Pov. Oliver

Encostado na janela, olhava fixamente para a escada por onde Felicity a pouco correra. Por alguma razão, eu compreendia sua reação. Eu a assustei. Sabia que seria uma péssima ideia. Mas não consegui evitar. Na verdade, eu poderia, mas não o fiz. Uma vez na vida, eu gostaria de ter experimentado seus lábios.

Um sorriso involuntário surgiu em meu rosto. Sentindo que não conseguiria fazer qualquer outra expressão diferente desta, me entreguei a o mais largo dos sorrisos. Olhei novamente pela janela, desejando coragem suficiente para encarar Felicity no dia seguinte. E uma coisa era certa... Eu tentaria. Era uma promessa seguida de uma decisão. Eu senti que Felicity poderia me corresponder, tendo em vista que me retribuiu com a mesma intensidade.

Peguei a pequena caixinha com o anel de noivado. Abri o suficiente para deslumbrar a possibilidade de um futuro com Felicity. E pela última vez, olhei para cima.

"Por que não?!"
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Pov. Felicity

Minha barriga roncou em um pedido extremo de socorro. Desde ontem a noite eu não comia, e não era pra menos. Hesitando em abrir os olhos, resmunguei. lembrando o que teria que enfrentar caso abrisse aquela bendita porta.

Tateando com as mãos, procurei o meu celular no criado mudo. Desbloqueei a tela apenas para descobrir que era cedo o suficiente para não encontrar Oliver pela casa. Cinco da manhã era madrugada.

"Porque diabos acordei a essas hora?"

Sentando na beirada da cama, respirei fundo. Olhei novamente para a porta e apurei os ouvidos, andando até a mesma em passos lentos. Não conseguia ouvir nada. Eu estava certa. Ele ainda deveria está dormindo
Concluí que não teria coragem. Peguei uma muda de roupas, incluindo o meu vestido de madrinha. Fiz minha higiene matinal; tomei banho e resolvi ir sozinha para casa da minha mãe. Precisava estar com ela logo cedo antes do casamento.

A passos muito, mas muito lentos mesmo, consegui descer as escadas, atravessar a sala e passar pela porta. Suspirei, aliviada e vitoriosa. Preferi não ir de carro. Oliver poderia precisar dele mais tarde. De qualquer forma, não ficava tão longe assim.

— Fel!! - Ouvi o que seria a voz de Sarah Lance. Não evitei sorrir. De todos os Lances ela era a mais divertida e menos inoportuna, apesar de já ter tido algum tipo de namorico com Oliver na Adolescência.

— Sarah! - A abracei, no momento em que cruzei os portões do jardim da casa da minha mãe. - Pensei que não a veria mais!

— Estive muito ocupada com a inauguração da Boate... aliás, está convidadíssima para ir! - Disse, ainda com seu braço ao redor do meu ombro.

— Uau! Uma boate? Estou muito ansiosa para conhecer! - Me animei. Em nossa época de adolescente, Sarah sempre teve chama para festas e baladas. Vez ou outra gostava de arrastar a mim e a Thea. Até ela conhecer Nissa, sua atual namorada.

— Seria inaugurado esta semana, mas adiei por causa do casamento. Papai e Donna merecem uma semana de mimos. - Tagarelou enquanto caminhávamos até a casa. - (...) Porque chegou tão cedo? Pensei que estivesse aproveitando esse dia romântico com Oliver... - Riu. - Não acreditei quando Laurel disse. Mas conhecendo Oliver, sabia que faria a escolha certa em algum momento.... - Interrompi a loira. Não conseguiria mentir para Sarah. Não para ela que sempre foi uma grande amiga.

— Sarah... - Olhei para os lados, puxando ela para um canto qualquer da casa, de modo que ninguém que estivesse perambulando por ali, ouvisse. - Eu e Oliver... nós não estamos juntos... - Falhei na frase. Estava muito nervosa em ter que dizer a verdade. Afinal, se amais alguém descobrisse, as coisas poderia ficar feias para o pai dele.

— O QUE?! - Gritou, mas fui rápida o suficiente para tapar sua boca.

— Por favor.. Não surta! - Pedi. - Oliver inventou tudo isso para poupar a saúde do Sr. Robert. - Expliquei, em um sussurro. Fiz que iria tirar minha mão de sua boca. Sarah ainda me encarava perplexa.

— Não acredito que concordou com isso! - Disse, em um sussurro bastante elevado.

— Sarah, não é hora para sermões. Ninguém pode saber, até resolvermos isso. - Soltei. Era quase um pedido desesperado para que ficasse quieta.

— Certo, mocinha, mas vai ter que me explicar isso direito! - Sacudiu meu ombro. - Amanhã a noite, vamos sair, só nos duas, e vamos conversar. - Exigiu. Concordei.

— Me desculpa... não era nem pra te dizer, mas eu não conseguiria mentir para você. - Levei as mãos ao peito, aliviada. Sarah sorriu.

— Acho bom mesmo! - Ficou pensativa. - Por isso que Laurel não parava de dizer que vocês não pareciam um casal.. mencionou até que você poderia está traindo Oliver que um gerente de shopping. - Riu. Olhei para Srah, envergonhada. Ela percebeu - Isso é sério?

— Não! Claro que não! - Mexi a cabeça, tentando organizar os pensamentos. - Olha, isso é uma longa história, vamos conversar sobre isso amanhã... preciso pôr as novidades em dia. - Disse.

