Permita-se Recomeçar escrita por Kíria Kim


Capítulo 40
Capitulo 40




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Finalmente o dia havia chegado, eu estava muito feliz, afinal a menos de duas horas iria me casar com Derek, a pessoa que eu amo desde sempre, porém eu estava muito mais do que apenas nervosa, estava estérica.

Meu corpo tremia, minhas mãos suavam, minha boca estava seca e meu coração batia tão acelerado que era quase possível ouvi-lo de dentro do meu peito, eu andava de um lado ao outro do quarto, porém mesmo nesse estado de agitação eu me sentia em paz, como se estivesse encontrado meu lugar no mundo, meu recomeço.

Eu ainda andava pra lá e pra cá, quando Taty abriu a porta e entrou, minha amiga estava linda com o cabelo preso numa trança que caia sobre o ombro direito, seu vestido verde abraçava suas curvas até o joelho que combinava com sua pele morena.

Ela entrou no quarto segurando uma caixinha vermelha com um laço dourado bem feito no topo. Taty colocou a pequena caixa na mesinha de centro e foi até mim, ela me fez sentar na frente de um espelho e arrumou meu cabelo num coque alto. Ficamos este tempo em silêncio, não um silêncio constrangedor, mas onde palavras eram desnecessárias.

— Obrigada Taty, não sei o que faria sem você. Falei a encarando pelo espelho, lembrando de nossa amizade desde a faculdade e logo percebi que não me referia apenas ao cabelo.

Me virei e vi que Taty sorria e se controlava para não chorar, me levantei e fui até ela, nos envolvemos em um abraço apertado, então percebi que era eu que segurava as lágrimas.

— Pare com isso, Aline!! Taty passou os dedos de leve nos meus olhos.- Vai borar sua maquiagem.

Sorri essa era minha melhor amiga, sempre tão autruísta!!

Olhei de repente pelo quarto e meus olhos pararam na caixinha vermelha. Tatiana percebendo minha curiosidade à trouxe até mim.

Ela não disse nada, apenas me entregou e saiu do quarto me dando espaço e tempo.

Fiquei encarando a caixinha por um tempo, então  abri a caixa, encontrei um bilhete e a emoção invadiu meu coração quando terminei de ler.

“Meu eterno docinho.

Não vejo a hora de subir no altar e começar uma vida nova contigo. Mas primeiro tenho algo para você, para representar nossa vida, algo novo!”

Quando olhei de novo para dentro da caixa encontrei um lindo véu de renda. Derek sabia que quando aluguei o vestido não veiu com o véu.

Ele tinha me dito uma vez que o tão falado acessório significava a separação da vida de solteira para de casada. Realmente algo novo.

Alguns minutos depois, Taty retornou com outra caixinha idêntica a anterior.

“ Meu eterno docinho.

A cada minuto passado se aproxima ainda mais nosso casamento, e uma vida nova. Mas não podemos esquecer algo antigo. Como meu amor por você!”

Quando olhei para baixo vi o conjunto de alianças com os nomes de meus pais. Meu coração se encheu de emoção, tive vontade de correr até Derek e me casar naquele minuto.

Porém só de saber que ele estava no quarto ao lado, já me acalmava, estavámos na fazendo de Luís, esse seria o fechamento do ciclo, pois foi ali que aceitei namorar com Derek.

Fui despertada de meus devaneios quando Taty voltou com outra caixinha, eu estava muito curiosa para saber o que continha na caixa.

“ Meu eterno docinho.

Aposto que está nervosa por voltar aqui depois de meses. Essa fazenda é emprestada, mas o amor que senti quando te pedi em namoro não foi e sei que quando disse sim, também foi legitimo, mas nessa caixa tem algo de uma pessoa que sei que gostaria que usasse hoje.”

Minhas lágrimas, que até agora estavam contidas, derramaram sem dó pelas minhas bochechas quando me vi segurando uma delicada tiara cravejada em pérolas que eu conhecia desde à adolescência.

A tiara pertencia a Dona Júlia, mãe do Derek, desde meus 15 anos sonhava em usá-la.

As lágrimas diminuiram mas a emoção só aumentava, eu não tinha certeza de nada nesse dia, só que eu amava Derek com todas as fibras do meu ser, somente ele poderia me deixar assim mesmo à distância.

Taty me ajudou com o vestido, refez minha maquiagem e prendeu o véu na tiara em minha cabeça, enquanto olhava as antigas alianças de meus pais, desejando mentalmente sorte para ter um casamento tão feliz quanto o deles.

Faltava apenas poucos minutos para a cerimônia, quando Taty me entregou a última caixa vermelha.

Mas me surpreendi quando encontrei ela vazia, minha amiga soltou uma risadinha com minha confusão e se dirigiu até a porta, enquanto eu estava de boca aberta, tentanto entender o que acontecia.

Taty girou a maçaneta, a porta abriu tudo passou em camêra lenta sob meus olhos, até que vi uma figura de camisa social branca e calça social preta segurando uma caixa igual as outras, parado no portal. Era ninguém mais, ninguém menos que Derek.

