarinho de sua camisete branca, três quarto e alisou o tecido da calça que combinava perfeitamente com os sapatos de salto grosso que ela havia comprado especialmente para o cargo que exerceria na equipe de Boggs, seu novo chefe.

Antes de sair pela porta de seu apartamento ela se olhou novamente no espelho, para checar se a maquiagem não estava exagerada para ocasião.  E com os cabelos presos em um penteado perfeito, ela viu o reflexo da garota modesta da faculdade, uma mulher discreta e comportada que nunca quebrava as regras. Definitivamente estava farta de ser assim.

Então, ela retirou o grampo que os prendia, deixando os fios completamente lisos cair sobre os ombros, dando a ela um ar menos sério, mais descolado.

“Vamos lá, garota, você consegue” sussurrou para si mesma, ajeitando a arma que estava alojada no coldre que havia colocado na cintura.

E durante o trajeto até o departamento de justiça, Katniss não parou de olhar para sua mão e rememorar o final de semana ao lado de Peeta. Do enorme passo que eles estavam dando. Eles iam ter um filho. Iam se casar... Estava vivendo tudo de uma só vez e estava aflita por não saber o que fazer dia após dia, diferente do ex-namorado, que apesar de ser, frio e calculista, vez em sempre tocava no assunto: casamento ou algo relacionado para o futuro.

Um futuro que agora era ao lado de Peeta.

Mas, ai ela se lembrou da ocasião que eles se conheceram e sentiu um nó na garganta, por não saber como contar essa novidade aos pais. Principalmente ao pai. A ideia dele julgá-la como uma mulher fácil, que vai para cama com qualquer um, de certo modo lhe dava um desespero.

Ela até cogitou em não contar nada. Protelar por mais tempo. Até ser impossível esconder. Mas, logo o juízo retornou a mente, pois ela precisava dos acompanhamentos médicos, fazer o pré-natal e todo que uma gravida precisava ter. E se ela iniciasse o acompanhamento com um médico que não fosse de confiança da família, aí sim ela teria mais problemas para resolver.

Próximo ao prédio ela estacionou seu carro no pátio e seguiu para entrada passando pelo detector de metais.

Com sua carta de apresentação ela, aguardava Boggs, impacientemente. Ele lhe delegaria tudo. Setor, funções, parceiro e ao olhar em volta daqueles novatos desconhecidos, Katniss sentiu uma enorme falta de sua amiga Johanna. Tinha certeza que com ela ali, tudo seria mais sociável.

Uma hora depois de aguardar, ela e os demais foram convocados a entrar na mesma sala que Boggs havia lhe dado a notícia sobre a gravidez.

— Sentem-se  — disse ele, indicando as cadeiras em volta de uma enorme mesa redonda, onde apenas uma das cadeiras em torno dela ficou vazia  — Quero que prestem atenção —   ele andava de um lado para outro — Não tolero atrasos... —, continuou de forma seria, delegando funções e instruções aos novos agentes que o fitavam atentamente, até alguém um pouco descabelada e ofegante atravessar pela porta, desconcentrando a todos.

— Desculpe pelo atraso, senhor! Fiquei presa ao transito. — se aproximou entregando-lhe a carta de apresentação — Agente Mason, — disse ela desajeitadamente — Fui resignada para sua equipe senhor. — sorriu, mas nada adiantou, o chefe, olhava para ela furiosamente. Engoliu em seco — Eu estava lotada na equipe de Haymitch, mas eu não seria feliz longe do senhor, tão forte e másculo e...amigável. — zombou e todos riram, menos Boggs que ainda permanecia com cara de poucos amigos.

— Sente-se! — disse sério.

Mesmo irritado pelo atraso da agente, Boggs apenas lhe entregou o material e continuou a falar. Assim que Johanna se sentou, o olhar de Katniss logo encontrou-se com o dela.  Já faziam alguns dias, que ambas não se viam e apenas com o olhar ela perguntou para amiga, que apenas sorriu, o que ela fazia ali, já que sua intenção sempre fora fazer parte da equipe de Haymitch em Washington.

Sabendo que não teria respostas naquele momento, Katniss voltou sua atenção no chefe que apresentava o gráfico dos condados pelos quais seriam responsáveis e delegou simples missões a um por um dos agentes, mas nada a ela que ficou sem entender.

