Talvez seja um sonho escrita por Lorde Saphe


Capítulo 6
Silver Lining


Notas iniciais do capítulo

Esse demorou um pouco, hein? Tirei um tempo pra tentar, só tentar, colocar minhas séries em dia. Escutem a música que dá nome ao capítulo: Silver Lining - Jessie J



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/698344/chapter/6

Dia doze de junho amanheceu frio. Nuvens cobriam o sol e uma nevoa fina caminhava pelo horizonte. Era um dia perfeito para caminhar, conversar, colocar o papo em dia...parecia o dia perfeito para se ter um encontro.

Ainda meio sonolento eu caminhei até a cozinha, onde eu já ouvia minha mãe  andando por lá. O cheiro era ótimo. Tinha mais coisas que o normal na mesa. Havia uma garrafa de café, frutas, pão, manteiga, queijo, ovos e bacon. Mas também havia uma panela com arroz, feijão, frango e salada. Alguma coisa estava no forno e todas as seis bocas do fogão estavam acessas, com panelas em cima. Entrei e comecei então a colocar os pratos e talheres sobre a mesa, para minha mãe e para mim.

— Hoje a gente comemora alguma data especial? — Perguntei.

— É dia dos namorados! — Não era comum minha mãe ficar tão animada nos dias dos namorados, já que meu pai sempre estava no mar.

— Isso quer dizer que meu pai está vindo?

— Ah, não querido. — Os olhos dela piscaram. — Seu pai não dá noticias faz algumas semanas, mas sei que está tudo bem. É só que...bem, hoje você tem o encontro com a Thalia, e já que não vamos ter nossa maratona de filmes de ação, pensei em convidar os vizinhos para um jantar.

— Mãe! Não é um encontro, é só a Thalia. Nós já saímos centenas de vezes juntos. — Minha mãe sorriu.

— Bem, vejamos... — Ela fez uma cara pensativa. — Vocês dois vão sair sozinhos, num domingo, em pleno dias dos namorados, vão em um parque dedicado ao dias dos namorados, com várias atrações como: a roda gigante do amor, a barraca do amor, é, acho que você tem razão Percy, isso não é um encontro, vocês já são quase namorados. — Meu rosto deveria estar totalmente vermelho e isso não tinha nada a ver com o vapor quente do café que saía da minha xícara.

— Ah, Percy, você está tão grande. — Os olhos dela estavam lacrimejados. — Eu já separei e passei algumas roupas, coloquei um frasco de gel no banheiro, então tente fazer alguma coisa com seu cabelo, querido.

— Mãe! — Eu tomei o resto do meu café o mais rápido possível e deixei minha mãe sozinha na cozinha.

Eu estava nervoso. Ok, eu estava muito nervoso. Aquele era meu primeiro encontro. Pela primeira vez na vida uma garota queria sair comigo. E não só qualquer garota. Cara, era Thalia Grace. Nem mesmo nos meus sonhos mais impossíveis, aquilo acontecia. Bem, geralmente meus sonhos eram impossíveis, e a Thalia até aparecia em alguns, mas sair comigo? Nunca. Sempre que aparecia em meus sonhos ela tinha um expressão assassina no rosto e eletricidade parecia desprender do seu corpo. Eu definitivamente preferia aquela versão engraçada e descontraída dela. 

Liguei para o Grover e fomos jogar basquete. O cansaço sempre parecia me acalmar. Contei a ele sobre o encontro e ele tentou não rir. 

— Eu pensei em dizer algo tipo: "Cara, se você magoar a Thalia eu chutarei sua bunda", mas se você magoar a Thalia, ela mesmo vai chutar seu traseiro.

— Eu pensei que você fosse meu melhor amigo. Bem, mas você tem razão. — Grover riu e me contou que também tinha um encontro. Ele e Juníper iriam de carro até o topo da montanha e passariam a noite observando as luzes da cidade e o céu estrelado.

— Isso se vocês conseguirem se desgrudar um do outro.

