Coven escrita por Artur Mota


Capítulo 12
Capítulo 11




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Celta estava concentrada em sua atual tarefa – havia, de uma maneira perturbadora, poucas armadilhas até agora – quando ouviu o barulho da luta que ocorria no convés.

Quase deixou passar uma mina mágica despercebida pensando em como seu irmão e Helena estavam lidando com o que quer que fosse a origem do monstruoso som. Voltou-se a concentrar e desarmar mais duas minas com alguns contra encantamentos. Projetar a mente e a mágica para locais tão longe de sua vista era irritantemente difícil quando o mundo parecia se partir em dois ao seu redor.

Celta interrompeu o que estava fazendo quando ouviu a porta ser aberta com um estrondo.

Helena arrastava o corpo ensanguentado de Finn para o interior da cabine. A bruxa de cabelos vermelhos ouviu Henri soltar um palavrão e correr para onde agora repousava o corpo mole e coberto do líquido rubro.

Celta sentiu uma dor como nunca havia sentido antes.

Nunca havia sentido tamanho sensação de desamparo e desespero, nem mesmo naquelas noites horríveis cuja a lembrança a  fazia se sentir imunda até o âmago do ser. Olhava para o rosto belo e radiante do irmão, que agora estava pálido como neve  e com trilhas vermelhas por toda a parte.

— Ele está vivo. – Falou Helena, depois de fechar a porta da cabine e recuperar um pouco o fôlego. Aquelas palavras tiraram todo o torpor do corpo de Celta, que rapidamente foi para o lado de Henri, que apoiava o cabeça de Fin com suas mãos.

— As Serpentes não o machucaram diretamente. – Avisou Helena  ao perceber que Celta procurava no corpo do irmão ferimentos que indicassem a origem de tanto sangue. A bruxa de cabelos negros soltou um som exasperado. – Francamente, não sei o que vocês dois têm no lugar de um cérebro pra tentar usar feitiços em uma escala que mataria qualquer outro.

— O que ele fez? – Perguntou Henri, que limpava o rosto de Finn com uma tira de tecido rasgada de seu próprio manto.

— Ele congelou duas malditas serpentes marinhas em menos de dez minutos.

Henri ficou atônito enquanto aquela notícia pairava no ar. Como qualquer bruxo realizaria uma proeza daquelas – com amplificador de magia ou não – e sobreviveria à tal desgaste? Ele não sabia.

Celta, entretanto, já pensava em outra coisa. Ela buscou as mãos do irmão e sentiu que a palma da esquerda estava extremamente quente.

A bruxa olhou para a amiga, procurando uma confirmação. Helena confirmou com um gesto discreto da cabeça.

A marca também havia aparecido no irmão.

Celta sentiu uma coceira em sua própria marca ocultada por magia e se perguntou o quanto os olhares dos líderes dos Covens e dos Conselheiros haviam visto antes que Helena habilmente ocultasse também a marca do irmão.

— Hneri, precisamos nos concentrar em nossa tarefa. – Disse Celta, obrigando-se a deixar os pensamentos sobre a marca de lado. –  Acho que não passamos por tantas armadilhas até agora por causa dessas serpentes que Finn e Helena eliminaram. Agora é a nossa vez.

— Mas, Finn ficará... – Celta o interrompeu segurando sua mão e lhe dando um sorriso encorajador.

— A única coisa que podemos fazer por ele agora é impedir que esse navio vá pelos ares.

Mal Celta proferiu tais palavras e um enorme clarão verde invadiu a cabine pela sua grande janela seguido do som de uma forte explosão.

Helena caminhou rapidamente para a janela, sua expressão assumiu um misto de horror e preocupação.

— Três navios estão em chamas. – Mais um clarão seguido de uma explosão. – Quatro navios estão em chamas.  – Helena virou-se para Celta e Henri. – Acho que é a hora de vocês brilharem.

Celta e Henri se afastaram de fim e voltaram para o local onde estavam sentados, relaxando o corpo e expandindo sua mente e magia.

— Helena, volte para o convés e evite que alguma outra criatura nos faça uma visita. – Falou Celta antes de se juntar a Henri na tarefa de procurar e desarmar as armadilhas mágicas. Helena fez o que lhe foi pedido.

