Meu Milagre escrita por Briden


Capítulo 32
Capítulo XXXI


Notas iniciais do capítulo

Olá, como estão? Um pouco tarde para postar ou cedo demais? O importante é ter um capítulo novo, não é meu povo?

Hoje trago um capítulo repleto de drama e preparem a caixa de lenços porque vão precisar. Esse infelizmente é o penúltimo capítulo de MM, por mim não terminaria nunca. O último será o epílogo e verão como nossos amados estarão.
Tenho uma música que retrata o capítulo de hoje. Que gostar de ler ouvindo música vou deixar o link.
Goodbye My Lover - James Blunt: https://www.youtube.com/watch?v=wVyggTKDcOE

Boa Leitura.



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Quando se está tendo felicidade em sua vida o tempo parece passar voando, mas a verdade é apreciamos cada momento como se fosse o último. 

   Beatriz tinha vivido os últimos dias intensamente, aproveitado cada momento ao lado da família, dos amigos e do esposo, mas infelizmente seu tempo tinha chegado ao fim. 

   A manhã de segunda havia chegado e trazendo consigo um dia chuvoso, com muitas nuvens negras no céu. 

   Desde que acordará ao lado do esposo, Beatriz não conseguia levantar. Seu corpo não responde aos comandos do seu cérebro. Todo o seu corpo dói e manchas pretas apareceram em suas pernas, braços e barriga. Seus olhos tem olheiras profundas e está mais pálida. 

   Richard tinha passado a madrugada toda acordado cuidando da esposa, que passou a madrugada toda vomitando sangue. Ele sabe que o dia dela havia chegado, mas não quer admitir isso. Não quer perder o amor da sua vida. 

   Após horas de gemidos de dor da jovem, Richard havia conseguido acalma-la com um comprimido, que a fez dormir por algumas horas. Porém a jovem acordou antes do almoço, gemendo de dor, deixando todos preocupados. 

     O coração do rapaz pesa ao ver sua amada esposa sofrendo e mesmo tentando manter-se forte, chora em silêncio, guarda para si a dor de seu coração. 

— Deixa eu te ajudar. – Segura a mão da esposa e passa o braço ao redor da cintura da mesma. – Vou lhe dar um banho e depois você vai comer. 

— Estou morrendo, ficar sem comer não vai mudar em nada. – Apoiada em Richard caminha devagar para o banheiro. – Desculpa. – Pede ao notar o olhar triste do companheiro. 

— Tudo bem. – Abre a porta do banheiro e adentra o mesmo com a esposa ao seu lado. – Eu sei o quanto está sofrendo, acredite eu também estou, mas não haja como se eu não me importasse com você. – Com cuidado põe a esposa sentada na tampa da privada. – Eu amo você e não quero lhe perder. – Agacha diante da esposa e acolhe as mãos da mesma entre as suas. – Quando entramos na igreja já sabíamos que iria durar pouco. 

— Queria que durasse mais. – Levanta a face que já encontra-se banhada em lágrimas. – Quero lhe pedir algo. 

— O que você quiser, meu anjo. – Limpa as lágrimas que descem pela face da esposa. – Pode pedir. 

— Quero que viva sua vida depois que eu morrer. – Põe a mão na face do esposo e faz uma leve carícia. – Apaixone-se, case-se. Seja feliz. 

— Não posso. Eu não posso trair você. – Sua voz sai aflita. – Você é o amor da minha vida. 

— Você nunca vai me trair. Não pense assim. – Limpa as lágrimas da face do esposo. – Eu quero que você construa uma família. Que viva não só por você, mas por mim também. 

— Vou tentar. – Oferece um sorriso triste para a amada. – Mas agora vamos tomar banho? 

   As bochechas da jovem ganham uma coloração avermelhando – mesmo estando casada e já tenha ficado nua diante do rapaz, ainda tem vergonha – Richard abre um sorriso alegre para a amada. 

