Muito Além de Mim escrita por Mi Freire


Capítulo 2
Nova realidade.


Notas iniciais do capítulo

Prontinho! Aí está o primeiro capítulo da história :)



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Finalmente vou para casa.

Não faz muito tempo que consegui um emprego de meio período como atendente em um Café aqui em Gold Coast. A cidade escolhida para o meu intercâmbio na Austrália. Eu precisava da experiência e principalmente do dinheiro para conseguir me manter aqui nesses quatro meses.

Mas não tem sido nenhum pouco fácil. O dono do Café, o Mr. Wilson, adora pegar no meu pé o tempo todo. Pedindo para eu concertar a postura, arrumar o avental, ser mais ágil, melhorar minha comunicação, sair do mundo da lua. Tudo bem. Eu entendo que ele só quer o melhor para o seu comércio, mas o que ele não entende é que eu estou aqui para aprender. E que com o tempo com certeza eu serei melhor. Ele só precisa ser paciente.

Se não fosse por minhas duas colegas de trabalho, Sydney e Judy, eu já teria jogado tudo para o alto.

Elas têm me ajudando muito desde o começo e eu sou muito grata a elas por serem tão boas comigo e por terem me ensinado tanta coisa desde que cheguei aqui.

Nos nossos momentos de pausa, elas adoram me perguntar sobre o Brasil e como as coisas funcionam por lá.

Eu não me canso de dizer que ainda temos muito a melhorar em nosso país. Mas posso, ao menos, garantir a elas que temos comidas saborosas, lugares incríveis para se conhecer e pessoas muito afetuosas.

Já em casa, ao anoitecer, jogo minha mochila no chão e me deito na parte de baixo da beliche, exausta.

— Seus avós ligaram não faz muito tempo. – diz Eli ao sair do banheiro após um longo banho morno. — Eles queriam falar com você e pediram para você ligar assim que puder.

Solto um suspiro.

— É melhor você ligar logo ou eles não vão parar de te encher o saco.

Sento-me.

— Mas eu não quero falar com eles agora! Ainda não estou preparada.

Eli cruza os braços e me lança um duro olhar.

— Você não pode fugir para sempre, Nikolina.

— Você não me julgar por isso, Eliezer.

Nos encaramos por alguns rápidos segundos até cairmos de vez na gargalhada.

Sempre que queremos provocar um ao outro nós nos chamamos pelo nome. Coisa que nós dois odiamos.

Quando vou me apresentar a alguma pessoa, me apresento como Nina. Como eu prefiro ser chamada. Nikolina é tão... Bizarro. Eu realmente não sei onde minha mãe estava com a cabeça quando escolheu esse nome para mim.

Na verdade, eu posso imaginar.

Quando menor eu sofria muito por odiar o meu nome, porque todo mundo ria de mim por ele ser tão... Diferente e esquisito. Principalmente na escola durante a chamada.

Eu sempre amei os professores que preferiam chamar os alunos por números e não pelo nome.

— Tudo bem. – Levantei-me. — Vou ligar amanhã, talvez.

Entrei no banheiro, tirei a roupa e tomei um banho.

Eu amo meus avós. Amo de verdade, mesmo que nunca tenha dito. Eles fizeram muito por mim. E eu sempre serei grata por isso. O problema é que a nossa relação sempre foi um tanto quanto esquisita.

Forçada seria a palavra exata.

Meus avós não são aquele tipo de velhinhos que todo mundo idealiza. O que me faz pensar que talvez, muito provavelmente, eles sejam do jeito que são por culpa da minha mãe.

O problema é sempre a minha mãe.

Mesmo quando criança ela só dava trabalho e muito desgaste a eles, que viviam correndo atrás dela, para livra-la de problemas que ela fazia questão de se meter: brigar no parquinho, empurrar os coleguinhas, responder a professora, ser mau educada com estranhos, roubar dinheiro dos próprios pais, fugir de casa inúmeras vezes, não se esforçar na escola.

Eles cansaram de pedir a ela que se esforçasse mais e fosse uma pessoa melhor. Eles cansaram de castiga-la e repreende-la. Ela nunca dava ouvidos. Nunca chorava. Nunca se desculpava. Nunca melhorava. Estava sempre fazendo tudo de proposito só para contraria-los. E de uma hora para outra eles simplesmente pararam de se importar com ela.

