A caverna ainda servia de abrigo. Naquele dia, o frio era sensível a qualquer terrestre, as Gems não eram desse planeta então isso pouco importava. Ruby usou sua habilidade para criar fogo e livrar a si e a Sapphire apenas da falta de luz natural, já que não precisavam se proteger 

O ponto de luz e calor mexia-se ao toque da brisa, projetando nas paredes úmidas sombras deformadas, era dado a cada pedaço da caverna um toque do caótico. No entanto, a escuridão insistia em permanecer no local, sufocando-as. Era uma pressão invisível e silenciosa que se derramava e afligia com pensamentos, catalisava a confusão da mente, geria teorias de um passado que poderia ter modificado o futuro.

— Não havia necessidade — pronunciou Sapphire, como quem pensa alto.

— Como? — questionou Ruby.

— Esse planeta não precisava e não precisa ser utilizado.

— Não sabemos o que passa pela cabeça das Diamonds, Sapphire.

— Deve ser algo próximo da ganância e estupidez — disse, como a voz serena, diferente do que qualquer outra Gem em seu lugar faria.

Ruby abaixou a cabeça, fitou as chamas e também ouviu seu crepitar. Então, sorriu. Da maneira mais inesperada, ela sorriu. Levantou-se e foi para trás de Sapphire, deixando escapar uma breve risada.

 — Não faça isso, eu já sei o que você quer fazer — disse a Gem, também deixando uma risada escapar.

— Então fuja! — disse Ruby, ao mesmo tempo em que agarrou a Gem pelas costas, iniciando um rodopio desengonçado e cheio de boa intenção.

— Ruby — exclamou Sapphire, tentando conter o riso — Pare!

— Só paro se você me der um sorriso, tá bem?

— Não está me ouvindo gargalhar?

— Bem... esse é um ponto. — Ruby deixou a Gem no chão. — Pronto. Agora parece melhor.

— Sim, estou melhor — disse, tirando a mexa de cabelo que cobria o seu único olho azul. — Você sempre me faz bem.

Sapphire ofereceu a mão à Ruby, que com um gesto de cortesia aceitou o convite dito, porém não verbalizado.

Ruby conduziu, no primeiro momento, sua mão estava sobre a cintura de Sapphire, que sorria e sentia o calor emanar da sua companheira. Elas deram alguns passos pouco calculados, mas executados com maestria. Havia troca de olhares. Em alguns movimentos as Gems se encontraram, tornando-se o que já eram sem ser.  O sentimento se aquiesceu e elas, agora uma, puderam correr daquela caverna, observar a noite e sentir preenchidas em um pedaço do universo que resistiu, que era único e que fez delas, com apenas uma dança, algo bom de viver.