Dicotomia - Undertale escrita por cecifrazier


Capítulo 4
Grillbys


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas. ♥
Mais um capítulo, espero que gostem.
Boa leitura.



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Depois do pesadelo que tive, não consegui pensar em outra coisa. O que aquele demônio queria dizer com “tentação”? E o que diabos isso teria a ver com Frisk? Que merda hein. Bem, meus pais voltaram do hospital anunciando pra Deus e mundo que o sexo do bebê é masculino, até que não vai ser ruim ter um irmão. Mas ninguém nunca vai substituir Asriel, ele foi meu único amigo, meu melhor amigo... Conseguiram me salvar, mas não o salvaram... Alphys disse que é mais difícil trazer monstros de volta à vida, na verdade, é praticamente impossível já que monstros não têm determinação o suficiente. Por mais que Flowey e Asriel sejam a mesma pessoa. Alphys disse que a determinação de Frisk em fazer o bem conseguiu me acordar da morte, mas com um desejo intenso de matar, de destruir tudo, mas assim que vi Asriel de novo, eu... Não consegui mover um só músculo. Desde então eu comecei a odiar Frisk por ter feito eu me sentir daquele jeito, já que foi ela que conseguiu me acordar, mas agora é diferente, é como se... Eu gostasse dela. Ok Chara, deixe isso pra lá.

 

Quarta-feira, Toriel disse que como eu já sei dirigir e Asgore precisa passar mais tempo com ela, eu vou ter que ir de moto pra escola e levar Frisk junto, até que não é uma má ideia, eu já sou adulto mesmo. Assim que terminamos o café, Frisk e eu nos despedimos de nossos pais, subimos na moto e vamos embora.

 

— Ei Chara, posso fazer uma pergunta? – Ela diz, apertando suas mãos em minha cintura. Que garota pegasoja.  

 

— Diga. – Falo parando em um sinal fechado.

 

— Se você gostasse de alguém que não gosta de você mas quer manter uma amizade, o que faria? – Ela diz, corando um pouco.

 

— Me pedindo conselhos amorosos? – Dou uma pausa ao perceber que o sinal abriu e volto a dirigir. — Primeiramente, eu nem gostaria de alguém que não gosta de mim, mas se eu quisesse manter uma amizade com esse tipo de pessoa, eu puxaria assunto

 

— Ah... – Ela abaixa a cabeça encostando em meu ombro.

 

— Mas, afinal, quem é o sortudo? – Digo, já chegando perto da escola.

 

— Eu não vou contar. É segredo. – Ela dá uma risada baixa, então estaciono a moto no pátio da escola e descemos.

 

— Ora, eu sou seu irmão, é meu dever saber de quem você gosta. – Falo, já irritado. Que droga, o que ela está escondendo?

 

— Olha! Aquele não é o Sans? Eu vou lá falar com ele, até mais tarde. – Ela fala e sai correndo em direção à entrada do prédio.

 

O que eu poderia dizer do Sans? Preguiçoso, não liga pra nada, faz piadas extremamente sem graça mas mesmo assim ainda consegue ser sombrio e assustador. Ele é mais velho que eu, não estuda mais, e às vezes dá aulas de ciências quando algum professor falta, já que ele era assistente de Gaster, e como minha mãe não vai dar aulas por um bom tempo, então ele ficaria em seu lugar. Já tínhamos um professor de ciências, mas o que ele nos ensinava era diferente: ele ensinava sobre determinação e o que poderia acontecer se uma alma fosse deveras determinada. Bem, no caso da minha família, Frisk era determinada em poupar e fazer o bem, e eu, em matar e fazer o mal. Sans é o melhor amigo de Frisk, mas nunca gostei dele e nem ele de mim, nós só nos aturamos.

 

— E aí, Chara. – Sans diz com as mãos no bolso e encostado na parede.

 

— Oi. – Respondo, rispidamente.

 

— Heh, acordou de mau humor hoje é? Pena que você vai ter que me aguentar na sala de aula. – Ele fala, dando uma risada baixa.

 

— Infelizmente. – Falo revirando os olhos.

