Hamartia escrita por helo


Capítulo 8
Take it or leave it


Notas iniciais do capítulo

Oioi aqui estou eu novamente com mais um capítulo!
Boa leitura ♥



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Toda a escola estava obcecada com a final da taça de quadribol. A partida entre Grifinória e Sonserina fora marcada para o primeiro sábado das férias de páscoa, e Sonserina liderava o campeonato, ou pelo menos era isso o que Fred Weasley não parava de me falar. "Precisamos vencer por um número superior a duzentos pontos para ganhar a taça", "Jorge e eu temos que proteger a retaguarda de Harry toda a partida para que ele consiga capturar o pomo quando obtivermos a vantagem de mais de cinqüenta pontos". Considerava que a pressão nos gêmeos era ainda maior, em vista que a casa não ganhava a Taça de Quadribol desde que o segundo irmão mais velho dos Weasley, Carlinhos, jogará como apanhador. Eles queriam levar aquela glória para o nome da família, e talvez até mesmo por eles próprios, deveria ser realmente difícil crescer numa família com tantos irmãos mais velhos, sempre que você fizer alguma coisa legal, não vai ter tanta importância assim, porque um dos seus irmãos já vai ter feito antes, eventualmente fosse por isso que os gêmeos fossem inegavelmente do jeitinho que eles eram, mas no final de contas, ter uma dúzia de irmãos, ainda era melhor do que não ter nenhum, na humilde opinião de Emma. 
A verdade é que a tensão entre as duas casas estava a ponto de explodir, todos os alunos portavam expressões carregadas; brigas e discussões de Grifinorios e Sonserinos se tornavam a cada dia mais comuns, e um tanto trágicas. Sentia os olhares ofuscantes de seus companheiros da Sonserina sempre que se aproximava de algum aluno da Grifinória, e não se sentia nada bem com aquilo, por hora mantinha relacionamentos estáveis com vários de seus colegas de casa, e em algumas situações eram eles os primeiros a lhe advertir com expressões fechadas se quer acenasse para Fred. Veja bem,Emma nunca fora de ter mais do que um ou dois amigos próximos, feito Alec e Draco, pelo menos o que fora Draco, ainda era difícil falar sobre aquilo. Enfim, Emma poderia citar todas as 1001 ervas e fungos mágicos, mas era muito leiga quando o assunto lhe era convivência social, ela simplesmente não sabia lidar. Fosse por sorte ou por azar, nos dias que transcorreram antes da partida final andara passando pouquíssimo tempo na companhia de Fred e Jorge, que diariamente treinavam e discutiam táticas incansavelmente sob comando de um capitão louco e bonitinho, era assim que descrevia Olívio Wood, que era um colírio para os olhos de qualquer garota, mas que também era maníaco por quadribol, sua casa e vitórias, em especial se tratando daquela, aquele seria o último ano do rapaz em Hogwarts, e não vencerá a final de quadribol em nenhum dos anos que se sucederam como líder da equipe. Num ato de fuga de todo aquele show de horror, debandara-se para junto de seus colegas da Lufa-Lufa, não era estranho encontrar Emma na companhia de Cedrico e dos outros alunos da Casa. Na noite que antecedia a partida, ficará até tarde na biblioteca estudando para os exames que estavam a cada dia mais próximos, dividia uma mesa com Helsemann, Luftkin e Diggory, os dois primeiros cuidavam de suas próprias tarefas, enquanto Cedrico ajudava Emma com alguns cálculos de Aritmância, mesmo que não fosse lá tão necessário, era uma matéria em que ela se saia razoavelmente bem, e que Ced dominava de olhos fechados, parecia não existir nada no mundo que ele não soubesse um pouco melhor que qualquer um, Cedrico dissertou sobre numerologia e propriedades mágicas até Madame Pirce ter com eles e os mandar de volta para suas respectivas salas comunais quando já estava para fechar a biblioteca por aquele dia. Lufa-Lufa e Sonserina por um acaso tinham suas passagens secretas muito próximas, o que levou a Emma estar acompanhada em boa parte do caminho para seu dormitório, se despediram em frente a entrada escondida para a cozinha. 
— Vá direto para seu dormitório, Emma. - Cedrico dizia conforme de distanciavam, cada um seguindo pela lado oposto ao outro. 
— É, sem visitas a cozinha. - Dimitri emendou, fazendo os amigos rirem. 
— Eu odeio vocês. - Emma resmungou, rindo com eles. 
— Até amanhã, baixinha. - Ced se despediu, marchando para sua sala comunal, com os outros dois logo atrás, Emma os assistiu se afastar, até que as sombras dos três sumissem de vez, prosseguiu por seu próprio caminho, lutando contra a ideia de realmente passar pela cozinha, e quando virou num dos corredores adjacentes há poucos metros das masmorras sentiu seu corpo ser puxado e bater de encontro a parede oposta, iria protestar e lançar a maldições a quem quer que fosse mas ele fora mais rápido novamente e tampou-lhe a boca com a mão, olhou fixamente para aquele rosto encoberto pelas sombras que lhe pedia silêncio, a primeira parte daquele ser que desvendou foram os olhos, eram claros, feito a luz do dia, desceu o olhar, passando pelas sardas em excesso que cobriam aquele rosto, tão perfeitamente esculpido, e continuou descendo, até chegar aos lábios, abertos num sorriso que atormentava seus sonhos a noite, mas que também era tão seu, era seu Fred Weasley.
Mantiveram-se naquela mesma posição por mais algum tempo, poderiam ter se passado horas, ou infinitos, e Emma nem ao menos notaria, apenas sentia a presença de Fred e a calmaria que aquele encontro inesperado lhe trouxera. Há dias que sentia uma aflição imperial atravancar-se contra seu peito sem ter certeza de causa ou consequência, e agora as coisas lhe faziam um mínimo sentido, abstinência de Fred Weasley. Queria tanto dizer isso a ele, que sentira saudades, queria falar da falta que ter-lhe ao seu lado fazia, mas as palavras sumiam-lhe a mente sempre que Fred Weasley estava por perto, seu corpo travava e passava a trabalhar contra ela. Era uma droga o que ele causava a ela, principalmente a sua cabeça, mas também era tão bom. 
