Hamartia escrita por helo


Capítulo 5
Living in the garden of evil


Notas iniciais do capítulo

Mais uma atualização trago para vocês!
Espero que gostem ;)



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Não conseguia se lembrar qual fora a última vez que pegara um trem. Ainda mais uma locomotiva do tamanho do Expresso Hogwarts e cheia de bruxos. Costumava pegar o metrô quando perambulava pelo mundo dos trouxas e se misturava a eles, algumas das melhores lembranças que tinha, envolviam suas pequenas aventuras pelas ruas de Londres. Criara esse hábito aos dez anos de idade, quando decidira fugir de casa pela primeira vez. A mansão dos Mccalister ficava num vilarejo bruxo e os Malfoy moravam por ali também, o povoado ficava próximo a Brixton e, como já havia excursionado incansáveis vezes para o Ministério da Magia pelo transporte trouxa, não demorou muito para descobrir o trem que a levaria para Londres. Coincidentemente talvez, fora Stefan Kane quem fora designado a trazê-la de volta após a fuga.
Lembrava-se com pesar de suas façanhas passadas, dos passeios pelas cidades trouxas, de como gostava de se integrar a sociedade e fingir ser um deles. 
Passava os olhos pelas imagens de alguma revista de punk rock velha, que encontrara em seu malão enquanto arrumava as coisas para passar as férias em casa. Estava sozinha em sua cabine, e isso não a impedira de deitar-se confortavelmente no banco estofado. Não tinha sono, o que era uma pena, sabia que a viagem seria longa. Draco lhe avisara na noite anterior. Por falar em Draco, não o via desde o último café-da-manhã em Hogwarts, antes do recesso de férias. Lembrava-se vagamente de ouvi-lo dizer que Tia Cisa os estaria esperando na plataforma 9 ¾ da estação King’s Cross. 
Se perguntava qual seria a reação de sua tia ao perceber que os dois andavam brigados. Se antes não tinham mais de duas discussões em seus respectivos currículos, ambas por causas bobas, agora deveriam ter atingido um montante de duzentas brigas. Talvez por estudarem na mesma escola, e passarem grande parte de seus dias juntos um ao outro, como há muito não acontecia. O que era estranho. Em vista de que passaram os primeiros dez anos de suas vidas grudados feito gêmeos siameses. Então, talvez fosse por Draco atingir sua cota de egocentrismo a cada três minutos, tratando a todos pior do que ele tratava o Elfo doméstico de sua família. Fatos que Emma odiava. Ou talvez por Emma abandonar seus companheiros da Sonserina, para se debandar com alunos das outras casas. O que irritava Draco totalmente. De uma forma ou de outra, os dois viviam listando tudo o que o outro fazia e que este não gostava nem um pouco, pareciam ter se esquecido do que os unia, seus laços de sangue, as memórias passadas. Emma sabia disso tudo, era no que mais pensava nos últimos tempos, mas também sabia que não conseguia ficar próxima de Draco sem que ele fizesse alguma coisa sem que a irritasse muito. Era tudo tão mais fácil quando eram só os dois. Tudo parecia mais certo quando era Draco e ela. Tanto é que estaria falando sobre tudo isso com o próprio e não apenas remoendo sozinha, como fazia. 
Desembarcaram na plataforma e já era noite. Narcisa Malfoy os aguardava com tédio no rosto, que lançava para todos os lados, e foi só enxergar Emma vindo em sua direção que aquela expressão se suavizou, dando espaço para a aura materna de Tia Cisa, era sempre fora uma mãe para Emma, a única figura materna cuja menina tivera a vida toda. E vice-versa, Narcisa enxergava em Emma uma filha. E como toda a mãe o faria, abriu os braços para receber sua pequena. 
— Ó Emma, quanta saudades fez-se. – Apertava a menina em seus braços. – Minha menina, está tão grande e bonita. Como sempre o foi. – Agora tinha o rosto de Emma em suas mãos examinava cada pedaço da mesma. – Espero que tenha tido um bom ano, minha querida.
— É muito bom lhe ver, Tia. As cartas já não estavam mais suprimindo minhas saudades de ti. E sim as aumentando. – Narcisa voltara a envolver Emma em seus braços lhe acariciando os longos cabelos claros. 