 

— Então Sansy, quando vamos sair de novo com o pessoal? – Frisk pergunta, tentando quebrar o clima. Sansy? Wtf.

 

— Olha sweetheart, eu ando meio sem tempo, mas quando eu puder, prometo que saímos. – Ele fala dando uma piscada pra ela. Sério que ele tá fazendo isso na minha frente? — Ah, meu bro pediu pra avisar que ele e Mettaton vão voltar de viagem logo, então provavelmente ele vai querer passar um bom tempo com a gente.

 

É mesmo, Papyrus viajou pra Itália junto com Mettaton, já que ele é louco por espaguete e queria visitar o país de origem da sua comida favorita. O que falar do Papyrus? É o monstro mais alegre que conheço e o que menos odeio, quer ser um grande mestre cuca mas só sabe fazer espaguete, mas ele realmente faz esse prato com perfeição. Antigamente queria entrar para a guarda real, mas como a barreira foi quebrada e todos vivem em meio aos humanos agora, ele parou de treinar com Undyne e quer seguir esse sonho. E o Mettabosta? Digo, Mettaton. Ele é uma calculadora metrossexual muito irritante, tem um programa de tv igualmente irritante e ainda por cima é afim do Papyrus. Ele leva o pobre Papyrus pra praticamente todas as viagens internacionais que ele faz por conta do programa, e claro, Papyrus sempre aceita os convites e os dois visitam juntos os mais diversos lugares do mundo. Sei que no fundo, os dois se gostam muito, e até acho que escondem uma relação mas ainda não estão prontos pra assumirem.

 

— Meninos, eu vou pra sala de aula agora. Até mais tarde. – Frisk fala nos dando um sorriso e entra no prédio.

 

— Heh, Frisk é uma garota e tanto, hein? – Sans fala, deixando um sorriso escapar.

 

— O que você tá falando? – Falo, ameaçando-o com o olhar

 

— Da Frisk, oras. Eu gosto dela.

 

— Pena que você é só um esqueleto.

 

— Heh, sou muito irresistível, né?

 

— Com certeza. – Falo, dando um sorriso torto. Apesar de não gostar de Sans, era divertido entrar nas brincadeiras dele.

 

— Olha pirralho... – Ele muda seu olhar debochado para algo sério. — Frisk me contou o que aconteceu na segunda, e vou logo te dizendo: cuidado. – Assim que ele diz, some. O que ele quis dizer com isso? Porra, por que todos estão me deixando tão confuso?

 

Entro no prédio, algumas pessoas que ainda estão no corredor me olham com medo, pavor, era sempre assim. Entro na sala de aula e ainda não tinham muitas pessoas já que o sinal não tinha batido e o professor ainda não havia chegado.

 

Assim que o sinal bate, o restante dos alunos entram na sala e se sentam, logo depois o professor de matemática chega e começa a passar assunto novo. Eu nunca fui bom em matemática, nem quando era criança, mas não é porque eu não entendo o assunto, eu só não consigo me concentrar ou prestar muita atenção. Assim que finalmente os 2 tempos acabam, chega o “mau tempo”, infelizmente, Sans que vai nos dar aula, já que esse tempo seria da minha mãe.

 

— Bom dia turma. – Sans diz assim que entra, usando um jaleco no lugar de sua jaqueta azul e com alguns livros na mão. — Pra quem não me conhece, meu nome é Sans, só Sans mesmo. Vou ficar no lugar da professora Toriel por um tempo, e hoje vamos falar sobre determinação.

 

— Professor, mas o senhor já não explicou isso pra gente a um tempo atrás? – Um dos alunos pergunta.

 

— Expliquei, mas vou explicar novamente pra os que não entenderam. Primeiro, o que é determinação? Determinação é o sentimento que mantém alguém confiante em fazer ou seguir um caminho que escolheu, mas há também outro tipo de determinação: a que estão dentro da alma dos humanos, que as fazem durar mesmo depois de suas mortes, permitindo que seja absorvida por um monstro e assim concedendo-lhe um poder inimaginável. É impossível um humano absorver a alma de um monstro, pois ela não tem determinação suficiente para permanecer após sua morte.