— Encontrei Madame Nora quando estava vindo para cá. Há essa altura Filch deve estar perto procurando quem é o miserável que está fora da cama. - Ele sussurrou em seu ouvido tão baixo que ela própria quase não ouviu, mas sentiu tremores por suas pernas todo o tempo pela proximidade em que estavam. Emma conseguia ouvir os batimentos do coração de Fred, só esperava que ele não pudesse dizer o mesmo do seu, cujo ela tinha certeza que pareceria uma orquestra sinfônica. 
— E o que vamos fazer? Como vai voltar para sua sala comunal? - Emma perguntou num fio de voz. 
— Não vim até aqui para voltar agora. - Fred. 
— Fred, isso é loucura, se lhe pegarem andando pela escola a noite você será detido, não vai poder jogar na final amanhã. - Preocupou-se. 
— Eu não jogaria de qualquer jeito se não falasse com você antes. - Ele tinha aquele brilho característico no olhar. 
— O que você precisa? - Emma.
— Só de um tempo com você. - Emma riu e Fred voltou a tapar-lhe a boca - Quer que nos descubram? 
— Seremos pegos mais cedo ou mais tarde se continuarmos aqui. 
— Pois vou arriscar. Gosto de colocar minha sorte em xeque. - Acariciou uma das bochechas da menina. 
— Fred. - Emma o chamou, alcançando as duas mãos do garoto, sua voz tinha tom de urgência, ela estava ansiosa, com medo de serem pegos sem ao menos esperarem. Fred respirou fundo, e depois soltou o ar, em seguida entrelaçou seus dedos aos de Emma e se aproximou um pouco mais, como se isso fosse possível. 
— Escute. - Ele começou. - O dia de amanhã será um dos dias mais importantes de toda minha vida, e eu posso ter passado os últimos dias treinando feito um desgraçado, suprindo o frenesi que antecede a partida com piadas e badernas aos montes, até li e reli todo o esquema tático de Olívio, mas sinto que só estarei verdadeiramente preparado se... Bem, sei que você estará por lá, e também sei o quanto você ama quadribol. - Ele disse sarcasticamente essa última parte. - Por isso não faço ideia de para quem estará torcendo, mas queria saber se você por um acaso olhará por mim? - Ele soou receoso durante todo o pequeno monólogo. E Emma ouviu sentindo que tinha a resposta na ponta da língua. Aos seus ouvidos parecia que Fred Weasley sempre entoava nervosismo, e gaguejava aos montes, quando tinha algo importante para dizer, e tal importância vinha das razões fundamentadas em seus corações, Emma podia sentir isso, e de qualquer forma, já havia aprendido a ler o que havia por trás dos olhos claros e brilhantes de Fred haviam-se tempos.
— Fred, vá para a sala comunal da Grifinória - Ela disse com firmeza, e o sentiu congelar, Emma se equilibrou nas pontas do pés para alcançar um dos ouvidos de Fred, onde cochichou: - E saiba que estarei amanhã no campo de quadribol por você, Fred Weasley. - Segurou-o pelos ombros e o fez olhar-lhe diretamente nos olhos. - Posso até odiar o jogo, mas gosto bastante de um dos jogadores. - Piscou um dos olhos para ele. E num segundo estava com as costas batendo contra a parede novamente, ao tempo em que Fred avançava contra seus lábios. 

* * *



Era um dia estranho, e tudo começou antes mesmo do café da manhã, como sempre fora a última em dormitório a acordar, só levantou depois de Tracey Davis derrubar-lhe da cama e arrancar suas cobertas, porque nunca haveria em sua cabeça tempo ruim para não dormir. 
— Você é foda, Emma. - Esse era normalmente o "bom dia!" que Davis lhe dava todos os dias. Antes de todo o seu desentendimento sem pé nem cabeça com Draco Malfoy, fora o primo que tomara conta para que a menina acordasse no horário e não se atrasasse para as aulas, ele normalmente pedia para outra garota ir até o quarto das meninas do terceiro ano e acordar Emma, e por mais que a intensão fosse boa, Emma odiava. Essas meninas sempre atingiam os dois extremos, ou era mais grossas que um gigante, ou eram tão amáveis que Emma acordava achando que ainda estava dormindo, e que estava presa num pesadelo. Mas com Tracey era totalmente diferente, aquela estranha amizade surgira feito o pôr-do-sol, sem que nenhuma das duas esperassem, Davis foi se aproximando logo que Emma e Draco pararam de se falar, no começo fora simplesmente porque queria as botas Dolce & Bruxanna de Emma emprestadas, ela confessou, mas já estava envolvida demais, principalmente porque Emma tinha um sério problema em ser dependente demais das pessoas, a começar que precisava de alguém para lhe acordar todas as manhas, ou caso contrário, passaria o dia e o resto da vida numa cama. E Davis era a antítese no meio disso tudo, por mais carregada de meiguice que fosse sempre que Emma precisava, ela também não lhe negava tapas na testa e "vá se foder" também sempre quando a amiga mostrava indícios de precisar, e Emma a amava por tudo isso. 
No grande salão, Emma se deliciava com seu café da manhã, enchera um prato com torradas, pegara uma tigela de mingau, e outras tantas coisas mais, bebia seu suco de abóbora matinal quando a gritaria começou na mesa da Grifinória, duas jogadoras da equipe de quadribol da casa cruzavam as enormes portas de carvalho do grande salão. Angelina Johnsson e Katia Bell tomaram seus lugares em meio a aplausos e assobios. O mesmo espetáculo se repetiu com os demais jogadores tanto da Grifinória quanto da Sonserina. Parecia a final da Copa Mundial, mas era apenas um torneio estudantil, não entendia como todos poderiam ficar tão fora de si, era algo ao qual ia além de sua linha tênue de conhecimento, mas de todo jeito, já havia dito incansáveis vezes em seu monólogo interior que ainda tinha um longo caminho a percorrer no estudo da dinâmica social. 
