Problem escrita por LelahBallu


Capítulo 21
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!
Estou de volta antes do que o imaginado por vocês (eu acho)!!
Eu espero que gostem do capítulo e tendo em vista que sim, faz um bom tempo que não atualizo essa fic, eu até sugiro para aqueles que possam, darem uma relida nela, ou pelo menos em alguns capítulos, em fim, é mais uma sugestão, sem mais delongas...

Boa leitura!



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FELICITY SMOAK

Deixei meus dedos deslizarem pelas teclas, e com um último suspiro as pressionei, deixando a melodia sair livremente quase sem pensar.

Mas algo estava errado.

O som estava errado.

Soava abafado, longínquo.

Tentei parar, mas meus dedos pareciam ter vontade própria, ignorando cada apelo de minha mente ansiosa por fazer com que a triste melodia chegasse ao fim.  Não importava o quanto eu tentasse, eu não conseguia.

— Você parece ter um problema aqui. – Ergui meu rosto, meus olhos encontrando de imediato os de Cooper. Ele estava relaxado apoiado contra o piano, uma mão apoiada ao queixo, um sorriso mínimo em seu rosto. Seu olhar deixou o meu, cuidando em avaliar o piano, eu queria me levantar, e correr, tomar distância de sua presença doentia, mas tudo o que fiz foi permanecer sentada, meus dedos ainda ocupados, deslizando, se arrastando, lutando. – Eu me lembro deste, foi o seu primeiro piano. Branco, lindo, puro. – Comentou afastando-se apenas para sentar ao meu lado. – Provavelmente foi isso que o seu pai teve em mente quando lhe deu.

— Saia daqui. – Murmurei entredentes.

— Esse é seu sonho. – Sorriu amplamente. – Você deveria ser capaz de me expulsar, não é mesmo?

Pisquei confusa, minha mente finalmente compreendendo do que se tratava.

Era um sonho.

Meu sonho.

Eu só precisava acordar.

Fechei meus olhos, a vontade gritando em forma de pensamentos. Repetindo e outra vez.

“Acorde.”

“Acorde.”

— Acorde. – Murmurei ainda com olhos fechados, eu podia escutar sua risada enquanto continuava murmurar enlouquecidamente a exigência, que logo havia se tornado um apelo. Mas eu ainda o sentia por perto, escutava sua respiração, sentia meus dedos se moverem, escutei sua risada. Por mais que eu tentasse, eu não conseguia acordar.

— Você não consegue. – Murmurou junto ao meu ouvido. Abri meus olhos para encara-lo com ódio. – Você não pode. – Repetiu. – Você nunca conseguirá se livrar de mim. Nunca pôde, nem nunca vai poder. – Sua mão se ergueu, seu dedo quase tocando minha testa, perto o suficiente para me fazer sentir o toque mesmo não havendo o contato, e ainda assim deixando-me tão enjoada como se realmente houvesse acontecido. - Estamos juntos Felicity, desde sempre, e se um dia nos separarmos, vai ser por que eu quis. Você não tem nenhum poder sobre isso.  Pare! – Gritou fazendo com que minhas mãos parassem de imediato, o encarei assustada, sua mudança de humor me amedrontando, ele então sorriu, parecendo o mesmo garoto que uma vez jurou me amar para sempre, com extrema delicadeza ele levou uma mão minha a sua boca e a beijou. – Está vendo? Você é minha. Apenas minha. – Sussurrou carinhosamente, e ergueu-se, fazendo com que meus olhos acompanhassem o movimento. Ele se inclinou, e seus lábios foram até minha cabeça, recuei tremente, mas sua mão em meu ombro impediu-me de afastar completamente. Fechei meus olhos esperando pelo fim do beijo, e senti meus olhos encherem-se de lágrimas. – Boa garota. – Murmurou suavemente. – Agora, continue.

Enquanto meus dedos voltavam a tocar no piano, como o mesmo ímpeto de antes o observei se afastar. E enquanto via sua silhueta lentamente desaparecer, tornei a repetir meu mantra, uma e outra vez, implorando.

“Acorde.”

“Acorde.”