 

— Professor, mas um humano não poderia absorver a alma de um monstro enquanto ele ainda está vivo? – Uma aluna pergunta.

 

— Sim, mas precisaria de um grande poder para fazer isso, provavelmente mais que quantidade de poder que os humanos usaram para construir a barreira e prender os monstros no subsolo. Ao longo dos anos, vários experimentos foram realizados em monstros para torná-los mais determinados, injetando determinação em seus corpos, mas infelizmente, os experimentos não deram muito certo.

 

— E por que não? – A mesma aluna pergunta.

 

— Porque os monstros não são fortes o suficiente para aguentar os níveis de determinação em seus corpos, por isso, assim que morrem suas almas de desintegram imediatamente.

 

— Professor e se uma pessoa estiver determinada a seguir um caminho mau? O que acontece com a alma dela? – Um aluno pergunta. Acho que ele adivinhou o que eu precisava saber.

 

— A resposta é muito simples: sua alma se torna negra, pois quanto mais “Love” conseguir, menos amor terá dentro de si. Cômico, não? Mesmo que essa pessoa resolva seguir um bom caminho, suas ações ficaram cravadas em sua alma e ela sempre será atormentada pela culpa e até chega a ser induzida a fazer o mal, já que é sua essência predominante.

 

— Então, ela nunca vai conseguir amar de verdade ou fazer o bem? – Dessa vez, eu pergunto lembrando do que aquele demônio disse. Sans fica em silêncio por um momento.

 

— Até então, não achamos um jeito de retirar a determinação da alma de uma pessoa, já que a alma humana é praticamente feita disso, e se for retirado, essa pessoa pode acabar morrendo. Mas estamos trabalhando nisso o mais competentemente possível.

 

— Você... Não respondeu minha pergunta. – Falo, com a cabeça abaixada.

 

— Bom... – O sinal bate, interrompendo sua frase. — O tempo passou rápido, não? Enfim, crianças, já deu a minha hora. Até amanhã. – Pega deus livros, se despede e sai da sala. Minhas esperanças foram abaladas por um momento, sinto que todos estão me escondendo algo.

 

Era o sinal do intervalo, saí da sala meio cabisbaixo e fui até o refeitório com minha mochila, procurei uma mesa vazia e sentei-me. Por mais que a mamãe estivesse cansada da gravidez, ela ainda fazia meu lanche e o de Frisk, com certeza, melhor mãe. Abri minha mochila, tirei uma vasilha de dentro e a abri: meu lanche era um sanduíche com queijo e creme de chocolate, alguns alcaçuzes é uma latinha de suco de laranja. Heh, só minha mãe mesmo pra levantar meu humor. Não demorou muito e Frisk entrou no refeitório, acompanhada de Sans e algumas amigas que falavam absurdamente alto, aquilo era muito irritante. Enquanto comia meu lanche, observava o pequeno grupo sentando em uma mesa não muito longe da minha, mas Sans não sentou-se junto com elas, ele estava vindo em minha direção. Ótimo, o que ele quer?

 

— E aí Chara. – Ele fala, sentando-se na minha frente.

 

— Oi. – Respondo rispidamente, como hoje mais cedo.

 

— Heh, desculpe não responder sua pergunta naquela hora, queria tratar desse assunto em particular com você.

 

— Prossiga.

 

— Uma pessoa com um nível alto de “determinação negra” pode amar sim e até fazer o bem, entretanto, é algo que exige muita força de vontade. É como se você fosse substituí-la pela “determinação pura”, que é a essência natural da determinação. Claro que, se essa pessoa estiver entupida de Love como você esteve, ela precisará passar por uma redução de determinação, que vai ajudá-la na substituição.

 

— E vocês realmente estão trabalhando nesse experimento?

 

— Sim, o próprio Asgore que pediu para fazer-mos isso. Sabe, ele se preocupa com você, não quer que você machuque outras pessoas, e com o bebê de Toriel chegando todo cuidado é pouco.

 

— O que você está insinuando? Eu nunca machucaria minha família.

 

— Não você, mas esse demônio que vive aí dentro. Eu sei que vive, Chara, não negue isso.

