Past- A Primeira Relíquia escrita por Cath


Capítulo 2
Capítulo I.


Notas iniciais do capítulo

Cá estou eu, sei que demorei bastante para postar, mas estava com alguns problemas -- recuperação-- e não tive muito tempo, minhas tardes se resumiram em estudar. Ainda mais em ano de vestibular. Mas eu voltei, agora pra ficar, não vou prometer nada, já que com minha agenda cheia eu possivelmente não vou cumprir.
Bem, é isso. Espero que goste. Boa leitura. =3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/699441/chapter/2

Merida 

" Não pense que todas as mudanças são ruins, não seja tão otimista.  Foi comprovado; tudo sempre pode piorar." 

—Me. 

 

 

Acordei com um solavanco repentino. Estes sonhos estranhos já faziam parte da minha perturbadora rotina noturna. Muitas pessoas sonham com seus piores medos e seus maiores desejos, mas eu não. Eu sonhava com o passado. Intermináveis e perturbadores sonhos que me tiraram o sono e, como se não bastasse, minha encarnação passada era quem os narrava. 

Meus sonhos nunca mudaram, sequenciados, eu já comprovei. Comprei um caderno e nele relatei todos os meus sonhos, sempre os mesmos, um após o outro. E sempre com a voz dela, que mesmo tão parecida com a minha era tão diferente. Nunca soube ao certo o motivo de ela estar em meus sonhos, ela nunca falava nada além do roteiro, apresentando sua fala impecavelmente. Sempre

Pus os pés no chão frio, arrastando-os a procura de minhas calorosas pantufas de golfinhos. Mexi desajeitada nos meus cabelos cacheados, tentando controlá-los, quando finalmente os prendi em um rabo de cavalo frouxo fui até a sala de estar, com muito cuidado para não escorregar nota tábua de madeira solta do degrau quebrado. 

 Certifiquei-me de que estava cedo através do relógio de parede que estava numa das paredes da sala de estar e fui até a cozinha. Meu estomago gritava por comida tanto quanto meu corpo por descanso, dormir era definitivamente um dos prazeres que eu desconhecia. Peguei uma  maçã verde que estava na fruteira sobre o balcão, dei uma mordida firme sentindo seu gosto, estava azeda, tratei de jogá-la no lixo e voltar para a sala de estar. 

Joguei os pés sobre a mesinha de centro apoiando-os numa pilha de revistas e livros sobre a vida marinha. Poucas coisas me interessavam tanto quanto o mar e viver em Corona só facilitava as coisas. Talvez tenha algo a ver com meu "eu" do passado, mas como disse, a capitã nunca me falou nada.  

Respirei fundo, olhando as falhas no teto, correndo os olhos pelas rachaduras e contando as marcas molhadas das goteiras que vinham de uma falha no encanamento improvisado do apartamento de cima. Não pensei em nada especifico, afinal, eram cinco e quarenta da manhã, num domingo pré-aula. Não sentia a necessidade de agir como uma pessoa normal, era meu último ano no colegial e isto já bastava para a comemoração. Claro que morar sozinha era uma grande responsabilidade e a grana que meus pais mandavam mal dava para as despesas básicas – contas e aluguel –, mas não estava conseguindo me firmar em um emprego. Minha próxima entrevista seria de meio período num bar subaquático perto do cais.  Eu definitivamente não estava animada, estava há um mês inteiro em Corona, e não conhecia ninguém ou conseguia me firmar em um lugar, precisava de grana e a única vaga que me interessava já tinha sido preenchida pouco antes de eu me candidatar, o que reduziu drasticamente meu interesse em trabalhar. 

Quando me dei conta já era seis horas da manhã, não conseguiria dormir nem se quisesse então levantei e pela primeira vez em semanas eu decidi sair. Tomei um banho relaxante, sem água quente para espantar a preguiça e me arrumei. Coloquei uma regata cinzenta, shorts pretos e meu tênis vermelho cano médio surrado. Quando abri a porta do apartamento fui parada por caixas e mais caixas de papelão. 

"Mais que diabos..?" 

Irritada, empurrei as caixas que me privavam a passagem com as pernas enquanto procurava o dono daquela bagunça. Logo apareceu uma garota morena, andando a passos largos e apressados, seu cabelo era curto e repicado, olhos verdes e brilhantes. Desviava desengonçada das caixas, com cuidado para não derrubar as folhas que segurava, praguejava baixinho e pareceu não notar minha presença. A garota me era estranhamente familiar. 