— Acorde. Felicity, acorde! – A voz de Oliver chamou-me trazendo-me de volta a realidade, abri meus olhos, sentindo meus pulmões implorar por oxigênio, e as lágrimas descerem pelo meu rosto. Eu estava na cama, e sentia os braços de Oliver a minha volta, estava segura, mas ainda assim, sentia-me violada pela presença de Cooper em meus sonhos. – Eu estou aqui, eu estou aqui. – Oliver murmurou contra meus cabelos.

— Oliver. – Sussurrei seu nome em desespero. Precisando estar cercada por seu cheiro, pelo seu calor, por ele. Tão diferente de Cooper. Eu precisava dele.

— Eu estou aqui, anjo. – Sua voz era suave, cálida. Repleta de carinho e cuidado. – Eu estou aqui. – Deixei-me ser abraçada por ele, fechando meus olhos concentrei-me em sua voz, seu cheiro, nele.

Apenas quando me acalmei ele me soltou, não totalmente. Deu-me espaço para recuar na cama e encara-lo. Seus olhos analisando meu rosto cuidadosamente.

— Você está bem? – Perguntou-me preocupado. Assenti tentando tranquiliza-lo. – Acordei com você chamando meu nome, com o que sonhou?

— Nada. – Murmurei automaticamente, distanciando-me física e emocionalmente dele quando me levantei da cama.

— Aquilo não foi nada, anjo. – Retrucou também se erguendo.

— Eu tive um pesadelo. – Cedi. – Com Cooper, mas não foi nada sério.

— Pareceu ser bem sério. – Cruzou os braços não parecendo que iria recuar.

— Eu estou bem.  – Prometi. – Eu só não gostei de tê-lo invadindo meu inconsciente, mas eu estou acordada, e eu estou aqui com você. – forcei um sorriso. – Está tudo bem.

— Se você quiser conversar...

— Eu sei. – Assenti. – Eu sei.

— Certo. – Murmurou após me analisar por alguns momentos, ele encarou o relógio sobre a cabeceira da sua cama. – Eu tenho que ir. – Virei-me para também verificar as horas. – Preciso me certificar que Tommy esteja calmo, não fuja ou faça alguma estupidez, tenho ordens claras para não sair do seu lado hoje e deixa-lo na igreja.

— Oh. Não se prenda por mim. – Falei indo até ele e o beijando rapidamente. – Eu vou apenas vestir minhas roupas e ir para casa. Vá lá, seja o padrinho perfeito.

— Nos encontramos na igreja? – Perguntou.

— Eu serei aquela espirrando a cada dez segundos. – Alertei. Ele franziu o cenho estranhando. – Sou alérgica as flores que Caitlin escolheu.

— Eu não sabia. – Murmurou preocupado.

— Nada mudaria. – Dei de ombros. – Não se preocupe, tenho planos de chegar completamente drogada. – Sorri. Oliver me encarou atônito. – Eu estava falando sobre meus antialérgicos.  Eu percebi apenas agora, depois que falei, que foi a brincadeira errada.

— Oh, certo. – Assentiu. – Tente não fazer isso na frente dos pais de Caitlin.

— Ok. – Concordei.

— Tranca tudo? – Perguntou pegando sua carteira e sua roupa protegida com uma capa para que evitasse amassar.

— Considere feito. – Assenti vigorosamente. Ele sorriu e se aproximou, suas mãos indo até meu rosto antes de seus lábios entrarem em contato com os meus. – Eu te amo.  – Sussurrei o surpreendendo quando o beijo acabou.

— Eu também te amo. – Eu amava aquele tom, sua voz suave murmurando tão delicadamente, carinhosamente. Seus lábios voltaram a tocar os meus dessa vez em um beijo mais longo.

— Agora você precisa ir.  – Falei o afastando, ele sorriu e roubou-me um beijo a mais antes de partir. Meneei a cabeça com um sorriso e me apressei a buscar minhas roupas e bolsa. Eu havia me acostumado a deixar algumas peças de roupas em seu armário, algo do que eu não queria parar para pensar muito, mas que acabou sendo de uma grande ajuda e conveniente. Afinal eu queria deixar para trás as vezes em que eu saí de seu apartamento vestindo praticamente nada. Entrei no banheiro e me permiti um banho antes de me arrumar. Após ter me certificado que havia trancado e desligado tudo fui para o elevador, apenas quando entrei no meu carro me permiti pensar no sonho que havia tido. Em Cooper. Negando-me a ceder ao desconforto, ao medo. Liguei o carro, apenas guiando-o automaticamente, mal registrando o caminho em si até parar em frente a minha casa. Eu poderia ter entrado com o carro, mas a entrada estava bloqueada.

