CONFIDENCE escrita por AuroraEverlark


Capítulo 4
Capítulo 4 - Problemas


Notas iniciais do capítulo

Hey?! Alguém por aí ainda?
Eu sei que ando sumida e realmente sinto muito por isso, mas senti a necessidade de continuar escrevendo essa Fic.
Fiz algumas alterações na história e espero que agrade..
Enfim, desejo um feliz ano novo atrasado para vocês.

Boa leitura e enjoy!!



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Uma semana depois

Meus dedos estavam enrugados por causa do frio. A chuva me atingia com força, deixando minhas roupas pesadas. Em Noliah, o dia estava totalmente fechado, assim como a minha vida.

Arranjei forças para correr em direção ao hospital. Ligaram-me avisando que meu pai havia sofrido um acidente. Após receber essa notícia, não pensei em mais nada. Apenas peguei meus documentos e saí do trabalho como uma louca.

Entrei no local, parecendo um cachorro molhado, e fui diretamente para recepção. A recepcionista – que me olhou feio, porém eu a ignorei – indicou o quarto onde meu pai se encontrava, não pensei duas vezes e segui naquela direção.

O cheiro de álcool estava impregnado em tudo. Eu, particularmente, odeio hospitais. Odeio seu cheiro, o silêncio, a ausência de cor, e acima de tudo, odeio o fato que, em sua maioria, as pessoas que circulam por ali estão tristes e prestes a morrer.

Meu pai estava em uma maca com alguns curativos. Quando notou a minha presença, abriu um sorriso acolhedor. Ele sabia o quanto eu odiava estar em hospitais. Afinal, foi nele que soubemos sobre a morte da minha mãe.

— Você está péssima. – Falou apontando para os meus trajes. As gotas d’água pingavam no chão, formando uma poça nos meus pés. Minha respiração era pesada e descompassada, o desespero tomava conta do meu rosto.

— Já se olhou no espelho? – Tentei acalmar as batidas do meu coração. Encarei a roupa do hospital em seu corpo, o fio do soro estava injetado na sua veia e sob seus olhos havia olheiras profundas. — Como aconteceu isso?

— Não me lembro de muita coisa, minhas memórias são confusas. – Ele tentou se ajeitar, porém a dor lhe impediu. — Apenas lembro-me de um carro vindo em minha direção.

— Você conseguiu ver quem estava dirigindo? – Ele negou com a cabeça. Ótimo. — O médico já lhe atendeu?

— A enfermeira disse que ele estava vindo. – Senti o cabelo molhado ficar grudado em minha testa, tentei doma-lo com uma mão. — Já fiz alguns exames, só falta o médico conferir.

Sentei-me ao seu lado, enquanto esperávamos o médico chegar. Liguei para Steven avisando sobre o ocorrido, ele prontamente compreendeu a situação e recebi o dia inteiro de folga.

Após minutos – que pareceram horas –, o médico entrou no quarto com uma prancheta nas mãos. Ele me olhou assustado – provavelmente, por causa dos meus trajes molhados – e limpou os óculos.

— Senhorita Perrier? – Concordei com a cabeça. O homem idoso estendeu a mão enrugada na minha direção e eu imitei seu gesto. — Você é familiar do senhor Adam?

— Sim, sou a filha dele. – Cruzei meus braços em frente do meu corpo. — Meu pai vai ficar bem?

— Seu pai ficará bem se seguir minhas recomendações. – Ele consultou os exames. — O senhor Adam sofreu uma lesão na medula espinhal.

— É grave? – Os olhos do meu pai refletiam tristeza.

— Grave o suficiente para impedir que seus membros inferiores se movimentem. – Respondeu neutralmente. — No momento, o senhor está paraplégico.

— Paraplégico? – Perguntei com um fio de voz.

— Sim, mas felizmente pode ser reversível. – Suspirei um pouco aliviada. — Com alguns tratamentos e remédios vindos da Capital, seu pai poderá voltar a andar.

— Em quanto tempo mais ou menos? – Arqueei as sobrancelhas.

— Isso é algo imprevisível, senhorita. – Ele fez algumas anotações na prancheta e voltou sua atenção para meu rosto. — Podemos conversar em particular?

Confirmei com a cabeça e o acompanhei até o corredor do hospital. Antes de sair, olhei em direção ao meu pai. Ele estava perdido em seus pensamentos.

— Algum problema? – Cruzei os braços e tentei ignorar alguns olhares lançados em minha direção.

— Na verdade sim, senhorita Perrier. – Colocou sua mão esquerda no bolso do jaleco e a outra permaneceu segurando a prancheta. — Fui informado sobre a situação financeira da sua família.

— Isso irá influenciar em alguma coisa? – Perguntei tentando saber onde essa conversa irá chegar. Acho que soei um pouco grossa, pois o médico tentou ser cauteloso com as próximas palavras.

— O tratamento e os remédios são caros, até porque se trata de uma inovação da Capital. – Arrancou o papel da prancheta e me entregou. — Além da cadeira de rodas que será necessária. Você irá conseguir bancar todos os gastos?

Quando encarei todos os zeros no papel quase tive um ataque cardíaco. Teria que trabalhar a vida inteira para pagar tudo aquilo, além das dívidas já existentes.

— Você terá o dinheiro no próximo mês. – Confirmei incerta e engoli em seco.