— O agente Thresh, apresentará a agencia a vocês — ele falou apontando para o homem forte, de pele negra e de feição pouco amigável. Então, todos o acompanharam, exceto Katniss que permaneceu na sala, a pedido do chefe.

— Eu a segurei aqui, agente Everdeen, porque tenho funções diferentes.

— Funções diferentes?

— Sim — ele caminhou para próximo de um arquivo — Sei que trabalhou na promotoria com Cyrus — fez força para pegar algumas caixas, depositando as na mesa — São arquivos, valiosos — disse ele, com um sorriso no rosto, abrindo e retirando maços de papeis amarelados.

— Certo, então eu trabalharei com o expurgo?

— Isso não é expurgo — Katniss arqueou a sobrancelha, pois ela tinha experiência o suficiente em arquivos como aqueles.

— Sim, é meu expurgo, meu carma e preciso muito transformar essa velharia em evidencias. E por sua experiência, sei que dará conta do recado. Você será meu braço direito, Everdeen.

 Ao ouvir aquilo o sorriso que estava o rosto de Katniss murchou. Depois do assedio que sofreu com o promotor Fuller, ela ficou com um pé atrás de trabalhar tão diretamente ao lado de homens que mal conhecesse, pois sentia medo que seu nome fosse atrelado novamente nesse tipo de escândalo.

Katniss engoliu em seco e, fazendo um enorme esforço para que a decepção e negação não transparecessem no seu semblante, ela respondeu com toda a calma:

— Será um prazer, senhor. Quando começo?

— O mais breve possível e você terá sua própria sala.

— Minha própria sala? — ela se espantou olhando através da vidraça e viu inúmeros agentes separados em guichês. Então, não entendeu porque uma novata com ela, já iniciaria com tamanha mordomia. Isso a deixou mais nervosa ainda.

— Esses arquivos são confidenciais, por isso você ficará em um lugar reservado. — Boggs se explicou, mas ainda assim ela permaneceu desconfiada, então não pensou duas vezes em ressaltar sobre o bebê ou mais exatamente sobre o pai de seu bebê.

— Obrigada, senhor, pela função branda que está me delegando. Assim meu bebê e eu não correremos nenhum risco. E bem ... — gaguejou — Meu noivo ficará aliviado. — ela mostrou a mão que usava o anel da mãe de Peeta.

— Certo — Boggs sorriu, inocentemente — Então, se quiser se juntar aos demais, fique à vontade — olhou no relógio — Tenho uma reunião agora. — Se aproximou da porta e disse ante de sair:

 — Bem vinda à equipe e parabéns pelo bebê.

♡ *** ♡

Do outro lado oceano,  Peeta alternava seus pensamentos entre Katniss e se preocupava com a segurança da equipe. Faria mais de três semanas que ele estava longe e tudo que ele queria era um aviso de Haymitch autorizando-o a recuar.

Sua performance na missão tinha ido além do ele poderia imaginar, pois o líder grupo de dijahistas que ele havia deixado escapar em outra ocasião, fora interceptado no segundo dia que pisou em solo iraquiano.

Dentro do Ases indomáveis, um bombardeiro americano, eles voavam rumo a Alemanha, onde havia uma das sedes do FBI.

— Você acha que ele vai revelar o alvo? — indagou Joe a Peeta que retirava o colete a prova de balas que protegia seu corpo, porém não seu braço que havia ganhado um ferimento por uma bala que passou de raspão.

— Vou falar com ele — disse fazendo uma careta de dor ao sentir o tecido da camisa pressionar o local. — Primeiro vou cuidar desse braço — conclui ele caminhando para o compartimento onde havia uma caixa de primeiros socorros.

— Onde você estava com a cabeça?

Joe estava furioso com o amigo. Peeta havia se arriscado, havia sido impudente e impulsivo como sempre e mesmo sendo por uma boa ação ele estava ciente que se arriscar daquele jeito era assinar um atestado de louco.

— Eu não tive escolha — respondeu jogando agua gaseificada, no ferimento. — A garota ia morrer! — continuou o que fazia sem olhar para Joe que rosnou com ele.

— Você não escuta, Peeta, precisa parar com essa mania de querer salvar o mundo.

— Eu não quero salvar o mundo — retrucou, olhando de soslaio para Joe que parecia estar num péssimo dia.

— Não... — completou ele — Se eu não tivesse aparecido os dois teriam morrido. E lembre-se eu não vou estar sempre com você.