Thea Queen havia estacionado o seu em frente ao pesado portão, e estava sentada sobre o capô do carro, óculos escuros na ponta do seu nariz, e pernas cruzadas como se tivesse todo o tempo do mundo. A encarei com desdém através do vidro, antes de sair do meu carro.

— Isso é alguma forma de protesto? – Perguntei indo até ela. Thea apenas deu de ombros não se importando em descer.  – Quanto tempo está aqui?

— Tempo o suficiente para esperar o motor esfriar e não queimar o meu traseiro sentando em cima.  – Sorriu com diversão. Meneando a cabeça optei por subir ao seu lado forçando-a a me dar espaço.

— Ei! – Protestou. – Você vai amassar meu bebê!

— Você acabou de me chamar de gorda? – Perguntei incrédula.

— Não. – Negou. – Mas é certo que duas pessoas pesam mais que uma. – Observou.

— Eu não me importo. – Brinquei. – Seu namorado destruiu meu carro.

— E foi para uma sala de operação por conta disso. – Retrucou. – Eu acho que estamos quites.

— Diggle não está em casa? – Perguntei estranhando o fato que ela estava fora de casa.

— Eu não sei. – Respondeu. – Como vocês tem câmeras, eu acho que se ele estivesse já teria saído.

— Você não bateu? – Perguntei confusa.

— Eu sabia que você estava em Ollie. – Respondeu. – E hoje é o grande dia, Tommy e Caitlin vão se casar, Oliver não a prenderia por muito tempo em seu apartamento, ele tem que ser o padrinho perfeito, ou ao menos fingir que é. – Sorriu.

— Por que você veio? – Perguntei por fim.

— Nós vamos para o casamento deles juntas. – Falou. – Trouxe meu vestido, minha maquiagem, tudo.  – Continuou apontando para o próprio carro. – Eu vou me arrumar aqui mesmo.  – Apenas Thea poderia se convidar dessa maneira e eu não me importar. - Sara vai?

— Eu soube que Caitlin a convidou após a despedida de solteira. – Assenti. – Imagino que sim.

— Ela vai levar alguém? – Continuou.

— Eu não sei. – Dei de ombros. – Ela tinha uma ex, que virou atual, mas que vivem brigando. – Falei. – Eu não tenho certeza se ela ainda é atual. – Confessei estando um pouco confusa. – Por quê?

— Por que eu sou uma casamenteira. – Deu de ombros. – Eu não posso ver alguém solteiro. – Falou sem vergonha nenhuma. – E eu conheço boa parte dos convidados desse casamento, eu posso arranjar alguém para ela em questão de minutos. Homem ou mulher. – Sorri diante sua empolgação.  – Ela é bi, certo?

— Certo. – Assenti. – Mas não tente nada, mesmo que ela vá sozinha. – Alertei. – Sara vive solteira não por que ela goste, ela apenas não consegue confiar em ninguém.

— Hum. Interessante. – Observou.

— O quê?

— Eu acabo de perceber a razão de vocês serem amigas. São bem semelhantes, nos medos e tudo.

— Oh, por favor. – Ergui-me. – Minhas razões são totalmente justificáveis. Eu não posso confiar sequer em minha família.

— E Sara?

— É adorada pelo pai. – Falei. – Ele sempre a apoiou em tudo. – Falei.

— Mas Sara já foi abandonada, pelo o que eu soube. – Comentou se erguendo também. – Por você.

A encarei incerta de como responder a isto. Thea soltou um suspiro e segurou minha mão.

— Amizade é para ser o relacionamento mais duradouro. – Thea falou. – Em que você pode ser você mesma sem ser julgada, em que você pode confiar. Sara teve isso tudo com você, e você sumiu da vida dela.

— Qual é o ponto? – Perguntei sentindo-me mal com o que disse.