Um pouco depois de completar quinze anos, ela foi morar fora de casa, com algumas amigas mais velhas. É claro que meus avós foram contra e até tentaram proibi-la. Mas ela estava disposta a lutar com todas as forças para ter sua tal liberdade.

E ela conseguiu.

E quando eles pensaram que finalmente se veriam livres dela, foi quando as coisas de fato se complicaram. Ficaram ainda piores. Pois minha mãe começou a se envolver com inúmeros caras. Não qualquer cara. Caras ruins. Que mesmo a maltratando, ela morria de amores por todos eles.

Antes mesmo dos dezoito anos ela começou a beber muito e a usar drogas. Meus avós recebiam várias ligações por dia de hospitais e delegacias. Mas já não havia nada que eles pudessem fazer. Foram escolhas dela que a levaram até ali.

Até que por fim ela engravidou de mim. Coisa que não estava em seus planos. Apesar do desapontamento, meus avós insistiram para ela voltar para casa. Para eles poderem cuidar melhor dela e mesmo assim ela se recusou. E ela decidiu me ter sozinha. Nem por um segundo cogitou abortar.

Às vezes eu me pego pensando nisso e me pergunto se não teria sido melhor ela ter me abortado.

Sei que parece uma ideia terrível, mas, eu não estava pronta para nascer e ela nunca estaria pronta para ser mãe. Tanto que é que mesmo durante a gravidez ela continuou fazendo más escolhas: bebendo, usando drogas e se metendo em problema atrás de problema. O que resultou em várias complicações na gestação e ela quase acabou me perdendo.

Nas primeiras semanas, logo depois que eu nasci, as amigas com que ela tinha certeza que poderia contar por toda vida, pediram para ela sair de casa e me levar junto, pois elas não aguentavam mais o meu chororô dia e noite.

Não sei como minha mãe conseguiu uma casa depois disso, acho que com a ajuda de um de seus tantos namorados que ficou com pena dela. Uma casa pequena, apertada e sem quintal. Onde vivemos juntas nos meus primeiros anos de vida. Sabe, eu não tenho muitas lembranças daquela época. Afinal, eu era só uma criança inocente. Mas consigo me recordar de alguns momentos e eles não são nada agradáveis.

Me lembro de chorar muito, trancada em meu quarto, sem nenhum brinquedo ou companhia. Enquanto minha mãe estava fumando na sala, rindo com de seus homens e fazendo sabe-se lá mais o quê. Lembro de sentir fome, medo e frio. E lembro de um homem alto e forte entrar no quarto, me entregar uma boneca e pedir para eu ficar quietinha, pois ele tinha coisas importantes para tratar com a minha mãe no quarto ao lado.

Lembro-me de ela me arrastar pelo braço para baixo e para cima, pedindo favores a qualquer um que tivesse pena de uma mãe solteira tendo que cuidar de uma criança sozinha sem nenhum emprego ou condição. Lembro das pessoas me olharem com pena ou até mesmo com nojo. Por eu ter um único vestidinho rasgado e sujo, um cabelo armado e duro por raramente ver shampoo e o nariz escorrendo sem parar.

E lembro, principalmente, do dia em que eu acordei assustada durante a noite, com seus gritos pela casa. Ela estava brigando com um homem. Completamente drogada. Implorando para que ele não a deixasse. Lembro que os vizinhos apareceram para ver o que estava acontecendo e da polícia chegando em pouco tempo para leva-la para longe.

Lembro que ela quase bateu nos policias, gritando e surtando, com lágrimas escorrendo pelos olhos vermelhos. Lembro de alguém ter ligado para os meus avós que eu raramente via e lembro de eles terem aparecido rapidamente e ter me levado para longe dali sem nenhuma explicação.

Depois daquele dia minha vida deu um grande salto.

De uma hora para outra eu tinha várias opções de roupas, um quarto decorado e cheio de brinquedos, eu fazia mais de três refeições por dia e tomava banho todos os dias. Agora eu ia para a escola e fazia dever de casa. Podia assistir à televisão e brincar no quintal no balanço que meu eu avô construiu.

