Pequeno Parafuso escrita por Piper White


Capítulo 4
Yon


Notas iniciais do capítulo

SURPRISE!

Eis aqui o Quarto!

Espero que estejam gostando do desenrolar da história!

Boa Leitura!



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Era dia de Ano Novo quando Tenten entrou no Clã Hyuuga pela primeira vez. Vestia um kimono lilás com bordados de flores brancas e obi (1) amarelo, o cabelo com os coques característicos enfeitados com um hashi (2) de Tsuru. Caminhava com firmeza, como sempre fazia, sem deixar o frio abalar sua postura.

"Entre, Tenten-san.", disse um dos Hyuugas que a recebeu.

Ela entrou no cômodo decorado com simplicidade, porém elegância, sentando-se à mesa que havia ali. Uma pintura cobria a única parede ornamentada, uma imagem dos Sete Deuses da Sorte. Típica superstição japonesa para o Ano Novo.

“Trouxe uma oferta de minha família para sua mesa.”, disse, oferecendo o embrulho que trazia na mão. O Hyuuga agradeceu com um aceno e suspendeu o presente pelo nó do tecido, levando-o para dentro da casa.

O ambiente da casa principal a intimidava um pouco. A simplicidade era condizente com o estilo japonês tradicional, de maneira até mesmo um pouco desconcertante. Esperava que não demorasse muito, os machucados em suas pernas tornavam a postura em seiza (3) um tanto quanto incômoda.

“Tenten.”. Era Neji.

Ela ergueu a cabeça para o colega de time. Era a primeira vez desde a Academia que o via vestido de civil, com um kimono simples e uma faixa escondendo o selo da família secundária.

“Neji!”, ela abriu um sorriso, “então você virá conosco?”.

Ele permaneceu impassível enquanto processava a pergunta dela. Era seu primeiro ano como Genin, Gai-sensei havia convidado os três para uma pequena celebração de Ano Novo.

“Há as celebrações do Clã.”, respondeu, sem esboçar emoção, “Devo permanecer aqui e apoiar Hiashi-sama.”, seu rosto contraiu por uma fração de segundo ao pronunciar o nome do líder do Clã Hyuuga. Sua expressão quase não se alterou, mas Tenten notou a leve mudança - já havia percebido em outras ocasiões o sentimento de raiva reprimida que ele guardava.

Tenten deu um sorriso triste. Não havia muito o que insistir em relação a isso. E ele claramente preferia não ter de passar o Ano Novo aguentando as loucuras de Gai e Lee - ou outro possível desafio de quem comia mais dangos (4), ou qualquer coisa do tipo, vindo do último.

“Tudo bem, então. Mas você me deve uma por me deixar sozinha com aqueles dois.”, ela sorriu contrariada, dirigindo um leve olhar de pânico ao colega.

Talvez fosse impressão sua, mas pensou ter visto um pequeno sorriso no olhar de Neji quando disse isso.

“Talvez depois eu passe para cumprimentá-los, mais tarde.”, ele disse.

Tenten sorriu. Ela sabia que ele tinha sido apenas educado. Eles não se veriam mais antes de o Ano Novo chegar.

“Obrigada, Neji!”, disse ela, erguendo-se e fazendo uma pequena reverência. Ele descruzou os braços e respondeu ao cumprimento. Acompanhou-a até a saída.

Quando estavam no portão do Clã, novamente ela fez uma reverência e sorrindo, dirigiu-se ao colega inexpressivo.

“Se não nos virmos mais antes da virada, Neji, gostaria de desejar um Feliz Ano Novo a você e a todo o seu Clã! Que você sonhe com o Monte Fuji, os dois faisões e as três berinjelas (5), tudo de uma vez! Até mais!”, e abriu um de seus enormes sorrisos.

Quando estava se afastando do portão, pensou tê-lo visto sorrir um pouco enquanto a observava antes de virar-se e voltar para a Casa Principal.

~*~

Tenten contemplou a entrada do Clã Hyuuga. Não entrava lá desde… Bem, desde o dia do funeral. As memórias fizeram o nó subir para sua garganta. Estar ali apenas piorava a dor de cabeça persistente que vinha sentindo.

“Você tem certeza de que quer ir sozinha, Tenten?”, perguntou Lee, ao seu lado.

“Sim, Lee. É necessário.”. E deu um meio-sorriso para ele, entrando nos portões.

~*~

Hiashi aguardava a entrada da jovem. Sentado à pequena mesa tentava revestir-se da tranqüilidade e da inexpressão tão características suas, de modo a não mais deixar que esse tipo de ocasião tocasse seu coração de maneira desfavorável. Não podia permitir que a garota levasse o pequeno sobrinho consigo - como última lembrança de seu irmão Hizashi, o sobrinho-neto deveria viver sob sua tutela.

E a mãe não era uma Hyuuga. E nunca poderia ser.