Corri até ele, envolvendo-o num abraço apertado.

— O que está fazendo aqui? Não pode ver a noiva antes do casamento, traz azar! Disse me separando dele.

Derek sorriu, eu soube que era aquele sorriso que eu queria ver todas as manhãs ao acordar.

— Prefiro acreditar no nosso amor do que numa superstição. E além do mais, queria te entregar isso pessoalmente.

Ele estendeu a caixa para mim, abriu e encontrei um lindo par de brincos azuis.

— Nossos dias de luta terminaram, nossos dias de gloria chegaram e agora o céu azul é todo nosso! Recitou ele enquanto prendia os brincos em minhas orelhas.

Derek se afastou, sorriu ao me ver de corpo inteiro.

Taty suspirou e abriu a porta.

— Te deixei ficar tempo demais se você fizer Aline chorar, será você que irá maquia-la de novo, viu! E além disso você tem que acabar de se arrumar. Os dois soltaram uma risada e Derek saiu.

Meia hora depois olhei pela janela e vi que todos os convidados estavam sentados nas cadeiras brancas que foram colocadas sobre o gramado. Logo à frente dos convidados num altar muito bem ornamentado estava Derek com um terno escuro sobre uma camisa branca e gravata azul escura, em pé me esperando junto ao padrinhos...Ele estava lindo!!!

Ouvi a porta abrir atrás de mim, a voz de Taty se fez no quarto.

— Está na hora, pronta?

Não me virei, continuei olhando Derek pela janela. Fechei os olhos, respirei fundo e sorri.

— Pronta!

Desci as escadas devagar, sem pressa, aproveitando cada segundo daquele momento, senti a grama sobre meus pés, ouvi a marcha nupcial tocar, eu me encontrava num caminho gramado com flores, ao lado de nossos poucos convidados e tendo Derek no fim nesse caminho.

Olhei para ele, enquanto caminhava no ritmo da marcha para não cair, apertei o bouquet de tulipas vermelhas e brancas, minhas mãos estavam trêmulas.

Enquanto caminhava pelo caminho até o altar, vi nossos convidados ficarem em pé um a um, todos olhavam para mim, me admirando, mas eu só conseguia olhar para futuro marido, ali parado, me esperando.

Derek era meu recomeço e eu estava apenas alguns passos dele.

Cheguei ao altar, Derek me estendeu a mão, eu envolvi meus dedos nos dele, me aproximei de seu corpo quente, ele deu um beijo em minha testa e disse.

— Você está perfeita, mais linda que em meus sonhos.

Me emocionei com sua declaração, fiquei feliz com minha escolha de vestuário, meu vestido era simples, com alças finas e bojo bordado até o quadril, dele saia uma saia até o chão de seda, com uma fenda na perna esquerda, mostrando o forro todo rendado, as costa era nua, usava a tiara com o véu na cabeça presa com o coque, meus sapatos eram branco com salto médios, bem confortável, os brincos azuis e presa em uma corrente pendurada em meu pescoço eu levava as alianças dos meus pais, queria eles comigo, de alguma forma.

— Você também está lindo, e é todo meu!!!

Ele abriu aquele sorriso que eu tanto amava e disse no meu ouvido.

— Sempre e para sempre.

Nos viramos para frente do padre, que começou a cerimônia, ele fez um pequeno resumo de nossa história, apoiando a idéia que almas predestinadas sempre se encontram e os obstáculos são simplesmente pedras que essas almas varrem de seu caminho e continuam caminhando juntos, segundo  o padre somos almas gêmeas, que apesar das adversidades, nossos espiritos sempre encontrarão um ao outro para serem felizes e viverem esse amor abençoado por Deus.

Eu tentava segurar as lágrimas, pois minhas emoções estavam no limite, dizer que era o dia mais feliz da minha vida era um clichê, pois ele estava ultrapassando qualquer expectativa, ao nosso redor pude perceber nossos amigos num misto de emoção e felicidade, ver todos testemunhando nossa união, era um momento mágico e espécial.

Num determinado momento da cerimônia, eu olhei para o padre e atrás dele vi nitidamente quatro pessoas que nós gostaríamos que estivesse conosco, vi nossos pais sorrindo e de alguma forma abençoando nossa união, nesse momento uma lágrima escorreu pela minha bochecha e uma paz invadiu meu coração, soube ali que não importa os problemas, juntos conseguiríamos enfrentá-los, pois nos amavámos prufundamente.

A cerimônia transcorreu como desejado, ao fim dela recebemos os comprimentos dos padrinhos, antes do término dos comprimentos o padre veio até nós e nos disse que estava muito feliz por fazer parte desse momento especial, e disse que nossos pais estavam orgulhosos conosco, pois todo tempo estavam presentes, ao lado dele.

Minha visão se confirmou, como irmã levei meus dedos nas alianças em meu pescoço, os mentalizei e fiz uma preçe silenciosa, pois no momento mais importante de nossas vidas eles estavam em espirito abençoando nossa união.

