Coven escrita por Artur Mota


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Os Testes começaram. E os pesadelos dos aprendizes de Castel também.



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Celta sentiu a tontura e enjoo típicos de um feitiço de deslocamento no espaço. Por alguns segundos não conseguiu distinguir nada no cenário que rodopiava à sua frente.

Duas mãos firmes seguraram seus ombros, impedindo que tropeçasse em alguma coisa.

— Cuidado, irmã. – Disse Finn, que finalmente entrava em foco. – Não queremos te perder logo no começo dos Testes.

— Ainda mais por causa de uma pedra estípida. – Emendou Helena massageando  o tornozelo, indicado que acabara de tropeçar na mesma pedra que ela.

Celta olhou ao redor.

Estavam em uma praia. O mar cinzento e revolto rugia atrás da jovem bruxa e ela olhava para a orla de uma densa floresta à sua frente. Vários outros alunos estavam perto de Finn, Helena, Henri e ela, tão perdidos quando os quatro. Ao longe, podia-se distinguir uma coluna preta de enxofre subindo aos céus.

— Estamos em uma ilha com um vulcão ativo e aparentemente próximo de ter uma erupção. – Falou para os outros. – Que maravilha.

Henri engoliu em seco.

— Não são exatamente as férias perfeitas... E agora? O que fazemos?

Como se estivesse apenas esperando à deixa, uma  figura mascarada  vestida de azul surgiu diante da multidão de aprendizes de Castel.

— Bem vindos à Ilha, bruxos e bruxas. – A voz ecoava na mente de Celta e de todos os outros, como ela pôde perceber. – Aqui começam os Testes, onde provarão serem dignos ou perecerão em vergonha.

Todos olharam para a figura, temerosos.

— Serei o guia e juiz, conselheiro e carrasco. Essa Ilha está  dividida em quatro campos; cada um ligado a um elemento primal. A praia representa a água, a floresta representa a terra, o abismo mais ao norte representa o ar e o vulcão representa o fogo. Em cada um desses lugares há pilares com as cores e brasões de seus respectivos Covens e cada um conterá chaves de acorod com o número de aprovados . Haverá uma casa que fica após o vulcão com várias portas enfeitadas da mesma forma e elas abrirão apenas com as quatro chaves. Sobrevivam aos campos e ao que tem depois da porta e terão sido aproados. Alianças previamente registradas precisarão apenas de quatro chaves, mas se algum integrante do grupo perecer durante o processo, a equipe toda será automaticamente eliminada. E claro, terão apenas duas horas para fazer tudo isto antes que o vulcão entre em erupção e mate todos vocês de forma bastante dolorosa. Alguma dúvida?

O silêncio foi a única resposta que ele teve.

“ Eles são sádicos.” Foi o que Celta conseguiu pensar ao ouvir as regras e objetivos dos Testes. Ela não era tola, sabia que apenas quem conseguisse pegar as quatro chaves teria alguma chance de sair vivo. Isso se sobrevivessem ao que quer que estivesse atrás da porta na casa misteriosa.

Sem falar que ela percebia que muitos se arrependiam de terem formado Alianças. Agora ele precisavam garantir que todos seus integrantes sobrevivesses ou eles seriam “eliminados” e Celta se lembrava que o mascarado havia dito que ele também tinha a função de carrasco ali dentro.

Mas ela não se arrependia. Não tinha a intenção de deixar seu irmão ou seus amigos morrerem naquela maldita ilha.

— Que os Testes comecem! – Ao dizer isso, a figura desapareceu. Mas Celta sabia que ele não estaria muito longe.

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As colunas pareciam silhuetas fantasmagóricas em meio as águas cinzentas do mar. Estavam a uns bons seis quilômetros da costa. Celta não havia reparado antes uma frota de navios ancorados próximos à eles.

“ Pelo menos não vamos ser forçados a nadar até lá” pensou, achando algum consolo naquilo.

— Certo, duvido que o caminho até lá será um belo passeio. – Falou para os outros três bruxos enquanto discutiam o que fariam a seguir. – Com certeza devem ter colocado criaturas e encanamentos por pelo menos quarenta quilômetros desse mar.

— Acho que essa não seria uma boa hora para falar que eu tenho pavor absoluto do mar, não é mesmo? – comentou Henri, que estava ficando verde só com a perspectiva de entrar em um navio.

