Eduarda segurava sua arma. A confiança adquirida durante todos aqueles anos de treinamento sempre lhe falhava na hora de atirar em um alvo vivo. Agora ela precisava provar a seus treinadores, sua família, que podia ser uma boa caçadora, que podia matar aquele alfa.

Ela estava voltando para Beacon Hills. Estava voltando para casa depois de tantos anos. Anos de puro treinamento. Depois de acompanhar sua família em várias missões, ela finalmente se sentia pronta para caçar por conta própria. Ela iria proteger sua cidade do sobrenatural, mas principalmente dos lobisomens que a haviam invadido.

Sua família ficou sabendo dos outros caçadores que estavam chegando na cidade, não gostou nada disso. Antes, os únicos caçadores na cidade eram eles e os Argent, e a única caça eram os Hale. Agora a cidade estava tomada por sobrenaturais, e os estrangeiros achavam que podiam simplesmente chegar lá e caçar o que era dos outros.

Eles haviam chegado cedo a floresta, antes mesmo do por do sol. Era óbvio que todos os caçadores sairiam naquela noite para caçar. Era lua cheia. E os Williams queriam estar preparados. Montaram uma pequena base, e já arrumavam os equipamentos para o confronto.

— Filha, pegue algumas balas daquela mochila. Estão cheias de acônito. – seu pai chamou sua atenção. Eduarda havia se distraído enquanto polia suas facas, mas assentiu para o pai, se dirigindo a mochila. As balas com acônito já a salvaram varias vezes de ser mordida, e até mesmo da morte. Além de serem veneno para lobisomem, o acônito os deixava mais fracos, e era muito útil no caso de uma retirada as pressas.

O sol estava se pondo. Era hora de entrar em alerta e se preparar para o combate.

~*~

Eles já estavam à procura dos lobos. As armadilhas estavam todas armadas e em seus devidos lugares. Todos estavam totalmente armados, com tudo que podiam carregar. Seu pai a havia feito carregar até spray de acônito, versão de spray de pimenta para caçadores de lobos.

— Vamos nos dividir. – seu pai, o líder do grupo, avisou aos demais. – Cobriremos uma área maior. Em duplas. Eduarda, vem comigo. Cada grupo em uma direção. Se não acharem nada, avisem aos demais com o bipe código um, e voltem para a base. Nos encontramos todos lá depois caso não encontremos nada. Se algum grupo encontrar, avise pelo bipe código dois, e iremos todos para a direção do grupo. Entendido?

Todos confirmaram e cada grupo foi para sua devida direção. Eduarda ficava atenta a cada ruído. Seu pai tinha muito mais experiência do que ela, e estava tranquilo. Ela queria provar que havia aprendido tudo no treinamento, e que podia colocar em prática.

— Ouviu isso? – ele perguntou, olhando na direção do barulho. Ela assentiu.

— Tem uma armadilha para lá, não tem?

Eles se aproximaram do local. A armadilha era de rede, e pendurado nela, estava um coelho branco. O pai bufou.

— Ótimo, caçamos um coelho.

Eduarda riu e desarmou a armadilha. O coelho saiu saltitando de perto dos dois. Eles seguiram caminho até ouvirem novamente um ruído. Ambos correram em direção ao barulho, mas Eduarda acabou virando na direção errada, e quando viu, havia se distanciado de seu pai. Não ouvindo mais o barulho, resolveu refazer o caminho de antes, para tentar encontrá-lo. Ele não devia estar longe, pelo menos era o que ela esperava.

~*~

Depois do que pareceram vinte minutos procurando pelo pai, ela decidiu desistir. O bipe havia ficado com ele, então ela simplesmente caminhou de volta em direção à base da família. Todos acabariam voltando para lá depois, de qualquer forma.  Ela não saberia se eles encontrassem algum lobo, mas pelo menos não se perderia ainda mais dentro da floresta. Ela também não conseguiria avisar a família caso encontrasse algum lobo. Teria que agir sozinha.

Após alguns minutos de caminhada, ela finalmente achava que tinha encontrado a trilha que a levaria de volta a base. Já estava pensando seriamente em começar a marcar as arvores para o caso de estar andando em círculos, mas isso entregaria sua localização, e se os lobos realmente estivessem ali, ela poderia se arrepender de ser encontrada por eles sozinha.

Eduarda ouviu barulho nas folhas e arbustos a sua frente direita. Escondeu-se e colocou a arma em posição, esperando pelo alvo aparecer. Puxou o gatilho no momento exato que um vulto passou em sua frente. Ela quase acertou o alvo. Foi então que ela temeu por alguns segundos ser atacada pela criatura, mas logo conseguiu enxergar o rosto graças à luz da lua.

— Isaac?

Ela reconheceria aquele rosto em qualquer lugar. Isaac continuava com as mesmas feições de anos atrás, porém, o rosto agora estava distorcido pela transformação, seus olhos, antes azuis, agora estavam em um amarelo vivo, e em seu sorriso agora havia grandes presas.

— Eduarda? –Isaac perguntou, seu rosto voltando ao normal. - O que faz aqui?

— No meio da floresta, ou em Beacon Hills? – ela perguntou, irônica, porem ainda surpresa.

— No meio da floresta em Beacon Hills. – ele retrucou, no mesmo tom. Havia acabado de notar a arma na mão da garota.

— Aparentemente, estou te caçando.