Superheroes escrita por gwmezacoustic


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, temos capítulo novo.
Boa leitura e até as notas finais, seus lindos.



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“Você tem que ter uma atitude positiva e tirar o melhor da situação na qual se encontra.”

— Stephen Hawking

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Existe uma teoria, no ramo das ciências exatas, que afirma que uma mínima alteração pode trazer resultados defeituosos, é como em uma equação matemática: se nos arriscarmos o suficiente para arredondar o resultado de uma multiplicação, isso alterará o total final, sendo assim, seria conflituoso, o que no mundo acadêmico significa errado. Se arriscar e lançar-se no desconhecido é o arredondamento de números da vida real.

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Os sons das botas desgastadas do general contra o piso eram a única coisa audível no galpão. O uniforme negro informava que estava a serviço do exército e em missão confidencial, ele representaria os interesses da sua base em terreno norte americano. Seus dedos mexiam seguidas vezes com a trave de sua maleta e seus olhos não se permitiam deixar o relógio de pulso por mais de cinco minutos. Quando recebeu a dispensa de seus serviços naquela manhã, nem em seus maiores sonhos imaginaria que estaria de volta aos Estados Unidos, e muito menos que estaria a algumas horas de Simon, se ele tivesse sorte poderia resolver seus assuntos de modo rápido o suficiente para conversar com seu filho pessoalmente.

Algum tempo depois via um vislumbre das luzes de Washington pelo que acreditava ser a última vez em um bom tempo, suas mãos ansiosas e seu coração acelerado por finalmente estar fazendo o que acreditava ser certo, mesmo que tivesse demorado dez anos para se atrever a fazer o que deveria ser feito.

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Alheios a todo o resto do mundo, Simon e Isabelle escalavam a tão antiga e acolhedora casa da árvore, ambos tensos pela conversa que viria a seguir, talvez nenhum dos dois estivessem preparados para mergulhar novamente no passado.

— Pronto? - Isabelle perguntou ao sentar próxima a um baú.

— Pronto. - Simon confirmou, agora não havia mais escapatórias.

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Janeiro de 2020, 4 anos depois.

— Você entende porque estamos aqui, não é? - Simon perguntou, pela trigésima naquela manhã.

— Sim, papai. - Nicolas repetiu - Nós morávamos em Manhattan, mas nos mudamos para Nova Iorque porque a empresa resolveu abrir uma área de tecnologia aqui em parceria com um banco, então você veio para gerenciar essa expansão.

— E você sabe que nada na nossa vida vai mudar, não é? - talvez Simon estivesse um pouco inseguro sobre voltar a cidade onde cresceu.

— Sim, papai, mas parece que você não acredita nisso. - Nicolas tirou a atenção do rosto do pai por segundos enquanto encarava a fachada imponente do prédio à sua frente, ele gostaria de trabalhar com arquitetura no futuro.

— É bonito, não é? Jordan me disse que ele pertence ao mesmo banco que faremos parceria, eles realmente parecem ser donos de boa parte de Nova Iorque. - o tom de voz de Simon era pura admiração.

— Talvez eu possa trabalhar lá algum dia. - Nicolas era um sonhador nato, visualizava um futuro que não seguia as regras de simplesmente herdar e administrar a empresa do pai, ele queria conquistar renome por mérito próprio, e Simon não podia estar mais orgulhoso do filho.

— Quem sabe, não é? - bagunçou levemente os cabelos do filho e se dirigiu ao prédio.

Nicolas seguiu o pai, mas não sem antes dar uma última olhada na fachada do prédio e na placa que chamou sua atenção, ela anunciava que o edifício era obra da Gideon Enterprise em parceira com a Lightwood Corporation, mas para o pequeno aquilo não significava nada.

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— Você tem certeza que eu posso ler? - Isabelle tinha a carta do General Lewis em mãos.

— Não é como se você já não imaginasse o conteúdo dela. - Simon deu de ombros, desviando seu olhar para a janela.

