Blind Love escrita por Nanda Ackless


Capítulo 2
Uma garota que só traria problemas


Notas iniciais do capítulo

Voltei com outro capítulo.



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Problemas à vista

 

Não entendi o que deu em mim. Eu simplesmente odiava a garota. Certo que eu odiava a maioria das pessoas. Não conseguia gostar delas de primeira. Era algo meu. Queria que o mundo se explodisse antes, e quando explodiu, também queria que continuasse a pegar fogo depois. Não gostava de gente e que todos fossem à merda.

Eu só queria ficar no meu canto, calado e cuidando de minha vida, mas o povo ali não me deixava em paz. Quando não era algum idiota dos novos, algum dos meus antigos amigos se aproximava e queria bater papo.

Porra!!! Será que aquele povo, depois de quase um ano, não percebia que eu detestava falar? Que não gostava de falar como me sentia e todas essas besteiras? Coisa de maricas do cacete! Ficar filosofando sobre a merda da vida, das dificuldades, como se eu gostasse de livros sem figuras.

Era frustrante meu irmão. Eu me esquivava, saía para caçar, me escondia em algum canto o mais distante possível de todos e logo um deles estava ali, ao meu lado.

Tá certo que com o Rick eu gostava de conversar. Demais até. O cara era mais que um amigo. Nem parecia que nos odiamos tanto no começo. Nossa amizade estava tão forte que se Rick dissesse para eu atirar em alguém eu nem questionaria e descarregaria minha arma na pessoa sem dó nem piedade.

Irmão de coração.

Assim, eu meio que rezava para que ele me pedisse para me livrar da tal da Becca. Estávamos aceitando pessoas novas, mas ela não parecia alguém confiável. Essa cara dela de boba não me engana não. Aquela garota era problemas e eu não ia baixar a guarda por que ela parecia muito inocente. Tinha uma cara de virgem da porra, mas não podia me deixar enganar por isso.

— Você vai ficar aí me olhando dormir? – Ela perguntou quando pensei que estava dormindo.

— Sou seu carcereiro, não sou? – Respondi louco para erguer minha crossbow e dar um tiro bem no meio da testa dela.

Eu meio que via um alvo bem naquele ponto de seu rosto cada vez que olhava para aquela garota chata. Minha mão chegou a coçar na minha besta.

— Você se acha assustador né?

— Eu tento.

— Olha meu filho, já vi coisa muito mais assustadora que você e sobrevivi, você não me mete medo não.

— Viu? Achei que fosse cega. – Disse.

Lá na floresta ela parecia um morcego em uma sala totalmente iluminada. Correndo sem direção, esbarrando em mim, caminhando feito uma demente em direção aos errantes, trombando com a árvore e levando a pior. Foi engraçado. Parecia coisa de desenho animado.

Senti que ela me traria problemas assim que esbarrou em meio peito e meus braços se fecharam em seu corpo pequeno e magro, por puro reflexo.

O primeiro pensamento que tive quando olhei seu rosto foi de que era bonita. Gostosinha. Depois senti nojo de mim. Era praticamente uma criança. Dezesseis ou dezessete anos. Uma porra de menina. Nova demais para um cara de trinta e cinco e só envelhecendo.

Mas senti a coisa se mexer lá embaixo. Daquele jeito que não gostava de pensar muito. Não tinha ninguém ali que me interessasse o bastante para uma transa rápida, ou um caso sério. Assim preferia ficar na minha... mão. Me acabava na mão e isso já não estava me satisfazendo.

Era isso ou nada.

Tinha sentido alguma coisa pela Carol, mas logo ela começou a me tratar como se eu fosse a porra de um filho crescido, ou um irmão mais novo e broxei para o seu lado.

Sasha era uma chata. Beth muito novinha também. Maggie estava com Glenn. O safado do coreano tinha se agarrado logo a mais bonita do nosso grupo. Michonne parecia que queria matar todo mundo, e eu queria também, então não dava. Dois bicudos não se bicam. Dos novos queria distância. A maioria das pessoas era de Woodbury, velhas ou comprometida. Não dava.

Teve um retardado, que não gostava nem de olhar mais para a cara, alguém  ninguém pensaria que gostava de engolir uma espada, que pensou que eu fosse gay e me deu uma cantada.

