Pokemon Esmeralda – Jornada Por Outros Olhos escrita por Eterno Ronin


Capítulo 2
Capítulo II: Wally POV


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é muito importante pois o Wally será como um segundo protagonista na fic. Ele também será o único a ter mais que um capítulo POV
"Por Favor deixe eu te alcançar" - Cassis The GazettE



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Wally POV

A maioria dos garotos de minha idade sonha em sair numa jornada pokémon e se tornar Campeão ou top coordenador, mas eu não. Tenho uma saúde frágil. Não posso me dar ao luxo de sonhar com algo que jamais alcançarei. Ter amigos já seria o bastante para mim.

Devido minha frágil saúde, teria que me mudar de Petalburg para a longínqua cidade de Verdanturf. Aceitei mudar-me apenas com uma condição: Que eu pudesse ter um pokémon para me fazer companhia durante a viagem. Nunca antes meus pais me permitiram cuidar de um pokémon. Vi em minha mudança para Verdanturf a oportunidade para consegui meu primeiro pokémon e amigo.

Como o laboratório do Prof. Birch ficava muito distante, decidir que pediria para o líder do ginásio de Petalburg me conceder um pokémon, não importa qual fosse. Chegando no ginásio me deparei com o GymLeader Norman e um garoto com uma bandana verde e touca estranha discutindo.

— Eu exijo uma batalha agora. Vim aqui para te derrotar! – Gritou o garoto estranho com lágrimas desbordando os olhos.

— Já lhe disse para parar com essa brincadeira ridícula. Ninguém está rindo – o líder Norman estava sério com os braços cruzados e olhando duramente para o garoto.

— Não estou brincando. Eu vou derrotá-lo. Tenho pokémons, já posso desafiá-lo! – Dizia o garoto com voz de choro. Mesmo sem conhecê-lo me compadeci com sua triste situação.

— Você é mesmo um palhaço digno de pena. Espera mesmo me vencer com um Torchic e um Poochyena? Talvez você seja mais medíocre do que eu imaginava. – Norman me assustava. Ele era um líder de ginásio respeitado por todos, nunca imaginei que ele poderia dizer coisas como aquelas.

— Não me chame assim. Seu amigo, o Prof. Birch acredita que sou capaz de ser um grande Poketrainer. Ele até me presenteou com o Torchic depois que o salvei de um bando de pokémons selvagens.

— Você o salvou de um bando de pokémons selvagens? Não minta tão descaradamente. Conheceu a filha dele? Queria eu ter um filho com tanta determinação e coragem quanto ela – Norman não falava alto, porém seu tom era firme e forte.

— Está nos confundindo. A filha do Prof. Birch implorou por um beijo meu quando sair em jornada. E ninguém pode dizer que eu não tenho coragem, estou aqui te desafiando, isso não prova que sou destemido o bastante?

— Não confunda coragem com tolice. Obviamente não pode me derrotar e ainda assim me desafia. No máximo você é idiota, não destemido. Também posso garantir que pelo que eu conheço da May, ela preferiria beijar seu Torchic a você. – Norman direcionou seu olhar para mim. – Parece que tenho um desafiante de verdade. Veio batalha por uma insígnia? – Perguntou-me com um meio sorriso no rosto.

— Na... Não. Eu vim aqui pois vou me mudar e gostaria de um pokémon para me fazer companhia durante a viagem. – Mesmo receoso me obriguei a falar. Eu estava realmente decidido a ter meu primeiro pokémon.

— Diferente de meu amigo Birch eu não costumo entregar pokémons para qualquer um que me peça – ele olhou para o garoto de bandana verde indicando que aquilo era uma indireta a ele. – Se quer mesmo um pokémon para fazer-lhe companhia, capture você mesmo. – Ele arremessou-me uma pokebola.

— Mas... Mas eu nunca capturei um pokémon antes.

— Você tem dois pokémons Brendan, então presumisse que saiba capturar ao menos um. Vá com esse garoto e o ajude, espero que seja capaz de fazer ao menos isso. – O garoto da bandana enxugou as lágrimas e correu para fora do ginásio. – É melhor que você não se esqueça de trazer de volta o pokémon que te emprestei, ou eu vou ficar irritado e você não quer me ver irritado, certo? – Havia um leve tom de ameaça na voz dele.