— Essas pessoas não estão normais. - Comentou com Tracey, a amiga estava sentada a seu lado folheando alguma revista adolescente, ela dobrava a ponta das páginas que tinham alguma coisa que ela queria, então, tinha uma revista com quase todas as páginas dobradas. 
— E o que você classifica por normal, Mccalister? - Blásio Zabini perguntou do outro lado da mesa. 
— Lá vem o Zabini. - Davis resmungou, dobrando a ponta de mais uma página. 
— Tenho certeza que lhe disse ontem para você não me fazer perguntas no café-da-manhã. - Emma disse, atirando um pedaço miúdo de bolo contra ele. 
— Ah, qual é, ontem eu só quis saber se o Diggory já havia falado de mim alguma vez. - Ele se esquivou do arremesso de Emma, e arrancou algumas risadas dos amigos próximos, com a menção do episódio do dia anterior.
— Acho que você é quem não é normal, no final de contas. - Emma mandou-lhe língua. 
— Posso saber por que a Mccalister está falando de normalidade, quando todos sabemos que ela não é? - Pansy Parkinson, que estava sentada mais perto do que seria saudável, na opinião de Emma, perguntou entoando um tom de voz que atraiu atenção de outros alunos que dividiam a mesa. 
— Você pode calar a sua boca, Parkinson. - Emma respondeu, e sua mente forjou cento e cinquenta mortes lentas e desagradáveis contra Pansy. 
— Eu gostava mais de você quando você não abria a boca. - Ela disse rindo histericamente, e fazendo suas amigas que guinchavam de forma parecida a ela rirem também. 
— E eu nunca gostei de você. - Emma segurava no tampo da mesa com suas duas mãos, podia sentir o sangue fluindo naquela região, tudo o que mais queria era se levantar e lançar algumas maldições contra Parkinson, pode perceber que a rival tinha ainda mais a dizer, ela sempre tinha alguma coisa desagradável para falar aos outros, e Emma aguardou extasiadamente, tinha pretensões de fazê-la engolir as próprias palavras, mas o som de palmas as suas costas a desconcertaram, e pareceram fazer o mesmo a Parkinson que encarava a figura atrás de Emma com olhos arregalados, tornando seu rosto redondo de Bulldog em algo ainda pior de se olhar. 
— É assim que funciona a mesa de café da Sonserina? - Ele ria divertindo-se com a cena, Cedrico Diggory se aproximava com o riso preso ao seu rosto, ele cumprimentou Tracey Davis, e Emma achou que a amiga poderia desfalecer naquele momento. - Mas e aí, Emma, você ainda não acabou ou já podemos ir? - Dessa vez se voltara para ela, puxando-a pela manga das vestes negras. 
— Eu não vou sair de mãos vazias. - Emma se esticou na mesa pegando mais algumas torradas para comer no caminho até o campo de Quadribol. - Te conto tudo depois. - Cochichou para Tracey antes de se afastar com Ced, ainda lançando olhares furtivos para Pansy Parkinson. Cedrico a empurrou com o ombro levemente quando a menina se pôs de pé ao lado dele, foram necessários alguns muitos minutos para que ele se recuperasse de seu ataque de risos, ele narrava como tinha sido sua reação ao assistir a briga de Emma, e jurava ainda não acreditar que aquela fosse realmente ela. 
— Acho que agora eu tenho medo de você. - Ced comentou fazendo o sinal da cruz nos dedos. 
— Às vezes até eu tenho que parar de ser otária. 
— Ah, Emma, você sempre vai ser minha otária favorita. - Ele a abraçou de lado, afagando sua cabeça, de forma que bagunçava todo o cabelo de Emma. 
— Você é péssimo. - Emma resmungou tentando se soltar do abraço sufocante de Cedrico.
— Tenho certeza de que não sou.
— Pelo menos agora me sinto pronta para começar a lutar pelas coisas que eu acredito. - Emma. 
— Aé? Tipo o que? - Ele perguntou já esperando por alguma resposta absurda. 
— Tipo calças. Não aguento mais usar saia. 
Há alguns metros estavam os fiéis companheiros da Lufa-Lufa, Megan Jones e Dimitri Helsemann, estavam entre eles, quando os alcançaram os amigos falavam da final de quadribol, e Emma não achou que pudesse ser mais entediante, em pouco tempo, acabou soltando suas verdadeiras ideologias a respeito daquela partida específica, e do quanto os alunos haviam enlouquecido naquele dia, que a escola parecia um campo de batalhas, e que tudo o que ela mais queria era ainda estar em sua cama, ou pelo menos, sozinha no grande salão, ainda comendo seu café-da-manhã. Os outros riram, os amigos riram de suas maluquices e pontos de vista. Ainda permaneceram um tempo jogando conversa fora e dando algumas risadas antes de se despedirem e cada um seguir para a arquibancada de sua casa. 
Avistou Tio Lúcio na arquibancada junto aos professores e demais espectadores, por sorte ele não viera falar com ela, e esperava que um possível encontro não acontecesse, num primeiro momento por não saber o que dizer, e depois porque simplesmente não queria ver ninguém de sua família, ao menos até o fim daquele século. Não mandava notícias aos pais haviam meses, desde que voltará das férias de Natal, mais precisamente, e também não sentia o mínimo remorso. Balançou a cabeça, afastando tais pensamentos. Família nunca era o melhor dos assuntos para ela. E de qualquer forma já estavam todos gritando a plenos pulmões. Sonserina e Grifinória estavam em campo. 