— Está bem... - Se confirmou. - Enfim... já que está aqui, temos que preparar a Donna Smoak senhora sua mãe, para o grande dia. Além disso.. - Olhou para os lados antes de me fitar. - Porque chegou tão cedo? E porque Oliver não veio?

— Ah.. isso... - Enrolei para dizer. Ela percebeu, é claro.

— Aconteceu alguma coisa entre vocês?!

— Sarah!

— Se você falasse, eu não estaria tão curiosa! - Ralhou.

— Esquece Oliver. Ele está dormindo ainda e só virá a tarde, provavelmente. - Falei, percebendo que ela bufara.

— To vendo o quanto vocês estão se esforçando para parecer um casal.. - Revirou os olhos.

— É porque não somos. - Iria completar com um "infelizmente", mas imaginei que soaria estranhos. Não queria ter que entrar em uma longo debate com Sarah sobre o quanto Oliver e eu combinamos. Porque eu sabia que o faria.

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— (...) Feeeeell... - Ouvi Sarah entrando no quarto enquanto eu ajudava a ajeitar o véu no cabelo da minha mãe. - Seu noivo... chegou e está te procurando. - Era visível que Sarah estava sendo debochada. Lancei o pior dos olhares para ela, que se segurou para não rir.

— Oh... Ele deve ter sentido sua falta na cama logo cedo.. - Mamãe disse, me fazendo revirar os olhos, indignada.

— Mãe! - Ralhei. Ele fingiu-se desentendida. Sarah gargalhou.

— Eu já disse que amo você, Donna?! - Sarah veio em defesa da minha mãe.

— Vocês duas se merecem! - Saí do quarto as pressas, ponderando sobre o que seria pior. Ter Minha própria mãe e minha melhor amiga me atormentando por causa de Oliver, ou enfrentar Oliver depois daquela cena inusitada de ontem.

Parei no meio da escada. Mas o que eu estava fazendo? Eu iria mesmo até ele agora? Mordi os lábios. Mas não tive tempo de pensar em fugir. Notei sua presença no fim da escada, fazendo sinal para que eu o acompanhasse. Ele não parecia nem um pouco incomodado com o que ocorrera ontem. Fantasiei a ideia de que el tenha dormido e tido uma perda de memória recente. Seria o suficiente para mim, naquele momento.

Caminhamos em silêncio até a área do jardim em que estava enfeitada para o casamento. Todo o trabalho havia valido a pena, e o jardim parecia um verdadeiro paraíso.

— Porque não me esperou? - Foi a sua primeira pergunta, no momento em que paramos. Não sabia se conseguiria olhar para ele, mas o fiz.

— Porque... - Não haveria um motivo plausível. Eu não poderia, simplesmente, dizer que estava fugindo dele. Soaria, no mínimo, ofensivo, depois de tudo. - Porque mamãe precisava da minha ajuda. - Soltei, satisfeita com minha própria mentira.

— Sei... - Disse, e percebi que não estava nada feliz. Tirou do bolso um celular, notando que era o meu. Desbloqueou a tela e me mostrou algo. - Sabia que Ray Palmer mandou uma mensagem dizendo que, por "coincidência", descobriu que foi convidado para o mesmo casamento, e esperava te encontrar o quanto antes?

Lentamente, peguei o celular de suas mãos, lendo a suposta mensagem. E ele não estava mentindo. Surpresa, o fitei. Mas que direito Oliver tinha de ler minhas mensagens? E porque diabos ele parecia irritado? Seria ciúmes?

— Primeiro, não é legal ficar xeretando as mensagens alheias. Segundo, qual o problema? Porque está irritado com isso? - Desafiei. Não lembro quando arrumei coragem para provocá-lo. Ele bufou.

— As vezes eu acho que você se faz de boba, Felicity. - Soltou. Em seguida, retirou uma caixinha de veludo do bolso. Abriu, mostrando um maravilhoso anel. Era "O" anel. Chocada e confusa, observe ele puxando minha mão para encaixar o anel em meu dedo. Mas não com tanta delicadeza assim. - Para caso de alguém duvidar do noivado. É uma anel de gerações. Cuide bem dele. - Disse isso, se retirando em seguida.

Mas o que ele tinha na cabeça? Um anel? De onde ele tirou isso? Porque ele disse isso?

De repente, me vi na mais confusa das situações. Oliver havia guardado aquele anel por alguma razão. Ontem ele havia me beijado, de uma forma que jamais pensei que pudesse fazer. Hoje parecia enciumado... Será possível que ele estivesse apaixonado por mim? Será possível que ele retribuia esse sentimento?

— Oh... - Olhando para o anel, imaginei um futuro com ele, de fato. Mas antes de mais nada, eu precisava esclarecer tudo isso. Ainda não me daria ao luxo de sonhar alto.

Olhei para onde ele estava saindo, e pensei em ir atrás, mas antes que eu pudesse gritar seu nome, ouvi o que seria a voz de Thea Queen.

— Finalmente ele te deu o anel! - Foi a primeira coisa que ela disse, antes de me abraçar com bastante força para uma mulher pequena e magrinha.
Nesse meio tempo, pude ver a sombra de Oliver desaparecer em um esquina da casa. Pelo visto, eu teria que esperar até o anoitecer para conversarmos. E posso dizer que já começava a me sentir imensamente impaciente e ansiosa.