A garota entrou no cômodo com uma expressão indecifrável. O porte elegante e sério destoava da garota sorridente que Hiashi conhecera desde que Neji entrara para o Time Gai. Ela ainda estava com as vestes militares, não fizera questão de vestir-se como civil para ir visitá-lo. Então não há distinção entre a kunoichi e a mulher… Devo esperar a mesma força de ambas as partes., pensou Hiashi.

Ela fez uma breve reverência antes de se sentar.

“Hiashi-sama.”

“Tenten-san.” ele suspirou. “A senhorita sabe em que circunstâncias foi chamada a esta residência, não sabe?”

Ela assentiu gravemente. O olhar decidido não desviava de Hiashi.

“Nas atuais circunstâncias, não me utilizarei de rodeios.” ele cruzou as mãos à frente do corpo. “Foi-me informado que a senhora é a viúva de meu sobrinho. Confirma essa afirmação?"

Ele podia ver o olhar triste que ela carregava, ao ouvir essa frase.

“Sim.”

“E como espera que eu acredite nisto?”

“Eu amei” ela começou, a voz firme enquanto os olhos marejavam. “e ainda amo seu sobrinho desde bem antes dessa guerra estúpida. Ainda tenho nossa aliança de casamento,” e mostrou o anel que tinha no dedo, removendo-o e deixando visível o nome de Neji, “mas o senhor acreditar ou não fica a seu critério.”.

Ah, Hizashi, parece mais que Neji está falando comigo pela boca desta mulher., ele pensou.

"Então devo presumir que a criança que carrega é um Hyuuga.", ele disse.

Podia ver que o olhar dela vacilou por alguns instantes antes de assumir um brilho novo. Ela claramente não esperava que Hiashi soubesse de seu filho - pelo menos até se lembrar da existência do Byakugan.

"Sim. Meu filho é um Hyuuga."

Ele conseguiu sentir o peso que ela colocou sobre a ascendência. Aquela criança podia pertencer àquele Clã, mas, antes de mais nada, pertencia à mãe.

“E devo presumir que a senhora tem planos para seu filho, Tenten-san?”

A expressão dela era confusa. E claramente havia notado o pronome de tratamento destinado a mulheres casadas que ele utilizara. Mas ao dizer seu nome, utilizara o de solteira.

“Não compreendo, senhor.”

“Como irá criar esta criança sozinha? Não pode crer que a família secundária deixará de amparar o seu mais novo membro, não é? E deixá-lo viver fora do Clã, com alguém que não pertence a ele?”, ele disse, as palavras duras praticamente sendo cuspidas de sua boca.

Ela parecia chocada com o que ele dizia. Claramente não sabia o quanto havia tomado conhecimento. Ela não pode simplesmente achar que esta criança deixará de seguir o caminho de todo membro da família secundária…, ele pensou.

“Obrigada, Hiashi-sama, mas”, e começou a se levantar, “eu sou a mãe deste bebê. Fui obrigada a casar escondido por medo de perder meu futuro marido na guerra, o que de fato aconteceu quando já havíamos nos casado. E ambos sabíamos que, em nenhuma hipótese, a família principal apoiaria a minha posição como pertencente ao Clã, como esposa de Neji. Não pode simplesmente esperar que eu dê meu filho a este Clã uma vez que, segundo vocês mesmos, eu nunca serei uma Hyuuga, não é?”.

Ela parecia ter lido sua mente. E, da mesma forma, não gostara nada do que vira.

E a expressão dela era dura quando fez a leve reverência e saiu do cômodo, deixando Hiashi sem palavras e com uma única certeza.

A garota sorridente havia se perdido em meio à dor da perda.

~*~

“Por tudo o que há de mais sagrado, Lee, vamos embora de uma vez.”, as lágrimas escorriam pelo rosto de Tenten. “Não suporto mais ficar neste lugar sem Neji.”.

Lee olhou-a sair do Clã Hyuuga completamente transtornada. Já não pisava com firmeza. Sua cabeça girava.

“Tenten…”

Mas ela ouvia muito pouco e muito mal. Sua cabeça parecia queimar, uma enxaqueca sem precedentes subia pelo seu pescoço, a visão embaçando.

“Tenten!”, exclamou Lee.

Sua cabeça girou , fazendo-a perder o equilíbrio, e foi nesse momento que sentiu-se amparada pelos braços de Lee. Em seguida, já estava no colo dele, sentindo-o correr rapidamente.

“Mas que merda, Tenten! Eu disse para você não se exceder!”, ele sibilou entredentes.

E o caminho até o Hospital de Konoha foi a última coisa que viu antes de sucumbir à escuridão.


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Notas finais do capítulo

NOTAS DE RODAPÉ:

(1) Obi: Laço utilizado na cintura do kimono.
(2) Hashi: No caso de adornos para cabelo, é um palito com enfeites na ponta.
(3) Seiza: Forma japonesa de sentar-se, apoiando-se sobre o torso, com os joelhos no tatami, e os dedos dos pés de tocando.
(4) Dangos: Doce feito de arroz, comumente apresentado em três bolinhos espetados em um palito.
(5) Superstição japonesa que diz que ter isso no seu primeiro sonho do ano traz prosperidade.



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