— Bem, é verdade. — Ele sorriu. — Se o parque estiver chato, grude na Thalia também. Dê o seu melhor.

— Tentei acertar ele com a bola de basquete, mas os reflexos dele o ajudaram.

Depois do jogo, Grover me pediu para acompanhar ele até o centro da cidade. Ele queria comprar um presente para Juníper e disse que eu deveria comprar um para Thalia também. O centro estava lotado de pessoas comprando cartões, flores, perfumes, relógios e várias outras coisas. Vendedores gritavam anunciando seus produtos, pessoas se esbarravam, era uma confusão. Caminhamos por horas, Grover queria comprar algumas flores, mas parecia não encontrar a correta. Juníper amava flores, seu sonho era abrir uma floricultura e criar arranjos para casamentos. Em algum momento, uma senhora tentou me vender um relógio, ela disse que ficaria ótimo no meu namorado. Tentei argumentar, mas a maré de pessoas me arrastou para longe. Por fim, Grover encontrou uma loja e uma moça jovem com um brilho nos olhos se pôs prontamente a explicar o significado de cada uma, e ele comprou um buquê com dois tipos misturados, aparentemente as duas flores juntas significavam amor, carinho e confiança, ou algo do tipo.

— Essa é a melhor época do ano, não acha? As flores ficam com esse cheiro doce do amor. Flores carregam desejos, você sabia? Aposto que você rapazinho tem grandes expectativas para seu encontro hoje a noite, não é? Talvez devesse comprar um buquê também. — Fiquei surpreso por ela falar do meu encontro, mas talvez ela tivesse adivinhado. Nem era tão difícil. Eu estava em uma loja de flores no dia dos namorados.

— Ah, não, obrigado senhorita. Estou procurando algo que se pareça mais com ela.  — A moça pareceu um pouco ofendida e se afastou. Somente quando já estávamos voltando para casa, foi que consegui encontrar um presente. Em uma loja antiga chamada "O Eleito", havia vários colares de prata pendurados no teto. Um deles tinha o simbolo de um raio prateado, era muito bonito, fazia bem o estilo de Thalia e destacaria seus olhos azuis elétricos.

Num piscar de olhos as horas passaram, e lá estava eu em frente a casa dela. Minha mãe tinha se oferecido para ir me deixar, mas eu já estava nervoso suficiente sem os comentários constantes dela. Bati na porta e esperei. Minhas mãos estavam suando. Um garoto abriu a porta. Vestia um terno escuro e usava um sobretudo por cima. Ele era um pouco mais baixo do que eu, mas deveria ter mais ou menos a mesma idade. Ele sorriu.

— Você deve ser o garoto Jackson, não é? — Ele falava devagar e negros brilhavam, era como se ele carregasse uma aura que inspirasse medo.

— É...sim. Nós nos conhecemos?

— Eu sou Nico. Nico di Angelo. Thalia fala muito sobre você. — Ele mantinha a mão esquerda no bolso da calça e colocou a direita sobre meu ombro. Talvez ele fosse falar algum discurso, mas naquele momento Thalia saiu da casa.

— Uau. — Ela estava linda. Bem, ela era linda, mas naquele momento, com aquele vestido preto e com os olhos brilhando como milhões de estrelas, ela parecia uma deusa. 

Nico deu duas palmadinhas no meu ombro, deu um beijo na bochecha da Thalia e saiu. Ele caminhava com as duas mãos no bolso, como uma estrela do rock ou algo do tipo.

— E então, Cabeça-de-Algas, gostou do meu novo irmãozinho?

— Ah, ele parece meio...assustador. Mas enfim, eu te trouxe algo. — Ela sorriu. Eu estendi o cordão para ela, mas ela se virou para eu colocar. Meus dedos estavam escorregando no fecho, a pele dela estava quente.

Quando tudo estiver indo bem demais, não desconfie. Sério, não pense "Ei, isso está indo bem demais para um cara azarado como eu". O universo pode ouvir seu pensamento, e quando ele escuta, tudo muda. Pelo menos eu pensava assim, mas tudo naquele encontro estava perfeito, e nem mesmo eu conseguiria estragar.