— Ce... Certo – respondi inseguro e fui embora do ginásio segurando nas mãos a pokebola que ele me emprestou.

Me dirigir a saída e do lado de fora do ginásio o garoto da bandana verde estava me esperando.

— Hey. Qual seu nome? – Perguntou-me assim que me viu.

— É Wally...

— O meu é Brendan. Qual pokémon você quer captura?

— Não tenho preferência por nenhum. Qualquer um já está bom para mim.

— Ótimo. Pelo menos você não é muito exigente. Vamos logo capturar algum pokémon.

— Espere! Agora que me dei conta, Norman não me deu nenhuma pokebola. – Eu estava tão receoso que nem havia reparado isso.

— Típico do meu pai. Ele não importa como se faça algo, apenas quer que seja feito. Mas não se preocupe, te dou uma das minhas. – Brendan havia chamado Norman de pai. Achei que eu quem não tinha entendido bem. Não imaginava um pai tratando um filho daquela forma.

— Você é filho do líder de ginásio? – Ele sorriu um pouco triste ao me ouvir.

— Sim, mas não por vontade dele. Nunca fui o filho que ele desejava – O olhar dele se perdia no horizonte enquanto falava.

— Sinto muito. Pais sempre amam os filhos, não importa como eles sejam. Talvez o seu pai apenas não demonstre muito bem. – Tentei dá-lhe algum conforto.

— Ele tem uma forma não muito agradável de demonstra seu amor por mim – Brendan parecia um pouco triste, mas logo em seguida se mostrou mais animado. – Vamos logo encontrar algum pokémon para te fazer companhia – disse Brendan sorrindo.

Enquanto caminhávamos em uns matinhos Brendan me passava as intenções de como deveria capturar meu primeiro pokémon e depois deu-me uma pokebola para armazená-lo. Então a figura de um pokemonzinho branco com uma espécie de franja verde e duas saliências vermelhas na cabeça, me apareceu. Aquele pokémon era um Ralts. Ergui a pokebola que Norman me emprestou, mas minha mão começou a tremer e não conseguir lançá-la. Não sabia explicar o motivo de minha insegurança. Desejava tanto ter um pokémon e agora que tinha a oportunidade de capturar um, eu não conseguia.

— Você consegue. Até eu conseguir capturar um pokémon. Tenha calma e confie em si mesmo. – A voz de Brendan me encheu de coragem.

Lancei a pokebola um enorme brilho saiu de dentro dela e um Zigzagoon apareceu diante de mim. Ordenei que usasse Investida e ele jogou-se contra Ralts. Em seguida lancei a pokebola que Brendan me deu na direção da Ralts. A pokebola ficou balançando por uns 40 segundos e então parou. Foi uma sensação incrível. Eu mesmo tinha capturado meu primeiro pokémon.

— Obrigado. Muito obrigado por me ajudar – agradeci em estase a Brendan.

— Não precisa me agradecer. Você o capturou sozinho. Agora é melhor devolvemos o Zigzagoon do meu pai, ou ele pode ficar irritado e você não vai querer o ver irritado, pode apostar nisso. – Seguirmos de volta ao Ginásios. Eu estava transportando de alegria. Agora que possuía um pokémon, já não me sentia tão sozinho pelo simples fato de tê-lo comigo.

— Muito obrigado por me empresta a força de seu pokémon. Graças a ele pude capturar minha Ralts – disse ao chegar no ginásio e devolver a Norman seu pokémon.

— Não precisa agradecer. Você parece um bom garoto. Honrou meu pokémon ao usá-lo. Espero um dia ter a oportunidade de enfrentar você e seu pokémon em uma batalha. – Norman foi muito cordial comigo. Me perguntava qual seria a razão dele ser tão duro com o próprio filho.

— A sua batalha com o Wally pode esperar, mas a minha não. Quero monstra que posso vencê-lo – Brendan falou impaciente e com determinação nos olhos.

— Proferir palavras é muito fácil. Precisa abrir seus olhos. Mesmo que eu aceite seu desafio como espera me vencer? Ambos sabemos que não apenas seus pokémons são fracos demais, você também é. Eu gostaria que fosse forte o bastante para batalhar comigo, digo isso como pai não como líder de ginásio, mas você não é capaz disso. Chorar e fugir sempre foi tudo que você conseguiu fazer. Não é coragem o que te motivou a me desafiar, isso é apenas um ato desesperado de mediocridade. – As palavras de Norman foram cruéis. Sentir um aperto no peito ao ouvi-lo. Mesmo não sendo ditas para mim, sentir o peso de cada uma daquelas palavras.