— Eu só estou dizendo que assim como você, Sara tem suas próprias razões para não confiar muito em outras pessoas. Principalmente no que se refere a relacionamentos românticos, que nós sabemos sempre serão mais instáveis e imprevisíveis do que qualquer outro relacionamento.

— Espero que você não faça nenhum brinde hoje no casamento. – Comentei com certa diversão.

— Não sem estar bêbada. – Sorriu. – Mas eu confesso que estou bem ansiosa pelo brinde de Ollie.

— Oh com certeza será épico. – Bati de leve em seu braço. – Vamos entrar. – O sol não está assim tão amigável.

— Ok. – Concordou. – Oh, Lis acho que não poderei apresentar ninguém realmente. É quase certo que teremos alguns membros do nosso corpo docente entre os convidados, e não acho que você queira Sara envolvida com algum professor nosso.

Parei bruscamente.

Nossos professores vão estar nesse casamento também?

Professores.

Mais velhos.

Que conhecem Oliver e que não tem ideia que ele namora uma de suas alunas.

— Merda. – Murmurei surpreendendo Thea.

— O quê?

— Quão chateado Oliver vai ficar se eu não quiser assumi-lo na frente dos nossos professores? – Perguntei voltando-me para ela.

— Oh você não pode fazer isso. – Alertou-me. – Ele vai ficar puto. Você sabe que ele não gostou de ser escondido de mim. A reação vai ser basicamente a mesma.

— Merda. – Repeti. – Não quero ser motivo de mais fofocas naquela faculdade.

— Pensei que você não ligava para isso. – Acusou-me.

— E eu não ligo, quando a pessoa que pode estar me julgando não é também aquela que me dá as notas. – Falei abrindo por fim a porta da minha casa. Foram apenas alguns passos até eu descobrir por que Diggle não abriu a porta para Thea.

Ele não havia saído.

Ele estava em casa.

Traseiro para cima.

Enquanto fodia minha professora.

No meu sofá.

Oh. Santa. Merda.

Talvez eu ainda estivesse tendo um pesadelo?

Eu podia sonhar com isso...

Certo?

— Puta merda! – Thea exclamou tirando-me dos meus devaneios.

— Diggle! – Se o grito de Thea havia os afastados, minha exclamação fez com que os dois se movessem atrapalhados, mostrando-me muito do que eu jamais desejaria ver da minha professora e do meu guarda costas. Fechei meus olhos e gire puxando o braço de Thea para fazer o mesmo enquanto escutava exclamações de surpresa e pedidos de desculpas vindos de Layla e Diggle.

Eu me neguei a virar até ter a certeza absoluta que estavam completamente vestidos. E quando fiz foi por que Thea que não parava de rir apertou meu braço, insistindo que eu o fizesse.

— Felicity. – Diggle chamou-me após perceber minha relutância. – Pode se virar. - Quando o fiz foi com ímpeto, deixando meus olhos caírem em cada um por vez.

Layla segurava sua bolsa contra seu peito e Diggle ainda estava ocupado colocando sua jaqueta. Respirei fundo e abri minha boca, então voltei a fechar, ergui um dedo o que fez que Layla me encarasse divertida, então olhei de volta para Diggle e voltei a abrir minha boca.

— Digg... Profe... Vocês.  – Balbuciei sem saber ao certo o que falar nesse momento.

— Stª. Smoak. – Lyla acenou. Ela parecia envergonhada e ainda assim parecia segurar o riso diante minha expressão.

— Vocês quebraram Felicity. – Thea soltou.

— Oh inferno. – Praguejei. – Isso é louco demais, minha mente vai explodir. Vocês... – Meneei a cabeça, e apontei de um para o outro. Para crédito de Diggle ele parecia muito constrangido.

— Vocês... No meu sofá. – Repeti. – Vocês...

— Transaram, foderam, copularam, afogaram o ganso, estavam fornicando, treparam, molharam o biscoito, agasalharam o croquete... – Olhei incrédula para Thea que parou ao notar que Diggle e Lyla fizeram o mesmo. – Desculpe, ela parecia ter dificuldade em se expressar. – Deu de ombros.

Meneei a cabeça querendo apagar agora não só as imagens que havia se instalado em minha mente, mas também todo o rico vocabulário de Thea.