O parque estava brilhante. Cores piscavam, pessoas gargalhavam, havia no ar um tipo de energia que eu nunca tinha sentido. O parque era enorme, com uma roda gigante imensa e uma montanha russa que me deixou tonto só de olhar. Havia barracas de comida, de jogos e várias cabines fotográficas. Mas o melhor de tudo era que Thalia estava radiante. A conversa fluía de uma maneira natural, não precisei forçar a cabeça para pensar em algo, nem mesmo houve silêncios constrangedores. Nós brincamos, comemos, e caminhamos bastante. Thalia gritou cheia de adrenalina na montanha russa e eu pensei que vomitaria, altura não era meu forte. Tiramos tantas fotos que devo ter feito todas as expressões possíveis para o rosto humano.

— Então, Percy, como está se sentindo no seu primeiro e incrível encontro? — Seus olhos brilhavam mais do que todo aquele parque junto.

— O que faz pensar que estou gostando desse encontro? É meu sorriso? Ou talvez você seja capaz de ler mentes?

— É claro que sou capaz de ler mentes. Você está com um pensamento escondido no fundo da sua cabeça desde que esse encontro começou. Estou certa?

— Isso não parece leitura de mentes, parece mais adivinhação.

— Então eu vou prever o futuro, que tal? Nós dois iremos para a... — Ela virou a cabeça para ler o nome na barraca mais próxima. — Barraca do amor. Entraremos naquele cubículo para fotos e vamos tirar uma foto de um jeito que não tiramos ainda. — Eu ri nervosamente.

— Bem, isso é um palpite. Restam bem poucos jeitos de se bater foto.

— Aqui vai uma dica então: nós não estaremos olhando para a câmera.

Depositei as moedas na maquina e entramos. Thalia sorria para mim, na câmera eu podia ver que estava vermelho. Um contagem apareceu no visor. Os dedos dela tocaram no meu cabelo e todo meu corpo ficou arrepiado. Meu cérebro parou de pensar, mas continuou reparando em tudo. Os dedos dela se abrindo e fechando no meu cabelo. Minha mão pressionando a sua cintura. O gosto de algodão-doce dos lábios. O cheiro apaixonante que desprendia do pescoço dela. Não sei quanto tempo estávamos lá, e para falar a verdade, não me importava. Depois de algum tempo, o que pareceu segundos, alguém puxou a cortina da máquina.

— Ah...desculpa, desculpa. — A moça que atendia a barraca não parecia realmente estar pedindo desculpas. Na verdade seus olhos brilhavam. — É que vocês tão aí a tanto tempo que pensei que já tinham saído sem eu ter visto. É que outros casais querem usar a máquina. — Não sei quem estava mais vermelho, se era a Thalia ou eu.

— Percy? O que você está... — Annabeth parou de falar. Seus olhos cinzas perderam a cor quando ela viu a Thalia.

Um rapaz alto estava do lado dela. Eu nunca tinha visto o cara, mas ele parecia ser um babaca. Claro, era possível ver algum tipo de beleza no corpo atlético, e no cabelo loiro-cinzento, e nos olhos azuis, mas fora isso? Pff. Ele tinha uma expressão indecifrável no rosto.

— Ei, Annabeth, essa é...

— Thalia. — O rapaz loiro pronunciou quase num sussurro. A expressão da Thalia que agora a pouco estava vermelha entrou em profundo desespero. E eu não entendi o porquê.

— Percy... — Disse Annabeth com frieza na voz. — Esse é Luke, meu namorado.

O garoto limpou a garganta e assumiu um postura quase militar. Ele estendeu a mão para apertar a minha.

— Eu sou Percy Jackson. É um prazer conhecer você Luke...

— Castellan. Meu nome é Luke Castellan.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? O próximo não deve demorar tanto, já tenho ele quase todo escrito. Tem umas ideias loucas nele, mas tudo bem. Hold on guys



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Talvez seja um sonho" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.