— Não precisa ter vergonha. – Levanta ao sentir as pernas doerem. – Eu já vi você nua. E tem um corpo divino. – Abre um sorriso malicioso. 

   Beatriz esconde a face entre as mãos. Richard gargalha descaradamente ao notar o quão vermelha sua amada encontra-se. 

   Mesmo estando em um momento delicado, eles conseguem sorrir e esquecer as dores de seus corações. Ficando apenas o momento que estão vivendo. 

   Richard tira a blusa e joga a mesma em cima da pia, logo em seguida tira a bermuda, ficando apenas de cueca box preta. Sorri cafajeste para a jovem a sua frente. 

— Gostou? – Diz exibindo os poucos músculos que tem. 

— Muito. – Abre um sorriso maior ainda. – Vai mesmo tomar banho comigo? 

— Vou. É a melhor parte do meu dia. – Segura ambas as mãos da esposa e a ajuda ficar de pé. – Cuidado. – Desce as alças da camisola da jovem que cai no chão. – Se segura em mim. 

   Beatriz põe o braço ao redor do pescoço do esposo e Richard a segura pela cintura fazendo o lugar esquentar. 

— Um banho quente vai lhe fazer bem. – Juntos caminham para debaixo do chuveiro. – O que houve? – Pergunta ao notar as bochechas vermelhas da esposa e o olhos mais escuros do que de costume. 

— A gente pode...eu queria ser sua de novo. – Abaixa a cabeça escondendo a timidez. 

— Não, meu anjo. – Segura o queixo da esposa e o levanta, fazendo seus olhos se encontrarem. – Você está muito frágil e não quero machuca-la. 

   Beatriz desvencilha da mão do esposo, afastando-se do mesmo. – O desejo é eminente nos olhos da jovem, e em Richard também, mas o jovem tem medo de machuca-la e evita esse tipo de contato. – Não querendo mais conversar com Richard, a jovem vira-se de costas e abre o chuveiro sendo atingida pela a água. 

— Não fica brava comigo. – Passa os braços em volta da cintura da esposa e a puxa para si. – Eu quero muito fazer amor com você, mas e se eu te machucar? 

— Não vai. – Diz ao se virar para o amado e por as mãos na face do mesmo. – Eu confio em você. – Deposita um selinho demorado nos lábios do jovem. 

   Os lábios do rapaz descem para o pescoço da jovem depositando beijos e mordidas no mesmo, uma de suas mãos aperta a fina cintura da esposa e a outra a segura pela nuca. Beatriz deixa alguns gemidos saírem quebrando o silêncio do ambiente. 

   Em um movimento rápido Richard encosta a esposa na parede. Seus lábios descem para o busto da esposa, mas não se demora ali, logo desce para os seios que sobem e descem rapidamente. 

— Beatriz? – Batidas são ouvidas pelo casal. – Está tudo bem? Ouvimos um grito, você se machucou? 

— E...eu es...estou be...bem. – Diz tentando controlar a respiração. 

— Foi a água gelada que caiu nela. – Diz entre os dentes. – Já estamos saindo. 

— Não demorem. – Bianca diz antes de sair. 

    Frustrado com a interrupção da cunhada, Richard conduz a esposa para o chuveiro. Beatriz apenas deixa ser conduzida, enquanto o rapaz a banha. 

   Desde o casamento Richard havia se mudado para a casa dos sogros, pois Beatriz não queria sair da casa que viveu a sua vida toda. Para a jovem tudo parecia perfeito, até demais, todos os dias fazia as refeições em família e passava horas como amigos que havia feito. Sua vida está como sempre sonhou. 

   Mas a jovem pressentia algo dentro do seu âmago – e algo ruim – um frio percorreu a espinha da jovem durante a madrugada que passou e quando conseguiu dormir teve um pesadelo. Havia parado de contar os dias para a sua morte quando percebeu que estava pensando demais nisso, mas sabia que não tinha muito tempo. 

   O coração da jovem Beatriz pesa, sua alma está mais triste do que antes e seu olhar esconde algo que poucos podem descobrir. 