— Tem razão – Brendan disse de cabeça baixa e com lágrimas na face. Por um momento achei que ele tivesse desistido, mas ele se forçou a sorrir e a erguer novamente a cabeça. – Proferir palavras é muito fácil, nisso nos dois concordamos. Batalhe comigo e te mostrarei que posso o vencer. Não sei como farei isso, as chances podem ser quase nulas, mas se aceitar batalhar comigo eu te vencerei, tenho certeza disso. – Não compreendia como Brendan podia ser tão confiante. Ele era apenas um treinador novato e mesmo assim tinha plena confiança em suas habilidades e pokémons. A determinação dele surpreendeu até o pai.

— Aqueles que almejam confrontar a elite dos quatro, primeiro precisam conquista oito insígnias. Se conseguir metade disso, eu aceitarei seu desafio. Não ouse voltar a me propor uma batalha antes de conquistar quatro insígnias – Pai e filho olharam um nos olhos do outro e em silêncio selaram aquele acordo.

— Espero que não tenha se esquecido da sensação de ser derrotado, pois quando voltamos a nos encontrar a sentirá novamente. – Brendan se retirou do ginásio sem olhar para trás.

Ao sair do ginásio encontrei Brendan olhando quase petrificado para o enorme edifício. Provavelmente ele estava guardado aquela imagem na memoria. Tinha certeza que ele retornaria a Petalburg e para aquele ginásio, dessa vez mais forte do que nunca e com quatro insígnias.

— Por que quer tanto vencer seu pai? – Ele virou-se para mim e sorriu assim que perguntei-o.

— Ele diz que eu não posso o vencer, isso já é motivo o bastante para mim.

— Como pode ter tanta confiança? Seu pai é um GymLeader experiente. Ninguém até hoje conquistou a insígnia Equilíbrio de seu ginásio.

— Ele não é invencível, acho que as pessoas esqueceram-se disso. Ninguém é invencível.

— Também queria ser confiante feito você. Me sinto um covarde. Sempre tenho medo – minhas mãos começaram a tremer, até falar sobre o que eu sentia era difícil. Fechei meus punhos com força. – Sempre tive medo até para fazer amigos. Quase não conseguir capturar a Ralts. Me sinto um covarde.

— Eu também me achava um covarde, mas aprendi que só se pode ser corajoso quando se tem medo. – Sorrimos timidamente um para o outro. – Não precisa ter medo de fazer amigos. Afinal, acho que já somos amigos, ou qualquer coisa parecida com isso – meu rosto corou-se ao ouvir aquilo.

— Acha mesmo isso?

— Claro. Você não tem cara de quem vai ser meu rival, é gentil demais para isso. Assim que te vi pela primeira vez o achei um cara legal. Você queria um pokémon apenas para te fazer companhia, foi por isso que te ajudei a capturar a Ralts. – Me sentir afortunado por ter conquistado um novo amigo, aquilo era ainda mais valioso que qualquer insígnia.

— Não me subestime. Posso muito bem ser seu rival – falei brincando. – Infelizmente meus problemas de saúde não permitem-me sair em jornada – dessa vez eu disse em tom mais sério.

— Um dia você ficará melhor e então pode até tornar-se Campeão de Hoenn – tentou me animar.

— Ser Campeão nunca foi meu sonho. Nunca nutrir esperanças de sair em jornada, por isso nunca sonhei em desafiar GymLeader's ou a elite dos quatro.

— Também nunca sonhei com isso. Entrei em jornada apenas para derrotar meu pai e conhecer garotas bonitas, mas isso não é exatamente um sonho. Se me contar seu sonho, eu também digo o meu.

— É um sonho meio bobo. Promete que não vai rir?

— Eu prometo – ele colocou uma mão no lado esquerdo do peito e levantou a outra ao prometer-me.

— Eu gostaria de voar... Voar muito além do céu sob nossas cabeças e alcançar as estrelas e a Lua – Brendan riu. – Hey. Você prometeu que não riria! – Eu disse furioso.