" Quer ajuda?" Perguntei incerta. Seu rosto virou quase que imediatamente e então ela acenou com a cabeça enquanto apertava mais as chaves na sua boca. 

" Quer que eu abra?" Outro aceno. Peguei a chave e a coloquei na fechadura, quando a porta abriu pode ouvir um suspiro, eu diria, aliviado. 

" Obrigada! Já estava começando a me desesperar." Sorri. 

" Merida." Estendi a mão em cumprimento. 

" Rapunzel."  

" Acredito que estas caixas sejam suas..." Deduzi, ela olhou para minha porta e para as caixas, mudando a expressão e suspirando de novo. 

" Sim, me desculpe por deixá-las na sua porta. Eu só não achei que ninguém estaria acordado a esta hora, mas eu já tiro, vai demorar um pouco, mas como você está saindo..." Interrompi sua declaração, pude ver que ela estava cansada e só queria deixar tudo como estava e dormir. Não a culpei, quando me mudei arranjei briga com um vizinho velho e enfezado. 

" Eu te ajudo. Não tinha nada para fazer mesmo." 

" Jura?" Perguntou numa mistura de felicidade, empolgação e alívio. 

" Juro. " 

Pegamos nossas caixas, e com cuidado fomos levando-as para dentro do apartamento. Minutos depois quando, finalmente, terminamos nos jogamos no sofá amarelo, que era, além do rack de madeira escura, o único móvel presente na sala de estar. 

" Eu até te ofereceria alguma coisa para beber, mas eu simplesmente não tenho nada." Riu constrangida. 

"Então vamos ao meu, o que acha? É um pouco longe, sabe atravessar o corredor e tudo mais." Ela sorriu e concordou. 

Tirou seus sapatos dos pés e os deixou no capacho amarelado bordado com um espalhafatoso "Bem-Vindo!", deixei aquilo para lá e seguimos para o meu apartamento. Quando entramos senti uma onda de desgosto e depreciação, aquele lugar estava incrivelmente escuro e sombrio. E eu, definitivamente não deveria ter voltado para lá. 

" Isto é... escuro?" Tentou, não pude culpá-la, nem mesmo me ofender, o lugar estava uma bagunça e as cortinas azul marinho estavam fechadas prendendo do lado de fora toda a luz solar. Disfarçadamente consegui organizar, mesmo que de forma mínima, as coisas que estavam jogadas no chão e esconder os papéis de pesquisas que estavam sobre a mesinha de centro. 

"Então...água? Suco?" Arrisquei. 

" Água, por favor. "  

Me dirigi à cozinha, enquanto tentava inutilmente disfarçar a pilhas enormes de pratos e copos sujos que estavam na pia e jogar no lixo as sobras e as maçãs mordidas. Acabou que eu demorei tempo de mais nas limpezas superficiais que esqueci a água. Quando, finalmente, a peguei fui até a sala de estar e tomei um pequeno choque. As cortinas estavam abertas, a mesinha de centro um pouco mais organizada e as revistas e livros estavam numa pequena estante. A luz solar deixou o ambiente mais vivo, porém também deixou a bagunça mais visível. 

Quando notou minha presença Rapunzel sorriu desconcertada e colocou as mechas do cabelo atrás da orelha. Notei seu nervosismo e sorri na tentativa de mostrar que estava tudo bem. O que era verdade, mas não pretendia abandonar minha bagunça tão cedo, não tinha tempo –ou paciência. 

" Me desculpe por..." 

" Não precisa, ficou bom." Rapunzel sorriu, claramente mais confortável com a situação. 

" Um... er... Meri? Posso te chamar assim?" Concordei estendendo-lhe o copo com água. " Bom, pode parecer estranho, mas eu acho que... bem eu já te vi em algum lugar. Sei lá, você me é familiar..." Bebeu gole após gole, e em segundos o copo estava vazio. 

" É bem provável que tenha sido eu, não há muitas ruivas com cabelos tão emaranhados quanto os meus andando por aí. " Sorri, tentando disfarçar a sensação estranha de vu que tive quando olhei para ela novamente.  

 

Com o tempo Rapunzel e eu conversamos bastante, até ela decidir voltar para o outro lado do corredor, haviam muitas coisas para desempacotar e por mais que quisesse ajudar ela não permitiu. Então, fechei as cortinas novamente. Apanhando meu laptop que estava sobre a estante e joguei-me displicente no sofá. 

