Ruínas da Guerra escrita por Teodan98


Capítulo 1
Contos Inacabados




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—Desde primórdios dos tempos, desde que a leste as montanhas alcançaram o seu maior nível e tocaram o céu, desde que a oeste as serpentes de água eram repletas de peixes e desde que toda Nomentum era conhecida como o mar de árvores, o mundo vivia em paz e em harmonia. - então ela respirou, e continuou – Desde daquela época todas as raças do mundo viviam juntas em pequenas aldeias por entre as grandes árvores. Música e risadas ecoavam por toda a floresta vinda das aldeias, mas então o caos reinou. Grandes bestas de asas afiadas vieram do norte com um único destino, possuir aquelas terras. Chamados de Raghar e Eldron vieram com garras afiadas, escamas pesadas e entre os dentes trouxeram o fogo. Os dragões queimaram as aldeias e onde havia as grandes árvores restaram apenas às cinzas, naquele dia o céu deixou de ser azul.

 

Ela olhou com espanto para o livro como se fosse a primeira vez que o lera, então virou a página e continuou.

— Os que sobreviveram foram para o sul em busca de refugio. Lá as quatro maiores raças se reuniram para tentar derrotar as bestas do caos, os humanos que eram conhecidos por sua curiosidade e bondade, os elfos que possuíam habilidades na magia e armas, os anões que criavam grandes armamentos, e por fim, os grandes orcs, que embora quisessem derrotar os dragões preferiram vivem longe, indo para o oeste e se preparando para uma futura guerra caso as bestas viessem para o seu encontro. De bom grado o líder dos elfos, chamado Uriath, aceitou a missão de derrotar os dragões para a paz em Nomentum reinar novamente, partindo assim, o grande líder élfico ficou encarregado de liderar os elfos brancos e negros com a ajuda de Hector.

Ela virou a página.

—Então a batalha da guerra do norte aconteceu e quando o último dragão foi morto apenas dois elfos sobreviveram, os líderes Hector e Uriath, assim, voltaram para o sul com cabeça erguida e com peso no coração. Uriath contou para os outros que seria melhor se os humanos tivessem se juntado a batalha, já Hector disse que os humanos não seriam úteis já que os elfos eram a raça superior a qualquer outra. Com esse pensamento Uriath baniu eternamente Hector, que chamou os seus outros irmãos elfos negros para viver uma vida superior às outras, e então, partiu do sul e ficou conhecido como “Hector o renegado”. Então os elfos brancos e os anões travaram uma aliança com os humanos, que se tornou rei das terras de Nomentum, construindo o reino dos humanos chamado de Sanvitale no sul, assim, o primeiro rei das terras de Nomentum surgiu. Os elfos foram por norte e sobre os ossos dos dragões construíram o reino de Elberon e por sua vez os anões construíram dentre as montanhas do leste o reino de Arensdorf e assim a paz reinou novamente.

—Bela historia, não? – disse Brielly fechando o livro grosso que era chamado de Contos Inacabados. – Toda vez que eu leio esse livro, fico surpresa.

Apesar de seu rosto exibir inocência e ela às vezes ser confundida com uma criança, Brielly por ser uma fada, tem idade suficiente para estar na historia que ela acabara de contar. Ela possuía quatro grandes asas em suas costas, que cintilava toda vez que a luz batia nas asas.

Ela vestia um grande vestido verde com pequenos detalhes em dourado e com longas mangas que deixavam seus ombros nus, mas a manga cobria um pouco acima do cotovelo até as mãos e um capuz sobre os cabelos pretos com uma rosa do lado esquerdo, suas pernas não eram cobertas, apenas uma peça que chegava até os pés.

— Quantas vezes você já leu esse conto? – perguntou Luna.

— Eu não sei. Já perdi a conta. – respondeu Brielly colocando o livro de lado. – Mas foram muitas.

Então o silêncio reinou. A carruagem balançava por causa da estrada irregular, Luna não conseguia ver o que havia lá fora por causa das grandes cortinas nas janelas da carruagem, mas ela abriu uma e por pouco tempo conseguiu ver o mundo lá fora, vendo apenas árvores, e então fechou a janela novamente.

Seu pai, o rei, dissera que seria perigoso seu não houvesse as cortinas dentro da carruagem já que constantemente seu pai era ameaçado de morte por alguns plebeus, então para segurança um dos seus servos havia colocado aquela cortina.

Dentro da carruagem havia dois estofados de couros que eram encostados na parede, um de frente para o outro, Brielly estava sentada na parte da frente da carruagem, ela adorava aquele lugar, de acordo com ela “andar para trás” era algo bom, já Luna estava no seu oposto.

— Então... Esse vestido novo é confortável? – perguntou Brielly para Luna, tentando quebrar o silêncio.