O silêncio tomou conta do cômodo por longos minutos, Isabelle nunca perdia a deixa de uma fala, sempre possuía um comentário engraçado para destruir a pressão do ambiente, mas quando o assunto era Simon ela não conseguia brincar, qualquer mínima coisa que o envolvesse era levada a serio por ela, exatamente por isso se obrigou a pensar a fundo sobre a carta e os possíveis rumos que aquela conversa tomaria.

— Eu te perguntaria o que você vai fazer, mas sei que você não sabe. - finalmente quebrou o silêncio, sua voz saindo calma, de inicio ela só estava testando o terreno.

— É estranho me sentir como um castelo de cartas? -  disse - De inicio não passava de partes iguais, porém desconexas, depois de um longo processo fui montado e construído com base em um passado que eu pensei ter sido soterrado, mas agora é como se eu vivesse em meio a um temporal, ventos fortes me derrubam e destroem o resultado de um processo demorado e doloroso, eu sinto como se depois de anos nada pudesse me bater tão forte, eu sinto a queda livre em minhas veias, sinto cada peça da armadura sendo derrubada e simplesmente não posso fazer nada para impedir isso. - completou, deixando que seus olhos encharcados por lágrimas encontrassem o infinito castanho que tanto amava, e mais do que nunca se permitiu afogar-se na imensidão de seus olhos quase negros, ele queria respostas e esperava encontrá-las.

— Não, não é.

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O vôo do General Lewis acabava de pousar, suas rodas já em atrito com o chão nova-iorquino, seus movimentos foram acelerados, se dirigiu rapidamente até a saída, depois fechava a porta do carro com certa brutalidade, e então só havia o silêncio de sua mente e a estrada.

Suas mãos tremiam ao tocar a campainha da casa simples porém imponente, ele não lembrava de ter visitado aquele bairro alguma vez, parecia ser alguma construção recente, ao longe já percebeu que a casa não era em nada parecida com a em que vivia com a família há anos, talvez as coisas tivessem mudado mais do que imaginava.

Um senhor sorridente abriu a porta, seu sorriso se desfez em milésimos de segundos após reconhecer o nome cravado no uniforme.

— Olá, o Simon está?

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— Eu meio que estou me sentindo inútil por não conseguir pensar em nada que possa te ajudar agora. - Izzy confessou.

— Se existe alguém inútil aqui, te garanto que esse alguém sou eu. - Simon riu sem humor.

— Não se autodeprecie, Simon.

— Não é autodepreciação quando se fala a verdade, Isabelle.

— Não vamos chegar a lugar algum assim. - Isabelle ergueu as mãos em um pedido silencioso de sentido ao universo.

— Primeira coisa em que concordamos. - Simon sussurrou, mas foi ouvido por Isabelle.

— Você acha que conseguirá arrumar as coisas com o seu pai dessa vez? - perguntou, ignorando a última fala dele.

— Como?

— Você entendeu.

— Eu tenho certeza que não, aliás, a única coisa que eu arrumaria seriam mais problemas.  - seus olhos voltaram a janela.

— Talvez se os dois lados colaborassem as coisas dessem certo. - Izzy sussurrou para si mesma.

— Por que de repente estamos conversando como se isso fosse uma opção?

— Porque é uma opção.

— Quando viajar para encontrar aquele crápula se tornou uma opção? Me diga, porque eu sinceramente acho que perdi essa parte da conversa. - Simon cuspiu as palavras.

— Por que você age como se isso não importasse, quando sabemos que isso não é a verdade? Comece a aceitar os fatos! Todos temos que fazer isso em alguma fase da vida.

— Nós só podemos, por favor, ignorar isso? Vamos tacar fogo nessa carta se for preciso, mas não vamos brigar por isso. - naquele momento ele quase suplicava.

— Ninguém aqui parece querer iniciar uma briga além de você. - revidou.

— Eu só estou confuso, tá legal? - sua voz levemente embargada pelas lágrimas.

— Ficar confuso é normal, essa mudança de humor não é, se eu não te abandonei em dezesseis anos, não é agora que vou abandonar.

— Eu só não sei o que pensar, ele simplesmente sumiu, entende? - Isabelle assentiu, feliz por ele finalmente ter começado a falar o que sentia - É como se tudo não importasse pra ele, na verdade eu acho que é exatamente isso, ele não se importa, sequer possui sentimentos.

