Back to New Orleans escrita por America Jackson Potter


Capítulo 18
XVIII




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Tinha minha família de volta. Finalmente, tinha o meu pai do meu lado, meus tios e os únicos amigos que eu fiz. Queria que isso apenas bastasse.

Mas sou uma Mikaleson e estou em New Orleans. Ou seja, ter poder e estar vivo é algo difícil de manter. E para eu conseguir essas duas coisas, precisava que Marcel estivesse morto ou algo parecido.

As duas poucas semanas que eu consegui ao lado das minhas Ancestrais e Davina foram poucas. Conseguia arrancar o coração de alguém, conseguia envenenar meu sangue, fazer feitiços de localização e ligação, ilusões e só. Tinha que ter o conhecimento em alguma maldição para poder me ajudar.

Você é forte, tem o apoio da sua família, vai conseguir.

Esther e Dahlia estavam adorando aquela ligação que eu tinha com elas, mas desde que me tornei vampiro, que deve fazer quase duas horas, a ligação enfraqueceu. Esther disse que isso iria acontecer, pois vampiros não são da natureza e bruxas são, havendo uma guerra entre eles. Pelo menos, não perdi meus poderes e eu era a primeira pessoa que minha avó conhece que não perdeu.

É, eu era forte mesmo e esteva feliz com isso, pois agora eu me sentia forte.

— Hope — Lizzie tocou em meu ombro e dei um pulo para frente no susto.

Eu estava tendo uma conversa comigo mesma e alguém me cutuca, desculpe por assurtar ora!

— Ei, calma — ela riu e eu sorri — Sua mãe estava te chamando.

— Sim, claro — a segui para dentro da igreja e encontrei minha família reunida. Aqui era bom, muito bom. — Queria alguma coisa, mãe?

— Não queremos te apresar, querida, mas... er... — minha mãe começou a gesticular e a travar para falar. Ela estava nervosa, nunca tinha a visto assim.

— Queremos saber a outra etapa do plano — Kol falou recebendo um cutucão da irmã mais nova. — Que foi? É verdade!

— Certo, segunda etapa do plano... — olhei para eles ali em volta e percebi que Pietro estava em um canto. — Pietro! — o gritei.

— Eu estou bem aqui, não precisa gritar sabe disso. — ele veio até mim devagar, sorri fraco. — A essa altura, Marcel já sabe onde estamos e blá blá blá. Temos que sair daqui e ir para algum lugar onde não chame muita atenção. A van que estamos já deve estar sendo rastreada, então temos que achar algum outro transporte.

— E preciso ir para o cemitério Lafayette, que também já deve estar cheio. — disse.

Não! Você tem de ir com eles.

— Calem a boca. — murmurei. — Tio Kol, pode ir comigo?

— Hã, claro. — ele falou meio sem jeito. Sorri e o me virei para Pietro.

— Consegue fazer isso né?

— Confia em mim?

— Sim. Não totalmente, mas uns 90%, confio.

...

Quando estávamos perto o bastante do cemitério, segurei a mão de Kol para os dois desaparecermos.

— Invisique. — sussurrei.

— Sabe que isso é algo muito simples, não sabe? Que uma bruxinha consegue desfazer?

— Sim, eu sei.

— Ah, que bom. — passei pelo portão, senti a minha parte vampira ficar fraca e a bruxa em mim, mais forte. — Hope, você tem que me convidar. — Kol me puxou.

— Pode vir, Kol. — sussurrei e ele passou.

— Pelo o que estamos procurando?

— Nossa tumba. Eu preciso ir para lá.

— Sabe que as Ancestrais não estão mais ligadas, não sabe?

— Mas as almas banidas estão. Pensei que soubesse que nossa família inteira havia sido banida.

— Descobriu sozinha? — ele ergueu uma sobrancelha começando a andar entre as tumbas. — Uau, faz séculos que não venho aqui, mas continua a mesma coisa...

Senti uma pontada fraca na cabeça. Dahlia disse que isso iria acontecer caso alguém desfizesse o feitiço.

— Kol... acho que temos companhia. — me virei de costas e encontrei duas bruxas. Elas encaravam nos dois.

— Você tem coragem de aparecer aqui, Hope Mikaelson? Ainda acompanhada de um vampiro? — a bruxa mais alta falou e tirou o capuz, e a mais baixa fez o mesmo, provavelmente queriam mostrar os rostos, mostrar quem iria nos matar.

Mas ai que está a questão: sou uma vampira, loba e bruxa, eu não morro facilmente. E Kol é um Original, ele também não morre tão fácil.

E por que eu escolhi ele para vir comigo até a tumba? Bem, porque ele é um vampiro sanguinário, que não sente remorso (exceto quando matou Davina, mas isso é um caso a parte).

— Você ou eu lido com isso, pequena? — ele olhou para as duas e depois para mim. Me virei para elas, elas iam começar um feitiço mais Kol foi mais rápido. Chegou perto das duas e quebrou o pescoço delas. Seria impossível elas voltarem a vida.

