Ruínas da Guerra escrita por Teodan98


Capítulo 9
Assuntos Reais




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Era possível ver a lua por entre as janelas. Ela se estendia na vastidão do céu e iluminava com sua luz, através das grandes janelas da sala de jantar. A sala de jantar do castelo estava repleta de lâmpadas com velas acesas nas paredes e uma acima da mesa que iluminava mais do que todas as outras, a mesa por sua vez, possuía seis lugares, sendo dois do lado esquerdo, dois do lado direito e dois em cada extremidade, uma extremidade ficava o rei e ao seu lado a rainha, na outra extremidade a princesa e os outros lugares serviam para os convidados.

Havia poucas horas que a carruagem de Luna havia chegado à cidade, assim que chegou a princesa subiu para seu quarto em uma das torres do castelo, guardou o seu vestido, tomou banho e então desceu para a sala de janta onde seu pai e a sua mãe estavam. Na sala havia dois servos que ficavam encostados na parede como se fossem de pedras, eles seguravam os jarros de vinhos, também havia guardas do lado de fora da sala para proteger caso fosse necessário e na mesa havia apenas Luna e sua mãe, a rainha Veleda.

—Ele foi chamado para o conselho por algo de extrema urgência. – disse a rainha Valeda fazendo a sua voz ecoar por toda a sala.

—Sim eu sei disso mãe. – respondeu Luna.

Há poucos minutos atrás o rei havia sido chamado por um dos seus guardas, dizendo que os conselheiros já estavam na sala de reunião e era algo muito importante que devia ser discutido rapidamente. O rei sem opção foi para a reunião, deixando a rainha e a sua filha plantadas na mesa.

O chefe de cozinha fez um grande banquete com porco assado ao mel que era acompanhado de batata sanfonada e cebolas assadas, também havia uma grande torta de maçã, tudo isso com um bom e doce vinho e hidromel para o rei e para a rainha, mas Valeda não via necessidade de tomar hidromel naquele momento.

—Mãe, precisamos conversar. – disse Luna para a sua mãe enquanto a rainha cortava o porco assado melado a mel.

A rainha estava com um vestido vermelho coral com pequenos detalhes em dourado, o vestido era de manga e saia longas, os cabelos brancos da rainha estavam amarrados por detrás da cabeça e uma havia uma tiara dourada com pequenos leões. Já Luna estava com um vestido longo, nos lados eram de um verde escuro e na parte da frente era branco com bordas que iam de um lado para outro em verdes que serviam para ajustar o vestido.

—Claro! Pode falar! – disse a rainha colocando o porco assado com mel em sua boca, logo em seguida a batata sanfonada.

—É sobre o meu casamento... Andei pensando esses dias e preciso perguntar algo. – disse Luna. –Você e o papai não estão planejando algum casamento para mim não é?

A rainha largou os talheres ainda mastigando a comida, limpou a comida com o lenço, digeriu a comida e finalmente falou:

—Seu pai e eu conversamos muito sobre isso, durante muito tempo. - era possível ouvir os ecos dos talheres sendo batidos no prato enquanto Luna cortava a carne. - Decidimos que seria melhor sairmos do habitual e trazermos diversos homens para o castelo e você então...

—“Sair do habitual”? – interrompeu Luna questionando a rainha e esquecendo completamente da sua comida. - Mãe! Como posso sair do habitual se nem posso sair do castelo? Eu não quero que mande homens para o castelo, não sou um cachorro para fazer tal coisa.

—Não entendo o porquê desse seu questionamento?

—Por que eu quero me casar! – disse Luna. – Eu quero ter um marido, ter filhos e ser uma rainha como você mãe! – o olhar penetrante da rainha era profundo. – Quero viver uma vida fora do castelo, visitar a casa do meu marido, quero conhece-lo em algum baile ou festa. Não quero que alguém venha aqui para que eu possa escolher.

A rainha colocou o seu lenço em cima da mesa, respirou fundo e então olhou para os criados e disse:

—Nos dê licença, por favor. – os criados então saíram pela porta. – Eu infelizmente não posso deixar você sair do castelo e você sabe muito bem disso!

—Eu poderia colocar um vestido com o capuz, poderia colocar guardas que ficasse longe de mim, mas que ficaria me vigiando o tempo todo, ninguém notaria.

—Mesmo assim é perigoso filha! Eu conversei com seu pai sobre ficar presa no castelo e sei que isso é ruim, mas é necessário para a sua segurança.

A princesa então se deu conta que a sua mãe só estava a protegendo como sempre fizera.

—Tem razão. – disse Luna cabisbaixa. – E por causa dessa segurança vou ficar nesse maldito castelo para sempre.

—Luna! Olhe o palavreado! – disse a rainha olhando para ela e reparando no sofrimento de Luna. – Escute, sinto muito por isso, eu queria que fosse diferente, mas não é. Sei que ficar aqui é entediante.

—E muito!

Então a porta da sala de jantar foi aberta e de lá saiu Brielly que estava entrando de costa apontando para um dos guardas.

—O nosso acordo sobre a pele do esquilo gigante acabou aqui! – disse ela para o guarda.

As asas da fada estavam cintilantes a luz das velas, as asas mudavam de verdes para azul. A fada então virou e se deparou com Luna e a rainha, então ela fez uma grande reverência para as duas.