— Desculpem-me. Eu só rir porque esse também é meu sonho. – Olhei nos olhos de Brendan e sentir que ele falava realmente a verdade.

Mesmo sendo completamente opostos um do outro, tínhamos o mesmo sonho.

— Olá garotos. Vocês me parecem ser poketraines, embora bem amadores – disse um homem pouco acima do peso que usava óculos escuros, camisa florida, bermuda branca e tinha aparecido do nada.

— O que quer? – Brendan perguntou em tom meio descortês, talvez por ter sido chamado de amador.

— Me chamo Scott e estou reunindo os melhores poketraines do continente. Formando um time que faria a elite dos quatro parecer coisa de criança. O desafio final. A Batalha Da Fronteira.

— Quer nos convidar para participamos dessa batalha da fronteira? – Assim que ouviu minha pergunta Scott começou a rir espalhafatosamente.

— Vocês dois? – Ele gargalhava tanto que mal conseguia falar. – Essa foi boa. Eu só ia pedir a ajuda de vocês para convencer o GymLeader Norman a torna-se um dos cérebros de fronteira. Convidar vocês? – Ele voltou a rir em contraparte Brendan parecia mais irritado a cada risada. – Estou a procura dos melhores entre os melhores. Não há espaço para dois garotos que acabaram de sair das fraldas. – Scott saiu gargalhando, ele ria tanto e tão exageradamente que nem percebeu que algo havia caído de seu bolso.

Fui ver o que Scott deixará cair e era um cartão de crédito junto com um papelzinho escrito: "Senha" mais alguns números.

— Está pensando o mesmo que eu? – Perguntou Brendan com um sorriso malicioso assim que viu o cartão.

— Devolver para o Scott? – Respondi ingenuamente.

— Não exatamente...

Algumas horas depois já havíamos: Doado 45 mil para o fundo de proteção dos Zigzagoon, distribuído caviar para pokémons selvagens, compramos um estoque de um ano de batata chips entre outras coisas.

— Não acha que exageramos um pouco Brendan?

— Claro que não. Aquele cara pediu por isso. Além do mais, ele parece ser um daqueles milionários com gostos "excêntricos". Nem sentirá falta de alguns milhares de pokedólares. – Scott realmente tinha sido desagradável conosco e deixar o cartão de crédito cair no chão junto com a senha foi um tanto inconveniente. Eu ainda achava que devolver o cartão era o mais correto a fazer-se, mas tinha algo no Brendan que conduzia-me a arrisca e me fazia perder todo o medo.

— Ai garotos! Vi vocês dando 10 mil de gorjeta para uma garçonete na sorveteria. Parecem ter bastante grana. Estão afim de um pouco de diversão? – Disse um homem extremamente suspeito que usava uma roupas preta com um grande R vermelho. Quando aos 10 mil de gorjeta... Acho que o Brendan achou aquela garçonete realmente bonita.

— Acho melhor não. Parece muito suspeito – sussurrei para Brendan advertindo.

— É... Eu também to achando – ele sussurrou de volta.

— Já disse que são as garotas mais lindas e sexys de toda Hoenn? – O homem suspeito disse aquilo com um sorriso tão sinistro que me fez achar ele ainda mais suspeito, infelizmente o Brendan não achou a mesma coisa.

— Você disse garota!? Vamos nessa Wally! – Não houve como eu contestar.

O homem suspeito nos levou até um beco escuro, apertou um tijolo na parede e uma passagem secreta se abriu. Dentro daquela passagem havia uma espécie de boate repleta de garotas dançando.

— Hey Wally. Lição importante: não se apegue a essa garotas. Elas não te amam de verdade, não importa o que digam. Isso aqui é só o trabalho delas – disse-me Brendan ao entramos.

Uma garota usando uma tiara de orelhinhas de Poochyena e com um vestido curto e cinzento como os pelos de uma Poochyena veio nos dar as boas-vindas dizendo:

— Acho que é meu dia de sorte. Não é sempre que dois grandes treinadores vêem aqui. – Aquela garota era realmente muito bonita. Fiquei um pouco envergonhado perto dela.

— Ela disse que eu sou um grande treinador – disse Brendan dando pulinhos de alegria. – Acho que me apaixonei – a garota riu e puxou para dançar. Acho que ele quem deveria seguir as próprias lições.

