Estilhaços escrita por R Kermillian
Notas iniciais do capítulo
A ideia dessa one veio quando uma amiga minha me falou sobre um boato que estava circulando na internet sobre o Scorpius ser filho do tio Voldemort. É uma ideia completamente estapafúrdia, eu sei, mas não consegui me segurar e tive que escrever sobre qual seria a reação dele ao saber de tal possibilidade. Convenhamos, é impossível não ficar confuso e temeroso com uma coisa dessas, ainda mais considerando a reação das pessoas ao redor dele.
Boa leitura!
Todos permaneceram parados ao vê-lo soltar o jornal e sair andando desajeitadamente do Salão Principal. Sua cabeça zunia e seus músculos estavam quase imóveis, devido a tensão.
O ranger de seus tênis ecoou pelo corredor vazio, quando começou a correr furioso e, em parte, envergonhado pelo que havia acabado de fazer. O chamariam de covarde, tinha certeza. Mas continuou correndo, o sentimento de traição o corroendo por dentro, estilhaçando-o.
Malfoy, a palavra soava tão ridícula quanto o cabelo platinado do homem que chamou, por tantos anos, de pai.
— Scorpius!
A voz da ruiva, que mais parecia um borrão correndo pelos corredores, chegou aos seus tímpanos. Ele apressou-se e seguiu pela passagem até seu Salão Comunal, correndo em direção ao dormitório, trancou-se.
Retomando o oxigênio, aproximou-se da cama e deixou-se cair sobre ela. Estava cansado demais para exigir de si mesmo permanecer de pé. Não poderia fazê-lo. Não quando todo o seu mundo parecia ruir sobre sua cabeça.
— Abre essa porta!
Ele ouviu as batidas na porta e a voz da namorada atrás dela, mas permaneceu imóvel. Outra batida. Scorpius mordeu os lábios, erguendo o corpo da cama.
Mais uma batida e um xingamento direcionado a ele.
O loiro riu secamente e murmurou palavras quase inaudíveis, apontando a varinha para a porta.
Rose adentrou o quarto furiosa pela demora, mas sua expressão foi suavizada ao ver o rosto do namorado que, por sua vez, permitiu-se dar-lhe um sorriso forçado.
— Hey! — disse em um tom animado, tentando desviar de todo aquele assunto.
Sem sucesso.
Ela mordeu o lábio inferior e andou até ele, calmamente. E antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele soltou:
— Não ouse começar a me dizer que devo permanecer calmo!
— Mas você precisa se acalmar! — ela retrucou. — Scorpius, não se pode dar atenção a tudo que essas pessoas publicam por aí.
— Você esquece da parte que diz que sou filho daquele que matou aos pais do Teddy, que por causa dele Ginny perdeu um irmão… Você perdeu um tio! — ele irritou-se, levantando-se com brutalidade.
Rose olhou-o assustada. Nunca havia visto o namorado tão bravo, em todo o tempo que passaram juntos.
— O que está fazendo aqui, Rose? Vá embora! Você deveria me odiar! — gritou, alterado.
— Scorpius! — o repreendeu — Você consegue ouvir o que está dizendo? Consegue ouvir as bobagens que…
— É a verdade, Weasley. — a interrompeu.
— Não me chama de Weasley! — Rose berrou, pondo-se de pé.
Sabia o que aquilo significava.
— Não ouse querer me afastar de você, Scorpius Malfoy! — ele tentou interrompê-la, mas não foi rápido o suficiente. — Não quando você não está pensando direito! Não quando estou tentando te ajudar!
Ele permaneceu calado, assustado com o tom agressivo e autoritário da namorada, embora estivesse acostumado com ele. Em vez disso, limitou-se a soltar uma risada seca e sem humor sentando-se novamente na cama, o fundo de risada sendo substituído por soluços reprimidos.
— Você não tem certeza de nada disso. Ninguém tem. — Rose voltou a falar, mais calma dessa vez.
— Você sabe o que é ter todo o seu mundo posto à prova? — perguntou, confundindo-a. — Sabe o que é ter certeza de que todo mundo sempre lhe escondeu algo e que, agora, está pretejes a desenterrar e viver todo esse pesadelo?
Dando-se conta do que ele falava, ela voltou a se aproximar. Desta vez, ajoelhou-se à sua frente.
— Nada vai ser desenterrado. Nenhum pesadelo vai ser vivido. — disse, tentando convencê-lo — Você só precisa ouvir aqueles que precisam falar. — Rose franziu a testa ao perceber o quão idiota aquela frase soou em sua cabeça.
— Não sei se consigo. — Scorpius engoliu em seco, não percebendo o estranhamento da namorada.
— Tenta! Ele é seu pai, precisaram conversar. Colocar tudo isso em pratos limpos. — ela esboçou um pequeno sorriso.
Os lábios do loiro separam-se, mas logo voltaram ao normal. Ao perceber sua hesitação, ela levou seus dedos até os dele e os prendeu entre os dela, levando sua mão até próximo ao seu seio esquerdo.
— Não tô mentindo.
Uma outra risada seca saltou dos lábios do Malfoy.
— Você acredita no que diz, por isso não soa como mentira. — ele protestou.
— Acredito no que vale a pena acreditar. — ela disse, não se abalando.
— E como pode ter tanta certeza disso, agora? — Scorpius olho-a questionadoramente, como se esperasse a pior resposta possível.
Surpreendendo-o, ela tocou seu rosto e levou seus lábios de encontro aos dele, em um beijo demorado e extremamente carinhoso. Ao separar seus lábios dos dele, Rose sorriu e disse, docemente:
— Em quantas das vezes estive errada?
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