Back to New Orleans escrita por America Jackson Potter


Capítulo 6
VI




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Confusa. Eu me sentia completamente confusa. Não sabia direito o que estava acontecendo comigo. Acho que perdi os sentidos, não sei. Apenas sei que eu estava tentando sair de um lugar, um lugar que não era tão grande, mas também não tão pequeno.

Quando voltei a forma humana, senti algo estranho. Estava com meu corpo de volta, sem patas, pelos ou garras, mas estava suja com sangue em meus dedos e na minha boca.

Quando um vento bateu em minhas costas, levei as mãos para me cobrir e olhei ao redor. Não havia ninguém, nenhum sinal de Pietro. Comecei a andar para tentar achar alguém ou alguma coisa. Perto da linha de sal, vi uma mochila com uma roupa e um bilhete:

“Se acordar e encontrar isso significa que eu ainda estou dormindo na caminhonete que está no mesmo lugar, caso esteja se perguntando isso, - P”.

Coloquei o bilhete de volta na mochila e vesti a roupa. Fui para a caminhonete com calma, tentando absorver tudo e tentar preparar o que eu já iria falar para minha mãe ou quando receber a noticia de que eu matei mais alguém.

Você é uma Mikaelson, sempre vai ter sangues nas mãos. — uma voz escoou pela minha cabeça. Estremeci. Continuei andando tentando não dar importância.

Não negue o que você, Mikaelson. — outra voz falou.

— Sempre vai ter sangue nas mãos. — e mais outra.

— Nunca vai fugir do sangue, da morte!

— Para! — gritei. Escutei o eco da minha voz misturado com os sons da floresta. Os sussurros das vozes continuaram em minha cabeça, não conseguia afasta-los. Por que diabos aquilo estava acontecendo comigo, justo agora?

Continuei a caminhar pela floresta tentando não prestar atenções nas vozes na minha cabeça. Cada passo que me distanciava da floresta, as vozes diminuíam.

— Já ia te procurar. — a voz de Pietro soou e fez com que todas as vozes em minha cabeça parassem. — Sua mãe já está te procurando.

E então desabei. Minha mãe já estava ali na cidade tentando me achar. Dei a mochila para ele:

— Por que não avisou no bilhete?

— Que bilhete? — Pietro pegou a mochila. — Eu ia até te perguntar onde achou as roupas e a mochila também.

— Então quem é “P”? — peguei o bilhete e mostrei para ele. — E quem escreveu isso?

— Bem, definitivamente não é minha letra. — ele observou o papel. — E que bom que eu te encontrei, então, poderia ter sido um assassino ou sei lá.

— É. — suspirei e passei as mãos por meus cabelos. — Vamos, temos que achar minha mãe e sair daqui.

— Sim, melhor. — ele andou até a caminhonete e colou a mochila no banco de trás, me sentei no banco do passageiro e encostei a cabeça na janela.

— É normal ter uma dor de cabeça dos infernos logo depois de se transformar?

— Depende, mas isso está nos efeitos colaterais.

— E quais são os outros? — ergui uma sobrancelha e ele riu da minha cara.

— Dor de cabeça é algo comum, Hope. — ele continuou rindo e deu a partida no carro. — Estava apenas sendo sarcástico.

Não olhei mais para sua cara até que encontrássemos o carro de minha mãe estacionado no inicio da floresta com ela apoiado nele olhando algo no celular. Não esperei Pietro desligar o carro e já fui abraça-la.

— Hope... — ela sussurrou retribuindo o abraço apertado e enterrei meu rosto em seu pescoço.

— Desculpe, desculpe por tudo que eu fiz ontem. — sussurrei de volta tentando não chorar em seu ombro.

— Tudo bem, querida. — ela acariciou meus cabelos e me olhou nos olhos. — A culpa foi minha de não ter dito que se saísse da cidade, qualquer um poderia te achar.

Tentei sorrir e a abracei mais uma vez. Era sempre assim quando fazia algo de errado: minha mãe sempre tentava aliviar minha consciência dizendo que a culpa não era somente minha, mas dela também, mesmo que não tenha nenhum dedo dela no assunto.

Dava para perceber que Pietro se sentia incomodado com a cena, ele sentia falta de alguém assim. Sorri para minha mãe e fui até ele, abraça-lo. Ele se surpreendeu um pouco, mas depois retribuiu o abraço.

— Obrigada por cuidar dela. — a voz de minha mãe soou.

— Ela que se cuidou sozinha. — me afastei com a cabeça baixa e senti seu sorriso sobre mim.

Hayley sorriu e deu um passo em direção a nos dois. Abriu a boca para falar alguma coisa, mas a interrompi.

— É melhor irmos. — ela apenas negou com a cabeça.

— Estamos aqui já, e acho que você deve dar um oi para alguém. — sorri. — Encontrei com Murray que ficou muito feliz em me ver e disse que é possível que um tal de Kile ficaria feliz em te ver.