Não poderia dizer que entendeu lá muita coisa do jogo, Blasio Zabbini que sentara-se ao seu lado tentou lhe explicar alguma coisa e outra, não fizera diferença alguma, sabia quando as equipes marcavam gols porque Lino Jordan, da Grifinória, narrava o jogo e fazia vários comentários pessoais maldizendo a equipe da Sonserina e recebendo incontáveis vaias de volta. Os piores momentos eram quando arremessavam balaços uns nos outros, e ela pegou Jorge atingindo o braço de Draco uma vez, tentou não se importar, mas logo se viu com expressões de horror e lágrimas nos olhos, era um jogo um tanto violento afinal. Já estivera em jogos de quadribol antes, nas finais da liga Mundial, por exemplo, sempre haviam lugares no camarote do ministro para ela e sua família, mas nunca fora de dar muita atenção, até porque lhe era muito mais interessante e conveniente irritar Draco enquanto ele tentava assistir as partidas. Se perguntou se talvez algum dia conseguiria entrar num limbo existencial e não pensar em Draco Malfoy. Provavelmente não. De qualquer forma também não gostava quando os jogadores trombavam com os do time adversário, todas as vezes de propósito. Marcus Flinch, era capitão da Sonserina, e também um dos caras mais obstinados em serem maus que ela jamais conhecera, parecia sentir prazer em derrubar os outros da vassoura. Por Merlim, ainda não havia obtido resultado positivo naquela disputa, procurava sempre desviar o olhar dele, a não ser quando um dos Weasley acertavam-no com um balaço errante, era até bonito de se ver, por mais contraditório que isso pudesse soar. 
Encostara-se em Tracey Davis que parecia tão preocupada com a partida quanto ela, a amiga ainda tinha sua revista em mãos, e Emma não a vira olhando para o campo de quadribol momento algum. 
— Ainda falta muito? - Perguntou a amiga, e soltou em seguida um longo bocejo pensando numa possível soneca da tarde e nas mais remotas possibilidades de Zabini lhe carregar nas costas até a sala comunal, quando o apito de Madame Holch soou, olhou para os lados um tanto atônita, e a arquibancada vermelho e ouro vibrava em urras, com muitos de seus estudantes já invadindo as barreiras que levavam ao gramado, Lino Jordan anunciava "Harry Potter capturou o pomo de ouro, É NÓIS OLÍVIO". Os jogadores da Grifinória planavam sobre o campo, estavam todos abraçados e carregados de expressões de felicidade, pelo o que viu ao longe, aos poucos foram descendo até atingirem a grama verde do campo de quadribol, e logo a deixarem novamente, sendo levantados aos ombros dos outros estudantes da casa. Seus companheiros Sonserinos lançavam maldições a torta e a direito contra Grifinória, os assistiu deixar o campo de quadribol, um a um, ao tempo em que o diretor Dumbledore entregava a gigantesca taça nas mãos do capitão, Olívio Wood. O majestoso troféu passou por cada um deles e poderia dizer que quando chegou em Fred Weasley ele olhava exatamente na direção em que ela ainda estava. 
— Emma. - Ouviu chamarem a seu nome, e sabia exatamente de quem era a voz rígida e fria que pronunciava aquelas poucas letras, estava de braços dados a Cedrico, tinham pretensões de subir os degraus de pedra em direção ao lado Negro, mas teriam de adiar o passeio, pelo visto. 
— Não pode ser bom. - Ela cochichou para o amigo, sem se virar. 
— E não é. - Ele garantiu, alisando sua mão. - Eu não vou até lá. - Cedrico cruzou os braços e balançou a cabeça negativamente, desviando-se do olhar de misericórdia da amiga. - Vai logo, ele continua olhando pra cá, eu prometo que te espero aqui. - A contragosto Emma retrocedeu alguns passos até parar defronte a figura de Lucio Malfoy. 
— Tio Lucio. - O cumprimentou com um abraço rápido, cujo o tio correspondeu com palmadinhas em suas costas. 
— Aquele é o garoto dos Diggory? - Fora a primeira coisa que ele disse, de que importa se ela estava bem, ou que não se viam há meses, para um Malfoy tanto quanto a um Mccalister, só o que lhe condiz respeito é o seu domínio. E Emma era a exceção nisso tudo. Conteve-se apenas em acenar a cabeça afirmativamente. - Creio que não seja da Sonserina. - O Tio supôs. 
— Não é. - Emma o assegurou. 
— Hum. - Ele resmungou. - De todo jeito, estamos preocupados com você, Draco não a mencionou em suas últimas cartas, e você não nos manda notícias há tempos, sua tia está num estado de calamidade, Merlim sabe quantas vezes tive de impedi-la de vir pessoalmente até aqui. - Sentiu-se mal por sua tia, Tia Cissa sempre fora mais do que sua tia, propriamente dita, não se sentiu bem consigo mesma ao pensar que poderia estar causando dor a ela. 
— Desculpe, Tio, não foi minha intenção, andei ocupada, prometo escrever para ela hoje mesmo. 
— Faça isso. E vá atrás de Draco, ele com certeza deve ter se escondido de mim, envergonhado, e não é pra menos. - Não respondeu a última parte, apenas assentiu a tudo o que lhe era dito, Lucio Malfoy se aproximou beijando-lhe a testa e em seguida se retirou. 
— Pode até estar fazendo o maior sol, mas eu senti a frieza desse cara daqui. 
— Tio Lucio é amável a seu próprio jeito. 
— E eu diria que esse jeito é jeito-nenhum. - Emma deu de ombros, ainda um tanto desconcertada pelas poucas palavras que trocara com o tio, e aquele sentimento de culpa atravancando-lhe a alma, por ter feito mal a Tia Cissa. - Então, você vai procurar o Malfoy?
— Você ouviu a conversa toda? 
— Ah, não deu pra evitar. - Cedrico levantou os braços em sinal de paz. 
— Eu até deveria. Mas com certeza não vou. 
— Ainda estão estranhas as coisas entre vocês? - Ela acenou afirmativamente com um bico no rosto e olhos brilhantes, Cedrico achou que poderia esmaga-la em seus braços, passou um deles pelo ombro da menina e seguiu caminhando ao lado dela, distanciando-se cada vez mais do campo de Quadribol. – Ah, baixinha, acho que você deveria ir atrás desse idiota do Malfoy. 
— Essa talternativa está fora de cogitação, Diggory. 
— Escuta o que eu vou te dizer agora, Emma, desde a primeira vez que eu coloquei meus olhos em você eu soube que você era feliz, e que você era triste, tudo isso ao mesmo tempo, e que você estava tentando entender como é que você poderia ser assim. Você depende das outras pessoas, Emma, e a sua felicidade é equivalente a daqueles que estão ao seu redor, porque você não quer ficar sozinha, e eu te entendo por isso. 
