Animagus escrita por Maga Clari


Capítulo 2
Remus era um lobo


Notas iniciais do capítulo

Não falei com vocês ontem quando postei, mas agora resolvi fazer esta nota para os novatos da fic kkkkkkkkkk
Só passei pra dizer que Remus é meu maroto preferido ♥
Crush literária eterna por ele ♥



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Não é que eu esteja brava. Na verdade, não estou.

Acho que é meio impossível se chatear com alguém tão encantador quanto Remus, sabe. Creio até entendê-lo. Ele teve seus motivos. Fora certamente alertado por Dumbledore a manter o segredo. Juro que compreendo.

Mas é difícil esconder o quão triste fiquei. Pensei ser a sua companheira de matilha, como diriam os lobos. Pensei que ele confiasse em mim, sua Dorcas. Pelo visto, Remus era ainda mais inseguro do que imaginava.

— O que você pensou que eu faria? — perguntei, assim que encontrei-o no jantar.

— Não sei, Doe — seu olhos estavam baixos, passivos — Eu não queria que tivesse... você sabe...

— Não, Rem, eu não sei.

Remus respirou fundo e afundou-se em seu prato de fígado de dragão. Sua voz saiu abafada:

— E se você tivesse medo de mim? Eu... Eu não saberia lidar com isso.

Então, ficamos os dois em silêncio. Remus brincou com a comida em seu prato enquanto eu o olhava meio atordoada.

— Você não tem medo de mim, tem? — ele falou, meio de repente. E eu posso jurar ter visto um rubor em suas bochechas.

— Mas é claro que não, seu bobão!

Abracei-o de costas, com carinho. Ele riu e pude sentir o alívio naquele som divertido. Beijei demoradamente sua testa e estendi a mão para que ele me seguisse.

— Quero um último encontro antes de amanhã, na formatura.

Fomos à orla da Floresta Proibida e Remus me mostrou o Salgueiro Lutador. Ele explicou que cruzando-o chegaríamos à Casa dos Gritos, onde ele dormia durante as luas cheias.

Remus Lupin era um lobo de todas as maneiras possíveis. E nem assim eu pude desvendar seu segredo.

Um líder nato, com toda a certeza. Todos o seguem desde o primeiro ano. O melhor aluno da turma, o mais corajoso, o mais altruísta, o mais correto e ético.

Remus também é um pouco solitário, apesar de tudo. Embora tenha os meninos, sempre o vi meio distante, meio aéreo. Os meninos lhe deram o apelido de Moony, e eu juro que associei a isso: à sua constância no mundo da lua, não por sua licantropia.

Meu menino parece viver numa vida diferente da nossa. Vez ou outra compartilha risadas ou desata a vomitar teorias sobre isto ou aquilo, e a nos dar lições de moral. Entretanto, está sempre nas sombras, atrás de nós, como se não pertencesse a nossa matilha. Como se não se achasse digno de nossa companhia.

Na noite de ontem, ele e eu deitamos no gramado para observar a lua e as estrelas. Suas mãos tremiam, ele não conseguia encará-la realmente. Eu, entretanto, sempre a adorei. Por tê-la associado ao Remus, adotei o costume de paquerá-la todas as noites, como se isto me fizesse estar perto dele, mesmo antes de termos dito que gostávamos um do outro.

Sempre achei que Remus precisava de uma presença feminina constante. Somente uma garota entenderia sua personalidade sensível. Sim, eu fui a única a enxergá-lo desta maneira. Tudo lhe machucava, lhe afligia. Entretanto, nada o abalava. Pelo menos, não demonstrava abertamente. Para não perder o posto de líder, é claro.

Entretanto, Remus não era tão “santo” e bobão quanto a maioria da população de Hogwarts pensava. Aos dezesseis anos, ele me chamou para dar um passeio em Hogsmeade.

Depois disso, acho que viramos namorados. Não houve um pedido oficial, sabe como é. Mas fizemos tudo o que namorados fazem. Éramos mais próximos do que éramos com qualquer outro, trocávamos carícias e partilhávamos segredos íntimos.

Apesar disso, sempre vi algo em seu olhar que me chamava a atenção. Algo misterioso, sabe. Ele nunca me disse o que era, mas eu havia notado. É claro que sim. No entanto, eu nunca perguntei. Podia ser uma bobagem qualquer.

E ainda havia os seus sumiços. Eu nunca estive convencida de sua “doença” mensal. As meninas até brincaram certa vez, dizendo que deveria ser menstruação masculina ou talvez Remus fosse andrógeno. Era brincadeira, obviamente, mas eu me cansei de bolar teorias.

Mas agora eu vejo. Remus temia perder a sua loba.

Lily me disse, certa vez, que lobisomens escolhem suas fêmeas com o coração. E uma vez escolhida, não tem volta. Ou a forçam a procriar ou morrem de desgosto. Estávamos estudando para DCAT, e eu não lembrei mais disto até que descobri o segredo do Remus.

Eu já era sua loba e não sabia.

Por isso que ele não me disse nada. Queria evitar o meu suposto desamor.

— Eu nunca teria medo de alguém tão doce que nem você — tranquilizei-o ontem à noite.

— Sou uma aberração, Doe. Não me controlo.

— Você não tem consciência alguma?

— Tenho, claro que tenho.

— Pois então.

— Não é assim que funciona, Dorcas.

Remus tirou um frasco do casaco e abriu a tampinha.

— O que é isso?

— A poção. Hoje é lua cheia, esqueceu? Não tomei a última dose.

De repente, senti o que Remus deve ter sentido em sua primeira aventura com os Marotos. Aquele calor no coração ao quebrar regras. Algo como a mistura gostosa de burlar a própria ética e moral.

Avancei e joguei-me sobre Remus, arrancando o frasco de suas mãos. Corri e rastejei para o Salgueiro Lutador, com ele em meio encalço.

— Dorcas Meadowes, você é maluca?! Volte aqui!

Meus batimentos cardíacos deviam ter ultrapassado o limite saudável, mas eu estava louca mesmo. Curiosa. Eu queria que ele visse que eu não tinha medo dele. Que eu o amava como ele era.

Um lobo.

— Ah, não, Dorcas! Me dá esse negócio! Eu não... eu não posso... Dorcas Meadowes!

Mas já era tarde.

Estávamos na Casa dos Gritos, e as garras já apareciam em suas mãos. Havia lágrimas em seus olhos. Eu o abracei bem apertado. Aos poucos, sentia-o crescer para cima e para os lados.

— Eu amo você desse jeitinho, Rem. Não tenho medo algum.

Mas antes que um estrago fosse feito, larguei-o e subi na mesa. Agarrei seus lábios e joguei o líquido dentro.

Remus parou a transformação.

Não parava de piscar os olhos, atônito, incrédulo.

Remus pode até ser sonso, como disse Marlene, no que diz respeito às marotagens. Ele pode ser um lobisomem. Ele pode ser um monte de coisas, eu não dou a mínima.

Sou a sua loba, não posso ter medo ou aversão.

Eu o aceito.

Remus é o líder de nossa matilha e eu o admiro por ter aguentado tanta coisa para nos proteger.

Infelizmente, não podemos dizer o mesmo de todos os outros. Por isso, passo a vez para Emmeline Vance falar sobre o covarde do Peter Pettigrew.


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