Restaurei todas as páginas fechadas e abri novas páginas de pesquisa. Procurei desesperadamente em todo o Google por " Capitã Ruiva " — que era, a única coisa que sabia sobre ela, além de que ela viveu em Corona – e por " Sonhos com o passado". Li várias matérias sobre sonhos com o passado e cheguei a conclusão de que eu não acreditava em uma palavra do que estava escrito em cada uma daquelas páginas. Mesmo que, de alguma forma, eu soubesse que estava sonhando com ele. Era muito surreal, coisas do tipo: 

" [...] podem ser as idealizações da encarnação passada buscando uma forma de aviso prévio sobre o futuro. [...] Há relatos em que a maioria dos sonhadores se viam como pessoas nobres e importantes, e que seu presente precário era um desconto de toda a luxúria na qual um dia viveram. [...] estudos mostram que as constelações e a visão dos astros em partes específicas da terra podem implicar na aparição destes sonhos." 

Coisas completamente insensatas. Apareceram coisas como mensagens subliminares, maldições e possessão. E, quanto à " Capitã Riva ", nada muito explicativo. Consegui algumas imagens, mas nenhuma que mostrava alguém incrivelmente parecida comigo e eu já não conseguia pensar em mais nada para me tirar estes sonhos. Eu precisava, muito, dormir. 

Ás cinco e quarenta da tarde decidi dar uma passada na biblioteca da cidade. Já estava cansada de ficar presa naquele lugar escuro. Desci as escadas que levavam ao térreo e aproveitei um pouco a luz solar, deliciando-me com a sensação calorosa e confortável. Caminhei pelo cais, passei pela praça da cidade e a prefeitura, até quem enfim cheguei na biblioteca. 

Pouco antes de entrar eu respirei fundo, talvez passasse o resto do meu dia enfurnada naquele lugar, com a mesma paranoia rodando em minha mente. Não consegui um segundo de paz desde estes sonhos, estava á um mês e meio na cidade e a única pessoa que conhecia antes de Rapunzel era o meu vizinho marrento. Estava com mais problemas do que poderia contar, cada vez mais indisposta e irritada. Tudo aquilo não me faria bem algum então, de súbito, decidi me dar um dia de descanso.  

Então refiz todo o caminho que outrora fiz e resolvi não convidar Rapunzel, ela estava ocupada e com certeza viria a contragosto apenas por educação. Optei por deixá-la quieta. Continuei caminhando, apenas olhando para frente, sem me preocupar com sonhos bizarros e com o passado maluco nenhum pensamento veio a minha mente, pela primeira vez, me permiti deixar as preocupações de lado. 

Quando cheguei à praia já estava escuro, o vento frio batia em meus braços arrepiando-me, o cheiro da maré me trouxe uma grandiosa sensação de paz, segui a passos curtos em direção ao mar. Que estava incrivelmente tentador. Tentei não pensar no quão fria a água deveria estar, com cuidado fui tirando meus tênis. Olhei para as ondas e o fluxo que a água salgada seguia, num movimento hipnotizante de vai e vem. Conseguia ouvi-los. Nada mais.  

Caminhei até chegar ao rastro molhado na areia que delimitava o alcance do mar e larguei meu tênis. Olhei ao redor, puro e completo deserto, podia-se ver apenas as luzes que rondavam a cidade e, mais ao longe, as luzes do Ocean's  bar; o bar no qual pretendia trabalhar. Era uma medida completamente desesperada, odiava lugares como aquele. 

Mais a frente, onde as ondas quebravam deixando para trás as conchinhas, estava o rastro molhado na areia que delimitava o alcance do mar. Hipnotizei-me pela imagem das ondas iluminadas pela lua. Era tão lindo, como se o mar estivesse me chamando...e então eu alcancei o mar. 

Sentindo a sensação gélida nos meus pés avancei mais em direção ao horizonte. Mais e mais e mais, até que minhas pernas estivessem quase completamente cobertas pela água salgada. Sorri. Ainda com os olhos fechados respirei fundo sentindo um cheiro estranho, madeira, talvez até borracha queimada. A fumaça irrompeu minhas narinas e eu abri os olhos. 

Os gritos desesperados tomaram conta de minha consciência, foquei melhor minha vista no horizonte. Um galeão gigantesco queimava em fogo ardente e alaranjado,  a tripulação desesperada se lançava para fora do barco com as roupas em chamas fortes e vívidas. Aos poucos o navio foi inclinando-se levando consigo aqueles que não conseguiram se salvar. Era uma imagem de pânico, tentei de todas apagar as elas da minha mente, inutilmente tentando me mover. Mas a imagem foi, aos poucos tornando-se um borrão sendo levada como névoa pelo vento. 