— Lhe entendo perfeitamente, querida. Bem, e Draco? Onde ele está? Por que não vieram juntos? – A mulher se dera da ausência do filho, e agora virava a cabeça para todos os cantos procurando-o. 
— Nos separamos no trem, ele preferiu ficar com os amigos. – Emma não se sentiu apta a confessar para a Tia que não o via há mais tempo que isso. 
— Hmm. Entendo. – Narcisa parecia examinar Emma. E a menina sabia que a mulher fazia exatamente isso. E o pior, era que ela conseguia prever o menor resquício de mentira, e não existia nada queEmma pudesse fazer para detê-la, afinal era isso o que as mães faziam. – Deve ter sido difícil para vocês, mesmo juntos, nunca tiveram ninguém para se sobrepor entre um e outro, sempre foram só os dois. Imagino como deve ter sido... Draco com os amigos, você e suas amigas. Ás vezes, na vida, minha Emma, é quando estamos perto que nos sentimos mais distantes do que nunca de uma pessoa amada. – E mais uma vez, como em muitos outros episódios de sua vida, Emma percebera que Narcisa lhe dissera a coisa certa, sem nem ao menos saber o que poderia estar acontecendo de verdade. A tia conseguia decifrá-la como ninguém. Bom, talvez só não melhor do que Draco, propriamente dito. 
— É quase isso, Tia Cisa. – Emma escondia o rosto do peito da tia. 
— Como assim “quase isso”, Emma? Não me diga que arrumou um namorado... – Narcisa dizia, mas foi obrigada a se interromper quando avistou Draco há alguns passos de distância. E ele estava mais lindo do que Emma poderia se lembrar, sem o uniforme de Hogwarts, ele usava um conjunto de vestes cinza-escuro com alguns poucos detalhes em preto, a roupa realçava-lhe os olhos, num tom acinzentado, que confundia a qualquer um, menos a Emma. 
— Amado filho... – Narcisa beijou-lhe o rosto, e abraçou a Draco com um dos braços, o outro permanecia em Emma. 
— Olá, mamãe. – Aquele tom de voz. Ameno e carinhoso. Não o ouvia há meses. Será que o seu Draco estaria de volta? 
— Vocês pegaram tudo, crianças? – Ela os soltou, e olhava para o malão de cada um. – Temos que ir. Há essa altura Lucio já deve estar em casa. 
Os dois assentiram e, com isso, Narcisa tomou o braço de cada um, preparando-se para aparatarem. Foi nesse momento, antes de sentir o embrulho em seu estômago que aparatar lhe causava, que trocou um primeiro olhar com Draco, ele olhava no fundo de seus olhos, vendo mais distante que isso, ela sabia, e ele lhe sorriu, o sorriso dela, algo que era só deles, Emma sentiu uma onda elétrica percorrer todo o seu corpo, e sua Tia aparatou. A Mansão Malfoy estava da mesma forma majestosa que sempre estivera e que Emma se lembrava. Foram recebidos por Tio Lucio, que lhes deu seus comprimentos e logo os mandou pra cima, a seus respectivos quartos a fim de se aprontarem para o jantar. Os dormitórios de Draco e Emma ficavam de frente um ao outro, tiveram tempo de trocar um último olhar antes de se separarem, nenhuma palavra fora dita e, de qualquer forma, não era nem preciso. Emma percorreu seu quarto antes de finalmente se despir para o banho, sentia saudades de casa, inclusive, isso a lembrava de visitar a casa de seus pais, precisava de um pouco de amor, que apenas sua coleção de discos e as tortas de Daisy e Jenny, as Elfos Domésticos dos Mccalister, supririam. 
Os jantares servidos na casa dos Malfoy eram sempre muito formais, o que impunha a Emma usar alguns de seus melhores vestidos nas ocasiões, no caso, todas as noites. Tinha um arsenal completo com todas as cores, tecidos, formas, etc, etc, etc, com vestidos de todos os tipos em seu armário na mansão. Optou por usar um longo preto, com fendas nas laterais que iriam até um pouco acima de seus joelhos. Elegante sem ser vulgar. Penteou os fios louros, desembaraçando-os o máximo que pode e, por fim, os prendeu num rabo-de-cavalo alto. Passou um pouco de seu perfume atrás da orelha, no pescoço e nos pulsos. Calçou um par de Ankle Boots e deu uma última checada em seu espelho de corpo inteiro, que ficava ao lado da penteadeira. Sentia-se parecidíssima com sua Tia Cisa, o que lhe ocorreu um sorriso no rosto. 