— Eu não pedi para você ir até lá! Eu sei me virar sozinho!  

Joe pensou que Peeta definitivamente era o ser mais teimoso do mundo. E querendo ignorar o sermão do amigo, Peeta caminhou até o assento e colocou os fones de ouvido.

 Desde que ele havia contado para Joe que seria pai, o amigo parecia que havia redobrado o cuidado com ele. Joe era alguns anos mais velho e sabia fazer tudo na vida. Diferente dele que aprendeu sobre pobreza e violência depois que entrou para polícia.

Horas depois de sobrevoar o espaço aero alemão eles pousaram para reabastecer e comer descentemente qualquer coisa que não parecesse comida de astronauta e, Joe agora um pouco mais calmo do susto que havia levado ao ver o amigo ser baleado, reiniciou a conversa com Peeta.

— Você vai ser pai, precisa ser mais cuidadoso de agora em diante.

— Eu sei, mas eu não podia deixar a garota ser bombardeada. Era uma criança. — Peeta sabia que havia sido imprudente, quando ignorou os drones americanos e impediu a garota de morrer. Sabia que a menina no meio daqueles destroços era só uma armadilha dos dijahistas para impedir possíveis ataques estrangeiros.

— Está certo, você fez o que deveria, fazer. Mas, pense bem daqui pra frente — Joe falou se levantando e deu tapa no ombro ferido de Peeta. Ele gemeu e diferiu inúmeros palavrões para o amigo que saiu rindo e o orientando a  refazer o curativo que, pois o ferimento sem os devidos cuidados estavam ficando cada vez pior. 

 Deitado em um saco de dormir, Peeta observava a lua e tinha a sensação que o prateado emanado, era os olhos de sua noiva. Ao menos esse privilegio o revigorava, não tinha ideia se na manhã seguinte voltaria para casa, ele já havia conversado com Haymitch explicando o motivo pelo qual precisava ficar lotado em Chicago, mas o diretor adjunto, havia ficado de pensar, já que achava Peeta indispensável na equipe.

Um tempo depois de pensar em Katniss e na filha. Ele fechou os e dormiu.

♡ *** ♡

Embora, sua vida estivesse movimentada como jamais antes, Katniss parecia sentir-se cada dia melhor, mesmo com os enjoos incomodando-a o tempo todo, o trabalho e os telefonemas que ela fazia a Peeta a fortaleciam.

 Katniss estava sentindo um misto de medo e encantamento. Medo de falhar e o   encantamento que só uma mãe poderia sentir.  Ela tentava rememorar se já tinha sentido algo assim, tão sublime, tão perfeito.

Mas, ainda assim, havia algo que a incomodava. E esse incomodo se chamava Gale.

O ex-namorado estava a cercando de todos os lados, até mesmo no trabalho. Por trabalharem no mesmo prédio, ela tomava um cuidado redobrado para evitar encontros com ele, então ela passou a descer o estacionamento sempre acompanhada de alguém, tinha fé que uma hora ele iria entender.

Assim que o elevador chegou ao subsolo, ela se despediu de Bill seu novo colega e entrou no carro, deixando tudo no banco de trás, quando girou a chave e os faróis acenderam, viu novamente Gale vindo na direção do carro dela.

— Não vai abrir? — ele bateu com os nós dos dedos no vidro. Ela o abriu e, o encarou impaciente.

— O que foi, Gale? — disse de uma forma como se já estivesse repetido a mesma frase por várias vezes e demonstrando o quanto estava cansada disso.

— O que foi Gale? — ele repetiu com o rosto franzido — Eu quero conversar com você, vamos até minha sala. — ordenou, abrindo a porta, mas rapidamente Katniss a fechou.

— Eu não vou a canto nenhum com você. — falou estupida, e girou a chave do carro para dar partida, no entanto Gale foi mais rápido, roubando a chave dela, o que fez seus os olhos chamuscarem de raiva por obriga-la a sair do veículo. — Por favor, Gale! — bateu a porta.

— Por favor — disse ele — Por favor, digo eu! — gritou — Olha o que está fazendo comigo. — entoou seu velho tom rude, obtuso. Mas, ele transparecia um ar cansado, suas olheiras denunciavam alguém não dormia há dias. E estava ali para falar que era por culpa de Katniss.

— Não grite comigo! — ela falou sentindo-se cansada, tudo que ela queria era uma xícara de chá nem muito fria e nem muito gelada,  com poucas gotas de limão.  E não enfrentar Gale, suas investidas e até mesmo suas acusações.

