Ruínas da Guerra escrita por Teodan98


Capítulo 8
Último Sobrevivente




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/698297/chapter/8

Assim que chegou ao castelo Pedragon foi para a enfermaria e pediu para que uns dos guardas levassem a sua armadura pesada para o ferreiro conserta-la e pediu para que outro guarda levasse o seu martelo para o quarto de Pedragon. Após a enfermeira cuidar de seus ferimentos Pedragon foi atormentando por suas memórias do passado, que para ele parecia ser de outra vida, uma vida abençoada e amaldiçoada ao mesmo tempo.

A grande sala era feita de mármore com grandes pilastes entre as quinas das paredes, diversas camas estavam organizadas na sala, entre elas, a de Pedragon. Em um dos lados da sala havia duas grandes portas que se abriam para o mesmo lado, grandes o suficiente para Pedragon passar por elas sem se agachar, e no oposto da porta, na outra extremidade da sala, havia grandes janelas de catedrais.

Pedragon pretendia sair daquela grande sala de enfermagem que só havia pessoas enfermes, sem braços, pernas, pessoas que foram esfaqueadas, que perderam os olhos ou até mesmo que estavam morrendo aos poucos. A enfermeira que estava cuidando de Pedragon insistiu para que ele ficasse mais alguns dias, para se curar melhor, mas Pedragon não tinha tempo para ficar ali vendo as outras pessoas enfermes ao seu redor. Ele então pediu para que os guardas pegassem as suas roupas e assim foi feito.

Chegando ao calabouço um dos guardas que estava encarregado de guardar a porta do calabouço viu Pedragon e então disse:

—Senhor? Não deveria estar na enfermaria?

—Como você sabe o que aconteceu? – perguntou Pedragon.

—Ah senhor, os boatos correm rápidos por esse castelo. – o guarda então fez uma pausa e falou: - A mesma cela de sempre?

—Sim. – disse Pedragon com o peso no coração.

O guarda então abriu a cela e adentrou por entre o calabouço. O calabouço era composto por pedras úmidas em um tom esverdeado que cobria uma vasta sala que possuía diversas celas, todas elas coberta pela mesma pedra, sendo trancadas por uma porta de madeira reforçada. O calabouço era iluminado por várias tochas que eram acessas pelos guardas todos os dias, pois não era possível enxergar sem a luz das chamas da tocha dentro do calabouço.

Dentro do grande calabouço havia dois guardas sentados em uma mesa conversando enquanto tomavam vinho e queijo. Quando um deles viu Pedragon de súbito se levantou e fez reverência, o outro por sua vez não entendeu o porquê de seu companheiro fazer aquilo, mas ele então olhou para trás e viu Pedragon, e fez o mesmo movimento.

Passando por eles, Pedragon e o guarda que o guiava pararam em uma das celas até que o guarda disse:

—Aqui senhor! – ele então pegou uma das chaves da argola e abriu a cela. -É todo seu.

Pedragon se agachou para entrar na cela, ele viu a mesma coisa que via toda vez que entrava naquela cela, pedaços de palha espalhado por toda a cela, um balde para as necessidades do prisioneiro, um banco na parede perto da porta e o prisioneiro, sem uma das pernas, acorrentado com correntes presas no chão, tudo isso com um enorme odor que circulava toda a cela. Ele estava encostado na parede úmida e estava todo sujo, assim como seus cabelos e toda a sua veste.

—Você voltou? – perguntou Wernet. –Você sempre volta isso não cansa você?

—Cansa, mas eu faço de tudo para ver o seu rosto novamente. – respondeu Pedragon.

O silêncio na cela reinou. Pedragon então buscou o banco na parede, para poder se sentar já que ele não aguentava ficar muito tempo em pé, devido a seus ferimentos nas patas, ele então sentou no banco e então olhou diretamente para Wernet.

 -Vai ser a mesma coisa? – perguntou Wernet. – Quantas vezes eu vou olhar para a sua cara?

—Até você sair dessa cela. Se sair... – respondeu Pedragon.

—Eles aparentavam serem boas pessoas.

—E eram.

—Olha, eu já pedi perdão para você, eu não sei o porquê de você sempre vim aqui toda semana fazendo a mesma coisa. – disse Wernet. – Tendo a mesma conversa.

—Porque quero ver nos seus olhos arrependimento. – disse Pedragon

—Porque não me mata? – perguntou Wernet. – Vai poupar essa vida miserável que eu tenho e saciar a sua vingança.

—Mas eu já possuo a minha vingança.

—Sua vingança é vim para cá e conversar comigo?

—Enquanto eu não puder ver você morto, sim.

—Então porque não faz isso? Tire as algemas e me mate! – disse Wernet mostrando os braços acorrentados. – Faça isso agora!