Kol se afastou dos corpos caídos e chegou perto de mim, mas sabia que não estava olhando para mim, estava olhando para trás de mim: o túmulo de Davina era ali perto.

— Kol. — o chamei, ele balançou a cabeça e pegou meu braço.

— Temos que ajudar nossa família. Ande rápido. — ele me levou direto para a tumba Mikaelson.

Entrei e respirei fundo, tentei forçar um contato entre as minhas Ancestrais e eu, mas não deu certo. Parece que elas haviam mesmo calado a boca.

— Okay, se não vão me ajudar, eu faço isso. — fui até uma estante e peguei um giz branco e um pote.

— Hope o que... — a pergunta de Kol ficou no ar, acho que ele percebeu o que eu estava fazendo, era claro para alguém que conhecia os feitiços de Esther. Desenhei um circulo com giz branco e outro com as cinzas dentro de um pote. — Hope, quem quer que seja que você está trazendo de volta, não faça isso, é perigoso, esse feitiço é perigoso.

— Esse é o único feitiço que dará certo, Kol, e é a nossa única chance para trazermos a humanidade de Marcel de volta.

— Não vai fazer isso, Hope. — ele agarrou minhas mãos e me fez o encarrar. — Deixa-a em paz.

— Pensei que queria isso, que queria ela de volta! Davina pode nos ajudar. — falei entre dentes — É a minha única chance, nossa única chance de derrotar Marcel.

— Ela foi banida. — percebi um brilho em seus olhos e ele me soltou abaixando a cabeça. — Ela morreu, está morta, não podemos...

— Eu consegui, eu falei com ela. — levei minhas mãos ao seu rosto e o encarei. — Ela sente sua falta, Kol. Você pode traze-la de volta, só me ajude.

Ele me encarou. Não disse nada, apenas estendeu a mão, eu a segurei e comecei a dizer o feitiço.

La cendre à l'os, de la cadeira à la vie.  De la cendre à l'os, de la cadeira à la vie — ele apertou minha mão e começou a repetir comigo. — A partir de cinzas de ossos, de ossos de carne, da carne para a vida.

— La cendre à l'os, de la cadeira à la vie.  De la cendre à l'os, de la cadeira à la vie. A partir de cinzas de ossos, de ossos de carne, da carne para a vida. — fechei os olhos e apertei mais a mão de Kol, senti algo passando pelo meu corpo e depois duas mãos em meus ombros.

É perigoso, Hope...

Me ajudem, por favor. Pensei. Vou conseguir com vocês.

La cendre à l'os, de la cadeira à la vie.  De la cendre à l'os, de la cadeira à la vie. A partir de cinzas de ossos, de ossos de carne, da carne para a vida.

Elas estavam me ajudando, iria dar certo. Respirei fundo e disse mais uma vez:

La cendre à l'os, de la cadeira à la vie.  De la cendre à l'os, de la cadeira à la vie. A partir de cinzas de ossos, de ossos de carne, da carne para a vida.

Abri meus olhos, não havia nenhuma cinza mais. Olhei ao redor e não tinha mais ninguém.

— Viu? Não aconteceu nada. — Kol falou se afastando e indo para a porta. — Pode ficar aqui, eu vou ajudar meus irmãos.

— Eu vou também. — uma voz soou atrás de mim, Kol virou-se rápido, conhecia aquela voz.

— Davina? — Kol andou de vagar, fiquei apenas observando ele. Davina apareceu, seu pescoço ainda tinha as marcas das presas de Kol e a blusa estava cheia de sangue. Deveria ser a mesma roupa que ela havia morrido.

— Vou esperar ali fora, hã, não demorem. Eu preciso mesmo ajudar minha família, lembram? — comentei indo para a porta.

Me apoiei na parede da tumba e fiquei esperando. Algo que estava me incomodando era o fato de não ter mais bruxas no cemitério, e que estava um perfeito silencio. Deixei minha audição viajar e isso fez com que eu percebesse que passos estavam se aproximando. E não demorou muito para eles chegarem até onde estava.

— Mas vocês não estavam mortas? — olhei para as duas bruxas que haviam acabado de morrer.

— Não é a única que pode ressuscitar depois de morta. — a mais baixa falou. Claro que elas teriam sangue de vampiro no organismo, como eu não percebi que elas queriam mesmo era morrer?

— Hm, claro. Posso ensinar uma ou outra coisa para vocês, como bruxas não ficam com os poderes quando são transformadas. E outra coisa tipo: vocês não foram convidadas.  

Não sei como não haviam percebido essa falha no plano, era algo claro. As duas começaram a gritar de dor, suas peles começaram a queimar e inchar. Elas se ajoelharam e pediram para que eu fizesse algo. E eu fiz:

— Incendia — sussurrei e vi os dois corpos pegarem fogo até se tornarem pó, as duas gritaram, e muito.