Saindo pela porta de seu quarto, deu de cara com Draco escorado na parede do corredor, com o cabelo penteado para trás, mas com alguns fios caindo-lhe no rosto, ele cheirava a banho recém-tomado e suas vestes eram azul-escuro. Um sorriso brincava em seu rosto e prontamente Draco ofereceu o braço a Emma, que o aceitou, entrelaçando o seu ao dele. Desciam as escadas quando Draco quebrou o silencio. 
— Não tive a oportunidade de lhe dizer o quanto está linda, Emma. – Sentiu suas bochechas enrubescerem. 
— Agradeço lhe o elogio, Draco. – Emma disse timidamente. 
Na sala de jantar, que poderia muito bem ser do tamanho de uma casa da classe média, Malfoy pai e mãe já ocupavam seus lugares na cabeceira da mesa com taças de vinho em punhos. 
— Draco, Emma, sentem-se. – Lucio disse, indicando-lhes dois lugares ao seu lado. 
Os pais de Draco falavam de assuntos relacionados ao ministério, que Emma não se deu ao trabalho de escutar, sua mente vagava na possibilidade de dar um passeio noturno pelos jardins da mansão. Quando voltou a prestar atenção no que diziam, Draco falava sobre os dementadores em Hogwarts e logo passaram a criticar a escola, mestiços, sangues-ruins, Dumbledore, a carruagem completa. 
— E quanto a você, Emma? – Ouviu a voz de Tia Cisa lhe chamar. Sabia que quando o assunto passara a Hogwarts logo chegaria nela, e não estivera preparada para aquilo momento algum. – Está tão quieta, minha querida, não é de seu feitio. O que acontece, anjo? Está tudo bem? – Aquele olhar matriarcal. 
— Desculpem-me. – Seguia a etiqueta à risca. Sabia como a boa educação era super estimada em famílias puro sangue, como os Malfoy e, bem, a sua própria. – Estou um pouco debilitada em conta da longa viagem que fizemos. O jantar está maravilhoso, Tia Cisa. – Lhe sorriu. 
— Minha Emma, pode ir se deitar depois do jantar. Mas agora nos conte, como foi em sua nova escola, querida? – Narcisa perguntou. 
— Bom... – Todos os olhares direcionados a ela. Respirou fundo algumas vezes antes de dizer alguma coisa. Por mais que estivesse sentada com membros de sua família, com os seres humanos que a criaram como se fosse sua filha legitima, era difícil. Gaguejou algumas vezes e só se sentiu confiante quando sentiu uma mão repousar sobre um de seus joelhos. Era Draco. Trocaram um olhar rápido e ela continuou, falou exatamente o que sabia que seus tios queriam ouvir, dos professores, das aulas, dos outros alunos, escondeu sua pseudo amizade com Weasleys, ou que trabalhava todas as noites com uma nascida trouxa no caso do hipogrifo que Sr. Malfoy estava envolvido, não falou de suas inimizades com alunos da Sonserina, nem de sua vontade em ter contra o chapéu-seletor afim de mudar de casa. Não falou de nada disso. Nada do que realmente lhe importava. Emma sempre tivera consciência de que sua forma de pensar era um oposto da linha tênue de sua família, era um problema relativamente grande quando expunha seus pensamentos. Com o tempo, aprendera a guardar seus assuntos para si mesma. Eles não precisavam saber. Porque ninguém a compreendia. Era mais fácil a todos que não soubessem a verdade. E quando finalmente conseguiu se retirar da sala de jantar e subir os inúmeros degraus que a separavam de seu quarto, sentia o corpo clamar por sua cama e seus montes de travesseiros, fora um dia esgotante, e se fosse para o seguinte ser da mesma maneira, então preferiria não acordar com vida. 
— Emma. – Estava deitada, já vestia seus pijamas, e encarava o teto esperando o cansaço lhe vencer, quando ouviu o som de sua voz. – Lhe atrapalho? – ele perguntou, com a cabeça para dentro pela fresta da porta, e o resto do corpo fora do quarto. 
— Mas nunca, Draco. – Ela sorriu a ele, o sorriso que era de Draco. – Venha, deite-se comigo. 
E ele o fez. Só permaneceram alguns minutos em silencio. Apenas sentindo a presença um do outro. 