— Você mentiu pra mim, katniss, mentiu descaradamente. Eu estive com Marvel, se lembra dele? Meu amigo... — acusou e Katniss se lembrou da vez que viu esse tal amigo. De sua noite com Peeta, sentiu seu estomago revirar — Marvel viu você com ele. — ele gritou mais forte ainda, e imprensou o corpo da moça na porta do carro, e não se conteve em dizer coisas horrendas sobre seu caráter — Eu deveria ter escutado meu pai.— pausou — Você é uma vagabunda! — Os olhos cinza dele tinham uma frieza incomum, parecendo que iam perfurar o olhar de Katniss. Ela não havia percebido antes o quanto aqueles olhos podiam ser ameaçadores. Sua vontade era fugir correndo dali, más não se atreveu a fazê-lo. Em vez disso, soltou seu braço com um movimento brusco, pois de forma alguma ficaria ali ouvindo aquelas ofensas, então encarou com olhar de desafio.

— Se depois de todos esses anos é isso que pensa de mim — Apontou o dedo no rosto dele — Esqueça que eu existo, Gale, porque eu já te esqueci.

Ao ouvir tamanha confiança na fala da moça, Gale aparecia que havia esquecido o real motivo que estava ali, que seria ridiculariza-la, fazer cair sua máscara de boa moça, garota de família. Pois, desde que conversou com o amigo Marvel ele não conseguia parar de emitir julgamentos a respeito de Katniss, sobre seu caráter. Há quanto tempo ela estava o enganando. Se sentia um trouxa e ainda por cima de coração partido, porque mesmo não querendo, era por ela que seu coração batia e ardia nesse momento ao notar tamanha indiferença nos olhos cinzas raivosos.

— Katniss, me desculpa — ele esfregou os olhos que ardiam de sono. Estava cansado, do álcool, da bebida, de entrar no apartamento e não inalar o cheiro dela que gostava de usar perfume doce. Sem ela parecia que tudo em sua volta havia ficado mais difícil. E mesmo com o erro que ela havia cometido, ele poderia perdoar, esquecer seu desvio de conduta, que ela estava se deitando com um homem que não fosse ele. Ao mesmo tempo que a amava, sentia ódio.  Katniss era sua fraqueza, não poderia perder, não mesmo.

Então, tomado pelo desespero Gale a puxou pelo braço até seu carro. Sua intenção era de leva-la para algum lugar mais calmo. Onde eles pudessem conversar, resolver as diferenças e finalmente reatar. Esse era seu plano, pois em sua cabeça era inadmissível aceitar que katniss tinha o trocado por um hipster do FBI.

— Entra — Falou entre dentes, abrindo a porta, mas Katniss não se deu por vencida. Jamais admitiria deixa-lo agir dessa forma, então indignada, ela o empurrou de lado.

— Não toca em mim, Gale. Nunca mais toca em mim — disse firme dando passos para trás e depois dando as costas. Ela não podia negar que estava com medo dessa reação estranha de Gale, ele jamais havia lhe tocado dessa forma. Parecia, parecia que ele iria lhe ba.... “Não” balançou a cabeça desfazendo as nuvens de dúvidas que pairaram ali.

Gale não a seguiu, continuou parado próximo ao seu carro e pelo olhar que ele lhe dirigia parecia que estava repensando em seu comportamento, mas só parecia, porque em sua mente ele já arquitetava uma forma dela voltar a ser sua. Nem que para isso, necessitasse de usar seu poder e influência e se precisasse, ele travaria uma batalha.

 *** 

Horas depois de chegar em casa, ela fez seu ritual, tomou o chá para  enjoo, leu cinco páginas do livro sobre como criar um bebê e ficou horas na sala vendo TV, esperando o momento que ela poderia falar com Peeta que nas últimas noites ainda não tinha dado sinal de vida, o que a deixou angustiada.

À medida que a noite ia passando, Katniss ficava mais nervosa ainda. Ela andava de um lado para o outro, com o celular sendo quase esmagado pelas mãos.

“Duas noites!” sussurrou, olhando para tela do maldito celular que fazia um silencio incomodo.

De repente o telefone da sala tocou, seriam seus pais? Más notícias?

Katniss estava aflita tão quanto uma mulher que reza e espera o marido retornar da guerra.