   Richard pega a toalha e começa a secar a esposa, que apenas aprecia cada segundo ao lado do amado. Adora receber esse tipo de carinho, sabe que são esses simples gestos é uma das formas que ele demonstra o quanto a ama. Após secar a esposa ele a enrola no roupão e a leva para fora do banheiro e a coloca sentada na cadeira da penteadeira. 

— Vá se secar. – Olha para o rapaz por cima do ombro. – Não quero que você fique doente. – Diz docemente. 

— Está bem, mas não saia dai. – Deposita um beijo no topo da cabeça da esposa e em seguida vai para o banheiro. 

   Beatriz volta seu olhar para frente, vendo seu reflexo no espelho, a doença havia acabado de vez com sua beleza – pergunta-se internamente como Richard ainda pode ama-la estando tão deplorável e sem vida – vendo seu reflexo sabe que essa Beatriz não é a mesma de alguns meses atrás. 

   Um sorriso apaixonado surge nos lábios da jovem ao ver o reflexo do esposo através do espelho e automaticamente ele também abre o mesmo sorriso. Pega a escova de cima da penteadeira e com cuidado começa a pentear os cabelos da esposa. 

— Está tudo bem? – Pergunta ao notar o sorriso sumir dos lábios da esposa. 

— Estou com uma sensação ruim. – Responde sem desviar do olhar do companheiro. – Algo me diz que hoje não será um dia bom. 

— Você precisa descansar. Não dormiu quase nada. – Põe a escova de volta ao lugar que estava minutos atrás. – Terminei aqui.Vista uma roupa bem confortável e deite. – Caminha até o guarda-roupa e abre o mesmo. – Vou buscar sua comida. 

— Você vai ficar comigo? – Vira o corpo e vê o companheiro vestindo uma cueca box vermelha. 

— Fico. – Pega uma camisa branca e uma calça moletom preta. – Só vou pegar seu almoço e volto. – Termina de vestir a calça. – Vá logo se trocar. – Retira-se do quarto pondo a camisa. 

   O olhar jovem vai para suas mãos, que estão sobre seu colo, e vê a aliança que a une – materialmente – ao Richard, o sorriso se forma automaticamente ao se lembrar do dia do casamento e da noite de núpcias. Nunca imaginou que alcançaria a felicidade que tanto sonhou. 

   Algumas gotas de sangue caem na mão da jovem e rapidamente ela levanta a face e vê sangue escorrer pelo nariz, põe uma das mãos no mesmo para tentar o sangramento. Desesperada corre para o banheiro, porém tropeça em algo que não consegue identificar e acaba caindo e batendo a cabeça no chão. Tenta levantar, mas sua tentativa falha por não conseguir ter controle de seu corpo, como sua única opção arrasta seu corpo com dificuldade até a parede mais próxima. 

   Não quer que Richard a veja dessa forma. Não quer deixar esse tipo de lembrança. Seu maior desejo no momento é ter mais um pouco de tempo para aproveitar tudo o que ganhou. 

    Passa as mãos sujas de sangue no roupão e acaba deixando o sangue escorrer, sabe que tem que esperar alguém chegar para poder ter ajuda. Sorri amargurada, não consegue conter o pensamento de estar morrendo e de que sua morte está sendo bem pior do que pensou. 

— Pequena? – Richard a chama assim que adentra o quarto. – Já está pronta? – Põe a bandeja em cima da cômoda que tem ao lado da porta. – Quer ajuda? – Caminha em direção ao banheiro, mas para ao ver a esposa encostada na parede e toda suja de sangue. – O que houve? – Ajoelha ao lado da mesma e a pega no colo, levantando em seguida e indo para cama pondo-a deitada na mesma. – Por que não gritou? – Levanta e caminha em direção ao banheiro. 

— Eu não consegui me mover. – As lágrimas caem sem cessar pela face da jovem. – Foi de repente e eu fiquei assustada. Sinto muito. 