Uma tenda grande foi estendida no fundo da sede da fazenda, onde aconteceu a recepção, como sempre Taty fez um enorme sucesso com o jantar, ela e Derek como sócios iriam ser muito bem sucedidos, nossos convidados estavam se divertindo muito, Gabriel e Molly dançavam com as crianças, Virginia estava muito emocionada e Alfred sempre ao lado dela, era lindo ver o carinho dos dois.

De repente ouvi uma música muito especial, Everything I go, era nossa música, nossa trilha sonora, ela descrevia todo nosso sentimento, ele então se aproximou de mim, estendeu a mão e me levou a pista de dança, era nossa primeira dança como casal, com nossa música especial, dançamos em nome do amor, nesse momento não havia nada, nem ninguém ao redor, só eu e ele...

Depois de nossa dança, muitas outras músicas românticas foram executadas, a pista ficou cheia com todos dançando apaixonadamente, Luís e Karina dançavam e faziam juras de amor, pois ainda estavam em lua de mel, com poucos meses de união, Taty e Bruno estavam muito próximos, senti uma energia diferente entre eles, um sentimento mais forte que antes, Virginia e Alfred dançando emocionados e Gabriel e Molly que deixaram as crianças na mesa e também aproveitavam o momento romântico e trocavam carinhos.

Ver aquela cena em meu casamento, me deixou sem palavras, era tudo que eu imaginava e queria, eu definitivamente era a mulher mais feliz do mundo....

Entre nossos convidados estava Gabriela e um grupo com doze crianças e jovens do Abrigo Fraterno, além de Angela, a secretário do Derek com sua família.

Distribuimos a lembrança de nosso dia especial, era um par de chinelos com nossos nomes de data do evento, a idéia era as mulheres poderem se despir dos saltos, calçar os chinelos e cair na pista de dança, foi exatamente isso que aconteceu assim que começaram as músicas animadas, as crianças montaram um grupinho dançando animadamente, alegria e felicidade brilhavam nos olhos de todos, aquele estava sendo um dia realmente abençoado.

Mais ao fim da recepção convoquei as solteiras, era a hora de jogar o bouquet, essa tradição eu fiz questão de manter no meu casamento, foi eu adorava ser a felicidade da moça em pegá-lo como também a surpresa do namorado, pois todos dizem que quem pega o bouquet é a próxima noiva....

Embora eu tenha jogado na direção da Taty, a felizarda foi Gabriela, que ficou surpresa e muito corada, ela não tinha namorado, mas notei que um garçom estava a noite toda muito perto dela e seu sorrisinho de lado entregou seu interesse por ela.

Ela veio até mim, me abraçou e disse.

— Estou surpresa, mas pena que não serei a próxima.

Olhei para o garçom que estava atrás dela, não me contive e disse em seu ouvido.

— Olhe para atrás, tem alguém te paquerando a noite toda.

Quando Gabriela olhou, o garçom abriu um enorme sorriso e balançou a cabeça, ela então acenou para ele timidamente, depois voltei para mim com os olhos arregalados de surpresa e um pouco corada.

— O que foi isso, Aline? Ela perguntou confusa.

— Uma oportunidade de ser feliz, aproveita amiga, conheça o rapaz. Disse entusiasmada.

Ele então se aproximou com uma bandeja na mão, nos serviu uma taça de champanhe, ele se apresentou educadamente, eu pedi licença aos dois e sai deixando eles conversando animadamente.

Um pouco antes de irmos embora, pedi que Taty me acompanhasse ao quarto onde me vesti, chegando lá entreguei a ela uma caixa preta, disse.

— Abra, é para você, com todo meu coração.

Ela abriu e leu os papéis, depois pegou as chaves na mão, me olhou e veio em minha direção chorando.

— Você só pode estar brincando, não é mesmo? Disse Taty entre lágrimas.

— Claro que não, você leu a escritura, meu apartamento agora é seu, sei o quanto você gosta dele e vi a energia entre você e Bruno, vocês querem dar um passo mais sério, né?

— Você sabe Aline, casamento, festa, tudo isso não é a minha, no momento não é isso que eu quero, eu o amo muito, mas casar não está nos meus planos ainda.

— Quem disse casamento Tatiana, eu disse seja feliz com o Bruno, vocês se amam, vivam esse amor, se um dia estiver pronta, ai sim case-se, no seu jeito, sem pressão, eu te amo minha irmã, eu só quero sua felicidade, eu acho que ela tem nome, não é?

— Sim, um nome, um rosto, um corpo lindo, que eu amo muito.

Nos abraçamos e choramos juntas, finalmente iriamos ser felizes, nosso destino reservava momentos de felicidade e cumplicidade.

Retocamos a maquiagem, depois de muito choro e voltamos para a festa, eu e Derek nos despedimos de todos, iriamos passar nossa noite de nupcias em um hotel, no outro dia dia bem cedo iriamos para nossa lua de mel.

Dessa vez eu sabia o destino da viagem e estava muito ansiosa, iriamos para um paraiso tropical belissímo.

Jamaica...foi o roteiro escolhido da nossa de mel.


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