— Alô! — atendeu prendendo a respiração.

— Filha — Era sua mãe  e ao escutar sua voz, ela soltou o ar alojado nos pulmões.

— Oi, mãe... — sua voz saiu um pouco trêmula.

— O que foi não parece feliz em me ouvir, esperava outra ligação?

— Não é isso, é sempre bom te ouvir.

— Então o que é o James Bond ainda não retornou de viagem?

Pela primeira vez no dia ela abriu um sorriso. Lembrar, falar, pensar em Peeta Impreterivelmente a fazia sorrir.

— Sim, Peeta ainda está... Por aí. — concluiu por não saber sua localização.

— Então, somos duas preocupadas... Mas, não liguei para falar de mim e sim saber quando irá me visitar, tenho a leve impressão que está fugindo de mim.

— Não estou fugindo, só tenho trabalhado muito e...  bem você e o papai andam bastante ocupados. Aliás, todo mundo parece ocupado demais para mim. — falou sentindo-se abandonada.

— O que é isso? Katniss com ataque de carência? Não estou te reconhecendo... Está tudo bem?

— Mais ou menos... — ela queria tanto falar com a mãe sobre a gravidez, falar como realmente estava se sentindo, mas resolveu esperar. —.... e tem o Gale... ele está cada dia mais insistente.

— Isso é problema, ex-namorados inconformados sempre dão problemas, mas achei que ele fosse ocupado demais para esse tipo de cena...

— É... Parece que agora, ele encontrou tempo para mim. Mas, enfim, vamos mudar de assunto e o papai? — enquanto a mãe falava, ela caminhou até o quarto e deitou-se na cama, o que fez a ligação durar mais do que ela gostaria. Quando conseguiu desligar, tentou pela ultima vez o celular de Peeta sem conseguir êxito.

 *** 

Depois de dois dias confinado no pentágono, Peeta finalmente conseguiu chegar em Chicago que ainda tinha o clima quente. E diferente da ultima vez que esteve na cidade, ele foi direto para casa, pois precisava de um trato antes de ver katniss, e por ser tarde da noite resolveu que só se falariam pela manhã.

Então, quando passou pela porta de sua casa ele foi direto para o banheiro. Na frente do espelho ele fez a barba, passando as laminas lentamente pelo rosto, evitando se cortar.

Depois do banho ele pensou que poderia dormir relaxado, porém foi impossível, estava inquieto, se arrependeu de não ter ido direto para casa de katniss.

            Então, o intenção de esperar o dia raiar ele foi até o galpão, pegou jornais velhos, latas de tintas, rolos e pincel, levando-os para um cômodo da casa. Onde, mais exatamente seria o quarto do bebe. Então lentamente as paredes de cor gelo, iam ganhando mais claridade. Um tempo depois o quarto estava completamente branco, pronto para receber a decoração para qualquer fosse o sexo do bebe. Que ele, assim como Katniss intuía ser menina, devido a uma garotinha travessa que quase todas as noites invadira seus sonhos. Ele sonhara com uma garotinha loira brincado ao redor da casa e espalhando as folhas secas que caíram do orvalho.

Quando enfim, terminou a pintura o sol já estava raiando, animado com o resultado ele se lavou novamente e não pensou duas vezes em dirigir desesperadamente em sua BMW pelas ruas desertas de Chicago. Quando chegou no prédio de Katniss ele não precisou se anunciar, pois a mesma havia lhe dado a chave, deixando o com livre acesso. Dentro apartamento dela, ele foi direto para o quarto. Com a luz do abajur ligado, viu a silhueta de Katniss exposta. Emudecido, ele retirou a camisa e deitou-se atrás dela e abraçou sua cintura e, ao sentir a pele dela tocando na sua, teve de controlar os redemoinhos de emoções que lhe invadiram.

“Boa noite” sussurrou e apagou a luz, controlando-se para não acorda-la e fundir seus lábios, seu corpo com o dela.

Katniss apenas se remexeu devido ao sonho que no momento era sobre Peeta.

Logo pela manhã, com a claridade entrando pelas frestas, Katniss percebeu um braço em volta de si. Sorriu quando sua visão identificou a tatuagem de tigre. Para não acorda-lo, lentamente ela se virou.

Mas, diferente dele, Katniss não se conteve. Precisava toca-lo, sentir que ele estava inteiro, que estava de volta para ela.