— Como nos bons e velhos tempos. – Ela disse simplesmente. 
— Tudo sempre acaba assim, não é mesmo? – Draco falou olhando-a nos olhos pela primeira vez. – Nós dois sempre terminamos juntos. É nosso destino. 
— Eu gosto quando estamos juntos. – Emma correspondeu ao seu olhar. 
— Eu gosto de tudo que envolva você. – Draco encontrou a mão da menina e a segurou. 
— Onde você esteve, Draco? – Sussurrou. – Todo esse tempo, em Hogwarts, não era você mesmo, do que se esconde? Por que é que tem de ser assim? Eu não entendo.
— Essa é só uma parte das milhares de complicações que existem em se carregar meu sobrenome. Eu sinto muito, Emma. Sempre pensei como seria se um dia você se deparasse com Draco Malfoy. E agora você sabe. 
— O que eu sei é que não tem de ser desse jeito, Draco, e você também sabe disso. – Apertou com força a mão dele. 
— Como sinto falta de quando éramos só nós dois. Eu era apenas Draco e você sempre foi a minha Emma. – Ele respirou fundo. - Eu não quero mais errar com você. Eu sinto que a qualquer momento posso lhe perder. 
— Draco, eu sempre vou estar aqui pra você. Você sabe disso. Somos nós dois, sempre foi assim. – Ela disse num fio de voz. Br> Ele olhava para o teto quando disse. 
— Eu te amo. Amo demais. – Levaram alguns segundos, e não obteve-se resposta, ele só sentia a respiração pesada de Emma, virou o rosto, encarando as feições angelicais da garota que dormia um sono profundo. 
Os dias que se seguiram na mansão Malfoy, não foram lá tão ruins. Pôde fazer exatamente tudo o que mais gostava de fazer em tempos passados e que por algum motivo não lhe traziam a mesma calmaria de antes. Basicamente passava a manhã nos jardins e escapava da supervisão de sua tia logo após o almoço, onde fazia suas pequenas expedições por Londres, visitava suas lojas favoritas, caminhava pelo Hide Park, se deliciava com a culinária trouxa ou apenas passava o tempo em lojas de discos e sentada no chão de alguma livraria devorando livros e mais livros daquilo o que os trouxas chamavam de literatura. Mesmo assim, voltava antes do jantar. 
Era véspera de Natal e tudo o que Emma queria, era que aquele dia terminasse de uma vez, que ela logo acordasse na manhã seguinte com os pés de sua cama cheios de presentes e com seu malão aberto à espera de seus pertences para que voltasse para a escola de uma vez. Draco passara a maior parte de seu tempo útil de férias com Tio Lucio, só o via durante as refeições, e ás vezes nem isso, nem mesmo as visitas noturnas lhe fazia mais. Ele voltara a ser um Malfoy. E Emma prometera a si mesma que não deixaria esse outro eu de seu melhor amigo lhe afetar mais. 
No canto de seu quarto, havia um manequim com um vestido longo, lindo de se ver. Se perguntava quantos galeões teria sua tia dado por aquele modelo, sabia que deveria se aprontar. Tia Cisa já havia batido na porta do quarto algumas vezes, apreçando-a, sabia que seus pais estavam no andar debaixo, os dois, na mesma sala, no mesmo lugar, não tinha certeza se saberia lidar com aquele momento, logo optara por adia-lo o máximo possível. 
Descia degrau por degrau, olhava para seus próprios pés, sabia que a sala estaria lotada, mas não tinha certeza de quantas pessoas estariam por ali e nem exatamente quem era quem, era possível ouvir música no grande salão de entrada da mansão dos Malfoy, onde eram recepcionados seus convidados, “será que alguém estaria dançando?” se perguntava, e fora quando avistara no próximo degrau, um par de pés, diferentes dos seus, calçando sapatos de couro de dragão, num tom escuro, contrastando com o terno que vestia, subiu o olhar, e seus olhos encontraram Draco, que lhe sorria com uma mão estendida. 
O amigo não a poupou elogios, galante como sabia bem ser, deram uma pequena volta pelo salão cumprimentando a todos, inusitadamente a família de Pansy Parkinson estava presente. Emma a cumprimentou com um aceno de cabeça e já achou o suficiente. Por último, Draco ainda a conduzia e, agora, como ela podia ver bem, ao seu último destino: seus pais, posicionados elegantemente ao lado de seu Tio Lucio e Tia Narcisa. Fizeram uma pequena reverência ao se aproximarem dos mais velhos, Cisa abraçou a sobrinha, e lhe sussurrou algumas poucas palavras de força, Lucio beijou-lhe a testa, a olhou paternalmente e então ela se virou a eles, os que faltavam, Bruce e Helena Mccallister. 