“Que merda, eu tinha seis anos! SEIS ANOS! Ele era o meu herói, uma merda de herói que me decepcionou sem pensar duas vezes. Ele não precisava ficar por mim, nem pela Rebecca, mas pela mulher que ele jurou amar e nunca abandonar no altar, eu sei que relacionamentos acabam todos os dias, e eles simplesmente dão errado ás vezes, mas ele nem tentou lutar pelo casamento, imagine se lutaria pelos filhos. Ele nos largou em meio a crise da empresa do vovô, minha mãe estava enfrentando a maior barra e ele simplesmente deu as costas e decidiu que não podia lidar com isso, então minha mãe não se deu ao luxo de chorar porque ela tinha que exercer o papel de pai e mãe porque o idiota que jurou amá-la estava ocupado demais tentando construir a sua vida no outro lado do mundo.

Ele não foi capaz de cumprir nem uma promessa, ele só precisava entrar na merda do avião e dar um sinal de vida aos filhos que ele dizia amar, mas ele optou por não fazer isso! Eu não sei o que aconteceria com a minha mãe se ela não tivesse sido forte, eu não sei o que seria de mim se eu não tivesse te encontrado, Isabelle. Eu não sei merda nenhuma, além do quanto eu sinto nojo daquele crápula e do que ele se tornou.”

— Nós não precisamos falar sobre isso agora. - e novamente Isabelle o deixou colocar tudo que precisasse pôr para fora enquanto chorava em seus braços.

. . .

Walter observava as pessoas a sua frente enquanto cochichavam, sendo acompanhado de perto pelo senhor Lovelace que estava aéreo a conversa do seu filho com sua esposa.

— Vocês poderiam me informar sobre o paradeiro do meu filho? - pediu, seus olhos ainda presos ao relógio.

— Você não acha que já fez estrago o suficiente? - David Lovelace já era um senhor de meia idade, mas seus dois metros de altura poderiam assegurar que ele amedrontaria qualquer um.

— Me desculpe? - a expressão do rosto de Walter era confusa, quase uma interrogação ambulante.

— Você não pode sair por aí usando as pessoas e depois as descartando. - explicou, seu tom irritado - Agora ele é seu filho, agora você decidiu que tem tempo para ser pai, mas quando ele mais precisou, você simplesmente sumiu, literalmente se escafedeu para o outro lado do mundo, deve ser muito fácil viver sem assumir nenhuma das responsabilidades dos seus atos, mas o Simon não é nenhum brinquedo nas suas mãos, ele não está a disposição das duas vontades, ele não pode parar a vida dele porque de repente você acha que conseguiu a capacidade de consertar todas as merdas que você fez. - agora ele quase gritava, as veias de seu pescoço saltavam.

— David, calma. - Susan pediu delicadamente, segurando a mão do marido.

— Não existe motivo para tamanha irritação. - Walter pontuou.

— Não existe motivo o caramba! - dessa vez David gritou, tomando cuidado ao afastar-se da esposa e se dirigir até Walter, agarrando seu uniforme e o erguendo em seguida - Não me importa o que você faz, ou a merda que diz nesse uniforme, mas eu juro que se você tentar se aproximar do Simon novamente, eu vou até o inferno pra quebrar isso que você chama de cara.  - se olhos fossem capazes de emitir raio laser, Walter estaria morto.

— Pai... - George iniciou, mas foi ignorado.

— Saia da minha propriedade ou eu juro que te tiro daqui a pontapés! - o empurrou em direção à porta e descontou toda a sua fúria ao fechá-la, fazendo o som ecoar pelo cômodo.

— Quem ele pensa que é? - pensou alto, encarando a esposa e o filho que simplesmente deram de ombros.

Já Walter concluiu que as coisas estavam decididamente mais diferentes do que esperava.

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Notas finais do capítulo

Eu tô bem empolgada sobre o rumo que a fic vai tomar, vocês logo vão ser mais sobre o Nicolas e esse futuro.
Obrigada por lerem, comentarem e favoritarem.
Prometo que vai ter capítulo novo logo.
Fiquem com Deus, até o próximo e beijão.



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