— Não chore. – Diz ao aproximar-se da cama novamente e senta ao lado da esposa. – Deixe-me limpar esse sangue. – Leva a toalha que trouxera do banheiro, até o nariz da amada pressionando com cuidado. – Estarei sempre com você, iremos conseguir. – Com a mão livre segura a mão da esposa. – Nunca esqueça do quanto eu te amo e de que sempre amarei. – Deposita um beijo casto na mão da companheira. 

— Meu medo é de deixar você. – Um sorriso triste surge as lágrimas da jovem. – Não quero que você sofra. – Dá um leve aperto na mão do rapaz. 

— Eu sempre terei você aqui. – Leva a mão da esposa até seu peito, pondo-a em cima do coração. – Levarei seu amor e suas lembranças aqui dentro. – Tira a toalha do nariz da amada assim que percebe que o sangramento parou. – Prometo que irei ficar bem. 

— Deita aqui comigo. – Diz entre lágrimas. – Preciso sentir seu calor. Sentir seu abraço protetor. 

— Não precisa pedir nem duas vezes. – Deita ao lado da esposa e a puxa para um abraço. – Nós iremos passar a vida toda juntos. Teremos muitos filhos. – Acaricia os fios sedosos da amada. – Iremos envelhecer juntos. Veremos nossos filhos se casarem. – Deposita um beijo na cabeça da mesma. – E isso é uma promessa. – Sussurra a última palavra no ouvido da amada. 

   O quarto fica em completo silêncio, Beatriz finalmente consegue pegar no sono e isso deixa Richard tranquilo, sabe o quanto está sendo difícil para a esposa ter uma noite de sono. Richard continua com as caricias e permite-se chorar – em silêncio – sabe que irá perde-la e não aguenta mais fingir que tudo vai ficar bem. 

   Como é doloroso ver esse amor acabar antes de mesmo de trilhar uma história que poderia render frutos, a morte chegou. 

 
 

                                            ✟ ✟ ✟ ✟ ✟ ✟ ✟   

 
 

     A noite havia chegado e trazendo consigo uma chuva forte – durante o dia só havia garoado, mas quanto mais a tarde ia caindo mais forte a chuva ia ficando – e junto também veio uma ventania. Mas o clima está pior ainda dentro da casa dos Rutkowisk. 

 
 

   Após o breve cochilo que tirou no começo da tarde a jovem Beatriz acordou pior, seu corpo havia adquirido mais manchas em tons de preto e roxo, assim como algumas queimaduras nos braços. 

   Antes do pôr do sol, a casa dos Rutkowisk foi invadida pela família de Richard, alguns amigos do casal e o padre – todos alegaram ter tido uma sensação que os fez ir ver a jovem – o que acabou virando uma algazarra. 

   O quarto de Beatriz ficou pequena ao tentar acomodar tantas pessoas e ninguém queria ir embora sem falar com a jovem. 

— Um de cada vez. – Richard diz já sem paciência, pois detesta quando todos falam juntos. – Se continuaram falando todo junto vou por todo mundo para fora. 

— Tá se achando muito em, R. – Sebastian debocha do primo causando risos em todos. – Só viemos ver a Beatriz. 

— Calma, Richard. – Beatriz toca a mão do esposo ao perceber a fúria em seus olhos. – Vamos aproveitar o momento. 

   Um simples toque e um olhar doce fez toda a fúria de Richard dissipar em segundos. Só sua amada tem esse poder em si e quando ela se for, sua cura também irá. 

— Tem certeza que você está bem? – Já havia perdido a conta de quantas vezes já tinha feito essa mesma pergunta para a esposa. – Se quiser ponho todos para fora. 

— Estou bem. – Sorri docemente para o esposo. – Me sinto leve. Livre. Completamente jocosa. 

   Os olhos da jovem brilham intensamente – um brilho jamais visto antes naqueles olhos verdes – finalmente já podia morrer. Havia conseguido libertar sua alma e seu espírito de todo o rancor, ódio, mágoa, inveja e tristeza que há impedia de ir em paz. 

