O universo era tão grande e ameaçador, visto daquele planeta, que Ruby e Sapphire se perguntavam se a decisão havia sido a mais sensata.

— A colonização não acabaria com esse lugar — afirmou, embora a dúvida transparecesse em sua voz. — Só seria diferente.

— Ruby, você sabe que isso é incerto — disse, serenamente.

— Não deveria... não para você!— respondeu, enraivecida. — O seu dom não serve para nada? É inútil?

— Eu achei que sim, mas então você me salvou. — Sapphire sorriu, era agradecida por aquele ato corajoso.

— Não fale como se isso fosse no todo algo bom. Você ia perder a forma física, não seria quebrada, ficaria tudo bem, mas depois do que eu fiz... Te roubei a liberdade, o posto privilegiado. Você era uma Gem da corte, da corte de Blue Diamond! — Ela cuspia as palavras que rodeavam sua cabeça, que a esmagava e tiravam toda sua paz.

— Nada disso era de fato importante. — Sapphire pôs a mão sobre o braço de Ruby, fazendo-a virar sua cabeça em sua direção. — Não se culpe pelo que eu deveria ter, pelo que perdi, porque o agora é importante. Esse é o tempo que a gente tem, tá bem? Vamos usar ele.

Ruby se lançou em Sapphire, abraçou-a forte, respirou fundo, como se pudesse capturar o momento. De repente, o calor que elas sentiam era metafórico e, estranhamente, tangível.

­— Tem alguma coisa errada — disse a Gem.

— Ruby, por favor, achei que você já tinha entendido.

— Não, não é isso. Estou queimando o chão. Apaga, apaga! — Ela pisava na pequena chama, tentando apaga-la.

O gramado estava chamuscado, Sapphire ria enquanto a outra Gem se envergonhava.

Assim a noite passou, com as duas apreciando a brevidade do tempo, conversando sobre qualquer assunto que não envolvesse a eminente guerra e contando as estrelas, que eram muito diferentes observadas dali.