— Você sabe — Theon sorriu, um sorriso com uma falha entre os dentes da frente, que por qualquer motivo fazia com que ele parecesse inocente. — Em alguns anos, isso valerá milhares.

— Talvez, — sorriu a moça, do outro lado do balcão, enchendo o copo do rapaz. — por enquanto é só um guardanapo sujo — riu ela, passando um pano no balcão do bar. — Posso ver?

— Ainda não — piscou o Greyjoy, tomando um gole de sua bebida e escondendo o desenho com a outra mão.

Robb dizia que ele gastava muito do seu tempo em bares, e mesmo que Theon sempre aparentasse estar meio bêbado, ele não frequentava bares em busca de bebida… Frequentava bares em busca de inspiração. Risos e brigas, beijos e paixões, sexo… Tudo era inspiração para a arte de Theon e era em bares que ele mais encontrava tudo isso.

Falando em Robb, viu o amigo na pista de dança com a morena gostosa que havia conhecido na faculdade.

— Sozinho hoje? — perguntou a bartender, aumentando um pouco a voz para ser ouvida.

Ela estava flertando com ele, com certeza. Bella flertava com todos, embora sempre fizesse Theon se sentir especial. Theon nunca havia dormido com ela, porque de fato gostava de Bella, e sabia que no momento em que deixasse sua cama, os dois nunca mais seriam apenas duas pessoas curtindo no bar. Mas ela era tão linda, grandes olhos azuis e cachos negros que caiam pelos seios fartos.

— Por enquanto —  sorriu ele, piscando. Bella riu, indo atender outro cliente. Enquanto a moça estava de costas, Theon aproveitou para finalizar seu desenho.

“Deixe esses rabiscos de lado! Isso não serve de nada. Esse muleque fica desenhando como uma garota!”

Essa era uma das primeiras memória do rapaz, e vira que mexe ela surgia. Seu pai, sempre tão amoroso. Por muitos anos Theon não havia pego em um lápis de cor novamente. Quando começou os estudos em  Winterfell, ele percebeu que Robb era um completo inútil nas lições que envolviam desenhos, e era legal bater os Stark em alguma coisa, para variar. Então ele conheceu as pichações, que eram perigosas e excitantes, e de alguma forma, o libertavam.

Com o passar dos anos, ele havia deixado as palavras do pai para trás, e substituído pelo som nas telas e no papel, do grafite, carvão, certa e tintas.  Ele havia substituído tudo sobre o que se arrependia, pela arte.

— Cara! — gritou Robb ao seu lado, super animado. — Essa garota é incrível! Vê duas pra mim, por favor! — pediu ele para Bella. — Essa garota, Gwen, cara… Incrível!

Theon riu, prevendo mais uma namorada raivosa pro amigo.

— Eu tô até pensando em…

E então as bebidas estavam no chão. Theon se virou no seu assento e deu de cara com a tal Gwen aos beijos com outro cara. Ok… Ele não havia previsto isso.

— Que merda… — começou Robb, indo em direção ao casal, com uma expressão homicida. — O que você acha que está fazendo, garota?

— O-oh… — disse Bella ao seu lado. — Isso vai dar merda…

— Você acha? — perguntou Theon sarcasticamente, jogando algumas notas no balcão para pagar suas bebidas e a do amigo. Ele precisava impedir aquilo, antes que a situação se tornasse mais humilhante — Aqui — ele chamou Bella, antes de correr. — É seu.

Enquanto Theon impedia Robb de partir para cima de alguém e a boate toda parecia atenta ao espetáculo, Bella abriu o guardanapo que Theon havia colocado em sua mão. Era ela, desenhada com uma caneta comum, um desenho incrível dela, por detrás do balcão, sorrindo.

Theon Greyjoy, para todos, era um canalha, sempre bêbado, um covarde irresponsável. Bella era apenas uma garçonete, vadia, uma simples prostituta… Felizmente, os dois conseguiam ver mais do que a aparência.

Bella sorriu, guardando no bolso sua obra de arte.