Da mesma forma que ela fazia com seus pais, quando era pequena e tinha medo de trovoes, ela aninhou-se junto a ele, escondendo o rosto na curva do seu pescoço.

Peeta se remexeu quando sentiu os lábios dela no seu pescoço.

— Está na hora de acordar? — sua voz rouca ecoou pelo quarto.

— Oi — Ela levantou o rosto buscando o azul dos olhos dele. — Que horas chegou? Por que não me acordou? — disse num misto de alivio e emoção, mas depois de vê-lo não pode deixar de sentir um fluido de raiva.  E querendo que  o sentimento se dispersasse ela foi até a janela, abriu as cortinas, permitindo que a luz do sol invadisse o quarto. Ele tapou os olhos com a mão.

— Acabei de chegar e, é assim que me trata? Nenhum abraço? — disse travesso, levantando-se e fechando as cortinas, não tinha intenção de sair da cama tão cedo.

Apesar da saudade, katniss estava irritada com a parca consideração que teve com ela. Que tipo de agente do FBI era ele, que não podia dar sinal de vida.

— Você poderia ter avisado que estava vivo nesses últimos dias. — ela deu de ombros seguindo para o banheiro, onde lavou o rosto e colocou na escova de dentes uma camada generosa de pasta de dente.

— Eu estive confinado — se explicou entrando no banheiro e fazendo o mesmo que ela — Fiquei dois dias no pentágono, isolado de qualquer tipo de comunicação.

— Por quê — indagou ela de forma ríspida. — virou algum criminoso?

Peeta sorriu apreciando o temperamento da moça. Perguntou a si mesmo se este era seu temperamento ou hormônios já estavam aguçados pela manhã.

— Eu estive em uma zona de guerra e bem... — ele hesitou, pois não diria de forma alguma o perigo que a última missão havia obrigado a passar. Na verdade ele  não queria se lembrar. Na verdade ele gostaria que Katniss fosse sua válvula de escape, que o ajudasse esquecer as cenas horrendas de uma guerra. —... você sabe... é o protocolo da agência...

— Não, eu não sei que maldito protocolo é esse que impede um agente de fazer uma única ligação para família e dizer que está vivo. Eu realmente não sei Peeta Mellark. — Ela passou por ele, mas antes que ele pudesse falar ela bateu a porta.

Então ele percebeu que estava encrencado.

— Katniss eu estive enclausurado na enfermaria do pentágono, e durante o tempo que estive só pensava na hora que poderia ver você...saber se vocês estavam bem — explicou ele após entrar no quarto, mas Katniss continuou de forma irritada ajeitando os lençóis da cama. — Eiii — caminhou até ela, segurou seus ombros luminosos e impedido seus movimentos irritados.

— Sem saber, Joe e eu ficamos expostos a algum tipo de substancia química perigosa, então foi necessário ficar exilado, só depois que terminei os exames que consegui ser liberado.

— Hum... — ela enfim, olhou nos olhos dele — E o que disse os exames? — falou preocupada.

— Que estou limpo.

Silencio.

— Que bom — respondeu em um certo alivio e ele deu um passo à frente, fazendo com que o sentimento de raiva que ela sentira a pouco, fosse subtraída, dando lugar à saudade. — O que foi isso no seu braço? — com a ponta dos dedos ela tocou na gaze, que ele tinha envolta do ferimento.

— Foi só um arranhão — falou sem dar mais explicações. Mas, Katniss sabia que havia acontecido mais que isso, pois a pele descoberta estava irritantemente vermelha.

Então, com imagens de como seria uma guerra na cabeça, katniss pulou nos braços, dele. Era inimaginável perde-lo, jamais havia sentido dor parecida. Parecia que essa possibilidade estava arrancando-lhe o coração do peito.

— Eu estou bem — disse ele quando sentiu que o corpo dela tremia, e do nada sentiu as mãos ficarem gélidas. — Foi só um acidente, eu estou aqui, não vê.

Katniss sabia que acidentes desse tipo era comum no trabalho deles. Fora treinada para isso, para talvez levar um tiro, porém, agora nesse momento se via perdida, pois no treinamento não incluía ver quem ama, ser atingido por uma arma letal.

“Alguém que eu amo " pensou. Quando essa palavra poderosa tomou-lhe conta dos pensamentos, ela soltou-se dos braços dele e olhou de forma compenetrada para seus olhos.

“Ela o amava”

Refletiu silenciosamente.