Finn deu um sorriso e apertou uma das mãos do jovem bruxo.

— Eu te protejo. – O outro sorriu para Finn e pareceu se acalmar um pouco. Celta e Helena trocaram olhares entre si e os respectivos irmãos. Celta se perguntava quando os dois tinham ficado tão próximos... Mas não era hora para pensar naquilo.

— Muito bem, se os dois pararam de flertar, temos que decidir como prosseguir agora. – Falou Helena, embora não tivesse conseguido evitar um sorriso ao notar que os dois rapidamente soltaram as mãos e ficarem com o rosto em brasa.

— Claro. – Comentou Finn. – Precisamos de duas pessoas para ficar de olho em qualquer criatura que possa tentar chegar perto e outras duas para impedir que encantamentos transformem nosso navio em pedaços bonitos de madeira.

Eles haviam discutido aspectos parecidos enquanto discutiam estratégias no dia anterior. Era evidente à todos que Finn, Helena e Celta eram bruxos de combate excelentes. Henri não era nada incompetente, mas suas habilidades com encantamentos e poções superavam muito às de combate. Celta também era muito boa nessa área.

— Eu e Celta evitaremos que qualquer armadilha consiga nos pegar. – Falou Henri olhando para Celta, que concordou com a divisão.

— Então eu e o bonitão aqui vamos deixar em pedacinhos qualquer coisa que tente nos comer. – Disse Helena, retirando sua varinha do cinto de seu uniforme.  Finn concordou, retirando seu cajado do suporte em suas costas.

— Então vamos, temos um navio para pegar.

Os quatro bruxos correram até o navio mais próximo e embarcaram. O navio, como era de se esperar, tinha golens – humúnculos feitos de argila animados por magia. – que os levariam até a coluna e os traria de volta à praia.

— Nós vamos para a cabine do capitão. Lá há menos distrações e conseguiremos identificar mais facilmente qualquer encantamento. – Disse Celta para Finn e Helena. – Tenham cuidado aqui fora.

— E , por favor irmã, lembre-se : você tem que mirar nos monstros, não na gente. –  Henri sorriu para a irmã.

— Vá logo para aquela maldita cabine, irmãozinho ou eu vou mirar em você agora mesmo.

As duas duplas se separaram, cada uma pensando na tarefa que tinham pela frente.

Pensando se conseguiriam manter a outra dupla viva.

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Finn e Helena estavam na proa no navio, olhando atentamente o mar ao redor enquanto o navio se deslocava numa velocidade impressionante até seu destino. Até agora nenhuma criatura havia tentado atacar a embarcação deles ou as outras que estavam deslizando a alguns metros á frente deles.

“ Isso não quer dizer que eles não irão aparecer. Ainda estamos no primeiro quilômetro” Pensou o jovem bruxo que ouviu a amiga falar alguma coisa.

— Pode repetir? Não estava prestando atenção. – Os olhos cor de amêndoa de Helena se reviraram e ela repetiu o que havia perguntado.

— Quando foi que você e meu irmão começaram a namorar?

Ele sentiu o rosto ficar vermelho.

— Do que você está falando?

— Me poupe do fingimento. – Disse Helena impaciente. – Eu vi aquilo lá na praia, sem falar que vocês dois têm passado muito tempo sozinhos nos últimos dias. – Helena sorriu. – Meu irmão mais novo nunca foi bom em esconder nada de mim. Sempre soube da preferência dele por homens e Celta  já me falou que você não liga muito para o sexo da pessoa na hora  de se envolver.

— Ela disse foi? – resmungou, um pouco irritado com a irmã.

— Saiba que eu não me importo. Desde que meu irmão esteja feliz com você – Então ela o olhou com malícia no olhar. – claro que está. Você não é do tipo difícil de se gostar.

— Obrigado pelo elogio .- Falou piscando para ela. Estava aliviado que ela não se importava com aquilo.

— Então, quando foi que começou – Perguntou animada.

— Bom...

Mas o que ele disse foi abafado pelo som de ensurdecedor de um navio sendo esmagado por uma enorme serpente do mar.

A criatura tinha facilmente vinte metros de altura e seu enorme e escamoso corpo se contorcia enquanto triturava o navio à frente do deles com seu fatal abraço.