Se eu estivesse na mesma idade que eu tinha quando morei ali, daria pulinhos de alegria, mas sou crescida e não faço mais isso. Apenas dou um pulinho de alegria.

— Vamos logo. — segurei o braço de Pietro. — Você tem que conhecer Kile.

Pietro ficou sem entender o caminho todo em que eu o arrastei para a casa do meu antigo amigo. Minha mãe foi logo atrás de nós, dava para ouvir as risadas dela da cara de Pietro.

Me vi em frente a porta de Kile. Respirei fundo e minha mão congelou antes de tocar a campainha.

— O que foi? — Pietro perguntou olhando para minha cara.

— E se ele não quiser me ver? — pensei alto ainda sem tocar a campainha.

— Bobagem. — Pietro forçou a minha mão, mas desviei da campainha batendo a mão na parede. — Hope, está com medo de enfrentar um garoto é isso?

— Não, não estou com me... — não completei a frase. A porta se abriu e Kile apareceu na porta. Seus olhos cor de piscina me penetravam e sua carinha de bebê continuou a mesma. Ele sorriu para mim e retribui o sorriso. — Oi, Kile.

— Oi, Hope. — a voz havia engrossado e parecia a única coisa que mudou. Perdi-me em seus olhos e o cutucão de Pietro me fez acordar.

— Esse é o Pietro. — disse balançado a cabeça.

— Prazer. — ele estendeu a mão em direção a Pietro que me olhou ainda sem entender nada.

— Ham, oi. — Pietro disse com uma cara de tédio.

— Ok... Hope você cresceu, em. — ele virou o rosto para mim e continuou a me encarar. — Ainda continuo maior do que você.

— Cala a boca. — revirei os olhos rindo. A cara de Pietro ainda continuou a mesma. — Pensei que você iria sair daqui e ir para New York?

— E eu que você nunca voltaria para essa cidadezinha. — ele riu. Pietro resmungou.

— Vou procurar sua mãe. — ele disse e saiu da varanda.

— Não liga, ele é sempre assim. — falei dando de ombros. — E eu não estou aqui, estou em Great Falls.

— Não consegui passar na faculdade de jornalismo lá. — ele sorriu fraco.

— Não sabia que queria fazer jornalismo. — falei me encostando a uma pilastra da varanda. — Quando tínhamos 5 anos, nem falávamos isso.

— Sim, só o fato de você querer ser minha esposa. — gargalhei alto. — Mas não se preocupe, eu passei em uma faculdade.

— Onde?

— New Orleans — ele falou e senti uma bomba atômica cair em cima de mim. Pensei em todas as possibilidades que aconteceria com ele se ele fosse para lá. — Hope? — ele estalou os dedos na minha frente e eu voltei.

— Sim?

— Tudo bem? — concordei com a cabeça. — Não parece.

— Desculpe. Você falou New Orleans e me lembrei do meu pai... só isso. — Kile não fez nada, apenas sorriu fraco. — Não, não fica assim. Não precisa.

— Assim como? — ele ergueu uma sobrancelha.

— Assim. Triste por algo que não fez. — gesticulei. — Você não mudou isso também!

— Eu não fiz nada! — ele riu jogando as mãos para o alto. — Você que falou, e eu não fiz nada. — apenas abaixei a cabeça rindo e senti o sorriso de canto dele. Deus fazia anos que eu não o via e ele continuou do mesmo jeito. — Vai ficar muito tempo aqui?

— Não sei. — falei me sentando na grade da varanda e ele sentou-se no balanço em minha frente. — Depende da minha mãe e de como as coisas vão ocorrer.

— Se demorar muito, me avisa. — ele sorriu. — Temos que matar a saudade desses anos. — ri o encarando. — Que foi? É sério.

— Vai que dia para New Orleans? — não contive não responder. Se fosse demorar, daria tempo deu ir para lá e tornar a cidade segura para ele. Espere, eu não gosto dele, está bem, só me preocupo comigo mesma, porque Marcel pode usa-lo contra mim, certo?

— No final do mês. — ele respondeu me olhando — Por quê?

— Então falta muito. — pensei alto. — Mas era só para saber mesmo. Como vai sua avó? Sua mãe?

— Minha avó morreu deve fazer alguns meses. — engoli em seco. Boa Hope, minha consciência falou. — Mas tirando isso, as coisas continuam as mesmas. Nada muda aqui.

— É por isso que está indo fazer faculdade bem longe daqui? — ele concordou. — Vou te dizer uma coisa: não é tão legal ficar mudando de casa.

— As pessoas que fazem os lares. — ele rebateu.

— E você vai para uma cidade que não conhece ninguém?

— Conheço pessoas lá sim. — ele revirou os olhos. — Tem uma prima da minha mãe que mora lá.

— E o nome dela é...?

— Kaila Ruth. — ele falou rindo. — Agora conhece todo mundo de New Orleans?

— Talvez... principalmente se morar perto do French Quartel. — sorri.

— Ela mora do lado oposto. — ele respondeu levantando e apoiando o braço na pilastra que eu estava apoiada diminuindo a distancia entre nós. — Conhece então?

