Angel Melody escrita por Bruno hulliger


Capítulo 4
Poema da angústia




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/698457/chapter/4

O mundo era tão triste. Sempre foi triste. Sempre será injusto... “Por que existem tantas injustiças?” pensava Sophia, em meio às lágrimas. Ela queria ter a resposta para essa pergunta, mas não tinha. Era inútil, afinal. Por que lutar para tentar viver como uma pessoa normal? Por alguma razão, esse sempre foi o maior sonho de sua irmã, Alice. Ela sempre sonhou em ver sua irmã fazendo amigos e vivendo normalmente, como qualquer outra pessoa. Mesmo que isso parecesse impossível.

  E era inútil lutar por algo impossível, não é?...

  — Ei, você é a Sophi, não é? — perguntou uma voz masculina.

  A garota tentou focar a visão dos olhos, mas era difícil fazer isso com tantas lágrimas saindo dele. Ela enxugou as gotas d’ água com a mão. Sua visão finalmente começa a focar a imagem. À sua frente, havia um rapaz. Alto, com cabelos e olhos castanhos, pele clara, contudo bronzeada; e um sorriso gentil em seu rosto. Outros detalhes passaram despercebidos por Melody, pois sua visão ainda estava se recuperando aos poucos. O rapaz parecia tentar acalmar a cadeirante, e para isso ele tinha posto sua mão direita no ombro esquerdo da garota.

  — ... Quem é você? — perguntou Sophia depois de um tempo em silêncio. —... E por que me chamou de Sophi? — a única pssoa que já se referiu a ela com essa denominação foi sua irmã, então era estranho ver um desconhecido chamá-la assim.

  Antes que o garoto pudesse responder, o sinal de início das aulas soou. Todos os alunos já estavam em suas devidas salas para iniciarem as aulas; todos, menos o rapaz e Sophia. Este que estava em frente à cadeirante parecia despreocupado, mesmo sabendo que o período escolar havia começado.

  — Bom... — respondeu-lhe. — Sua irmã sempre lhe chamou de Sophi. Então eu pensei que esse era seu nome.

  Depois de um breve silêncio, Melody prosseguiu o dialogo:

  —... Você não vai entrar? — perguntou cabisbaixa, pois saberia que não poderia entrar na escola sem ajuda. Então, ela já estava até pensando em ir embora e voltar no dia seguinte.

  — Hum, sim... Eu já vou entrar... — ele olhou para a condição deprimente em que ela se encontrava, e pensou: “tenho que agir. Seria cruel deixá-la aqui, sozinha.”

  E em um rápido movimento, ele levantou a garota da cadeira de rodas e posicionou-a em seus braços. Ela, obviamente, se assustou:

  — O quê você está fazendo...?!

  — Estou te ajudando. Mas não me pergunte o porquê.

  Em outra ação mais rápida ainda, ele começou a subir as escadas de concreto. A cadeira de rodas não pôde ser levada junto, pois seria um peso extra para o rapaz. Sophia estava um pouco assustada. Geralmente seria sua irmã a carregá-la por aquelas escadas, e não um garoto qualquer que ela mal conhecesse.

  — Pronto...! – falou o jovem (quase sem fôlego), colocando Sophi no chão. Depois ele, rapidamente, desceu as escadas novamente, pegou a cadeira de rodas que jazia parada e carregou-a até a entrada da escola. Sophia estava surpresa. Por que aquele rapaz estava se importando tanto com uma deficiente como ela?

  — Venha; eu vou te colocar na cadeira de novo — prosseguiu o desconhecido.

  — Por quê...? Por que está fazendo isso? — perguntou Sophi, já sendo colocada em sua cadeira de rodas.

  — “Por quê”? Bem, eu não sei... Estou fazendo isso só por caridade mesmo, eu acho — acrescentou, falando bem baixinho.

  Na escola, não havia mais ninguém nos corredores. Tudo se mantinha na mais completa paz. Mas isso era temporário, pois quando os dois se aproximarem das salas de aula eles irão ouvir os gritos e xingos dos professores para os alunos.

  — Bem, eu tenho que correr agora, senão minha professora é capaz de arrancar minha orelha da cabeça — brincou o rapaz; que começou a avançarr logo em seguida.

  — Espere! — gritou a menina. — Qual é o seu nome...?

  — Ah, desculpe, meu nome é Ricardo. Mas pode me chamar do que quiser, eu tenho vários apelidos que os meus amigos me... Ah não! Desculpe Sophi, eu tenho que correr!!!

  — Espere, meu nome é..... — tarde demais, ele já havia ido. Melody se lembrou que também estava atrasada, então começou a girar as rodas da cadeira com toda a sua força. Mas ainda assim ela andava muito devagar... Às vezes, enquanto fazia essa "corrida", ela voltava a se lembrar da boa ação que Ricardo lhe faz agora há pouco.

  As inúmeras portas que se encontravam pelo caminho também não eram de muita ajuda. Um turista ou um aluno novo poderia facilmente se perder por entre os corredores. Por sorte, todas as portas estavam devidamente marcadas com série e letra – EXNono ano, sala B.

  Depois de algum tempo, a menina finalmente chegou até a porta de sua sala; estranhamente, ao chegar lá, ela foi tomada por um enorme receio de entrar. Isabelle estudava naquela sala também, e agora que havia perdido sua irmã, Sophia imaginava como iria controlar suas emoções e suportar o bullying de Isabelle sem a ajuda de Alice.

  Mas era necessário entrar. Caso não o fizesse ela nunca iria aprender a viver sem a irmã! Mas ainda assim, um medo irracional tomava conta de seus pensamentos. Era uma sensação muito similar a de um primeiro dia de aula em uma nova escola. Medo, incerteza, receio... Será que vale a pena entrar na sala? As aulas já haviam começado, e óbvio, o seu retorno iria atrapalhar o andamento da aula, já que todos se distrairiam quando ela entrasse...

  “É inútil... Completamente inútil...” pensou a cadeirante “Eu não posso fazer isso. Por que... Por que estou com tanto medo de entr...” seus pensamentos foram bruscamente interrompidos. A porta da sala se abriu. E quem saiu da sala era ninguém menos que Isabelle!!

  Dentro da sala, os outros alunos pareciam estar bem distraídos. Melody pôde observar um vulto masculino à frente da sala. Talvez fosse apenas um professor qualquer, pensou a cadeirante, inconscientemente.

  Isabelle foi a primeira a começar a falar:

  — O que você está fazendo aqui? Pensei que já tivesse ido embora... Por que você voltou? — “Para ser um estorvo para nós” debochou Isabelle. O professor ali presente posicionou-se imediatamente, fazendo-a se calar. Independentemente disso, Melody tentou explicar-se:

  — Não... Eu só... — Sua voz denunciava seu nervosismo dela presença da rival, que estava lhe causando uma enorme angústia.

  Sophia tentou se explicar, mas não pôde. Isabelle fechou a porta da sala tranquilamente, e com um sorriso cômico na face, ela tacou-lhe um tapa no rosto. Desequilibrando e derrubando a menina de cadeira de rodas.

  Após isso, Isabelle, ainda não satisfeita, e ignorando os olhares do educador, falou:

  —Você só atrapalha nossas vidas... — ela expressava uma raiva enorme e irracional em seu olhar. — Por que você foi nascer?...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Angel Melody" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.