    Olhando cada um ali em sua frente a jovem conseguia ver que era somente isso que faltava para ter sua vida completa. 

   Tinha se libertado do ódio – Robertha, Miguel, Bianca e Arthur – conseguido semear o amor nos corações que só cresciam ódio. 

   Tinha se libertado da inveja – Bárbara – entendendo que a colega só queria ter o que ela tinha, a afeição de todos.  

   Tinha se libertado do rancor – Sebastian – compreendo que o que o colega sentia não tinha a ver consigo e sim com os sentimentos que o mesmo tinha para consigo e fazendo ele enxergar além da aparência. 

   Tinha se libertado da mágoa e  da tristeza – que sentia de si própria – por se achar indigna de qualquer tipo de sentimento bom. 

   Hoje, deitada naquela cama, esperando a morte chegar, vê o quanto é amada e que todos sempre lembraram de como é e não de como ficou. 

— Beatriz? – O padre a chama fazendo-a despertar de seus pensamentos. – Eu já vou, daqui a pouco a missa começa. 

— Claro padre. – Sorri ao perceber algo. – Posso lhe pedir um favor? 

— Todos que você quiser. – Sorri terno para a jovem a sua frente. 

— Poderia levar todo mundo para igreja e rezarem por mim? – Diz sem desviar o olhar do mais velho. – Por favor. 

— Claro. – Diz ao entender o que realmente a jovem quer com aquele pedido. – Melhor todos nós irmos, Beatriz precisa descansar. – Diz para todos presentes ali. – Fique em paz e que Deus seja piedoso com você. – Faz o sinal da cruz diante da jovem. – Amém. – Acena para os demais e sai deixando os outros despedirem-se. 

   Robertha ajoelha-se ao lado da cama da filha e acolhe a mão da mesma entre as suas – seus olhos já estão marejados – não precisa dizer muito para saber o que a jovem queria com aquele pedido. Miguel surge ao lado da esposa e põe sua mão sobre as mãos da esposa. 

— Tivemos pouco tempo juntos, mas foram os melhores para mim. – Sorri entre lágrimas. – Eu amo você. É o melhor presente que Deus me deu. 

— Nós temos orgulho de você. – Miguel deposita um beijo terno na testa da filha. – Amamos você. – Aproxima-se do ouvido da filha para somente ela ouvir. – Nos espere, em breve estaremos todos juntos. 

   Robertha abraça a menor e em seguida sente ser abraçada por Miguel – um adeus mudo, mas que todos sabem – Arthur e Bianca também abraçam a irmã. Um adeus em família. E todos choram em silêncio pela cena. Os quatro afastam-se da jovem e saem em silêncio do quarto. 

   Natália aproveita para aproximar-se da amiga e lhe dar um abraço – quer que não seja verdade essa despedida – afasta-se da amiga e a olha nos olhos. 

— Nós sabemos o que vai acontecer, então não precisa ficar de chororó. – Deposita um beijo estralado na bochecha da amiga. – Deus tarda, mas não falha. – Afasta-se da amiga para os outros poderem se despedirem. 

   Denise deposita um beijo na face da jovem, assim como o esposo e os cunhados – eles nada diriam, palavras nenhuma farão a dor da jovem passar – segura a mão de Natália e junto com o restante da família sai do quarto. 

   Sabrina, Raquel e Isac aproxima-se da cama da jovem. Sabrina abre um sorriso amistoso. Raquel sorri sincera, mesmo com a dor eminente. Isac faz uma reverencia para jovem – acaba tirando uma gargalhada da jovem – os três assentem e saem do quarto logo em seguida. 

   Sebastian e Bárbara aproximam-se da jovem – haviam tido o perdão de Beatriz algumas semanas atrás e isso foi o suficiente para terem um carinho especial por ela, já que a menina consegue envolver todo mundo que a rodeia – ambos com sorrisos sinceros e amigáveis. 