— O nome não é tão estranho.

— Deve ser porque ela já te conhece e tem o mesmo sobrenome que eu. — ele cutucou meu nariz.

— Idiota. — reviro os olhos e salto da grade. — Acho melhor ir, minha mãe e Pietro devem estar preocupados comigo.

— Acham que eu te sequestraria? — ele riu.

— Talvez Pietro. — rio e o abraço. — Até depois. — ele retribuiu o abraço e acenei descendo as escadas.

Pude sentir que ele ficou um pouco triste, mas ele não ligou muito. Virei a esquina tentando achar o carro de minha mãe ou de Pietro, mas apenas achei os dois encostados num ponto de ônibus conversando. Pietro foi o primeiro a me notar.

— E ai? Foi difícil assim? — ele riu.

— Não enche. — dei um tapa de leve em seu ombro. — Quando vamos voltar a busca para as curas?

— Oi, mãe, tudo bem? — minha mãe falou com uma voz fina. — Oi, Hope. Está tudo bem comigo. E vamos assim que a morte da bruxa fique mais baixa e tenhamos certeza de que ela não trabalha para Marcel.

— Até o final do mês temos que estar em New Orleans. — pensei alto. — Assim não vai dar.

— Vai dar o que? — os dois perguntaram juntos.

— Kile vai para New Orleans. — falei olhando para minha mãe. — Sabe o que isso significa?

— Marcel pode usa-lo para atrair nós. — minha mãe entendeu o raciocino.

— Tá, mas por que o humano é tão importante assim para você? Marcel sabe que ele era seu amigo?

— Meio que isso. — minha mãe falou. — Vamos embora então, temos muita coisa para fazer.

— Vocês são estranhas. — Pietro sussurrou e minha mãe o fuzilou com o olhar.

Andamos em silencio até os carros onde minha mãe pegou o dela e eu fui com Pietro. Ele sabia por que estava indo com ele, eu queria minha resposta.

— Então?

— Então o que? — saímos da cidadezinha atrás de mamãe. — Seja especifica, Hope.

— Então, eu quero saber sua resposta sobre ir comigo para New Orleans. — falei o fitando. — Ainda não falou nada.

— Não quero ficar igual ao meu pai, se quer saber. — ele falou duro sem olhar para mim. — Então, não. Não vou te ajudar a achar a cura para seus parentes, Hope, arranje outra pessoa da minha matilha.

— O que aconteceu? — ergui uma sobrancelha e ele se remexeu no volante. — Você está diferente, seu tom de voz está diferente.

— Oh, desculpe — ele disse sarcástico. — Desculpe se eu sou assim. E você não me conhece o tempo suficiente para dizer que eu estou “diferente”. — ele olhou para mim rápido com a cara fechada e depois voltou a prestar atenção no carro de minha mãe. — Você nunca conheceu alguém realmente para dizer que a pessoa está diferente.

— Não diga isso, você não me conhece. — olhei para a estrada e vi o carro da minha tomar um pouco de distancia. — Okay então, desculpe por falar isso.

— Acha que tudo se resume a um pedido de desculpa? — ele ergueu a sobrancelha. — Não se resume, Hope. Acha mesmo que, sei lá, minha mãe voltasse e pedisse desculpa, eu aceitaria numa boa?

Fiquei quieta, não iria responder sem antes saber por que ele estava fazendo isso comigo. Respirei fundo e encostei a cabeça na janela. Pelo o canto do olho pude ver que ele alternava em me olhar e olhara a estrada.

— Vou considerar isso como sim. — ele falou baixo. — Desculpas não consertam algo quebrado.

— Mas ajuda a colar. — respondi mais baixo do que ele. Ele me ouviu, pois balançou a cabeça negando.

— Continue a achar isso e você não sai do lugar. — revirei os olhos.

— E se você continuar pensando assim, nunca vai perdoar ninguém. — me remexi no banco. — E por que está assim comigo então? Estava tão bem comigo.

Ele não respondeu apenas ficou em silêncio até chegarmos a sua casa. Sai do carro e ele continuou lá.

— Vai ficar ai também?

— Desde quando te devo alguma coisa? — revirei os olhos e fui para a casa de Mary tomar um banho e dar um tempo para ele esquecer do mau humor.


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Notas finais do capítulo

Novidade: achei todas as "caras" dos personagens sem rostos da fic, vamos lá:
Jô: http://cdn02.cdn.justjaredjr.com/wp-content/uploads/pictures/2009/08/olesya-gold/olesya-rulin-gold-pants-05.jpg
Lize: http://www4.pictures.stylebistro.com/gi/Veronica+Dunne+Long+Hairstyles+Long+Wavy+Cut+-9dwec3i_Oml.jpg
Pietro: http://hairstyles.thehairstyler.com/hairstyle_views/front_view_images/11519/original/Dominic-Sherwood.jpg
Kile: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4b/Nicholas_Hoult_2009.jpg



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