— Está linda como sempre, princesa. – O pai lhe disse, sorrindo gentilmente. 
Por um momento não soube como reagir. Ele olhava para ela diretamente e era estranho, já que normalmente estava sempre debruçado sobre papeis e livros, sempre ocupado demais. Vê-lo ali, na sua frente, com um sorriso inteiramente seu, era algo que não estava acostumada. Não conseguiria se lembrar de qual fora a última vez que passara por situação parecida, tendo toda a atenção de BruceMccalister. Seus pensamentos se desfizeram quando sentiu Draco empurrá-la levemente na direção dos pais. Ainda não tinha certeza do que fazer, mas nem mesmo isso lhe impediu de abrir os braços e passá-los pelo pescoço do pai e da mãe. O abraço não chegou a durar o suficiente, ao menos não para alguém que conformara-se com carinho escasso dos pais a vida toda necessitava. Helena dera-lhe tapinhas nas costas antes de se soltar abruptamente da filha. Sentiram o clima que se instaurara de repente no meio deles, até mesmo um cego enxergaria, Lucio e Narcisa trocavam olhares, enquanto Helena evitava o olhar de todos e Bruce fazia perguntas atrás de perguntas para Emma sobre Quadribol, sobre Paris e Beauxbatons. A menina dava respostas monossilábicas, sem realmente entender o que estava acontecendo e chegando a conclusão mais uma vez que sua vida só poderia se tratar de uma piada de muito mal gosto. 
— Err... Tio, com licença. – Draco disse formalmente, depositando uma das mãos no ombro de Bruce Mccallister. – Peço-lhe permissão para roubar Emma por um instante do senhor. Gostaria de convidá-la para dançar. 
— Ora, jovem Malfoy, vá em frente. – Bruce pegara uma das mãos de Emma e juntara-a com as mãos de Draco. - Tenho certeza que minha querida filha não estaria em melhores mãos.
A menina ainda trocou um último olhar com o pai, que lhe piscou um dos olhos. 
— Foi pior do que imaginava? – Já estavam afastados dos pais quando Draco perguntou. 
— Na verdade, eu jamais imaginei algo pior do que isso. – Emma descansava o queixo no ombro de Draco, enquanto os dois se moviam conforme o ritmo da música lenta que tocava. 
— Sinto muito por ter de passar por isso. – ele acariciava lhe as costas descobertas pelo modelo do vestido. Emma suspirou. Sem palavras para expressar o que sentia. Draco respeitou seu silencio. E continuaram dançando, sentindo o outro. E não viam o tempo passar. E não havia mais ninguém. Eram só os dois. 
Draco sobressaltou-se com um toque em seu ombro, aquele em que Emma não estava apoiando o rosto, era Lucio Malfoy, que apenas com uma troca de olhares pareceu dizer alguma coisa ao filho, algo que Emma não compreendia, mas estava perto o suficiente de Draco para senti-lo engolir em seco. Lucio saiu desviando das pessoas no salão, Draco o seguiu, puxando Emma consigo. Já estavam um tanto afastados da festa de Natal e dos convidados, sabia exatamente para onde estavam indo e também sabia que nada de bom poderia sair de nada disso. Viraram mais um corredor e depois outro, mais adiante, Malfoy-pai segurava abertas as portas duplas para seu escritório, esperando os dois estrarem, para depois fechá-las novamente. 