—Vossa alteza. Preciso conversar com a princesa, urgentemente! – disse a fada. – Se a senhora permitir, é claro.

—Precisa ser só entre as duas? – perguntou a rainha. – Também sou mulher, pode dividir seus segredos comigo.

—Mãe! – exclamou Luna.

—Claro, podem ir. – disse a rainha. – Eu janto sozinha então, sobra mais comida para mim.

—Com a sua licença. – disse Luna retirando o lenço do colo e pondo sobre a mesa e se levantando.

Após Luna e Brielly sair da sala, Luna virou para a fada e perguntou em baixo tom:

—O que foi?

—Aqui não! Vamos ao seu quarto. – disse a fada.

Chegando à torre onde ficava o quarto da princesa à fada fez questão para que Luna entrasse primeiro e então a fada entrou logo em seguida trancando a porta e verificando se o quarto não havia nenhuma criada.

O quarto havia uma grande cama de madeira esculpida com desenhos de leões e um grande véu cobria toda a cama, ao lado da cama havia um grande guarda-roupa que guardavam todas as roupas da princesa, inclusive o vestido que acabara de ganhar da mãe de Brielly. No quarto também havia uma porta para o banheiro da princesa e tudo isso era iluminado por luzes de lâmpadas com velas acesas, havia também uma enorme janela no centro que ficava por detrás de um sofá. Da janela era possível ver grande parte da cidade.

A aparência da fada estava pálida como se ela acabara de ver um fantasma, as suas mãos tremiam e seu olhar era algo surreal de se ver, Luna nunca a tinha visto assim antes.

—O que foi? – perguntou Luna. – Qual é o problema?

—É verdade princesa... É tudo verdade!

—O que é verdade Brielly? – perguntou Luna tentando entender a amiga.

—H-Hector... É verdade o q-que dizem... Ele ainda está vivo.

As palavras soaram como facadas rápidas no coração de Luna, ela teve que se recompor por um momento, o que acabara de ouvir era algo péssimo, não, era algo surreal. Tão surreal que era completamente absurdo.

—Onde... Onde você ouviu isso? – perguntou Luna.

—Eu consegui entrar na sala de reunião do seu pai, foi o pai de Dante que falou isso, ele disse que um cavaleiro do seu pai voltou para o castelo com uma mensagem do próprio Hector.

—Mas como ele pode saber que era o próprio Hector que escreveu a carta?- perguntou Luna. – E o que havia escrito na carta?

—Eu não sei Luna, mas se o leão alado falou isso para o conselho então ele deve ter certeza absoluta disso. – respondeu Brielly. – A carta dizia que ele iria atacar Sanvitale.

Outra facada no coração de Luna. Ela já não aguentava ficar de pé, as suas pernas ficaram bambas de súbitos, ela então se sentou no sofá no meio do quarto e colocou uma das mãos na boca, as suas mãos começaram a tremer. O choque ainda a infligia.

—Princesa o que eu vou lhe dizer vai parecer loucura, mas é necessário. – disse a fada se sentando ao lado da princesa enquanto as suas asas cintilavam. – A uma maneira de acabar com o exército de Hector antes que ele chegue à cidade.

—C-como? – perguntou a princesa retirando a mão da boca e usando todas as suas forças para tentar expelir as palavras da boca.

—O ranger, ele pode nos ajudar. – respondeu a fada. – Podemos dizer para ele que se não nós ajudar, não haverá floresta para proteger, o que de fato é verdade.

—Ranger? Que ranger? – perguntou novamente a princesa sem entender. – Você fala daquele elfo que tentou nos matar? Ele está morto!

—Não sabemos se de fato ele está morto. Eu estava lendo um livro na biblioteca sobre animais... Bom, isso não importa, o que importa é que eu resolvi ler sobre os rangers e descobri que não existe apenas um, existe milhares e o que aquele estava tentando fazer com a gente mais cedo, era tentar proteger a floresta.

—Ele tentou nos matar!

—É... Cada um tem uma maneira diferente de lidar com situações. – a fada respirou e continuou: - Como eu disse parece loucura, mas podemos evitar uma guerra antes mesmo dela de fato acontecer, único lugar onde Hector pode passar para chegar ao castelo é pela floresta.

Luna estava balançando a cabeça negativamente, para ela aquilo era tudo o pesadelo, desde que o dia começara tudo de ruim aconteceu, elas quase foram mortas e agora o pior elfo que já existiu estava preste a travar uma guerra com o seu pai. Luna então fitou os olhos da fada.

Brielly tinha razão, era uma boa ideia chamar os rangers para combater os elfos negros antes de eles chegarem ao castelo, parecia suicida, mas era para o bem de todos na cidade.

—Mesmo se seu plano suicida realmente der certo, eu não posso sair do castelo e não vou deixar você ir sozinha. – disse Luna.

—Eu tenho um plano perfeito para sairmos do castelo sem sermos vistas, mas para isso precisamos de um de seus leões dourados, já que eu não posso executar esse plano sozinha e nem você pode e além do mais precisamos de alguma ajudar se sofremos outro ataque.

—Sim, sim... Então chame Pedragon.

—Ele está muito ferido, eu mesmo o vi na reunião.

—Então não temos ninguém de confiança.

—Sim, nós temos Luna e talvez você não irá gostar muito.


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