Uma Flecha No Escuro escrita por Madame Baggio


Capítulo 4
Capítulo 03




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—Os soldados que nós conseguimos capturar estão se negando a dar informação. –Clint estava falando –Mas eles são sim, a princípio, soldados do exército inglês. Nós acreditamos que todos foram infiltrados por alguma outra agência. Os snipers nos telhados não eram do exército, então devem ter vindo direto da base dele.

—Mas sua nova namorada matou todos eles com flechas. –Tony falou para Steve.

Steve ignorou o bilionário.

—SHIELD já pôs as mãos nos soldados. –Natasha informou –Eles vão cuidar disso. O que nós vamos fazer com ela? –indicou a garota sentada a mesa.

Steve tinha convencido todos a levarem a garota, Susan, para a casa de Jane. Era lá que eles estavam agora. Sitwell estava tentando entrar em contato e exigir que eles a entregassem, mas todos estavam ignorando o agente. Por ora.

Eles a deixaram sentada na mesa da cozinha enquanto conversavam em um dos quartos, porta aberta para manterem um olho nela. Não era nem preciso. A garota estava sentada, mãos no colo, olhos na mesa. Não se mexera quando tiraram seus pertences ou quando disseram para ela ficar ali.

—Ela deve estar em choque. –Bruce comentou –Eu acho melhor examina-la.

—Não vai ser necessário. –Natasha cortou –Eu vou falar com ela. Se ela estiver mentindo, eu vou saber.

—Só tem mais uma coisa. –Clint falou.

—O que? –Steve quis saber.

—Esse arco dela. –Clint falou, mostrando o arco –Ele parece ser bem comum, quase medieval, só que tem dois problemas. O primeiro é a madeira dele. Para arcos eu já vi pessoas usarem eixo, bambu, carvalho, nogueira e uma ou outra madeira. Mas eu não tenho ideia do que foi usado para esse arco e essas flechas. Eu nunca tinha visto isso antes.

—E o segundo problema? –Darcy perguntou curiosa.

—Seria esse. –Clint pegou o arco, como se fosse disparar uma flecha e puxou a corda. Ou tentou, porque está não se moveu nem um milimetro. –Tudo bem que puxar uma corda de arco não é “fácil”, mas eu sou um arqueiro experiente, não era para ela ficar imóvel. E nós vimos ela atirando flechas com isso, então tem que ser real.

—Deixe-me tentar, amigo Barton. –Thor pediu e Clint concordou, porque se alguém tinha força para isso, seria o deus.

E mesmo assim, nada aconteceu. Era possível ver o esforço que o gigante loiro estava fazendo, mas nada aconteceu.

—Sou só eu ou isso é mega estranho? –Darcy perguntou.

—Mega estranho. –Jane afirmou, olhando o arco –Mas coisas estranhas andam acontecendo com uma frequência assustadora.

Aí estava algo com que todos podiam concordar.

—Eu vou falar com ela. –Natasha declarou –Vocês venham junto, sentem no sofá e fiquem parecendo intimidantes. Tudo o que ela disser terá que ser cuidadosamente verificado. Entendido?

Todos concordaram.

Susan não se moveu quando todos voltaram para sala ou quando Natasha puxou a cadeira oposta a dela e sentou-se.

—Susan, certo? –Natasha perguntou com tanta gentileza que só podia ser encenação.

A garota fez que sim com a cabeça.

—Você poderia me dizer seu nome completo? –Natasha insistiu, ainda com cuidado.

—Susan Sophie Pevensie. –ela respondeu –E eu nasci em 25 de janeiro de 1928, em Londres, caso você esteja se preparando para me perguntar isso. –ela finalmente tinha levantado o rosto, mostrando que ainda tinha um espírito forte.

—Você parece bem jovem para quem nasceu há 85 anos atrás. –Natasha estava deixando de lado a falsa gentileza.

—Eu fui tirar um cochilo em 1949 e deu nisso. –Susan retrucou –Acho que os funcionários do metrô esqueceram de me acordar.

Steve teve que esconder um sorriso. Ela estava lutando, respondendo. Era melhor do que ver alguem tão jovem tão quebrada.