— Emma. Draco. – Bruce dizia com um sorriso e os braços abertos, se aproximando dos mais jovens. – Helena, traga duas taças de Hidromel para os meninos, sim? – Ele disse sem se virar para a esposa, que fuzilava-o com os olhos, como Emma pode perceber. - Isso mesmo. – Bruce voltou a dizer, conforme Helena lhe entregava as taças com a bebida alcóolica. – Há tempos não nos reunimos devidamente. Não é mesmo, Lucio? – Malfoy quebrou a pequena distância, ficando ao lado de Mccalister, enfatizando o que era dito pelo amigo, com movimentos contidos de cabeça. – Me é satisfatório ver-nos todos juntos neste momento tão importante, tão crucial a nossas famílias. – Então, ele se virou para Emma, encarando intensamente seus olhos, no mesmo tom do mais velho. – Porque família,Emma, família é poder, lealdade é poder. Me lembro bem de ter-lhe dito isso, uma ou duas vezes, talvez mais, em nossas lições. Você é minha única filha. Minha herdeira. E estes somos nós. – Ele disse apontando para todos os presentes na sala. – Duas famílias puro sangue, unidos pelos laços sanguíneos e assim permaneceremos juntos sempre e para sempre. Draco sabe do que estou falando muito bem. – A menina assistiu Draco abaixar a cabeça, e não entendeu o que aquilo poderia significar, deixando-a ainda mais confusa. Afinal, desde quando é que haviam espaços entre Draco e ela? - Lucio teve esta mesma conversa com ele em outro momento e eu a estou tendo com você agora. Vocês estão destinados a feitos grandiosos, por serem quem são, por carregarem os sobrenomes de nossas famílias. Draco e você estão destinados um ao outro. Os vínculos familiares nos abençoam com um poder infinito e por isso temos de aceitar o que lhes vem junto, a responsabilidade de amar incondicionalmente, sem apologia, e nunca se pode renunciar ao poder deste laço, é o laço quem nos nutro, nos dá força. Sem esse poder, não temos nada. 
— Papai. – Emma tinha temor em sua voz. Não queria acreditar no significado daqueles palavras. 
— Emma Mccalister e Draco Malfoy, vocês são prometidos um do outro. 
Aquelas palavras continuavam ecoando em sua mente. Não a deixaram dormir aquela noite. Não a deixara levantar da cama por todo o dia. Flashs dos últimos acontecimentos abarrotavam sua mente. De quando fugira correndo da mansão dos Malfoy e só parara quando chegara a seu próprio quarto, em sua casa, com a porta trancada e lágrimas escorrendo pelo rosto. Draco fora atrás dela, passara metade da noite do outro lado da porta do quarto da menina, implorando para entrar, clamando por desculpas, ouvindo-a chorar. Até mesmo Tia Narcisa chegara a dar algumas batidas naquela porta, sem obter resposta alguma. E seus pais, bem, voltaram a ser o que sempre o foram, distantes, não ouvira mais nada vindo deles. Depois de destruírem qualquer resquício de felicidade e normalidade na vida da jovem Emma, como poderia estar noiva aos 13 anos de idade? Que tempos eram esses? 
Com toda certeza já perdera o expresso para Hogwarts. Não fazia a mínima ideia do fim que deram a seus pertences esparramados pelo quarto na mansão dos Malfoy, de qualquer forma não queria pensar nisso. Se tivesse um pouquinho que fosse de sorte, esqueceriam de sua existência e ela passaria o resto de seus dias trancada no quarto, da forma que mais estivera acostumada, sozinha e em silêncio. 
Mas é claro que qualquer vestígio de sorte, não estaria designado a ela, naquele mesmo instante, batidas insistentes passaram a ecoar pela porta de seu quarto. Manteve-se com o rosto enterrado em travesseiros. Quem quer que fosse desistiria, porque ela não se levantaria daquela cama, por motivo algum. 
— Alohomora! – Ouviu a porta destrancando-se e abrindo. – Mas você só pode estar de brincadeira comigo, Mccalister. – Não poderia deixar de se assustar com a figura que cruzava a porta de entrada de seu quarto. 
— Stefan Kane? – A voz embargada pelo choro recente não demonstrava muita confiança. E fez-se sumir um sorriso que antes brincava no rosto do auror que a encarava do outro lado do cômodo. 
— Garota, você está horrível. – Ele dizia no mesmo tom a quem diria bom dia. E sem esperar resposta, ou talvez já sabendo que não arrancaria uma palavra que fosse da menina melancólica afogada em travesseiros, numa cama que, segundo pensava, caberiam dois trasgos montanhês adultos confortavelmente. Stefan se aproximou de Emma. Com pouco cuidado, dispersou algumas das caixas de presentes de natal que rodeavam toda a imensidão da cama da menina, nenhum dos pacotes parecia ter sido se quer tocado por ela. Ele pensava agora em seus próprios presentes, alguns pequenos embrulhos, não chegariam a um quarto da quantidade de coisas que Emma ganhara. E ela não se importava com nada disso. Stefan sabia que alguma coisa deveria ter acontecido quando recebera o recado de seu chefe naquela manhã, pedindo-lhe que acompanhasse a menina mais uma vez até a escola. Mesmo sabendo que era sua folga de natal. O auror simplesmente trocou os pijamas, vestes as quais ele havia jurado não tirar até seus dias off terminarem, alcançou sua varinha e partiu. 