E é aí que vocês me perguntam: porque estou sendo tão ingrata com meus avós se eles salvaram a minha vida?

A resposta é muito simples: Eles sempre foram capazes de me dar tudo. Menos o amor. O mais importante. Não que eles tenham feito de proposito ou por maldade. Eles nunca foram capazes de amar como eu sempre desejei porque eles não tiveram a oportunidade de amar a minha mãe que causou tanto transtorno na vida deles.

Não estou dizendo que eles preferiam não ter tido a minha mãe. Só estou tentando dizer que eles preferiam que ela fosse diferente, que ela fosse melhor. Coisa que nunca aconteceu.

E é claro que eles sempre a amaram e a mim também. Mas não é aquela relação de amor afetivo que todo mundo idealiza que exista entre uma família de verdade.

Por exemplo: minha avó nunca fez um carinho na minha cabeça, nunca tocou na minha bochecha. E meu avô nunca me abraçou enquanto eu chorava ou secou as minhas lágrimas.

E sabe porquê? Porque eles nunca souberam lidar comigo. Nem com a minha mãe. Nem com ninguém. A nossa relação, desde o início, é muito distante, fria e contida. Mesmo até os dias de hoje eu sinto que sou um fardo indesejado para eles o qual minha mãe não soube cuidar e se responsabilizar. 

E nós quase não conversamos direito. Apenas o básico, para saber como estão as coisas. Nada além disso. Eu sempre tive que lidar com meus problemas pessoais sozinha. E na maior parte do tempo eu me senti muito solitária e afastada.

Eu não tinha os avós dos sonhos e muito menos uma mãe com quem pudesse contar. Afinal, ela optou por me deixar. Como um objeto indesejado. E desde aquele dia eu sei muito pouco sobre ela. Não sei nem qual é o prato preferido dela ou a cor que ela mais gosta. Ou o nome do meu pai. Se é que ela sabe quem ele é. Tudo que sei sobre ela é que ela é uma drogada que vive sumida pelo mundo, passando por várias clinicas de reabilitação, mas sem nenhuma salvação por estar sempre desistindo dos tratamentos.  

Ela ligou algumas vezes querendo saber de mim, mas eu sempre pedia aos meus avós para dizerem que eu não estava por perto. Porque a verdade é que eu nunca estaria preparada para encará-la de frente. Não depois de tudo que ela me fez passar. Não depois do caos que ela transformou a minha vida por não resistir fazer escolhas erradas o tempo todo sem nunca pensar nos outros, apenas em si mesma.

Depois que tomei meu banho, vesti meu pijama que estava pendurado por ali e saí do banheiro, faminta.

Eli já tinha pedido algo para a gente comer.

Parei diante do espelho logo depois que ele desceu para buscar o pedido e me olhei atentamente no reflexo.

Eu nunca me achei tão bonita assim. Na verdade, eu me acho bem normalzinha. Mediana, curvas modestas, seios razoáveis, um bumbum pequeno, uma pele clara, cabelos escuros, volumosos e com cachos indomáveis apontando para todos os lados e olhos castanhos com um fundo verde escuro.

No ensino fundamental eu cheguei a cometer um grande crime: cortar meu cabelo sozinha durante um acesso de fúria. Eu estava cansada de ser chamada de leãozinho no colégio ou coisas piores. As meninas viviam rindo do meu cabelo volumoso. E isso me fez odiá-lo também, assim como eu já odiava meu próprio nome.

Eu sou uma pessoa muito sensível, admito.

E ao invés de melhorar a situação, eu só piorei as coisas. Pois meu cabelo ficou muito curto e muito mais cheio. Naquele dia eu chorei muito me olhando no espelho e sentindo pena de mim por me deixar influenciar tão fácil pelas pessoas. Mas eu aprendi. E desde então tenho aprendido a amar meu cabelo do jeito que ele é, sempre foi e sempre será. E sabe de uma coisa? A partir do momento em que eu aprendi a me amar assim, as pessoas começaram a me amar também e não há quem diga, hoje em dia, que meu cabelo é feio. Muito pelo contrário. As pessoas se encantam com os meus cachos volumosos.