— Mais que merda. – praguejou Helena enquanto apontava a varinha para a criatura, que já havia deixado de lado os restos do navio e vinha em direção deles.

Strahmen! — Entoou a bruxa, fazendo que raios disparassem da ponta de sua varinha e atingissem o corpo da serpente.

Era um bom plano. A criatura estava coberta de água e teria sido fritada com a potência do feitiço de Helena. Mas a serpente parou apenas por alguns instantes, parecendo saborear a descarga elétrica que acabou de receber.

Então ela voltou a avançar, dessa vez, de maneira mais urgente.

— A filha da puta tem sua própria carga elétrica! – disse Helena, desesperada.

A serpente surgiu em frente ao seu navio, erguendo sua enorme cabeça triangular com seus olhos opacos e cruéis de um predador que adorava a sensação de matar.  Helena ergueu sua varinha mais uma vez, mas ela se desequilibrou quando uma enorme onda sacudiu o navio.

Uma segunda serpente veio acompanhar a primeira. As duas estavam prontas para dar o bote. Então a Bruxa teve uma ideia. Rapidamente apontou a varinha para a cabeça escamosa da esquerda e gritou mais um feitiço.

Coonfundus!

A serpente então atacou sua companheira . As duas se mordiam e tentavam destruir uma a outra. Finn olhou admirado para a amiga.

— Essa foi uma ideia brilhante.

— Eu sei... que eu sou... maravilhosa. – Falou com dificuldade. – Mas manter esse feitiço não vai ser nada fácil.

Ele percebeu que a varinha dela ainda estava erguida e ela usava cada grama de concentração para manter a ilusão que levara a serpente a atacar. Mas invadir a mente de uma criatura selvagem e poderosa como aquela não era fácil. Ele precisava achar uma maneira de eliminar os dois monstros rapidamente ou eles morreriam.

Finn rapidamente pensou em uma porção de feitiços que poderia lhe ajudar, mas nenhum eliminaria monstros daquele tamanho tão rapidamente.

Então ele teve uma ideia. Aquilo ia demandar muita energia.  Ele poderia morrer no processo. Mas, se não fizesse aquilo, com certeza ele e seus amigos pereceriam.

Ele segurou o cajado com as duas mãos e depois o apontou para a serpente da direita.

—  Einfrien!

Ele escutou Helena gritar, pedindo para que não fizesse isso.

Ele permitiu que sua magia fluísse dele para o cajado e do cajado para a serpente. Ondas de frio emanavam dele para o interior da criatura e ele sentiu quando o sangue do monstro começou a correr mais lentamente.

Sentiu uma dor enorme em seu crânio , como se alguém o abrisse com um martelo, mas ele ignorou a dor.

Agora o sangue ficava espesso e cristais de gelo surgiam na superfície da criatura.

Finn sentia que seu próprio sangue escorria livremente dos olhos, do nariz e dos ouvidos.

A Serpente emitiu um silvo de dor quando ela e seu fluido vital viraram gelo.

A outra Serpente se libertou da ilusão de Helena, agora voltava a atenção ao navio.

Ele não tinha mais forças. Sentiu quando seus joelhos atingiram o chão e seu corção batia mais devagar. Era o fim. Ele havia fracassado.

Então ele viu o rosto de sua irmã em sua mente. Viu seu sorriso maravilhoso, a expressão cansada que sempre parecia carregar, como se o peso do mundo estivesse sob suas costas, mas ela sempre sorria para ele. Desde sempre ela o defendeu de tudo e todos e voltava a maior parte do seu tempo tentando fazer  a vida do irmão mais fácil e feliz. Le se recusava a fracassar com ela. Se recusava a deixar seu corpo ser alimento para as malditas criaturas daquele lugar.

Ele não ia morrer.

Então se ergueu e gritou algo que não entendeu. Uma onda avassaladora de energia o avia invadido e a palma da sua mão direita ardia como se fosse mergulhada em magma. Seu cajado brilhou intensamente. Então ele viu a serpente congelar instantaneamente.

 Sentiu Helena impedir que ele batesse a cabeça no convés enquanto perdia seus sentidos.

— É com você agora. – Disse para o rosto aterrorizado da amiga.

E ele desmaiou.


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