Meu estranho amor escrita por Eduardo Marais


Capítulo 9
Novos momentos




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Meses embarcam nos vagões de partida do tempo. Coisas se modificam e outras nem tanto. Pessoas amadurecem, outras continuam imaturas e acreditando que tudo se resume a algumas horas de risos e sem pensar em problemas. Já que o problema tem solução, por que pensar nele? E se não tem, por que pensar nele também?

— Eu soube que Amintas veio visitar o filho. – Killian bebe um gole de suco. – Você o viu? Não o bebezinho, mas falo do policial sem farda.

— Por que eu teria de ir encontrá-lo? Quem fugiu daqui foi ele!

— Okay! Vou fazer uma pergunta mais agradável, então: como seu amado David está reagindo com a chegada do filho de Amintas e a presença do nosso amigo aqui na cidade, tão pertinho de Mary?

— Coitadinho do David...está se sentindo rejeitado. Mary deveria prestar mais atenção no noivo...

— Antes que você o abocanhe. Essa cegueira por David está ficando sem graça. – Killian apanha seu casaco. Levanta-se. – Tenho de ir resgatar alguns amiguinhos peludos e sujos, perdidos nas ruas da cidade. Que tal se você tentasse resgatar um amigão peludo e de duas patas, que está precisando dos seus carinhos?

A preferência de Regina por algum resgate era por um amiguinho amarelinho de lábios vermelhos e coxas fortes, presas dentro daquela calça justa! Aquilo valeria a pena um bom resgate!

E é numa noite algum tempo depois do nascimento do sobrinho, que Regina recebe a informação de que seu cunhado David estava na portaria de seu prédio, choroso e bêbado. Queria chorar em ombros amigos. E de preferência em ombros bem conhecidos.

— Killian, por favor, desça lá e traga-o para cima, por favor!

— Lá vai embora a nossa noite do poker. – Emma resmunga e começa a recolher o baralho e as fichas coloridas. – É uma bosta, mesmo!

Espremendo as mãos e controlando sua ansiedade, Regina aguarda até a chegada de Killian apoiando David cambaleante. O loiro desvencilha-se de Killian e vai abraçar Regina, buscando conforto. Chora ruidosamente, incentivado pela bebida.

— Mary adiou o casamento mais uma ave!! – ele soluça.

— Como é? Ela matou uma ave no casamento? É algum ritual?

— Não, Killian! Ele quis dizer: mais uma vez! – Regina acaricia os cabelos quentes e suados do homem e o prende mais contra seu corpo.

— Mary pegou o bebê e foi para a Capital Federal! E num avião do parlamentar!

Killian e Emma começam a rir. A história ia ficar mais quente. Continue! Continue!

— Amintas veio buscá-la num jatinho particular! Levou Mary e o bebê embora!

— Shhhh! Está tudo bem, Dave.

Killian não resiste. Era mais forte do que ele!

— Está quase tudo bem Dave, porque Amintas está apaixonado por Regina. Ele está arrastando um vagão de trem por ela e com os dentes da frente.

David se afasta de Regina, enxuga o rosto avermelhado pelo choro e pela bebida. Funga várias vezes e tenta sorrir, olhando para um dos três Killians que estavam em balançando à sua frente. Um deles seria o Killian real, então iria focar-se no homem do meio.

— É uma notícia maravilhosa!

— A parte ruim da notícia é que Regina continua doente por você e arrasta o restante dos vagões do trem, na direção aposta!

Olhando Regina sem assimilar a informação, David se afasta dela e apoia a mão na parede.

— Por que você não investe em Amintas? Ele ficaria entretido com você e deixaria Mary comigo! - o homem grita e recomeça a chorar e soluçar. – Ele se esqueceria até do bebê! Homens como ele dão valor apenas para mulheres e não para filhos! Seduza-o e deixe Mary em paz comigo!