Eli voltou com nossa comida e nós nos sentamos no meu colchão para devora-la enquanto conversávamos sobre o nosso dia.

Não tínhamos uma mesa.

O alojamento estudantil em que vivemos é minúsculo. Mal cabe nós dois quanto mais uma mesa com cadeiras. E mesmo com tão pouco espaço e liberdade, nós demos vida própria a esse lugar com nossas coisinhas pessoais espalhadas por toda parte.

Em um canto temos o beliche. Eu durmo na parte de baixo e ele em cima. Tem um pequeno armário que está quase explodindo com nossas roupas e calçados. Temos também uma mesinha de estudos que temos que dividir o tempo todo. Um abajur, tapete, cortinas, almofadas. Uma portinha que dá acesso ao banheiro e por fim uma bancada de apoio, um micro-ondas, uma pia, um armário com duas portas e um frigobar.

Isso mesmo: um cômodo, mais um banheiro, com uma única janela com vista para a rua e a porta de entrada.

Mas sabe de uma coisa? Vivemos bem assim pelo menos por enquanto e é muito fácil conviver com o Eliezer.

Nós nos conhecemos na sétima série.

Eu era solitária, reserva e quieta. Ou estava prestando atenção nas aulas, fazendo minhas lições ou fazendo rascunhos para os meus romances. Não tinha nenhum amigo de verdade. Até ele aparecer de uma hora para outra e mudar tudo.

Eli estudava na sala ao lado e tinha saído na porrada com um colega de classe após ele chama-lo de gay na frente de todo mundo e rir disso como se fosse uma grande ofensa.

Sim, o Eli é gay assumido, mas isso não dá o direito a ninguém de trata-lo de tal forma. Como se ele fosse uma grande piada. E ele que sempre foi alto e fortinho, explodiu após tanto se segurar e foi para cima do garoto.

Eu particularmente, achei bem feito assim que soube do ocorrido.

Eli foi parar na diretoria junto do outro garoto e ele acabou pedindo para mudar de sala. Não por estar fugindo, mas sim por estar de saco cheio dos colegas. E foi aí que tudo aconteceu. Nós automaticamente nos aproximamos. Nos identificamos em muitos aspectos, principalmente no fato de seus pais nunca terem lhe dado o apoio que ele precisava. E nos tornamos melhores amigos em muito pouco tempo.

Daqueles que só andam juntos para cima e para baixo, não falam com mais ninguém, têm piadas internas, conversam sobre tudo e todos, confidenciam segredos e particularidades, se comunicam pelo olhar, se protegem e se amam.

Na oitava série nós optamos por não ir à festa de formatura e fizemos nossa própria festinha no meu quarto. Onde ficamos de pijama, assistindo alguns filmes e comemos doces. Foi naquela noite que falamos sobre planos para o futuro. E foi quando decidimos que um dia faríamos intercâmbio.

Eu arrumei um emprego depois do colégio no shopping em uma loja, onde eu passava o tempo todo colocando as coisas em ordem que as pessoas tiravam e não colocavam no lugar certo. E comecei a juntar o meu próprio dinheiro.

Foram quatro anos de muito planejamento até decidirmos nosso destino final: Austrália. Onde se tem uns dos melhores salários do mundo, seguranças, praias incríveis, pessoas educadas, inúmeras oportunidades de emprego e o clima perfeito.

Só esperamos completar maior idade e conseguir a quantia de dinheiro suficiente e sem mais nem menos nós viajamos e viemos parar aqui, nosso lugar dos sonhos.

Faz mais de um mês que chegamos e posso dizer que apesar de algumas dificuldades. tem sido surreal. Melhor do que imaginávamos. Tudo aqui é tão diferente! Os costumes, as manias, as comidas, o clima, a paisagem, as leis. E nós vamos nos adaptando pouco a pouco.

Pela manhã, durante a semana, temos aula de inglês. Nós dois já chegamos aqui sabendo um inglês razoável. Mas aqui descobrimos que temos muito o que aprender ainda. E depois da aula vou para o Café trabalhar. Eli ainda não encontrou um emprego, mas ele sai quase sempre para procurar algo.