— Oi lindinho – uma mulher com asas de Beautifly, mini sai e com decote gigante disse enquanto me abraçava e beijava meu rosto. Eu estava vermelho como um tomate sentindo os seios dela contra meu corpo.

— O... Oi. – Aquela mulher conseguia me deixar ainda mais inseguro do que o Norman embora fizesse isso de uma maneira diferente.

— Você é tão lindinho como esse rostinho corado. Essa sua timidez é tão fofa que me faz querer fazer coisas impensáveis contigo. – Ela começou a subir lentamente sua mão por minha perna. Parecia que meu coração iria saltar pela garganta. Então ouvir o que parecia ser um grito.

— O que foi isso? – Parecia uma mistura entre um choro e um grito, era quase imperceptível com o som da música alta.

— Tenho certeza que não é nada. Fique aqui comigo. – Aquela mulher tentou me segurar, mesmo assim eu fui investigar o som.

Caminhei até um canto afastado da boate onde não havia quase ninguém e me deparei com um brutamontes segurando uma garota com orelhinhas de Skitty pelo braço e gritando com ela:

— É melhor você parar de chorar e começar a rebolar essa bundinha. Sabe o que acontece com garotas que não dão lucro? – Meu coração se encheu de raiva daquele homem. Mesmo que minha mãos e pernas tremessem me forcei a caminhar até ele.

— Se eu fosse você soltaria ela agora! – Gritei. Não sabia como havia encontrado forças para confrontar aquele brutamontes, mas encontrei. Talvez eu estivesse tentando ser tão corajoso quanto Brendan parecia ser.

— Quem você pensa que é para me dar ordens. – O brutamentes realmente soltou a garota, o único porem foi que ele a soltou para me pegar pelos colarinho da camisa e jogar-me contra a parede.

— Ele é um cliente! – Gritou a mulher com asas de Beautifly em minha defesa. – O Karl não vai gostar nenhum pouco caso você machuque um cliente pagante.

O Brutamontes me largou e saiu rosnado de raiva. A mulher com asas de Beautifly ajudou-me a me levantar, a agradeci e fui falar com a garota que estava chorando.

— Por que aquele cara estava fazendo isso com você?

— Eu não consigo esconder minha dor como as outras garotas fazem... Desde que cheguei aqui só choro e por isso eles dizem que não dou lucro – ela me disse enquanto enxugava as lágrimas. Era uma garota realmente bela como lindos cabelos loiros e olhos dourados. Ela usava além das orelhinhas de Skitty um colete e mina saia rosas que deixavam barriga e pernas expostas.

— Como você veio parar nessa boate – me sentei ao lado dela.

— Meu nome é Kitty e eu tinha o sonho de ser coordenadora, mas minha família era muito pobre e vivíamos numa vila isolada de Kanto. Um dia um homem chamado Karl disse que faria de mim uma grande coordenadora em Hoenn. Eu me sentir insegura, mas minha família me incentivou a ir e aceitei a oferta. Quando chegamos a Hoenn ele me trouxe para essa boate e disse que na verdade minha família havia me vendido para ele e daquele dia em diante eu deveria dançar nessa boate e satisfazer aos desejos dos clientes... Me sinto tão franca... Todas as garotas daqui tem histórias parecidas e mesmo assim conseguem esconder sua dor... Todas menos eu. – Ela começou a chorar novamente então a abracei.

— Você não é fraca... Eu prometo que vou te tirar daqui... Prometo que vou enfrentar esse Karl e quem mais tentar me impedir de tirar todas vocês daqui – Eu prometi ainda abraçado a Kitty.

— Então você quer me enfrentar? – Ergui minha visão e vi um homem alto usando um grande cassado feito de pele de Zigzagoon.

— Você é o Karl? – Perguntei ao me levantar. Inconscientemente eu já estava com a pokebola do Ralts na minha mão.

— Sou sim e não posso deixar você levar minhas garotas. Vejo que você tem um pokémon. Então façamos um acordo, que tal? Se me vencer em uma batalha deixo você levar a peituda e a chorona consigo, mas se eu vencer... – Karl abriu um sorriso e expôs um brilhante dente de ouro na boca. – Você será meu brinquedinho – completou.

— Não perderei! – Lancei a pokebola E minhas mãos já não tremiam mais.