— Eu tenho certeza que você não quer falar sobre isso. E nem vou lhe forçar. Não é da minha conta. Porém, acredite que estou torcendo para que aquele seu sorriso sincero volte a brilhar em seu rosto, menina. - Ele passou a mão gentilmente pela cabeça de Emma. - Mas por agora, sinto em dizer, que tenho de levar-lhe de volta à escola. 
Stefan lhe deu uma mão ajudando-a a se levantar e, num último momento de nostalgia, chutou alguns de seus presentes, pisou, estraçalhou e gritou um palavrão e outro, antes de se trancar no banheiro de seu quarto, saiu alguns minutos depois com uma aparência parcialmente melhor, vestindo um conjunto de vestes pretas, trocou um olhar de agradecimento com Stefan e deu-lhe a mão. De um segundo para o outro, aparataram. 
Surgiram no escritório do Diretor Dumbledore. Não se pode aparatar em Hogwarts, mas o diretor abrira um pequena exceção para Emma. Educadamente, Alvo pediu a Stefan que o deixasse a sós com a menina, o auror assentiu dizendo ir verificar se a velha lula gigante continuava amedrontando alguns alunos no Lago Negro. 
— Srta. Mccalister. - Dumbledore sorriu para a menina que mantinha-se em pé ao lado de uma bacia de pedra, uma luz prateada emanava da mesma, Emma só não saberia dizer se a substancia era liquida ou gasosa. - Há tempos venho querendo conversar com você. Desde o momento em que lhe vi pela primeira vez soube que teria muito a aprender com a Srta. e seu modo de pensar. Acredito que saiba porquê está aqui, certo? - ele perguntou. 
— Desculpe-me, senhor, mas a essa altura, não tenho certeza de nada que condiga respeito a minha vida. - Respondeu melancolicamente. 
— Entendo. - Dumbledore sentou-se em sua cadeira, atrás de sua mesa, cheia de cacarecos por todos os lados, indicando o lugar vago a sua frente, para que a menina ocupasse-o. - Não se assuste com o que irei lhe dizer, jovem Mccalister, mas creio que ainda encontra-se muito cética quanto a determinados assuntos que a envolvem e que, espero que perdoe minha falta de etiqueta, sua família não a preparou, da forma que imaginei que o fariam na pequena reunião que tiveram há pouco tempo. Ao contrário, acredito que a assombraram e não chegaram a tratar daquilo que o tinha maior importância. - Ele respirou fundo antes de prosseguir. - Quero que saiba que não está segura, nenhum de nós está e seus pais temem por sua segurança. Fora isso que lhe trouxe a Hogwarts. Sua mãe, Helena, fui seu professor. Hoje ela é a única curandeira a quem confio minha saúde e sempre me premia com um pirulito ao fim de nossas consultas. - Dumbledore soltou uma risadinha, antes de ficar sério uma segunda vez. - Não duvide do que lhe digo, Srta. Mccalister, és estimada por mais pessoas do que poderia crer, inclusive lhe aconselho em procurar pelo Sr. Weasley quando terminarmos aqui. 
— Desculpe, Senhor, mas qual Weasley necessariamente? 
— Tenho certeza que a Srta. sabe por qual Weasley procurar. - Dumbledore deu uma piscadela para ela. Emma sentiu suas bochechas corarem. - Tempos difíceis nos aguardam. - Alvo voltou a dizer, num tom de voz que condizia não estar brincando mais. - Nosso mundo estará próximo de se fragmentar. Uma guerra está por vir, Emma. Muitos de nós não saberão distinguir o que é certo do errado. Muitos irão escolher o que for mais fácil. Muitos ficarão com o lado mais forte. Mas isso, criança, porque todos desconhecem a verdadeira força em tempos como esses. 
— E qual seria, senhor? - Perguntou. 
— O amor, é claro. 


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Notas finais do capítulo

Mais uma atualização para vocês :)
Espero, de verdade que tenham gostado hahha

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