“Você vai cabular aula?” e eu parei.

“Você não tem nada a ver com isso!” falei. Por que aquela garota insistia em falar comigo?

“Eu acho que o diretor não vai ficar muito feliz em saber que você saiu no meio das aulas.” Falou com um sorriso sínico.

“Por que você não me deixa em paz? Pouco me importo com quem você fala ou deixa de falar.”

Claro que me importaria se ela falasse algo para a direção, afinal o combinado para eu ir embora daqui é: não quebre as regras, se comporte e poderá ir.

“Por que você é tão estupido?” disse irritada, o seu rosto estava assumindo um tom avermelhado. “Você nem me conhece, e me trata mal desde que nos falamos pela primeira vez!”

“Porque eu nem queria falar com você, pra começo de conversa!”

“O que eu fiz pra você?” gritou.

“Por que você liga pra o que eu acho de você?” Aquela conversa tinha muitos “porques” para o meu gosto.

Ela não respondeu. Eu me virei e fui andando, quando estava a dois passos da saída, ela disse:

“Vou contar para o diretor!”

“Faça o que quiser menina mimada!” e sai.

Depois de discutir com aquela mimadinha fui direto para o orfanato, afinal lá ainda era minha casa, pelo menos por enquanto.

Quando pus os pés no meu quarto, ouvi três batidas na porta de madeira gasta, o que só poderia significar uma coisa: estava encrencado. Abri a porta e vi uma Melissa brava em minha frente.

“Posso saber o que está fazendo aqui uma hora dessas, Senhor Stiles?” perguntou num tom sério. “Você não deveria está no colégio?”

 “Melissa, por favor! Eu não estava mais aguentando ficar um segundo naquele lugar.” Disse sentado na minha cama e tirando o tênis.

Conheci a Melissa no hospital, quando eu tinha apenas 5 anos, ela foi a enfermeira que cuidou do meu pai quando descobrimos o tumor. Ela ficava ao meu lado e cuidava de mim enquanto eu ficava no quarto com ele. Era com ela que eu fazia as minhas atividades escolares e era com ela que eu conversava sobre como havia sido o meu dia.

Quando o meu pai morreu, eu não tinha mais ninguém então fui mandado para o orfanato. Nos primeiros dias não falava, não comia nem dormia, eu era uma alma praticamente. Voltei a viver, quando soube que Melissa havia se candidatado como cuidadora e passado. Ela mudou de emprego por mim, ela estava trabalhando naquele orfanato por minha causa. E eu a amei como uma mãe, uma mãe que eu nunca tive.

“Stiles...” falou sentando ao meu lado. “Você sabe quais são as condições para você sair daqui.”

“Eu sei.” Falei fraco.

“Não faz essa cara, Stiles. Você vai conseguir sair daqui! Faltam apenas alguns meses.” Disse passando o braço pelos meus ombros.

“Obrigada.”

“Obrigada, pelo que? Te reanimar? É o meu trabalho!”

“Não! Obrigada por cuidar de mim por todos esses anos. Você foi à única que não foi embora.”

“Eu não vou a lugar algum.” Falou e eu me deitei em seu colo.

“Eu sei.”

POV’s Lydia

Ai que ódio desse garoto! Depois daquilo fui para sala, ainda furiosa. Allison me olhou com uma cara confusa, mas não disse nada. E eu não estava com o mínimo de vontade de dar explicações; aquele estúpido foi embora e levou com ele a minha paciência.

O fim das aulas ocorreu normalmente, já estava mais calma quando saímos. Acabei não contando nada para o diretor, aquele idiota estava me devendo uma. Fui para casa e depois de me trocar e almoçar, voltei à escola para organizar os últimos detalhes da festa.

***

A noite chegou rápido, e estava atrasada para minha própria festa.  O Scott iria me dar uma carona, já que a minha mãe precisaria do carro, pois iria trabalhar até tarde naquela noite; Eu calçava os meus saltos, quando ouvir as buzinas familiares do carro do meu amigo.

Antes de sair, dei uma última olhada no espelho. O vestido que escolhi era preto com estrelas brancas, parece infantil, mas eu gostei, combinaria com a decoração de galáxia da festa. Desci as escadas um pouco apressada demais. Sai e vi o casal vinte trocando saliva, quanta melação! Entrei no carro, e o Scott dirigiu até Beacon Hills High School.

Vi as luzes de longe, e fiquei satisfeita com o meu trabalho. Estavam todos lá... Ou quase todos. As pessoas entravam e saiam do lugar, todos com um copo de algo que não poderia definir, que com certeza continha álcool que alguém havia trazido escondido. Na parte de dentro, uma música animada tocava enquanto a multidão de adolescentes bêbados dançava freneticamente.

Em menos de segundos, eu já acompanhava eles tanto na dança, quanto na bebida. Scott e Allison sumiram de vista, com certeza estariam aos beijos em algum lugar; então decidi parar de pensar e me divertir, afinal aquela festa era uma festa de Lydia Martin. Fui até a pista de dança.

“Hey!” gritou um desconhecido para mim, devido à música alta.

“Hey!” Gritei de volta. “Te conheço?”

“Não, mas deveria conhecer!” disse piscando um dos seus olhos azuis. “Me chamo Harry, prazer!” falou estendendo a mão.

“Prazer, Lydia Martin...”

“Eu sei!” me interrompeu “Quem não conhece Lydia Martin?”

Sorri e ele me puxou para dançar com ele. Aquela noite seria divertida.

POV’s Styles

Já era de madrugada, hora ideal para a minha saída noturna. Desde que Malia se foi, não durmo mais no orfanato; apesar de ter uma relação de amor e ódio com aquele lugar, era lá que eu passava todas as noites.

As luzes ainda estavam acesas, e as que mais brilhavam essa noite, eram as luzes do colégio, as luzes da festa de boas vindas.

“Boas vindas...” falei sozinho e ri pelo nariz.

Poderia apostar que aquela ruiva estaria lá, dançando com pessoas de quem nem sabe o nome, bebendo muito mais do que irá aguentar e beijando caras aleatórios sem nem ao menos conversar com eles. Garota fútil e mimada, foi a primeira coisa que veio a minha mente quando a vi pela primeira vez.

Por que diabos eu estou pensando nela?