Quando Karl viu minha Ralts ele começou a rir e disse:

— Acha que pode me vencer com essa merdinha? – O dente de ouro dele brilhava quando ele falava. – Vou te mostrar um pokémon de verdade. – Ele lançou uma pokebola e um monstruoso Hariyama apareceu. Aquele pokémon era gigantesco, bem maior que o normal e com músculos grotescos. Ficou claro que ele usava anabolizantes naquele pokémon.

— Não deixe o tamanho dele te intimidar Ralts. Podemos o vencer!

Infelizmente nos não podíamos vencê-lo. Com apenas um ataque minha Ralts foi arremessada contra a parede e não conseguiu se mexer mais. Eu quis chorar, quis muito chorar, mas precisava ser forte. Karl ria de mim junto com os seguranças, até mesmo algumas garotas de la riam, menos Kitty e a garotas de asas, elas choravam...

— Agora você é meu! – Karl colocou a língua para fora e veio em minha direção com a intenção de lambar-me.

Antes que Karl encostasse sua língua em mim um punho fechado acertou sua cara, sangue e aquele dente de ouro voaram de sua boca para o chão da boate. Olhei para o lado e vi Brendan balançando a mão com dor.

— Hey Wally. Será que não posso te deixar só um minuto? Esse cara te olhava como se você fosse um sorvete de casquinha – Brendan sorriu para mim e pegou uma pokebola.

— Seu maldito. Vai me pagar por isso... Espere – Karl se calou assim que viu Brendan. – Esse rosto... Você seria o filho de Norman? – Perguntou com a boca ensanguentada.

— Não por vontade dele – meu amigo respondeu com um sorriso irônico.

— Aquele maldito vive atrapalhando meus esquemas. Me vingarei dele no filho!

— Vai ter que me vencer numa batalha primeiro. Vento Cinzento vamos dançar! – Ele lançou a pokebola e um Poochyena se colocou pronto para batalhar.

— Hariyama esmague essa coisinha cinza com Mega Soco. – Embora Hariyama fosse gigantesco ele era lendo demais, Vento Cinzento conseguiu facilmente desviar do ataque.

— Vou te mostrar a razão do nome de meu Poochyena! – Vento Cinzento era extremamente rápido. Por mais que Hariyama tentasse ele não conseguia atingir o pokémonzinho cinza. – O vento é mais veloz que os músculos e as presas são mais fortes que os punhos. Use mordida! – Vento Cinzento correu em volta do gigantesco Hariyama depois pulou nele o mordendo e arrancando várias tiras de carne. O imenso pokémon caiu no chão e não conseguiu se levantar mais.

— Conseguiu derrotar meu Hariyama, mas apenas ele! – Os seguranças da boate lançaram todos pokebolas para o ar e dezenas de Machokes apareceram. Eram muitos e seria impossível vencer a todos.

— Hey Wally... Seu Ralts ainda consegue usar Teletransporte? – Balancei a cabeça em sinal de positivo e Brenda sorriu para mim. – Ótimo. Der o fora daqui e leve quantas garotas puder. Eu cuido desses caras.

— Você disse que eramos amigos, se esqueceu? – Brendan olhou para mim confuso. – Amigos não abandonam uns aos outros. Vou lutar ao seu lado! – Não havia encontrado apenas um amigo, também encontrei a coragem que sempre existiu dentro de mim.

— Posso ser fraca, mas também quero lutar com vocês! – Kitty também se juntou a nos.

— Já estou cansada de ser explorada por esses filhos da puta. Contém comigo. – A mulher com asas de Beautifly e seios maravilhosos também entrou para o nosso time.

Pouco a pouco mais e mais garotas se uniram conosco. Éramos maior número, infelizmente não éramos tão fortes.

— Vocês se arrependeram disso, eu garanto – Ameaçou Karl.

— Desculpe por te meter nessa Wally. Você pelo menos conseguiu dar uns amassos em alguma garota? Pode ter sido sua ultima oportunidade.

— Não precisa pedir desculpas. Eu quem deveria está te agradecendo. Acho que esse foi o dia mais emocionante da minha vida, tomará que não seja o último.

— Se for pelo menos estarem juntos no final... E pensar que nos conhecemos hoje. – Mais uma vez eu e Brenda trocamos sorrisos.