—Então foi isso que aconteceu? –Natasha insistiu.

—Foi. –ela bufou –Que dia é hoje? –ela quis saber.

—27 de novembro. –Natasha respondeu.

—Era exatamente esse dia... –Susan comentou, seus olhos indo parar na janela, no céu la fora –Fazia quase sete meses do acidente de trem que... –ela respirou fundo –Meus irmãos. –ela escondeu o rosto nas mãos e começou a chorar.

—Era isso que você estava fazendo no cemitério? –Natasha insistiu –Vendo se os túmulos da sua família ainda estavam la?

—Natasha... –Steve começou, mas a ruiva lançou um olhar que o calou.

—Foi. O acidente de trem... –ela respirou fundo –Meus pais, meus irmãos, meu primo... Lucy só tinha dezessete anos. –ela começou a chorar.

Natasha virou-se para Tony.

—Os registros de nascimento daquela época não estão disponíveis em computadores. –ele falou dando de ombros, os dedos movendo-se na tela do seu telefone –Mas a notícia do acidente de trem confere, na data que ela disse. E uma das matérias cita uma família inteira que morreu.

—Por que você não estava no trem? –Natasha quis saber.

—Eles estavam indo para algum lugar com outras pessoas. –ela respondeu, seu olhar ficando vago –Eu não tinha sido convidada. Lucy e Peter sempre me diziam que eu tinha ficado vã e fútil. Eles achavam que eu não me lembrava mais de como tudo tinha sido antes.

—E você se lembra? –Natasha insistiu.

—Algumas coisas são impossíveis de serem esquecidas. –foi a resposta dela.

—Tudo bem, vamos continuar. –Natasha respirou fundo –Era 27 de novembro...

—Eu tinha que ir até o advogado. Algum problema com o testamento do meu pai. Acho que eu nunca vou saber o que. –ela deu uma risada amarga –Eu fui até a estação de Aldywich, sentei no banco para esperar o trem, meus olhos começaram a pesar e quando eu acordei, era aqui que eu estava.

Natasha parecia surpresa.

—Você quer dizer que dormiu por mais de 60 anos? –o tom dela era de incredulidade.

—Eu não acho que dormi. –Susan retrucou –Eu duvido que alguem teria deixado de me ver dormindo no metrô por todos esses anos.

—Então você o que? –Natasha perguntou impaciente –Foi transportada no tempo?

—Não seria a primeira vez. –Susan rebateu, começando a perder a paciência.

—E o que isso quer dizer? –Tony perguntou.

—Isso vai soar impossível. –Susan advertiu.

—Colega, nós temos aqui um deus de outro planeta, um picolé direto da Segunda Guerra, um Hulk e o Stark ali. –Darcy indicou –Não pode ser mais estranho que isso.

Tony estava protestando, mas Susan estava ignorando tudo e parecia estar refletindo. De repente toda a postura dela mudou. Sua postura tinha um ar régio, seu queixo uma inclinação altiva. Era como se outra pessoa tivesse tomado seu lugar.

—Eu sou conhecida como Susan, a Gentil, Rainha Arqueira de Nárnia. –ela falou com confiança e autoridade.

Natasha estava a um passo de atacar essa afirmação quando Thor levantou-se de um pulo.

—Você vem de Nárnia? –ele perguntou chocado –O País do Grande Leão?

Agora até Susan estava olhando em choque para Thor.

—Oi? –Tony perguntou finalmente tirando os óculos escuros –Vai dizer que você ta acreditando nisso?

—Você não entende, Stark. –Thor falou, maravilhamento claro em seus olhos –Nárnia é uma terra mágica.

—Você já esteve lá? –Natasha quis saber.

—Não. Só os escolhidos podem entrar em Nárnia. –ele explicou –E era uma terra que só podia ser governado por filhos de Adão e Eva. Durante seus Anos Dourados foi governada por... –os olhos dele se arregalaram –Quatro irmãos! Peter, o Magnífico; Edmund, o Justo; Lucy, a Destemida e... Susan, a Gentil. Lendas não fazem jus a sua beleza, Majestade. –ele curvou-se em respeito.