***

— Estou com fome, Ise. – Claryce reclamava pela décima vez. — Estou em fase de crescimento, preciso me alimentar.

— Você consegue sobreviver por mais vinte minutos. – Revirei os olhos para seu drama. — Já estamos perto da lanchonete.

Após confirmar e assinar o termo para os tratamentos do meu pai, eu busquei Claryce na escola e a levei para visitar nosso pai. Ele ficou radiante ao ver minha irmãzinha. Passamos o dia inteiro ao seu lado, porém por causa da “fome” da garotinha tivemos que sair às pressas do hospital, afinal naquele lugar não havia comida descente para uma adolescente em fase de crescimento.

— Eu posso comer um bolo de chocolate? – Perguntou com os olhos brilhando.

— Pode, contanto que divida comigo. – Ela fez uma careta e concordou com a cabeça. Nossas mãos estavam entrelaçadas, seus dedos pequenos e delicados faziam contraste nos meus dedos longos e calejados.

Entramos na lanchonete e encontramos Camille encostada no balcão. Assim que nos avistou, ela abriu um sorriso e veio receber minha irmã. Clary lhe abraçou e a ruiva depositou um beijo em sua bochecha.

— Pensei que você não viria. – Falou voltando sua atenção para mim. — Contara-me sobre o acidente do seu pai, está tudo bem?

— Sim, foi apenas um susto. – Tentei não dar muito detalhes, até porque esse acidente era suspeito demais aos meus olhos. — Cadê o Steven?

— Espero que esteja em seu escritório pensando sobre o aumento do nosso salário. – Ela respondeu rindo, mas parou quando se lembrou de algo. — Fique sabendo que você anda mexendo com a cabeça do nosso chefe.

— O quê? Não fale asneiras, Camille. – Retruquei e revirei os olhos para sua imaginação fértil. — Steven é apenas um amigo da família.

— Ele passou a manhã inteira falando sobre você. – A ruiva deu de ombros. — Acho que você deve rever o conceito de amigo.

— Eca, parem de falar sobre namorados. – Claryce se pronunciou e fingiu náuseas.

— Não estamos falando sobre namorados. – Lancei um olhar reprovador para minha irmã. No mesmo segundo, ela voltou sua atenção para os bolos expostos no balcão. — E você não estava com fome?

— Hey, você apareceu. – Steven saiu do seu escritório e veio em minha direção, ele me abraçou. Olhei para Camille e Clary, ambas continham um sorriso divertido em seus rostos. — Como você está?

Dentre tantas perguntas que eu odeio, talvez “como você está?” seja a pior de todas elas.

— Estou bem, eu acho.

— Como aconteceu isso com Adam?

— Eu não quero falar sobre isso. – Cortei bruscamente meu chefe, mas me arrependi alguns segundos depois. — Porque eu não sei o que aconteceu exatamente, nem meu próprio pai sabe explicar.

E não era mentira, mas por algum motivo eu sentia em meu coração que esse acidente estava misterioso demais. Talvez tenha sido uma armadilha, entretanto, aquilo era uma armadilha para meu pai ou para mim?

— Então aconteceu tudo sem explicação? – Falou me tirando do devaneio.

— Sim, é tudo o que eu sei.

 Steven percebeu minha expressão séria e fechada, então imediatamente se voltou para minha irmã.

— Clary, você está enorme. – Depositou um beijo na cabeça da minha irmã.

— Tio Steven, sabe com o que eu sonhei essa noite? – Steven negou com a cabeça. — Um bolo de chocolate beem grande, feito esse aqui da vitrine.

 Camille, eu e Steven não conseguimos conter um sorriso para a técnica da minha irmã de ganhar as coisas.

— Você pode comer a fatia do bolo. – Respondeu sorrindo.

— Tio Steven, eu posso dividir o bolo com a Kat?

— É claro que sim, querida.

Por fim, Steven me lançou um sorriso e um olhar diferente. Desviei o olhar, aquilo só confirmava o que Camille falou mais cedo. A mesma se aproximou de mim com um sorriso vitorioso no rosto.

— Eu avisei.

***

Dívidas e mais dívidas. Peguei o dinheiro que ganhei da ASN e o separei para pagar a base dos tratamentos do meu pai.

Clary dormia tranquilamente no nosso quarto, ela ficou imensamente feliz ao comer o tão esperado bolo de chocolate. Afinal minha irmã ainda era inocente e se contentava com as pequenas coisas da vida. Mal sabia ela dos problemas que eu estava enfrentando.

Tentei procurar um emprego extra nos jornais, porém os que estavam disponíveis não se encaixavam em meu perfil. E os trabalhos de garçonete quase todos eram no período da manhã, eu não iria largar a lanchonete do Steven. Suspirei e caminhei para meu quarto. A única coisa que precisava naquele momento era descansar.

            Estava prestes a me jogar na cama, porém um papel em cima do meu travesseiro chamou minha atenção. A caligrafia bem desenhada estava acompanhando um símbolo desconhecido. Fiquei tensa e observei todo meu quarto, Clary permanecia dormindo, mas alguém tinha entrado ali. 

Na folha de papel havia o símbolo de uma águia e o nome ASN. A mensagem era altamente clara, “Não há saída, aceite.”.  

Isso automaticamente fez minha mente voltar para meu último encontro com tio Patrick. “Não adianta fugir. A ASN será sua última saída.”

         Esse era meu destino?

 


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