—Não. – respondeu Pedragon

 -Por quê? Tem medo? – questionou Wernet. – Ou não é capaz?

—A esposa que você matou, a minha esposa! Não iria querer que eu fizesse o que eu pretendo fazer com você!

Há três anos, Pedragon havia sido notificado que sua esposa e seus dois filhos foram mortos por um homem que invadiu a casa deles, roubou diversos objetos e matou a facadas a sua família, diziam que o homem possuía uma tatuagem em seu braço direito em formato do sol, com essas noticias Pedragon procurou por toda cidade até que encontrou o assassino e arrancou uma de suas pernas para que nunca mais pudesse fazer o que ele fez.

Os guardas impediram que Pedragon fizesse algo pior com o assassino e então o levaram para julgamento, o rei declarou prisão perpétua no calabouço. Desde então toda semana Pedragon iria se encontrar com o assassino de sua família.

—A bondade do rei... – disse Wernet. – É por causa dela que eu estou aqui. Era melhor ser sentenciado à morte.

—Se você acha isso, então o rei fez a escolha certa. – disse Peragon

Pedragon ouviu passos vindos de fora da cela até que o guarda abriu a porta e Artimus, o leão alado, entrou com sua armadura com grandes leões nos ombros e no peito, o símbolo do rei. Então ele disse:

—Pedragon. Preciso que venha comigo.

—Sim senhor! – respondeu Pedragon.

Pedragon seguiu Artimus até o grande salão de reunião do rei. O salão era coberto por diversos quadros de pinturas de reis, diversos escudos e espadas usadas por reis já mortos e também vários prêmios de caça, como cabeças de animais entalhadas. Havia uma grande mesa redonda onde o rei estava sentando junto com seus conselheiros e grandes cavaleiros dignos de sentar-se à mesa, tanto humanos como elfos brancos. Por detrás da mesa havia uma grande janela redonda com um desenho da coroa do rei.

Antes da porta ser fechada atrás de Pedragon ele então ouviu um bater de asas, ele seguiu o som com os olhos e viu a pequena fada se esconder na cabeça entalhada de um grande animal preso a parede, mas Pedragon não fez nada.

—Vossa majestade! – disse Artimus fazendo uma grande reverência ao rei e seguida por Pedragon.

—Então, quais são as notícias Artimus? – perguntou o rei.

—Meu rei, um cavaleiro que estava patrulhando o norte junto com sua equipe foi capturado por elfos negros. – disse o leão alado enquanto todos estavam espantados com a notícia. – Ele trouxe o recado que diz ser de Hector.

Então o leão alado olhou para o lado para um dos guardas e ele se aproximou com um grande saco sujo de sangue, Artemus então retirou uma cabeça decapitada do saco. Pedragon reconheceu a cabeça e viu que era um grande homem, um cavaleiro leal ao rei, ele era experiente e liderava a equipe em patrulhamento.

 Artemus então se aproximou da mesa e disse:

—Isso infelizmente não é tudo. – disse ele retirando uma carta de sua cintura. – Esta carta veio junto com o cavaleiro que sobreviveu ao ataque dos elfos negros. Ela foi escrita por Hector e diz que ele pretende começar uma guerra contra vossa alteza.

—E onde está o sobrevivento? – perguntou um membro do conselho enquanto a carta foi passando de mão a mão.

—Ele está na enfermaria com graves ferimentos. – respondeu Artimus

A carta então foi entregue na mão do rei que o devorou com os olhos.

—Não é possível! – disse o rei. – Achei que eles estivessem mortos!

—Todos nós achamos vossa alteza. – disse um elfo na mesa.

—Mande uma mensagem para os elfos brancos em Elberon e outra mensagem para os anões em Arensdorf! – disse o rei para Artemus. – Dobre a segurança por volta da cidade, use cada soldado que for possível.

—Eu já fiz ambas as coisas vossa alteza. –respondeu o leão alado. – Mas creio que os anões não chegaram a tempo para a batalha, já que é a cidade mais distante de Sanvitale. Temo também que ocorra o mesmo com os elfos brancos.

—A minha tropa será encarregado de chegar o mais rápido possível, já que somos os únicos que podemos enxergar a noite.

—Sim, sim... – disse o rei. – Onde está seu filho Artemus?

—Eu não sei vossa majestade. – respondeu Artemus. – Procurei por ele por toda a cidade, mas infelizmente não o encontrei.

—Ele vai ser de grande ajuda. – disse o rei.

—Creio que sim. – respondeu o leão dourado. – Vou deixa-lo a par da situação.

—Essa reunião acabou. – disse o rei.

Então a porta atrás de Pedragon foi aberta e ele viu a fada passar zunindo por sua cabeça, Pedragon saiu da sala e seguiu a fada, até que ela virou o corredor e sumiu.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ruínas da Guerra" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.