A dama andava de um lado pro outro. Sua camisola branca e cheio de babados, mais perecido com um vestido de dia a dia, se arrastava pelo chão de pedra de seu quarto. Massageando as têmporas, torcia para tudo ser um terrível pesadelo e que nada havia acontecido. Seus cachos loiros platinados balançavam com o alvoroço da moça que aparentava não ter mais de 25 anos. A porta do seu quarto abriu revelando um soldado tipicamente vestido do reino, carregando o brasão do palácio em sua roupa: Um losango com um floco de neve, uma labreada, uma folha e espirais que deveriam ser o ar, em cada faceta da figura. O homem de estatura média e cabelos escuros fez uma reverência respeitosa a jovem, que pediu para se levantar.

— Minha rainha. Receio que trago más notícias.— Afirmou com uma expressão de pânico.

— Pelo amor dos elementos, diga homem!— A loira falou gesticulando com os braços.

— Ela escapou. Os soldados não tiveram chance.—A jovem rainha foi ao chão com tal notícia, levando a mão a boca em choque.

— Isso é impossível. Tudo fora selado, não tinha como ela ter escapado!— Gritou em momento de desequilíbrio.

— Majestade, por favor, controle-se.— O homem pediu com jeito. A dama respirou fundo, recuperando o controle emocional e se levantando do chão.

— Temos que tomar uma providência imediatamente. Não temos tempo a perder.— Afirmou indo porta afora.

— Majestade— O soldado a chamou— O que devemos fazer?— A jovem parou, virou-se.

— Preparem todos para batalha. Tenho que ir.— Ordenou. A loira andava com pressa pelos corredores do castelo, indo cada vez mais a níveis mais baixos. Pegando uma lamparina da parede, chegou a um cômodo simples. Apoiou o objeto no chão, tirou um carpete que cobria uma porta redonda de madeira, com uma fechadura antiga. Com um movimento rápido, tirou uma chave metálica do bolso de sua camisola. Abriu a porta, pegou a lamparina e desceu por uma escada existente. De volta ao chão andou em frente. O ambiente lá era escuro e se ouvia barulho de água pingando. Usando a luz a sua frente, avistou o que procurava. Um armário grande e robusto, era de madeira e muito bem trabalhado. Estava empoeirado, levando em conta o tempo que já estava no local. Colocando a lamparina no chão, abriu o objeto. Dentro dele, incontáveis pergaminhos, amarelados com o tempo. Achou o qual procurava e o abriu. As letras eram diferentes, mas a jovem rainha sabia o que estava escrito. Leu cada linha meticulosamente, sabia o que tinha que fazer. Era arriscado, mas, necessário. Não tinha opção.

— A sorte foi lançada.

E naquele momento, o futuro já estava selado.