Edifício Baelor escrita por NicolyBlack, Marina Lupin, The Marauders


Capítulo 4
Aquele com Responsabilidades Precoces


Notas iniciais do capítulo

Não vou colocar nada aqui hoje.



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Choveu muito naquele ano novo, choveu tanto que Daenerys achou que o Estranho estava fazendo os céus desabarem sobre Westeros. Dany vestia um vestido branco de alcinhas que provavelmente havia custado uma fortuna ou nada. Era frequente os filhos do presidente serem agraciados com os presentes mais diversos.

Naquela noite, enquanto as dezenas de empregados andavam de um lado para o outro na mansão em Pedra do Dragão, o pai a havia sentado no colo e dito que fora numa chuva daquela que ela nascera. Quando os deuses decidiram lhe tirar a mulher, Rhaella. Pelo menos ela cumpriu seu dever e teve as Três Cabeças do Dragão, tradição da família Targaryen.  Por um minuto, Dany se sentiu amada pelo pai, mas logo em seguida esse sentimento foi destruído pela frieza.

Ela sentia saudades da mãe, era normal sentir saudades de alguém que você nunca chegou, de fato, a conhecer?

 O pai lhe deu um beijo e mandou a empregada arrumar a menina para a festa. Enquanto ela subia para o quarto, de mãos dadas com a mulher, tentando se deixar preencher pelo sentimento quentinho que viera do pai, o irmão a olhara com desprezo do topo da escada. Mais tarde, viera e a beliscara nos lugares onde sabia que não ficariam marcas. A menina gritava, mas Viserys sempre arrumava um jeito de fazer parecer que era manha da irmã mais nova.

Rhaegar sabia. Mas se por um lado, nunca deixará que o outro irmão lhe encostasse a mão quando estava perto, também não fazia nada quando estava longe.

A pequena Targaryen só queria um pouco de amor. Os dias na mansão eram preenchidos com a frieza do pai, a malvadeza do irmão e a indiferença do irmão mais velho. A mãe estava morta por sua causa, como o irmão fazia questão de lembrar. Às vezes, Dany sentia-se mais amada pelos empregados da casa – que iam e vinham de acordo com o humor do pai – que pela própria família.

Dany deixou a janela do quarto com um suspiro e decidiu dar uma espiada na festa lá embaixo. A empregada havia escovado e trançado seu cabelo, que caia até a cintura agora. Ouviu uma batida em sua porta, e então uma mulher bronzeada com cabelos chocolate entrou no quarto.

— Aqui está você, pequena! Como está linda.

— Muito obrigada, Elia. — respondeu a menina com um sorriso. Elia pousou a mão em seus cabelos num carinho suave. Gostava da esposa do irmão.

Elia era a figura materna mais próxima que Daenerys tinha. Era a Martell que lhe contava histórias na hora de dormir, era ela que lhe abraçava e lhe dizia que tudo ia ficar bem quando Dany se machucava, era Elia que lhe dava amor e esperança, e era ela que lhe protegia. Dany chegou a desejar mais de uma vez que Elia fosse sua mãe.

— Tem pessoas lá em baixo querendo te ver, é melhor você descer. — a mulher se abaixou para ficar do mesmo tamanho que Dany.

— Você desce comigo? — o tom de voz da garota era quase desesperador.

Elia lhe lançou um sorriso doce, e pegou em sua mão. Dany se encheu de alegria com o gesto da mulher.

As duas foram em direção ao salão de festas com sorrisos no rosto, e engataram uma divertida conversa. Era nesses momentos em que Daenerys Targaryen, filha do presidente de Westeros, era apenas Dany, uma criança.

Ao chegarem nas escadas para o salão, todos voltaram os olhares para as duas. Elia estava deslumbrante, como sempre, e Daenerys tinha um sorriso esplendido, que sumiu no mesmo segundo em que ela notou todos os olhares sob si. Ela nunca gostara de ver observada como a filha do presidente.

Elia percebeu que Dany ficou séria, por isso apertou um pouco mais sua mão, como um sinal de que ela estava ali.

Nem sempre ela estava ali, entretanto. Elia era jornalista, e como os Martell viviam em Dorne, ela passava grande parte do seu tempo em Lançassolar, e Rhaegar trabalhava na multinacional da família, com representantes no mundo todo, os dois não ficavam muito tempo em um lugar só. O irmão mais velho morava em Solarestival, com a mulher e os dois filhos, Rhaenys e Aegon, e Daenerys e Viserys moravam em Pedra do Dragão, a residência oficial da família Targaryen, e o pai ficava na residência presidencial, Fortaleza Vermelha, em Porto Real.

Elia não ficava muito tempo em Pedra do Dragão, por desavenças com Aerys.

Houve aquela vez, quando Dany devia ter seus cinco anos, em que Elia tentara adotar a menina. Levá-la para Dorne com os filhos em uma viagem, e se encarregar dos cuidados dela após isso.

— Ela é uma Targaryen. — advertira o pai da menina quando a nora sugeriu a ideia. — Você faria bem em se lembrar disso. A nossa família viveu sob esse teto por eras, aqui está seu pai. Rhaegar não se importa sobre o quão desleixada está a criação dos próprios filhos, mas não venha querer dar opinião sobre a minha garotinha.

Quando Dany pensava nisso, o fato de aquela ser a primeira vez que a expressão "minha garotinha" foi usada pelo pai não saia de sua cabeça. Ela deixará de ser a criança, a menina, a bebê, e se tornara dele. O pai a odiava por ter matado a mamãe, o irmão dizia, quem sabe ele tivesse a perdoado.

— Dany. — disse Elia ignorando a advertência do sogro e se ajoelhando ao lado da menina. — Se você quiser, nós podemos dar um jeito de levar você conosco. Você gostaria? Viver com seu irmão, eu, Rhaenys e Aegon?

Ela olhara para o pai, e ele sorrira um dos seus raros sorrisos. Ela era de fato uma Targaryen. Com cinco anos ela entendeu que isso significava alguma coisa.

— Não, Elia. — respondeu, dezenas de anos mais velhas do que de fato era. — Eu devo ficar com meu pai.

Dever. Dever. Dever.

Naquele ano novo, Dany desceu as escadas com Elia, pensando no seu dever. Ser uma Targaryen significava afinal, ter o dever de ser o melhor. A criatura mais doce, a filhinha do presidente, eles diriam. Como é esperta a pequena. Sem dúvidas se tornara uma linda mulher. Daenerys afinal, sempre tentou cumprir com seu dever. Seu tesouro e maldição.


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