— Como assim? - Emma apertou o passo, ultrapassando a Cedrico, e parando em frente ao garoto, obrigando-o a parar também. 
— Eu somente sei pelo o que você está passando. - Ele disse sutilmente, olhando por cima da cabeça de Emma quantos dos alunos viravam na direção oposto as portas do castelo, esperando que a maioria não tivesse a mesma ideia que ele de ir até o Lago Negro. 
— Então você é o primeiro. - Voltou-se para a menina parada a sua frente, ela tinha uma luminosidade diferenciada em seus dois globos claros, feito o mar de ressaca, eram olhos agitados, feito ondas ao vento. 
— A não querer ficar sozinho também? - Ele perguntou receoso por não ter entendido o significado daquela resposta hipotética.
— Não, a me entender.
— Emma... - Ele a abraçou forte, repousando a cabeça da amiga em seu peito, jurou que ela começaria a chorar naquele momento, mas era mais forte do que ele julgava. Ela fungou, e se aconchegou entre os braços de Cedrico. Permaneceram em silêncio. Sabiam como ninguém respeitar o tempo do outro. E quando achou que poderia explodir se não dissesse seus ideais, Ced soltou: - Você tem que ir atrás de Draco. 
— Cedrico... 
— Por favor, não fale nada, só vá, e faça isso por você, Emma. Eu sou apenas um observador nisso tudo, e eu me lembro de ver seus olhares de soslaio sempre que Malfoy está por perto, ou quanto seu rosto perde o brilho quando ele lhe trata feito uma desconhecida, mesmo que vocês dividam a mesma herança sanguínea. - Àquela altura ele a segurava pelos ombros, encarando fixamente aqueles olhos de ressaca. - Algumas coisas não se disfarçam ,Emma, e eu sei que você está com medo, mas há apenas uma vida para viver, então dê um tempo ao seu coração, baixinha. Eu sei que ele lhe feriu antes, posso ver em seus olhos que sim, mas talvez ele também seja o único que consiga aliviar essa dor. - Ela não mostrou reação, pelo menos, não de início, mas logo estava se aproximando novamente, e dessa vez, passando seus próprios braços ao redor do pescoço de Ced. Como se fosse possível, a quietude já estava presente entre os dois, uma segunda vez, em tão pouco tempo. 
— Você sempre deixa o silêncio colocar as coisas no lugar em que elas deveriam estar. - Emma sussurrou, só para ele ouvir, descansando a cabeça num dos ombros de Cedrico. 
— É, talvez no final de tudo, sejamos os dois apreciadores de um bom silêncio. 
Não era fácil lidar com o que estava prestes a fazer, por mais que detivesse o sentimento, Emma era sim uma garota orgulhosa, difícil de se abrir, mas fácil de se magoar, era feito um flor, mas uma com vários espinhos. O sol ardia em seu rosto, ainda era cedo, e havia vários alunos espalhados pelos jardins de Hogwarts, o que dificultava sua busca consideravelmente, debatia em sua mente prós e contras de ser ela, quem daria o braço a torcer e iria atrás do primo, melhor amigo. "A parte boa em ir falar com Draco, é que, é o Draco. E a parte ruim, é o Draco" Pensou. Se perguntou como deveria ser levar uma vida sem problemas, e aquilo lhe rendeu mais alguns momentos de debate entre ganhos e perdas. Talvez fosse melhor se atirar contra a grama verde do terreno da escola, entrar numa espécie de limbo existencial, e só sair quando sua própria mente se dissuadisse e chegasse a um consenso. Porém temia que isso pudesse durar a vida toda. E não tinha tanto tempo assim. O tempo que passara longe de Draco teria influenciado tanto assim em seu relacionamento com o garoto que não conseguisse nem mesmo mais descobrir onde é que ele estaria, parando-se para pensar, realmente tinha um tipo de conexão mental, onde sempre acabavam juntos, mas de todo jeito, aquela teoria deveria ser repensada, para o momento em que viviam, o que poderia ser dito era que, mesmo que seguissem por caminhos opostos, acabariam se encontrando no final. E a risada alguns tons mais alta que a de todo o resto do corpo discente de Hogwarts fez com que Emma localizasse Draco naquele mundo de pessoas. 
Para sua surpresa, ou talvez nem tanto assim, ele estava com alguns alunos da Sonserina, ocupando alguns dos bancos espalhados pelos jardins da escola, Draco tinha a cabeça deitada nas pernas de ninguém mais que Pansy Parkinson, que mexia nos cabelos excessivamente claros do garoto. Pansy parecia maravilhada, tendo the time of her life, estando tão perto de Draco. Foi o que Emma constatou com uma rápida varredura pela cena. Alguns rostos lhe eram conhecidos entre aqueles que sentavam-se próximos ao primo, nenhum, em compensação, lhe passava confiança. Examinou a melhor maneira de abordar Draco, deveria se sentar com os colegas e puxar algum assunto com ele num momento oportuno? Não. Sútil demais. E temia que por um viés acabasse tímida e não conseguisse chegar aonde pretendia com Draco. Por Merlim. Quando que havia se tornado tão difícil as coisas entre aqueles dois?
— Ora, ora, vejam que veio se juntar a nós. - Não precisou mexer um músculo que fosse, Pansy cuidara de tudo para ela, e como sempre, da pior forma possível, àquela altura, todos os pares de olhos estavam voltados para Emma, inclusive aqueles num tom acinzentado, que independente do tempo, do orgulho, e de tudo mais, ela conhecia tão bem. 
— Eu realmente senti umas forças negativas quando estava chegando perto daqui. - Rebateu com desdém. 
— Me poupe, Mccalister, dá o fora. - Pansy apontava para o outro lado do jardim.