— Coça um pouco nas pernas, mas nada que atrapalhe. – respondeu Luna.

Luna estava vestida por um grande vestido dado por uma amiga de seu pai chamada Andolie que era a maior costureira de Sanvitale, possuindo uma loja que era bastante popular e ficara conhecida como a maior loja de vestidos de Nomentum.

O vestido de Luna era todo da cor roxo escuro com pequenas perolas brilhantes na parte dos seios. O vestido não possuía partes nos ombros, sendo assim, era dos seios para baixo. Da cintura para baixo era uma saia de tule longa.

— As fadas não são muitos próximos de vestidos não são? 

— Na verdade não. Algumas fadas vivem com a mesma peça de roupa por anos.

— Por quê?

— São nossos costumes sabe... Vocês têm os seus costumes, e nós os nossos.

—Sei... – Disse Luna sem saber o que falar.

Embora Luna e Brielly fossem amigas há muitos anos elas não possuíam o costume de conversar sobre o reino das fadas, o que quer que fosse.

Brielly estava batendo os dedos sobre a sua perna como se estivesse nervosa enquanto as suas asas cintilavam com a luz que entrava da janela e passava pelas cortinas.

—Está nervosa? – perguntou Luna curiosa. – Algum problema?  

—Não aguento mais... – ela então pegou o livro do seu lado e abriu, vasculhando cada página com curiosidade. – Quero saber o que mais tem aqui...

—Você nunca leu esse livro?

—Não todo. – respondeu ela.

—Sério?

—Nossa! Olha isso princesa! – disse ela apontando o dedo para um desenho de um esquilo que havia no livro. – É um esquilo, está vendo? Um esquilo!

—Agora vai dizer que nunca viu um esquilo?

—Esse não... “Esquilo gigante” – ela leu o que havia no livro. – Ah! Eu sei que tipo de esquilo é esse. Meu tio costumava me contar histórias sobre esses esquilos gigantes que transitavam perto do reino das fadas.

—Aquele seu tio aventureiro? – perguntou Luna.

—Sim, ele mesmo. Eu achava que era mentira, por que quando eu era pequena eu tinha pavor desse tipo de coisa.

—Pavor de um esquilo?

—Um esquilo gigante. Eles não são normais, é gigante. Meu tio dizia que eles chegavam à altura de um homem quando adultos, e que confundia as crianças com nozes, e quando uma mulher se vestisse com casacos que possuíam pelos que pareciam de esquilos, eles se confundiam com uma esquilo fêmea e...

—Eu já entendi. – interrompeu Luna. – Você não sente saudades do reino das fadas? Quero dizer... Seu serviço comigo já acabou faz alguns anos, você pode voltar para sua casa.

—Eu sei... – respondeu ela cabisbaixa e fechando o livro. – É que... Se eu voltar vai ser o mesmo do que era antes, as músicas, a cantoria, tudo novamente.

—E isso é ruim? – isso era algo que Luna não queria se intrometer, mas era necessário saber o porquê de Brielly ainda estar do seu lado depois de todos esses anos.

—Não, mas se eu voltar pra lá eu não vou ser ninguém. Com você eu tenho grandes aventuras iguais as do meu tio, e além do mais, somos melhores amigas não somos? 

—Sim. Nós somos. – disse Luna com um sorriso no rosto.

— Luna, queria fazer duas perguntas? – perguntou Brielly mudando completamente de humor. - Posso?

—É sobre esquilos?

—Sim.

—Então não.

—Ok... Agora tenho apenas uma pergunta.

—Pergunte. – disse Luna.

—Já faz alguns meses que você completou o vigésimo quarto dia de seu nome, se houvesse algum pretendente você me diria não era?

—Sim, mas por que a pergunta?

—Princesas antes de você com a sua idade já eram casadas, você tem sorte de seu pai não ser tão exigente com isso.

—Eu sei, mas você sabe que eu não posso ir muito longe do castelo não é?

—Sei isso dificulta as coisas.

—Exatamente.

—Se você quiser eu posso arrumar alguém, digo... Eu posso sair do castelo e ir à busca de algum garoto rico e bonito. – um sorriso se abriu no rosto de Brielly.

—Isso seria interessante. – respondeu Luna surpresa. – Mas eu não quero um esquilo como marido.

As duas ataram a rir, então Luna percebeu que eram aqueles momentos bobos que faziam as duas serem melhores amigas, e isso ultimamente estava faltando.

—PAREM! – veio à voz de Pedragon do lado de fora da carruagem e então à carruagem foi parando.

— O que será que foi isso? – perguntou Brielly.

—Eu não sei. – disse Luna com o coração começando a acelerar.

 

 

 


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