Peeta sentiu-se hipnotizado, assim como da primeira e segunda vez.

— Eu te amo — declarou ele sem um pingo de dúvida. — Eu te amo, te amo, te amo — repetiu sem intenção nenhuma de esperar por uma contra resposta.

Era cedo para ela, pensar nisso, uma mulher gravida, sensível...Jamais obrigaria ela dizer algo que até mesmo ele, um homem vivido não conseguia entender. Como poderia sentir o que sentia em tão pouco tempo?

“Como se fosse possível, entender o amor” pensou.

 Assim como o vento... ele não é palpável, não podemos toca-lo, apenas sentir. E era isso que sua pulsação mostrava, somente ao ver aquelas orbes prateada, o penetrando de forma intensa, entendeu ser desnecessário qualquer declaração verbal.

— Eu te quero — Ela deixou a camisola de seda escorregar pelo corpo que clamava por ele, por seus toques certeiros, e ao senti-los trilhando na pele. Ela apressou em tirar o pedaço de tecido que cobria o corpo dele.

Parecendo que sua boca iria derreter-se junto com a dele. Então, pela primeira vez durante aquelas semanas eles se amaram, esquecendo que o resto do mundo estava ali fora. E diferente das outras vezes, o momento foi lento. Durou horas e mesmo com ar condicionado ligado, brotava suor pelos poros de cada um.

 No quarto só se ouvia sussurros, gemidos e promessas de amor. Eles poderiam dizer que este tinha sido o melhor momento deles juntos. Um momento de prazer, de paz e de amor.

—Vamos, almoçar fora? — Sugeriu ele, enquanto enrolava o cabelo entre os dedos.

— Que tal ficarmos aqui e ... pedirmos comida chinesa.

— Humm... nós podemos comer isso à noite. Queria te levar em lugar depois do almoço, mas se continuarmos aqui. Tenho certeza que não iremos conseguir sair dessas quatro paredes.

— Onde quer me levar? — katniss perguntou com curiosidade nos olhos.

— Surpresa — falou se levantando e ela o acompanhou entrando no banheiro.

 *** 

Quando finalmente eles conseguiram sair de casa, Peeta dirigiu a um restaurante no centro da cidade, onde ele pôde, pela primeira vez saciar os desejos da mãe de seu filho. E enquanto eles comiam, Katniss falava sobre seu dia a dia e colocou em pauta um assunto difícil. que eles não sabiam como resolver.

— Plutarck não quer me liberar, não até a o trabalho for finalizado. — Peeta estava inconformado com a recusa de seus superiores em aceitar seu retorno à Chicago, na verdade ele não entendia, pois até então tinha o livre arbítrio de escolher onde ficar.

— E quando vai ser finalizado?

— É impossível saber.

— E se você não puder estar aqui quando o bebê, nascer.

— Eu estarei aqui — ele respondeu com certeza.

— A sua última viagem era pra durar duas semanas, mas durou praticamente um mês e durante esse tempo eu fiquei pensando em como vamos fazer isso.  

— Fazer isso, o quê? — ele deixou os talheres sobre a mesa, sem entender onde ela queria chegar.

— Ser pais — hesitou por um instante — Ser um casal... me diz como vamos fazer isso, comigo aqui e você há milhas de distância... me diz? — Nervosa, ela ajeitou o cabelo atrás da orelha e desviou o olhar para qualquer outra direção que fosse oposta à Peeta.

— Você está certa — ele buscou a mão dela — ... eu realmente não sei como vai ser ... quantos horas, dias conseguirei estar presente, mas eu prometo que farei de tudo para te apoiar em todos os momentos. Nós vamos conseguir. — disse com segurança — Se quer saber.... — sorriu olhando para ela — Já tenho  planos para os nossos cinquenta anos juntos...

Mesmo com o assunto delicado ele havia conseguido tirar um sorriso dela.

 


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Notas finais do capítulo

*Spoiler*

"Depois daquele último, beijo e adeus. Sem ela ter dito que o amava, Katniss rezava, implorava, por uma nova chance. Para ver outra vez, aqueles olhos que faiscavam um fogo azul que ela jamais tinha visto em alguém.

Já faziam doze dias, que parte do seu mundo havia sido roubado. E por sorte, ele estaria morto e não torturado.

Suas lágrimas haviam secado e não sabia mais por quem deveria chorar. Ela só sabia que não poderia perder nenhum dos dois."



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