— Não seja idiota. Você ainda tem que derrotar seu pai ou se esqueceu?

— É mesmo, se eu não puder enfrentar esses bandidos de quinta nunca poderei o vencer.

— Hora da Dança! – Gritamos os dois juntos.

Antes que nos e os bandidos pudéssemos nos confrontar uma garota com longos cabelos verdes que passavam da cintura, usando uma bandana azul com um estranho símbolo e um vestido azul marinho apareceu simplesmente do nada e começou a caminhar entre nos assobiando uma canção.

— Alguma de vocês conhece ela? – As garotas balançaram a cabeça em negativo.

O garota de cabelos verdes lançou uma pokebola para o alto e um Milotic apareceu entre nos e os criminosos.

— É melhor vocês se abaixarem – disse a garota de cabelos verdes sorrindo para nós.

Enquanto estava abaixado nos chão ouvir um grande estrondo e vários gritos. Assim que me levantei vi Karl e seus capangas todos caídos no chão feridos e todos os seus pokemons estavam nocauteados. A garota de cabelos verdes retornou seu Milotic para a pokebola e caminho para a saída passando por cima de corpos de humanos e pokémons.

Brendan e eu nos entreolhamos e depois rimos. Não importava quem fosse aquela garota, era acabará de virá nossa heroína.

Enquanto amarávamos Karl e os outros bandidos até a chegada da policia, Brendan colocou num dos bolsos do casaco de Karl o cartão de crédito do Scott.

Aquela bela mulher com asas de Beautifly se chamava Estrelar e me disse que pretendia criar uma ongue para acolher garotas sem um lar. A polícia não precisava saber o paradeiro do dinheiro ilegal da boate e todos concordamos que ele seria mais útil sendo usado para fundar essa ongue. Algumas garotas voltariam para suas casas e as que não possuíam um lar ficaram junto com Estrelar e ajudariam outras garotas.

— Foi legal. Espero que nos encontremos novamente o quanto antes – despediu-se Brendan.

— Não precisa ir agora – tentei fazê-lo ficar mais um pouco.

— Infelizmente preciso. Ainda tenho que derrotar meu pai lembra? Vou em busca de quatro insígnias. – Sentir vontade de acompanhá-lo, mas sabia que não seria possível.

— Quando nos encontramos de novo vamos batalhar?

— Claro. É bom você e Ralts treinarem bastante... Até mais. – Brendan foi embora e caminhou sem olhar para trás, mas eu tinha a certeza que o veria novamente.

Sentir alguém me cutucando e quando me virei fui beijado pela Estelar. Foi tão inesperado que meu rosto não teve tempo nem de cora. A sensação da língua dela entrando em minha boca foi inexplicavelmente boa.

— Uau. Esse foi meu primeiro beijo... – Disse quando ela me soltou.

— E não será o último – Kitty disse e em seguida beijou-me.

— Estou sem palavras. – Eu realmente estava sem palavras.

— Você é o nosso herói Wally. Vou seguir meu sonho e me tornar uma coordenadora. A partir de hoje não quero mais chorar.

— Tenho certeza que você será uma top coordenadora famosa. – Sorrimos um para o outro da mesma forma que eu fazia com Brendan.

Caminhei para a saída mas fui puxado para trás pela Kitty.

— Você não pode ficar mais? – Ela pediu-me.

— Infelizmente não. Tenho minha própria jornada. Eu e Ralts precisamos treinar muito. Quero ser um poketrainer tão forte quanto Brendan. – Voltei a caminhar e tentei não olhar para trás assim como Brendan.

Quando cheguei em casa levei uma bela bronca por ter ficado até tão tarde fora de casa. Me sentia feliz pelos amigos que fiz e ao mesmo tempo triste por ter que me separar deles. Dormi e sonhei com os beijos de Estelar e Kitty, sonhei que estava curado de minha doença e saia em jornada com Ralts, sonhei que batalhava contra Brendan e que no final nos dois ganhávamos, sonhei que voava entre as estrelas...


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Notas finais do capítulo

Originalmente a Kitty daria mais que apenas um beijo no Wally. O que acham? Queriam que ele ganhasse mais?
Digam o que acharam do capítulo e comente caso tenha gostado do conteúdo. Ainda estou meio incerto em relação a essa fic...