 

Ficamos em silêncio por um tempo, até o sinal bater novamente, alertando que o intervalo havia acabado.

 

— Nos vemos depois, pirralho. – Sans diz, mas dessa vez, apenas se levanta e sai do refeitório.

 

Levanto-me, pego minha mochila e saio do refeitório também. Mal vi Frisk no intervalo, claro, ela estava ocupada demais com aquelas “amigas” dela, mas eu não ligo mesmo. Volto para a sala de aula e os tempos vão passando, professores entram e saem, tudo passou como o vento, e quando me dei conta, a aula já havia terminado. Resolvi ser o último a sair da sala, eu não estava com muita cabeça pra encarar ninguém agora.

 

— Chara? – Frisk aparece na porta da sala, chamando minha atenção. — Tá tudo bem? Você anda meio estranho ultimamente. – Ela entra na sala e se senta no braço da minha cadeira.

 

— Eu estou ótimo, não precisa se preocupar. – Digo, com um tom de voz baixo e rouco.

 

— Sei... Bom, vamos embora. – Ela levanta e puxa minhas mãos.

 

— Tá tá, vamos. – Pego minha mochila e saímos da sala.

 

Vamos até o pátio e subimos na moto. No caminho de casa, tudo que aconteceu hoje vem à tona em minha mente, e aquilo só me deixa ainda mais apreensivo e preocupado, Frisk e eu não trocamos nenhuma palavra, só consegui sentir seus braços apertando minha cintura e sua cabeça em meu ombro, aquilo me fez corar com certa intensidade, já que tive a sensação de que ela estava se aconchegando para dormir. Que garota estranha.

 

Assim que chegamos em casa, guardo a moto na garagem, mas assim que vou descer percebo que Frisk realmente dormiu. Com todo o cuidado, deixo as mochilas no chão, desço da moto e a carrego no colo até seu quarto, coloco-a gentilmente na cama e sento do seu lado. Ela é tão bonita dormindo... Nem parece que é uma pestinha quando está acordada. Passo um bom tempo a olhando até que resolvo sair do quarto e descer, Toriel preparava o jantar enquanto Asgore arrumava a mesa.

— Filho, cadê sua irmã? Já vamos jantar. – Asgore pergunta, terminando de arrumar a mesa.

 

— Dormiu, nem sei como não caiu da moto. – Respondo, abrindo a geladeira e tirando uma barra de chocolate.

 

— Epa! Não senhor! – Toriel aparece por trás de mim, tomando o chocolate das minhas mãos.

 

— Mãe! Só um pedaço!

 

— Já disse que não Chara Dreemurr, só depois do jantar! – Ela diz autoritária, ouço Asgore dando uma risada baixa.

 

Assim que terminamos de jantar, pego minhas chaves e digo pros meus pais que vou sair pra dar uma volta, eu precisava pensar. Eu menti, não ia dar uma volta, ia pro Grillbys pra esquecer os meus problemas, não fui de moto porque sou uma pessoa responsável e provavelmente pegaria um táxi depois de beber umas.
Chegando lá, havia alguns monstros bêbados e outros estavam se afundando na bebida. Ando até o balcão e sento em um dos bancos.

 

— Ei Grillbys, me traz o de sempre. – Falo para Grillbys, um monstro flamejante que é dono do bar.

 

— Já vai sair, Chara. – Ele deixa o balcão e vai até o freezer, tirando uma garrafa de cerveja, depois me entrega juntamente com um copo. — Mais alguma coisa?

 

— Por enquanto, não. – Digo, enchendo o copo de cerveja e tomando rapidamente.

 

Já fazia um tempo que eu bebia, mas bebia pouco, nada de ficar caindo como esses bêbados aqui, mas hoje, eu queria me acabar mesmo. Em pouco minutos, a garrafa fica vazia, e assim, peço outra, e mais outra, e mais outra, até Grillbys dizer que já estava ficando muito tarde e que precisava fechar. Eu já estava praticamente inconsciente, mas percebi quando uma mão tocou meu ombro.

 

— Vamos pra casa, a Tori tá preocupada.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem. ♥
Nos vemos no próximo capítulo.



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