— Cala a boca, Parkinson, Emma pode se sentar com a gente. - Por mais que fossem palavras potencialmente bonitas, Emma preferia que tivessem sido proferidas por outra figura, Zabini encontrava-se sentado descontraidamente pela grama com a varinha pendendo ao lado, Emma sorriu ao amigo, ao qual não reconhecera entre os outros Sonserinos, talvez pelo mente bagunçada, talvez pela visão turva de um dia com um som tão brilhante, ou talvez, por não ter olhos a nada que não tivesse sobrancelhas arqueadas, cabelos claros, e olhos intensamente cinzas. 
— Como sempre um verdadeiro cavalheiro, Blásio. - Reverenciou-o. 
— Eu confesso que tento, princesa. - Zabini.
— Para vossa alegria, Parkinson, não vou ficar muito tempo, só preciso falar com Draco. 
— E o que você teria para falar com Draquinho? - Pansy tinha os braços envoltos no pescoço de Malfoy de forma possessivamente psicótica. 
— Isso não é assunto seu, não é mesmo, Pansy?. - Emma voltou-se ao primo, finalmente. - Draco? - Chamou. - Draco? - Ele virara a cabeça para o lado oposto, numa falha tentativa de fugir de Emma, mas deixando claro que não tinha a mínima vontade em falar com a menina. 
— Ele não quer falar com você, Mccalister. - Sera que teria como odiar Pansy Parkinson ainda mais? Emma passou pelos alunos sentados no gramado e se aproximou do banco em que Draco e Pansy estavam, ela o puxou pela gola das vestes e o fez encarar-lhe fundos nos olhos. 
— Eu vim falar com Draco, e não com o ó-tão-poderoso-Malfoy. - Disse firmemente, ele virou o rosto, mas assentiu minimamente com a cabeça. 
— Draquinho. - Pansy segurou-o por um dos braços quando ele enfim se levantou. 
— Dá um tempo, Parkinson. - Se soltou bruscamente, arrancando um gemido da menina. - E para com essa história de Draquinho. Eu nunca ouvi nada mais ridículo. - Draco saiu a passos largos na direção oposta de onde estava há segundos antes, obedientemente, Emma o seguiu, tinha um sorriso preso ao rosto. Em poucos minutos estavam longe o suficiente, tanto que se olhasse por cima do ombro não veria o menor vestígio de Parkinson e nenhum dos outros colegas da Sonserina. O garoto ao seu lado, mantivera-se carrancudo por todo o tempo, com os braços cruzados, e expressão fechada. Não conseguiria dizer o que se passava na cabeça de Draco nem mesmo que quisesse, teria ele achado seu iniciativa tão ruim assim? Com alguns pensamentos soltos por sua mente, Emma se sobressaltou-se com a parada brusca que Malfoy dera de repente, colidiu minimamente contra as costas do menino, ele pareceu não sentir, ou, mais certamente, não demonstrar, ainda tinha os dois braços cruzados na altura do peito, com a diferença que enfim a encarava, mas ainda assim, parecia fugir de seus olhos. 
— Você pode tirar esse sorrisinho do rosto. - Fora a primeira coisa que dissera. - Escuta, se você quer falar com Draco, então eu quero falar com Emma, a minha Emma. - Não admitiria ter sentido calafrios na espinha com a intensidade de sua voz. - Estamos longe o bastante? O que é que tem para me dizer? O quanto meu pai me odeia por perder o jogo de hoje?
— Draco, a gente pode até estar passando por uns tempos de estranheza um com o outro, mas sempre vai ter essa parte de mim que é incompreensível a qualquer um, mas que você sabe ler tão bem. - Pareceu amolecer um pouco da expressão mal-humorada que carregava, rastros de um rosto que conhecia feito ao seu próprio pareceram surgir, enxergou além dos olhos acinzentados de Draco, e o que viu, foi que ele não conseguiria manter aquela postura por muito mais tempo. 
— Eu senti saudades. - Ele sussurrou, num tom de voz mínimo, mas ao qual estivera sempre acostumado a usar com Emma, ele sabia que não precisaria usar de um tom mais alto do que aquele, porque simplesmente sabia que ela sempre o iria escutar. Ao menos, era a isso que se apoiava. 
— Eu também. - Sussurrou de volta. 
— Mas não parece. - Ele endureceu. - Levou um tempo consideravelmente rápido para me substituir, te vejo andando pelo castelo, sempre com uma companhia diferente, até mesmo com o babaca do Zabini deu para falar. Faz isso tudo para me atingir. 
— Draco, ele também é seu amigo. - Emma disse brandamente, buscando trazer de volta o ambiente fechado só daqueles dois, de milésimos antes. 
— Amigo? - Draco cuspiu. - Você acha que me dou ao luxo de ter amigos? É tudo parte da mais longa e tortuosa reunião de negócios, que se chama vida. - Ele balançava a cabeça negativamente. - E a pior parte de tudo, é que você sempre foi a minha única certeza, eu sabia que sempre estaria pra mim, como sempre estou por você, mas de que isso me valeu? Se nem ao menos me olha nos olhos mais. - Ele abaixou a cabeça, escondendo o rosto. - Tem certeza que quer estender isso? Por que simplesmente não me diz de uma vez o que papai quer. - Quando levantou a face, já não era a mesma, havia indícios da máscara que usava com frequência. 
— Ele disse para vir atrás de você, e usei como desculpa. - Emma arriscou se aproximar minimamente. - Queria te ver. 
— É muito mais fácil não saber das coisas de vez em quando. - Suspirou longamente. - Você sempre faz com que seja tão difícil te odiar. 
— Será que dá por favor pra você tentar ouvir o que eu estou dizendo? Será que você pode me deixar tentar explicar o quanto você significa pra mim? - Segurou-o pelos ombros. Estavam perto. 
— Eu sei o quanto eu amo você. - Draco sussurrou diretamente contra um de seus ouvidos. 
— Está perto, bem perto. 
— Tem alguma coisa errada comigo, Emma. - Ele apoiou a testa na curva do pescoço de Emma. Estavam ainda mais perto. - E eu não sei o que é. 