Não preciso dizer que ele saiu dessa situação com um olho roxo, difícil de explicar, e eu com minha masculinidade ainda mais fortalecida. Só por que não saio por aí transando com qualquer um, não é para pensar que não gosto de mulher. Gosto pra porra. Mas as malditas eram mercadoria em falta no estoque.

Caça rara.

— Preciso ir ao banheiro. – A imbecil deitada sobre a cama jogou em minha direção.

— Vai porra, quem está lhe empatando?

— Primeiro. Sou nova aqui e não sei onde fica o banheiro. – Ela disse erguendo um dedo. – Segundo estou sem meus óculos e me perderia se tentasse encontrar sozinha. – Ergueu três dedos. – Terceiro...

— Levanta logo Mister Magoo, que eu te levo lá. - Falei estressado.

— Prefiro que chame a Carol ou outra mulher para me acompanhar. – Ela disse se encolhendo quando me viu ficar de pé.

— Eu não vou entrar na merda do banheiro com você, só vou te levar até lá.

— Quem me garante? – A miserável disse a me acusar novamente.

— Olha aqui sua imbecil. – Me aproximei da cama quando ela estava a se erguer. – É a segunda vez que me chama de estuprador. Acho melhor parar com isso antes que se arrependa.

— Vai me bater papai?

— Umas boas palmadas nessa sua bunda magra não vai te fazer mal nenhum. – Cuspi muito próximo e ela ofegou e arregalou os olhos. – Tá assustada? Bom.

— Que assustada o quê? – Becca falou com os olhos fixos no meu rosto.

— Que foi então? – Perguntei com mais raiva.

— Só agora estou te vendo mesmo.

— E daí?

— Você é bonito pra porra! – Ela disse e corou.

Acho que eu corei também. Virando, me afastando e jogando as mãos para o alto. Tentei esconder que ela me afetou quando disse aquilo. Lá embaixo meu amiguinho se mexeu, deu sinal de vida e tive medo que ela percebesse.

Eu? Bonito? Tenha dó.

— Ainda quer ir no banheiro? Vamos logo. E para com isso de me chamar de bonito. Assim vou achar que está interessada. – Sorri maldoso. – Vai perder seu tempo, não gosto de garotinhas. Ainda mais tão magrinhas e sem peito.

Ela colocou as mãos sobre os seios e os mediu com o cenho franzido. Olhou para mim com a cara vermelha de raiva e teria me batido se não tivesse medo de apanhar. Como se eu fosse de bater em mulher.

Fui caminhando com ela ao meu lado e deixei a idiota em frente ao banheiro.

— Só dê descarga se for o número dois. – Gritei sem maldade depois que ela entrou.

— Tão educado você. – Ela disse com cara de nojo, voltando e me olhando só com a cabeça do lado de fora.

— O mundo acabou´, ô sua patricinha sem noção. Não podemos ficar gastando água por causa de um pouco de xixi.

Ela mordeu o lábio. Acho que para não responder com alguma grosseria.

— Vai ficar aí na porta?

— Tenho que te levar de volta. Para não se perder. Acho que você não enxerga nada mesmo.

— Pensou que eu estava mentindo? – Ela fez cara de ofendida.

— Estava me lembrando de quando bateu na árvore. Pá. – Bati meu punho contra a mão aberta e ri alto. – Não tinha como fingir aquilo.

— Argh! – Ela rosnou e sumiu dentro do banheiro.

Fiquei pensando em voltar aquele ponto da floresta em que achei a idiota para tentar encontrar seus óculos. Se ela continuasse desse jeito ia acabar se machucando de novo, ou pior, ferir outra pessoa.

Uns cinco minutos depois levava Becca de volta pra a cela. Ela estava com cara de cansada, não tinha dormido muito antes, não conseguia comigo ali. Por isso saí. Deixei ela sozinha e me escorei do lado de fora da cela e fiquei ali sentado a fitar a escuridão do lado de dentro da cela.

Ri da cara que ela fez quando lhe deixei sozinha. Não sei. Para mim ela queria que eu ficasse. Não fiquei. Também não fui pra muito longe. Não podia. Não queria me afastar da ridícula.

Eu sabia que ela só me traria problemas.

 

 


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