—Thor! –Clint bronqueou –Você não pode estar acreditando nisso! Não faz sentido.

—Talvez para você não, Barton. –os olhos dele não desviaram de Susan –Mas eu sempre ouvi as histórias.

—Então você sabe como chegar lá? –Susan exigiu –Você pode me levar até Nárnia? –ela levantou-se.

—Minha senhora... Nárnia deixou de existir. Há mais de duzentos anos. –ele falou com pesar.

Susan desabou de volta em sua cadeira. Isso não era possível! Como Nárnia podia não existir mais? Onde estava Aslan?

—Eles não estão la... –ela murmurou –Eles realmente se foram.

—Ta, para tudo! Se esse lugar deixou de existir há duzentos anos, como você sabe dele? –Stark atacou –Essa história não bate.

—Stark! Thor é um deus nórdico com milhares de anos e o irmão dele é pai de uma cobra, um cavalo e um lobo! –Darcy protestou.

—Eu não sabia que ainda se contavam histórias dos meus sobrinhos. –Thor falou levemente surpreso.

—Pera la. –Tony virou-se para Thor –Você realmente é tio de uma cobra?

—Sim. –Thor falou como se fosse óbvio –Loki tem muito orgulho de seus filhos, embora eles adorem causar problemas, como o pai.

—Mas... –Jane era quem parecia chocada agora –Se as histórias sobre os filhos dele são verdadeiras então... –o queixo dela caiu –Você tem filhos também?

—Claro que sim. –Thor falou confuso pelo choque dela –E eu tenho muito orgulho deles. Um dia você vai conhece-los.

—Bom, essa conversa acabou de ficar estranha demais. –Darcy declarou –Majestade, eu vou te levar pra descansar. –declarou aproximando-se de Susan.

—Lewis, isso não terminou. –Natasha avisou –E está além de você.

—É, pode até ser. –a garota –Mas o que vocês estão fazendo com ela é ridículo. Ela não fez nada para merecer nossa desconfiança.

—Todo mundo é culpado até que se prove o contrário, Darcy. –Clint falou com simplicidade.

—Nenhum de vocês conseguiu manejar o arco, não foi? –Susan falou de repente.

Clint estreitou os olhos. Steve levantou-se, pegou a arco e entregou para ela.

—Prove que você consegue. –ele falou.

—Eu preciso de uma flecha. –ela lembrou.

—Steve, nós não vamos dar a ela uma arma. –Natasha estava protestando.

Para a surpresa de todos, foi Bruce quem estendeu uma das belas flechas que eles tinham tirado dela.

—Eu estou curioso agora. –o cientista disse com simplicidade.

Susan pegou a flecha, seu polegar cariciando suavemente a haste desta. Os olhos dela varreram o apartamento. De repente a flecha estava no arco, a corda estava puxada e flecha voou, pregando-se contra uma das paredes.

—Minha parede! –Jane resmungou.

—O show terminou, galera. –Darcy declarou, pegando a garota pela mão e tirando-a dali.

—Ela consegue usar o arco. –Bruce falou chocado.

—É um pouco mais do que isso, Bruce. –Clint falou, levantando-se do sofá e caminhando até onde a flecha estava pregada na parede.

—O que você quer dizer com isso? –Natasha perguntou.

Clint estava analisando a flecha na parede.

—Ela acertou uma mosca.

XxX

Darcy levou Susan para o quarto que ela e Jane estiveram dividindo. As vozes dos demais Vingadores, ainda discutindo sobre Susan, chegavam até elas claramente.

—Ela só pode estar mentindo.

—Manipulando todos vocês com aquela cara de boneca...

—Aqui. –Darcy ofereceu fones de ouvido enormes para ela –Assim você não tem que escutar isso.

As duas sentaram-se na cama e Susan colocou os fones com a ajuda de Darcy e música começou a tocar, afogando todos os outros barulhos.

Susan ficou em silêncio por alguns segundos, apreciando o gesto. Darcy estava olhando para ela com compaixão e preocupação sinceras.

A rainha sentiu seus olhos encherem de lágrimas.

—Eu não sei o que fazer. –ela admitiu.