— Draco, você se sente sozinho. - Acarinhou-lhe as costas. - No fundo não importa quem você é, sempre precisamos de um lar para chamar de lar, porque sem as pessoas que você ama, você não pode evitar se sentir só no mundo. - Draco deu a deixa, transpassando seus braços ao redor de Emma, abraçaram-se como se estivessem enfim se encontrando, depois de um longo tempo longe um do outro. 
— Quando eu te abraço, meus braços conseguem segurar o mundo. Porque meu mundo é você. - Ainda não era preciso deixar de sussurrar. - Eu não quero mais errar contigo, não quero mais te fazer mal, não quero olhar pra seu rosto e ver vestígios de lágrimas, e pensar que fui eu mesma quem as causou. - Suspirou. - Demorou um pouco de tempo, mas eu descobri que você não machucou meu coração, ele já estava partido há mais tempo que isso, desde o momento em que desapontei a você. - Draco se pôs ereto, e pegou-lhe a mão direita, ele acariciou-a e a sentiu, antes de dizer alguma coisa. - Então, se não receber notícias minhas por um tempo, não é porque eu não te ame... É porque eu amo. - Levou a mão que ainda tinha segura entre a sua própria até os lábios e ali deixou um beijo, com um segredo sussurrado. Ele se virou, e parecia pronto para ir embora. 
— Mas... - Emma não o compreendia, e isso era pior do que qualquer outra coisa que jamais havia sentido antes, não conseguir decifrar Draco Malfoy. - Draco, eu não entendo, eu vim até você, e depois de tudo que eu te disse, tudo vai continuar do mesmo jeito? Continuaremos nos tratando feito dois estranhos?
— Se duas pessoas foram feitas para ficarem juntas, eventualmente acharão o caminho de volta. 

* * *



A festa da vitória se estendeu por dias, e segundo os boatos, a professora Minerva havia sido chamada em algumas delas, não para vadiar, como seus estudantes, mas para colocar ordem na sala comunal e mandar os alunos para cama. Fred tentara inúmeras vezes arrastar-lhe para algumas das tais festanças, e era uma missão difícil rejeitar aos chamados principalmente porque sentia-se um tanto enciumada com o que ele poderia estar fazendo na surdina de sua sala comunal, mas mantivera-se firme negando a todos os convites, tudo entre eles já era estranho o suficiente, atravessar a passagem secreta do retrato da mulher gorda seria o mesmo que ultrapassar uma linha tênue do senso comum. 
De todo o jeito, até o tempo parecia estar comemorando com a Grifinória, o clima voltará a esquentar, e dias em que a melhor coisa seria deitar-se as margens do lago negro com uma garrafa de suco de abóbora assistindo os espetáculos da Lula Gigante, mas não era, os exames finais estavam mais próximos do que nunca, e todos estudantes sentiam na pele a pressão, até Fred e Jorge haviam dado um tempo em seus logros e brincadeiras para estudar, fariam naquele ano os NOM's (níveis ordinários em magia). 
Encontrava-se numa batalha com seu déficit de atenção, as letras miúdas, de seu exemplar do Livro Padrão de Feitiços para o 3º ano, dançavam pelas páginas, sentia como se já tivesse lido os mesmos parágrafos um milhão de vezes, e em nenhuma delas captou o que estava escrito, sua cabeça era uma bagunça, odiava a pressão que a proximidade dos exames finais lhe causavam. Tudo o que mais queria era estirar-se na grama verde dos jardins de Hogwarts com um saco tão grande de sapos de chocolate maior que sua fome. 
Mas ao contrário, seguindo a premissa que sua vida seguia, onde quando algo estivesse fadado a dar errado, daria errado, sendo assim, estava na biblioteca apinhada de alunos, dividindo a mesa com mais três estudantes que nunca vira antes, todos concentradíssimos com seus respectivos estudos, e ela, bem, batucava a ponta de sua pena contra um pedaço de pergaminho. Já havia lido tantos livros, viajado pelos cantos mais remotos do mundo, debatido os avanços da medicina e os sabores exóticos dos feijõezinhos de todos os sabores com conhecedores da comunidade mágica, aprendido tanta coisa, descoberto outras tantas, que tinha conhecimento de sobra, seu problema estava em que, Emma era uma pessoa do mundo, só queria viver sua vida, e não desperdiçar seu potencial com testes acadêmicos. Era tudo um absurdo em sua cabeça. Mas se você está para nada, é melhor cair para qualquer coisa. E foi naquele momento que fechou o livro Padrão de Feitiços e saiu a passos largos da biblioteca, não sem antes acenar para Madame Pince, que a olhava desconfiada, porque no final das contas, os alunos sempre seriam suspeitos para ela. 
Andava descontraidamente pelos corredores sem fim de sua escola, poucos eram os alunos que circulavam pelos mesmos, estava todo o mundo tão focado em seus próprios estudos para não se foderem nos exames, que considerou ser possível encontrar até mesmo Crab e Goyle com livros abertos, estudando, mesmo que já tivessem lhe dito que aqueles dois não soubessem ler. Realmente se deliciava com sua mente melancólica quando não tinha que pensar em nada. E foi com essa ideia que decidiu continuar a seguir para lugar nenhum, tendo a certeza que encontraria a Fred Weasley mais rápido se simplesmente parasse de procurar. O universo gostava de jogar contra ela. Exatamente quando pôs fim e busca. Lá estava ele. De costas, não a veria se aproximar. Aproveitou o descuido de Fred para abraçá-lo por trás. Eram tão poucos os momentos afetivos entre eles. Que não considerou ser plausível perder uma oportunidade dessas. Sem se importar com o corredor abarrotado de estudantes que lançavam olhares a torto e a direito na direção deles, Emma deitou sua cabeça nas costas de Fred, podia ouvir as batidas de seu coração ritmizado. 
— Achei que estivesse na biblioteca estudando paramos exames. - Fred disse logo que prendeu Emma em seus braços. 
— E estava. Mas não conseguia parar de imaginar o que é que você deveria estar fazendo. Então vim conferir por mim mesma. 