— Achei que iria ter que te aturar para o resto da vida. – Bárbara brinca tentando quebrar o clima fúnebre que instalou-se no quarto. – Mas você sempre foge de mim. 

— Mas não se preocupe, nós iremos cuidar do Richard. – Sebastian limpa as teimosas lágrimas que insistem em cair por sua face. – Vamos arrumar uma garota legal para ele e cuidar para que ele continue assim. 

— Obrigada. – Retribui o sorriso amigável. – Nos vemos em breve. 

   Ambos assentem com a cabeça. Sebastian segura na mão de Bárbara e a puxa para fora do quarto, fechando a porta atrás de si e deixando o casal a sós. 

   Richard levanta, mas sente a mão da esposa em seu pulso e vira-se para ela – seu olhar é vazio e triste – ajoelha-se ao lado da cama. Acaricia a face da esposa. 

— Melhor eu ir também. – Sua voz embargada denuncia sua dor. – Eu não quero ir. Não quero que você se vá. – Beija a mão da amada. 

— Nosso amor será eterno e estarei sempre em seu coração. – Desvencilha da mão do esposo. – Vá a igreja e peça a Deus o que o seu coração realmente deseja. – Leva ambas as mãos ao pescoço e tira o colar, que levou durante toda a vida. Acolhe a mão do amado e deposita a o colar na mão do mesmo. – Esse colar é a prova de que sempre estarei ao seu lado. 

— Sempre estará. – Beija a mão da esposa e se solta da mesma. Leva ambas as mãos ao pescoço e põe o mesmo em seu pescoço. – Quero que leve algo meu. – Desabotoa a pulseira preta com umas caveiras, algo que também sempre usou toda a vida. – Eu sempre estarei ao seu lado. – Põe a pulseira no pulso esquerdo da amada. – Se você se sentir triste olhe para a pulseira, pois saberá que estarei te olhando também. 

   Beatriz passa os dedos na pulseira, seu olhar volta para o esposo e sorri. Richard levanta, inclina-se um pouco e deposita um selinho demorado – repleto de amor, carinho, paixão, saudade e dor, uma mistura de bons e ruins sentimentos – afasta-se da esposa com um sorriso sôfrego nos lábios. 

— Adeus meu amor. – Algumas lágrimas caem pela face do rapaz. – Você será a única na minha vida. – Dá um último sorriso e retira-se em seguida. 

   Beatriz deixa os soluços saírem pelos seus lábios – a dor está sendo mil vezes pior do que imaginou – seu olhar volta para a pulseira em seu pulso. Ver a dor nos olhos do amado foi de cortar seu coração. 

   Um raio corta o céu e a luz invade o quarto da jovem. A chuva fica mais intensa e o vento mais forte. Beatriz sabe o que está acontecendo, havia descoberto que seu dia havia chegado quando teve o pesadelo. 

   A jovem arruma-se na cama, ficando com o tronco encostado nos travesseiros. Sua mão desliza para de baixo de um dos travesseiros e traz consigo uma fotografia – seus pais, seus irmão, seu esposo, seus sogros e cunhadas, o padre, Raquel, Isac e Sabrina – a foto havia sido tirada no dia de seu casamento e quase não coube todos. 

   Sorri feliz por ter conseguido o amor. Por ter vivido para dar orgulho aos pais. Por ter descoberto o amor ente um homem e uma mulher. Pelos amigos que conseguiu e pelas pessoas que ajudou. 

   A janela de seu quarto é aberta abruptamente deixando o frio e a chuva entrarem, seu olhar vai para a janela e bem na hora uma luz invade o quarto, assim como algumas folhas trazidas pelo vento. 

— Obrigada, Senhor. – Uma única lágrima cai lentamente pela face da jovem e sua mão cai rapidamente na cama, deixando a foto cair no chão. 

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que leram e quero saber o que acharam.
Nos vemos nos comentários. Beijos.



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