Darcy colocou a mão no ombro da outra garota. Susan desabou e começou a chorar nos braços de uma completa estranha.

Agora nada mais restava a ela: Nárnia, sua família ou sua vida.

XxX

—Vocês não podem tratar essa menina como se ela fosse uma criminosa! –Steve protestou –Ela não fez nada de errado.

—Ela atirou em um homem em praça pública, Steve! –Clint lembrou.

—Um homem que ia atirar em vocês. –Jane falou –Ela não machucou ninguém.

—De qualquer jeito ou ela é louca ou uma grande atriz. –Stark cortou –Eu não vejo nenhuma outra opção aqui.

—Esperem. –Bruce pediu –Vamos investigar o máximo possível, antes de tomarmos qualquer decisão. Alguém tem que ir até onde quer que eles guardem os registros de Londres. Pesquisar sobre ela, nas datas que ela forneceu, sobre a família dela e sobre o acidente.

—Eu vou. –Clint ofecereu.

—Se nós tivéssemos alguma informação sobre Nárnia... –Bruce continuou.

—Eu vou falar com meu pai. –Thor decidiu –Se alguém conhece os segredos dessa terra, seria ele. Eu tenho para mim que ele ja esteve la.

—Ok, isso ajuda muito. –Bruce concluiu.

—Eu vou falar com Nick. –Natasha decidiu –Nós não podemos esconde-la aqui.

—Natasha...

—Steve, eu não vou deixar que ele faça nada com ela. Eu não sou um monstro. –ela retrucou cortante –Mas isso pode ser uma situação séria.

—Bom, divirtam-se. –Tony declarou levantando-se –Eu vou voltar para o hotel e começar a preparar nossa volta para Nova York. Eu imagino que, irrelevante do que vocês descobrirem, ela está indo conosco.

—Eu vou ficar aqui, de olho nela. –Steve falou.

—Sei. –Stark revirou os olhos –Bem de olho mesmo. Ela é uma gracinha.

—Você é nojento, Stark. –Steve quase rosnou.

O Capitão saiu da sala e bateu suavemente na porta do quarto onde Darcy tinha entrado com Susan. A assistente de Jane abriu a porta de leve, mas ao ve-lo convidou-o para entrar.

—Ela caiu no sono. –falou baixo, indicando Susan.

A garota estava deitada de lado, encolhida, fones de ouvido ainda no lugar, com rastros de lágrimas em seu rosto.

—Tadinha. –Darcy suspirou –Ela está tão assustada.

—Eu imagino... –Steve comentou.

—Eu vou fazer um chá para ela. –Darcy falou –Sabe-se la quando foi a última vez que ela comeu ou bebeu alguma coisa. –uma pausa –O que eles vão fazer com ela, Steve?

—Não se preocupe, Darcy. –Steve colocou a mão no ombro dela –Eu não vou deixa-los fazerem nada de mal com ela.

—Em você eu acredito. –ela sorriu para ele.

Darcy foi buscar o chá para Susan e Steve sentou-se na beirada da cama. A roupa dela era exatamente como ele se lembrava daquela época: a saia, a blusa, o cinto e os sapatos largados no chão. Era como se de repente ele voltasse para aquele tempo, para aquele lugar do qual ele sentia tanta falta.

—Fica mais fácil? –ela perguntou de repente, abrindo os olhos.

Steve sentiu-se corar por ter sido pego olhando para ela.

—O que? –ele perguntou após limpar a garganta.

Ela sentou-se e tirou os fones.

—Perder tudo. Acordar anos depois. Estar perdido.

—Eu não diria fácil. –ele respondeu –Você se acostuma. Infelizmente. Ter amigos ajuda.

—Eu não tenho ninguém.

—Não é verdade. –ele falou gentilmente –Você tem a Darcy que está la fora preparando chá para você. E eu estou aqui. Os outros Vingadores também.

—Eles não acreditam em mim.

—Não importa. –ele assegurou –Você não está sozinha. A não ser que você queira.

—Eu só queria entender por quê.

—É, eu também queria.


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Notas finais do capítulo

Por hoje é isso pessoal!

Espero que tenham curtido!

Não deixem de comentar!

B-jão