Não demorou muito, Kol saiu com Davina. Eles pareciam confusos, apenas balancei a cabeça.

— Corpo de duas vampiras, nada de mais. — olhei para os dois. — Agora podemos ir encontrar Marcel?

...

Sabia que Pietro iria levar minha família ao Bayou, e até meu pai perceber que aquilo era apenas para esconde-los, seria um pouco tarde.

Sim, eu tenho um plano dentro de outros planos. Penso nas coisas muito rapidamente e isso faz com que pense em todos os detalhes, se algo não der certo, tenho outro, e assim vai.

— Pensei que fosse ir para sua família. — disse Kol percebendo que eu estava dirigindo para a antiga casa dos Mikaelson.

— Tudo começou aqui, e é aqui que vai terminar. — parei o carro e sai. — Não precisa vir conosco, Kol, apenas preciso de Davina.

— Não vou deixar vocês duas, não vou perder vocês duas de novo. — revirei os olhos, não queria fazer aquilo, mas não podia deixa-lo nos seguir, quebrei o pescoço dele antes de mais nada.

Estava ficando realmente boa naquilo.

Entrei com Davina e estava esperando algo mais, não apenas Marcel sentado na escada.

— Pensei que seu pai não mandava pessoas em seu nome. — ele falou rodando uma estaca na mão.

— Não vim aqui em seu nome, vim porque eu quero.

— E trouxe uma ilusão com você. Brilhante ideia. — ele sorriu sarcástico.

— Não é uma ilusão. — dei um passo atrás do outro. — É a verdadeira Davina.

— Ela não pode voltar. — ele se levantou e olhou para Davina apontando a estaca para ela. — Não sei como você fez isso, mas ela não é real.

— Sim, eu sou real. — Davina deu um passo a frente.

— Você mesma acabou com as Ancestrais, Vincent...

— Muitas coisas se concertam, Marcel, uma delas foi isso. — Davina explicou. — Eu estou de volta, pode acreditar.

— Em que acreditar? Na promessa que a família dela — ele apontou a estaca para mim, sua voz era pesada. — vai continuar com o ‘para todo o sempre’? Sabe o quanto isso custou? Sua vida, D.

— Mas eu estou de volta. E aprendi que o passado é passado, o que importa é a agora. E agora, eu estou aqui, estou aqui viva.

— Mas como? — a voz dele vacilou. Estava dando certo o plano. Eu estava conseguindo.

— Eu a trouxe de volta, eu consigo fazer essas coisas. Você pode acreditar ou não, mas sou diferente da minha família, do meu pai. Sim, eu penso na minha família, ela vem em primeiro lugar, faço de tudo por ela e fiz de tudo por ela, mas ela não é apenas aquela que tem meu sangue ou meu sobrenome, é as pessoas que estão perto de mim. — respirei fundo, escolhendo devidamente as palavras. — Você era assim para meu pai, você teve o amor dele e ainda tem. Talvez seja o único que tenha tido o amor de pai de Nik.

Marcel não respondeu. Olhou para mim e depois parou os olhos em Davina.

— Talvez exista alguns Mikaelson bons. Ela pode ser o início disso. — a morena falou, não tinha certeza, mas acho que Davina estava sorrindo. Marcel olhou para a estaca e depois para nós duas.

— Há várias definições de família, e D, você faz parte da minha família, você foi a minha família quando Klaus não foi a minha. E Hope, desculpe por tudo isso, não era a minha intenção, eu não queria te atingir, não queria tirar o amor de seu pai.

Ai dizer “está desculpado”, mas foi rápido. Marcel havia enfiado a estaca em seu próprio peito. Davina soltou um grito e eu me aproximei.

— O que você fez? — sussurrei analisando o rosto do moreno.

— O que eu deveria ter feito a muito tempo: me matado.

— Mas...

— Nada é para sempre, pequena. Um homem forte, um dia cai. Um grande rei, um dia morre.

— Usou seu próprio sangue na adaga... — sussurrei de novo e ele assentiu.

— Te segurei primeiro do que seu pai... você era tão pequena, Hope, e agora está tão grande. Desculpe por t...

Aquela frase não foi acaba. Ele perdeu forças e ficou mais um tempo, depois faleceu mesmo.

Kol apareceu depois, viu Davina abraçada com o corpo de Marcel e eu ajoelhada um pouco afastada dos dois.

— Marcel não era um homem ruim, no final. — murmurei quando ele se abaixou do meu lado. — Meu pai precisa saber, ele precisa saber que Marcel morreu.

— As notícias se espalham rápido aqui. — Kol pegou a minha mão. — Você o forçou?

— Não, ele parecia já determinado a isso. — olhei para Davina que estava vindo em direção a nós. — Ele vai ter um funeral digno, não vai ser simplesmente isso.


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Notas finais do capítulo

Péssimo aviso: faltam um ou dois capítulos para a fic acabar buááááá
Espero que tenham gostado desse cap. ♥ e sorry pela demora :x



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