Celta  estava certa. Agora que haviam passado pelas Serpentes, o perigo assumia a forma de várias armadilhas e encantamentos. Nada que aprendizes não tenham aprendido a desarmar nas aulas de encantamentos básicos, mas eram muitos. A Bruxa agradecia pela mente rápida e afiada de Henri ao seu lado, que inutilizava os encantos com a mesma velocidade que eles apareciam. Ele realmente se mostrava digno do apelido de “Encantador Glacin” que os colegas de sala lhe haviam dado.

A dificuldade residia em três fatos. O primeiro era ter que lidar com tantas armadilhas ao mesmo tempo; o segundo era o desgaste que provocava despender de tanta concentração e magia de uma só vez e o terceiro era o som aterrorizante dos gritos desesperados e agonizantes daqueles que não conseguiram ser tão rápidos.

— Já estamos chegando! – Gritou Helena do convés.

Celta quase se permitiu sentir aliviada, mas algo chamou sua atenção. Uma quantidade avassaladora de magia se localizava poucos metros á frente. Cela encaminhou sua magia e presença até o local  onde estaria o encantamento, afim de estudar rapidamente sua fórmula e objetivo, mas foi rapidamente bloqueada.

— Você sentiu isso? – Perguntou Celta à Henri.

— Sim. – Seu rosto contorceu-se em preocupação. –  Um encantamento de anulação de magia.  Mas por que colocar um encantamento desses tão perto das colunas? Seria mais útil colocá-lo junto às Serpentes; assim ficaríamos indefesos.

— Isso seria considerado um ato criminoso até para os padrões sádicos desses Testes. – Explicou Celta. – Eles nos dão pelo menos condições mínimas para que consigamos sobreviver.

— Mas por que agora? – insistiu Henri.

Celta repetiu a pergunta silenciosamente para si mesma, aquilo sempre a ajudava a pensar melhor. Que consequências, além de não poderem lançar feitiços dentro do campo de efeito do encantamento, haveriam que tornava aquela localização útil para os elaboradores dos Testes. Justamente tão perto do destino final, onde só restava pegar a chave e voltar por um trecho agora livre de Serpentes e da maioria das armadilhas...

Então Celta se lembrou de algo. Sem esperar por Henri, saiu em disparada para o convés , pediu para que o golem que controlava a embarcação ajustasse o curso do navio posicionou-se onde queria, apontou suas mãos para as velas do navio e gritou um feitiço com todo ar de seus pulmões.

—  VENTENNIUS!

Celta viu os olhos da raposa de seu amuleto-bracelete brilharem, e sentiu o ar obedecer  seu comando, ela o direcionou para as velas do navio, que inflaram-se com a força da ventania que a bruxa invocava.

Celta observou enquanto o navio se distanciava rapidamente das colunas, indo em direção oposta. Após alguns bons metros, interrompeu o fluxo de magia e deixou o vento seguir normalmente seu caminho.

— Você enlouqueceu de vez? – Perguntou uma Helena bastante confusa e indignada. –  Nós estamos indo na direção errada!  Por que você fez isso?

— Por causa dos Golens. – Disse Henri, que havia acompanhado Celta logo depois que ela saíra da cabine. – Há um encantamento de anulação de magia poderoso em volta das colunas que contêm as chaves. Caso nos aproximássemos demais, os golens que controlam esse navio ficariam inutilizados. Seria impossível voltar a Ilha a tempo de cumprir os outros desafios sem a magia deles. – Henri abriu um de seus sorrisos encantadores para Celta. – Sua inteligência me surpreende cada vez mais, cabeça de raposa.

Celta não pode evitar sentir um pouco de orgulho com o elogio de Henri; e aos de Helena, que agora felicitava a amiga como se fosse uma heroína de guerra. Celta olhou em volta e viu que alguns outros aprendizes também tiverem a mesma ideia.

— Agora a má notícia é que temos que achar um jeito de chegar às colunas sem usar o navio. – Disse Henri, evidentemente preocupado.

Celta sorriu para os amigos.

— Acontece que já pensei em como fazer isso também.


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