Depois de comermos e limparmos tudo, resolvo fazer minha lição do dia. Nossos professores vivem dizendo que o ideal é praticar todos os dias, por isso estão sempre passando deveres.

Eli saí para caminhar, coisa que ele tem feito muito ultimamente. Suspeito que ele esteja me escondendo algo. Quem sabe até conheceu alguém e não quer me contar ainda.

Tudo bem, eu sei, é super normal sair para caminhar, conhecer os lugares. Mas ele está sempre tão bem arrumado, perfumado e um sorriso afetado de orelha a orelha.

Eli é muito mais sociável do que eu. Ele vive me apresentando pessoas novas. Não duvido nada que já tenha se interessado por alguém. Ele é muito rápido também! E muito bonito com seu cabelo claro caindo na testa e seus olhos cor de mel, seu corpo sarado e suas roupas muito bem selecionadas.

Ele é um amor. Se relaciona o tempo todo com caras gatos e inteligentes. Mas ele nunca fica fixo com ninguém por muito tempo. Por opção mesmo. E eu vivo me perguntando como ele consegue. Eu, diferentemente dele, me apego muito fácil e na primeira troca de olhar já estou caidinha de amores e só consigo pensar naquilo. Não tenho olhos para mais nada.

Acho que ele é muito esperto, afinal. Tem mesmo que aproveitar a vida enquanto pode e evitar ter o coração estraçalhado por qualquer pessoa. O que acontece muito comigo. O tempo todo. Por mais esforço que eu faça.

Sinceramente, não sei qual é o problema comigo. Eu não sou muito ciumenta e nem muito pegajosa. Gosto de conversar e estar perto. E gosto, principalmente, de me envolver, de me entregar. Deve ser por isso que estão todos correndo de mim. Porque ninguém quer nada sério.

Eu vivo sofrendo por alguém. Não tem jeito. Eu tento evitar, mas simplesmente não consigo. Essa sou eu. Um poço de sentimentos. E vivo dando chances aos caras. Eu conheci muito nos últimos anos e me entreguei verdadeiramente, mas por fim, acabo sempre levando um pé na bunda até de entender o que foi que eu fiz errado.

Se é que fiz algo de errado.

Mas quer saber? Desisti. Pelo menos por enquanto. Vou focar no agora: no meu intercâmbio, no meu novo trabalho, na minha nova realidade. E vou ser feliz assim. Sozinha.

Até o primeiro cara gato aparecer e acertar uma flecha no meu coração e começar tudo de novo.

Depois de terminar minha lição, guardo minhas coisas de volta na mochila, pego meu notebook e abro os meus arquivos.

Clico em Documentos, depois abro a pasta Romances e paro por um momento, pensando para qual história devo retomar.

São mais de três que eu comecei e até agora não terminei. Não tenho tido muito tempo para escrever. E nem muitas ideias. Isso tem me apavorado cada vez mais. Porque eu quero escrever. Quero mais que tudo. Só não consigo!

Hoje não vai rolar. De novo. Então, desisto.

Guardo meu notebook, levanto-me e vou até o banheiro escovar os dentes.

Hora de dormir.

Deixo só a luz do abajur ligada e me deito na parte de baixo do beliche, onde fico um bom tempo olhando para o nada, pensando em tantas coisas aleatórias e sem sentido.

Eli entra sem fazer muito barulho.

Ele parece muito feliz.

— Que cara é essa? – Resolvo perguntar.

— Hmm... Não é nada.

— Sei...

Mas resolvo não insistir. Pois se tiver acontecendo alguma coisa, sei que no momento certo ele irá se abrir comigo como sempre faz.

Eli começa a se despir sem um pingo de vergonha. É assim que nós somos: íntimos a esse ponto. Mas ele não fica nu. Eu também nunca fico nua. Não que isso seja um problema, eu só não me sinto tão à vontade assim. E ele coloca um short leve para dormir, bebe água e sobe em sua cama.

— Você ligou para os seus avós?

— Não. Amanhã eu ligo.

— Acho bom mesmo.

Eu sorrio no escuro.

— Boa noite, Nina.

— Boa noite, Eli.

Fecho os olhos e um tempo depois adormeço.


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Notas finais do capítulo

Me contem, o que acharam da Nina e do Eliezer?



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