Eu estava com frio, sentia dificuldade para respirar e algo comprimia o meu corpo. Senti um líquido passar por minha garganta e escorrer por meus lábios, com calma abri os olhos, agradecendo por não encarar aquele cenário sombrio. Tossi algumas vezes, tentando trazer de volta o oxigênio para meus pulmões, quando finalmente obtive sucesso observei melhor o que estava minha frente.  

Grandes olhos verdes me encaravam preocupados, então, com um pouco de força ergui o tronco me desfazendo do toque sutil da areia molhada. Estava de volta a praia. Antes que pudesse fazer alguma coisa, outro par de olhos verdes moveram-se na minha direção. Rapunzel. 

" Ei, ei. Calma garota." Rapunzel afastou-se rapidamente me olhando com raiva e preocupação. 

" Calma? Como assim calma? Você quase morre e me pede pra ficar calma?" Olhei para ela confusa, a princípio não entendi o que ela quis dizer. 

 " Quase morri?" 

" Meri, se não fosse pelo Jack e pelo Hiccup você estaria morta."  

" Por quem? "  

" Jack. " Só então notei a presença dos garotos, quem se pronunciara era o garoto de cabelos grisalhos e olhos azuis, era bem magricela e tinha um sorriso convencido no rosto. Se não fosse por suas sobrancelhas e cílios morenos poderia ser considerado um garoto albino. O outro era moreno, com pele levemente bronzeada e cabelos castanhos, seus olhos eram os verdes que outrora vi e tinha um sorriso desajeitado.  

" Hiccup." Disse o moreno. Pensei em perguntar se aquele era realmente seu nome, visto que era incomum qualquer pessoa no mundo se chamar assim. Franzi o cenho, com um pouco de desconfiança.  

" O que aconteceu exatamente?" Perguntei por fim, retirando o excesso de areia grudados em minhas roupas e cabelo. " A última coisa de que me lembro é..." 

" Uma cena de pânico num possível dia do meu misterioso passado." 

" É..." Encorajou-me Jack. 

" A minha chegada na praia." Não era uma mentira, afinal, depois que meus pés tocaram o oceano todo o meu contato com esse "universo" sumiu. 

" Então não ouviu meus gritos?" Perguntou Rapunzel. 

" Não, será que dá para alguém me explicar o que carambolas aconteceu aqui?!" Bradei, um pouco mais alto que o necessário. 

" Eu estava indo no seu apartamento te ver" começou Rapunzel " mas você não estava lá, então decidi dar uma volta. Depois de um tempo esbarrei com os meninos que gentilmente se ofereceram para me mostrar a cidade..." 

" Quando Jack teve a brilhante ideia de virmos á praia, " Continuou Hiccup " quando todos concordamos viemos para cá. Rapunzel viu você no mar, com a água até a cintura..." 

" E então a morena gritou, muito. Mas, você continuou andando e andando pro fundo do mar. Então uns dois minutos depois que não vimos mais sua cabeleira Rapunzel entrou em pânico e eu corri com o Hicc para te procurar." Esclareceu Jack e só então notei suas roupas molhadas. " Ele te reanimou." Apontou para o outro rapaz, que ficava levemente vermelho. 

" Bem eu... Eu realmente não ouvi." Declarei, arrastando fortemente minhas mãos frias nos braços, tentando esquentá-los. Notei que o grisalho sequer tremia, sorria como uma criança travessa e desviava os olhares significativos para Rapunzel. 

 " Me desculpem por fazer vocês se preocuparem." Minta, minha mente dizia, Como se sua vida dependesse disto. " É que, eu pensei em um mergulho noturno, mas acho não percebi que estava indo longe de mais." 

" Tudo bem. Só não faça isso de novo!" Naquele momento me senti verdadeiramente mal, Rapunzel realmente se preocupou, e por eu ser uma pessoa complicada não tive a capacidade de me controlar.  

" Eu e-estou com frio, vou para casa." Falei com a voz tremula, em parte por nervosismo. Ainda estava muito abalada, com aqueles montes de corpos em chamas. " Você vem?" Perguntei para Rapunzel. 

" Eu... acho que sim."  

" Não precisa ir se não quiser. Se isto é medo de que eu me jogue na frente de um carro, não precisa se preocupar." Esclareci. 

 "Com a minha sorte, ele virá até mim...", pensei. 

" Vamos com vocês." Disse Jack, um pouco apressado. 

" Vamos?" 

" Vão?" 