— Estou limpo, meu bem. - Ele lhe piscou um dos olhos. - Hm, digamos que seus estudos foram muito parecidos com os meus hoje. Perdi as contas de quantas vezes passei pelas masmorras da Sonserina tencionando um encontro com a senhorita. 
— Que cortês da sua parte, Fred Weasley. 
— Eu respondo a sinceridade da minha Lady, com sinceridade. - E dito isso. Fred beijou a testa de Emma. Assim permaneceram. Abraçados. Sentido a presença um do outro. 
— Fred? - Chamou. Ele descansava o queixo sob sua cabeça. 
— Hmm? - Ele murmurou. 
— Você está contente demais hoje sabia? E estou lhe dizendo isso com a certeza de que não se deve só a minha ilustre presença. Ou estou errada? 
— Você sabe que tu basta para me fazer feliz. Mas realmente, hoje recebemos uma coruja de meu pai dizendo que conseguiu ingressos para a final da copa mundial de quadribol, não é incrível? - Ele sorriu de forma que poderia-se dizer que havia tomado uma dose da poção felix felices. 
— Acredito que sim, e onde vocês vão ficar? No camarote do ministro? - Ela poderia ter esperanças... 
— Não, devemos ficar em alguma arquibancada acho... Espera aí um minuto. - Fred olhava para ela com um olhar desconfiado. - Como é que você sabe dessas coisas, Emma? Até onde seu detesta quadribol, e ainda assim tu sabe que o ministro tem um camarote só dele. Pode começar a falar, meu bem. 
—Talvez, hipoteticamente falando, eu posso já ter assistindo um ou dois jogos da final de quadribol... - Emma pensava em maneiras de fugir daquele assunto. 
— Um ou dois jogos? - Desde quando ele a conhecia tão bem? 
— Ok. - Suspirou longamente. Adiando aquilo mais um pouco. - Já fui em todas as finais da Liga Mundial. - Cruzou os braços na altura do peito. - Não é minha culpa que o camarote mágico tenha o nome do meu ta-ta-taravô! 
— Oras, isso é uma pena então. - Fred disse e Emma olhou para ele sem entender nada. Ele, por sua vez, assimilando a falta de compreensão da menina a sua frente, transpassou um dos braços pelo pescoço dela, trazendo-a para perto. Mais perto. - Tinha planos de lhe chamar para ir comigo. - Emma sentiu uma pontada em seu estômago, sabia que poderia começar a chorar a qualquer instante. Aconchegou-se um pouco mais a Fred e escondeu o rosto na curva do pescoço do garoto. 
— Por que é que a gente sempre tem que complicar tudo um com o outro? - Ela suspirou. 
— Se bem me lembro você deixou claro pra mim "eu nunca vou aliviar para você, Fred Weasley". - Ele repetiu letra por letra todas as palavras que Emma lhe havia dito há um tempo atrás. 
— É verdade, não espere nada menos que isso de mim. 
— Se quer mesmo saber, sempre gostei do desafio. - Encostou os lábios aos de Emma. 
— Nunca subestime Fred Weasley. - Ela sussurrou. E Fred enterrou o rosto em seus cabelos, longos e claros, tinham cheiro de baunilha, e ele sentiu que poderia passar o resto de sua vida preso aquele momento. 
— Já decidiu quando vai me visitar nas férias? - Perguntou conforme encostava suas testas, dando a garota uma visão privilegiada aquele mar sem fim que eram os olhos de Fred Weasley. 
— Fred... 
— Emma, temos menos de dois meses nessa prisão. - Ele tinha uma expressão de dor no rosto, mais entrelaçada a ideia de ainda ter todo aquele tempo na escola, do que as tentativas frustradas deEmma em recusar seus convites infinitos. 
— Eu sei. - Emma passou o nariz pelo o de Fred. Não havia distancia entre eles. 
— Não vai sentir minha falta nas férias? - Ele fez bico. 
— É claro que vou. - Disse rapidamente, beijando-lhe em seguida, numa forma de selar aquela jura. 
— Estou com medo de não lhe ver por esses três meses, e tenho certeza que vai doer. - A dor em seu rosto agora era verdadeira, e condizia significamente com o momento em si. Emma achou que poderia chorar. Doía nela também. 
— Eu não vou fazer isso. 
— Você promete? - Fred sussurrara. 
— Mas tem mesmo que ser na sua casa? - Hesitou. 
— Qual o seu problema com a Toca? - Ele parecia calmo, como sempre o era, mas podia sentir um fio de angústia em sua voz. 
— Eu não tenho problema nenhum com sua casa, meu problema é a sua família não gostar de mim. Quer dizer, já não sou a pessoa favorita de Ronald. - Emma confessou. 
— Você é a minha pessoa favorita. 
— Não deixe Jorge lhe ouvir falando isso. - Riram juntos, e se abraçaram um pouco mais, como se fosse possível, como se distância fosse uma palavra desconhecida em ambos vocabulários. 
— Mas é a verdade. - Afirmara. 
— O que quer de mim, Fred? 
— Quero você. - Selou seus lábios aos dela, beijando-a profundamente. E assim permaneceram. Por infinitos. 
— Acho que estava errada. - Encostara a cabeça no ombro largo de Fred. - Talvez as coisas não sejam lá tão difíceis assim para nós. 
— Eu nunca tive tanta certeza em nada como tenho quando olho para você. - As pernas de Emma falharam, mas talvez Fred não tivesse chego a perceber, ele tinha as duas mãos bem seguras na cintura da garota. 
— Sempre tão galante. 
— Sempre seu. - Passou o nariz pela bochecha dela, fazendo um caminho, pra seguir pela trilha em direção aos lábios rosados de Emma. - Emma? - Chamou. 
— Hum? - Ela resmungou de volta. 
— Não pense que essa conversa acaba aqui. - Emma tinha um sorriso grudado em seu rosto. Tudo poderia parecer tão fácil quando dito num sussurro por Fred Weasley. 


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram?
Espero que tenham gostado desse capítulo tanto quanto eu ahahahaha
Vejo beijo de Draco e Emma? OMG!
O que acharam? kkkkkkkk
Mil beijos e até a próxima atualização ♥

contato:
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