— Regina não pode fazer isso. Ela tem até um painel com suas fotografias na praia, como forma de idolatria! Por que ela investiria num homem muitos anos mais velho e menos rico que você?

— Fofo...fotografias minhas? Na praia? Não! Não pode ser...ser! Onde estão?

Killian aponta para o closet, um cômodo bem próximo dali, apenas para ver o desespero de David em conseguir chegar ao lugar.

— Não poderia ficar calado por um minuto?? – Regina vai atrás, acompanhada pelo casal e encontra David procurando algum lugar com as fotografias. - Precisa descansar, Dave!

— Onde estão as fotos?? Onde?? Mary não pode ver isso!! Ela não me perdoaria de novo!

— Não tem fotos, querido.

— Estão ali, embaixo da echarpe na parede. É painel, moço, e não álbum.

Arrancando a echarpe, David fica escandalizado com a quantidade de fotografias presas ali. Eram imagens românticas e que iria causar sérios problemas, caso caíssem em mãos erradas. Começa a arrancá-las do painel com violência e termina por rasgar uma delas.

Regina grita, voa sobre ele e tenta impedir que suas recordações fossem violadas e destruídas. Luta fisicamente com o homem, até Killian intervir e retirá-lo do cômodo, com a ajuda de Emma.

Momentos depois, sentado no chão do box, recebendo água fria diretamente na cabeça, David se larga na terapia de choque. Enquanto isso, Emma leva um copo com chá para Regina, chorosa em seu quarto.

— Ele sempre dá mostras de que não quer mais você na vida dele. Por que insiste em tortura-se? David ama Mary!

— Você viu a maneira como ele retirava as fotos do painel?? Viu a indiferença com que rasgava minhas fotografias e o medo que Mary soubesse da existência delas?? Por que Killian é tão cruel??

— Ele apenas ama você, querida. Killian não aceita que você cristalize sentimentos que não serão enriquecedores para sua alma.

— Isso é problema meu!!

— Seu sofrimento é problema de seus amigos, também. Amigos deixam você chorar, sim. Mas sempre estarão lá para enxugar seu rosto. Tente amar-se como Killian e eu a amamos.

— Emma, tá tão difícil viver sem o Dave! Ele não percebe que eu ainda existo? Veio apenas porque não tinha para onde ir? Não representei nada para ele?

— Representou sexo saudável, limpo e intenso. Mas o verão acabou e a paixão, também.

No quarto vizinho, David recebe os cobertores sobre o corpo. Passa a mão pelo roupão e observa os pés protegidos por meias.

— Estou mal...

— Sim, está mal, porém ainda poderá escutar o que vou dizer. – Killian se senta na cama. – No lado de lá daquela parede, há uma morena linda, sensual e que é apaixonada por você...mas é uma mulher proibida, e a estamos preservando para um gladiador bastante bruto. Ele sim, a merece e irá fazê-la feliz, caso Regina seja menos cabeça dura.

— Não amo Regina...quero viver ao lado de Mary! O nosso relacionamento na praia, foi apenas um momento irresponsável e prazeroso, que será lembrado apenas com receio!

— Tudo bem companheiro. Porém, ela está louca e sedenta por você, enquanto o seu organismo ainda está sob o efeito do álcool. Uma mistura perigosa! Ouça o que vou dizer: caso você aprecie o seu pênis no lugar onde ele nasceu, sugiro que quando eu sair, você tranque esta porta e durma com a chave. Porque se tocar no corpo de Regina, tenha certeza de que Amintas ficará sabendo e alguém neste quarto terá de assumir um nome genérico.

— Não pretendo tocar em Regina!

— Mas ela pretende ser tocada por você. Emma e eu iremos embora e sugiro que cuide de sua segurança, porque depois que Amintas foi agredido pelo Predador, ele intensificou os treinos com peso e deixou os bíceps maiores do que nossas coxas. Não queira ser um noivo cadáver...e castrado. Tranque a porta!


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