" Claro, não vamos deixá-las sozinhas. Está tarde." Jack e Hiccup trocaram olhares significativos e Rapunzel sorriu animada. 

" Sei me cuidar." 

" Certo, você diz isso depois de quase se afogar" bufei. Realmente não tinha argumentos contra Hiccup, não o suficiente. O que iria dizer? " Eu sou louca e você é um idiota"? Acho que não. 

" Então está decidido. Vamos" Rapunzel soltou um gritinho animada. 

" Ah... Jack?" 

" Sim, ruiva?"  

" Merida." Corrigi e ele soltou uma risada baixa sobre minha irritação " Tá indo na direção errada!" Hiccup riu da cara do amigo que ficou vermelho, mas logo voltou a sua pose de garoto-problemas. 

 

Caminhamos em uma grande algazarra.  Rapunzel tagarelava com Jack sobre suas novas pinturas, às vezes Jack, na tentativa desesperada de faze-la rir, falava algo constrangedor a respeito do moreno que lhe estapeava ou respondia a altura, mas na maioria da vezes ela não entendia. 

Eu estava quieta, pensando em tudo. Naquelas malditas mudanças, que insistiam em me apavorar. Eu deveria prestar atenção nas aulas de história  afinal, se aquilo realmente aconteceu, bem... Eu teria mais motivos para uma internação permanente numa clínica psiquiátrica.  

Estava tudo tão estranho, desde de que pisara nesta maldita ilha. Mal percebi quando chegamos no prédio, Rapunzel falava comigo que apenas sorria e assentia, não ouvindo sequer uma palavra. Virei-me para me despedir dos rapazes, mas antes de qualquer coisa, Rapunzel os convidou para entrar. A princípio eles negaram, então Rapunzel pediu minha ajuda. 

" O que quer que eu faça?" Sussurrei. 

" Oras, você disse que estava tudo bem em eles irem para sua casa, você fez que sim. Dê um jeito neles." Suspirei, desejando prestar mais atenção ao que ela falava. 

" Vamos andando, só, tentem não comentar sobre a bagunça." Empurrei-os que relutavam em me seguir, Rapunzel olhou com a famosa cara de cachorro que caiu da mudança e então eu decidi apelar. 

" Rapazes, vocês salvaram a minha vida, eu só... queria agradecer. Mas, se realmente não querem..."  

" Vamos ficar", disse Jack, mais para Hiccup do que para nós, lançando lhe olhares convencidos. Enquanto o outro assentia e revirava os olhos. 

" Bela atuação." Murmurou Hiccup. Enquanto Jack e Rapunzel trocavam flertes sem que ela percebesse. 

" Eu tento..." Respondi apertando pela quinta vez o botão do elevador. Minha paciência fora testada, eu quase morri, tive visões malucas e agora dois estranhos e uma quase estranha estão indo para minha casa. 

 

Sem paciência, me arrastei pelo corredor até as escadas, sendo completamente ignorada por Jack e Rapunzel que conversavam com animação sobre algo. Percebi que meus passos estavam sendo seguidos, a princípio pensei que fosse Rapunzel ou até mesmo outro inquilino, mas era apenas o garoto moreno com o nome estranho. 

Suspirei quando cheguei no meu andar, arfando um pouco. Sem direcionar o olhar para Hiccup seguiu até o apartamento e eu abri a porta. 

" Okay, chegamos" disse " tente sentir-se em casa." Suspirei. 

" Não acho que vou conseguir..." Murmurou.  

" O que disse?" Ralhei. Não conseguia pensar em um motivo sequer para não pular no seu pescoço em instantes. Mas Jack e Rapunzel chegaram, sorridentes e falantes. Olhei-os como se pedisse socorro. 

Minha cabeça começava a girar, e latejar. Sentia-me sufocada com todas as grandiosas informações jogadas de qualquer jeito sobre meus ombros. Um peso exagerado e, de repente, todas as vezes em que desejei mudar minha rotina foram simplesmente apagadas. Agora, tudo o que eu mais queria era permanecer na mesmice que tanto odiei.  

Queria deitar, dormir. Mas, sabia que não conseguiria nem com toda a força de vontade do mundo então, me restavam duas opções: chutá-los porta afora ou esperar que tudo acabasse. E por mais tentadora que aquela fosse, optei pela outra. Sentei-me, calada e esperei que tudo acabasse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se você gostou ou não gostou, deixa nos comentários. Ajuda para um Senhor Caramba. Obrigado por ter chegado até aqui e por botar um pouco de fé na minha história.
~Beijões!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Past- A Primeira Relíquia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.