— Ok. Eu preciso de um momento, e depois penso em como todos nós somos adultos e podemos transar com quem quisermos, quando quiser, e não temos que dar satisfação a ninguém. – Assenti. – Mas só após eu conseguir fechar meus olhos e não ver sua fodida bunda! – Terminei apontando para Diggle antes de puxar Thea pelo braço que rompeu seu silêncio caindo em gargalhadas, parando apenas para inclinar sua cabeça para Lyla.

— Nos vemos mais tarde, srtª Michaels. – Sorriu docemente.

Ótimo.

Esqueci por alguns minutos, traumatizantes, diga-se de passagem, que Lyla Michaels também estaria no casamento. Tão logo subimos as escadas,  Thea voltou a romper em risos. – Oh meu Deus, isso foi...

— Um desastre. – Falei. Não havia como ser descrita de outra forma, eu tinha aulas com a mulher. Eu a veria no casamento de Tommy e Caitlin, e depois havia ainda outras matérias durante o curso que provavelmente eu estaria inscrita e eram ministradas por ela.

Desastre, puro desastre.

— Hilário. – Corrigiu-me. – Eu nunca, nunca conseguirei encara-la novamente sem pensar no que aconteceu.

— É exatamente por isso que é um desastre. – Murmurei. Como as reações de Thea conseguiam ser tão diferente das minhas? - Eu planejo apagar isso da minha mente. – Retruquei abrindo a porta do meu quarto e permitindo sua passagem.

Thea revirou os olhos ao passar por mim.

— Felicity, deixe o amor fluir. – Falou se jogando em minha cama.

— Eu deixo. – Assenti. – Desde que o resultado não fique em meu sofá. – E lá vinha de novo, a cena se repetindo em minha mente e querendo me fazer arrancar meus olhos.

— Não seja hipócrita. – Thea virou para mim. - Vai dizer que você e Ollie não fizeram lá também? – Certo, e isso era algo que eu conversaria com sua irmã. Às vezes era difícil acompanhar o ritmo da garota Queen.

— Thea Queen, apenas cale a boca. – Exigi sentando-me ao seu lado.

— Ok. – Concordou com um suspiro, então me lançou um olhar desconfiado. - Mas eu vou ter que descer.

— O quê? – Balancei a cabeça em negativa rapidamente. - Por que você faria isso? Ela pode ainda estar lá. – Talvez eu estivesse errada, apesar de ter agido tranquilamente, bem acima de como eu agi, não acho que Lyla ficaria em minha casa por mais tempo do que fosse necessário para dizer “adeus” a Diggle. Havia sido constrangedor demais. Senão por eles, que fosse por mim.

Eu precisava de uma pausa.

Honestamente, eu sentia que havia invertido os papéis.

— Por que eu deixei minhas coisas no carro. – Explicou se ajoelhando na cama.  – E eu duvido que ela não tenha corrido porta a fora.

— De qualquer forma, espere por mais alguns minutos. – Pedi puxando seu braço, fazendo com que se deitasse novamente.

— Certo. – Concordou encarando-me com um sorriso, sua mente já navegando em outra direção. – Nesse meio tempo você vai me mostrar seu vestido, e devo avisar, sou muito exigente, se eu não gostar, você vai ter que trocar.

Ergui minhas sobrancelhas em resposta.

— Sim, por que vai ser você que vai usar. – Murmurei sem humor.

— Por que você vai estar ao meu lado. – Respondeu. – E ninguém fica ao meu lado estando menos que deslumbrante.

Revirei meus olhos diante sua frase, mas assenti concordado e precisando da distração que era Thea Queen e suas provocações. Sem esperar mais nenhuma ordem e querendo fingir que eu que tomava alguma decisão ergui meu queixo e fui até meu closet.

E foi apenas quando minha gatinha pulou em cima da cama, sua cabeça se aconchegando no colo de Thea que percebi. Luna havia presenciado tudo que havia rolado na sala.

Pobre gatinha.

OLIVER QUEEN

Deixei meu olhar escorregar pela segunda fileira do lado da noiva, sabendo que era lá onde Felicity, Sara, Thea e Roy estariam, meus olhos fixando-se nos da minha namorada que lacrimejavam antes de desviar os seus. Não era por emoção, não era pelo casamento. Não tinha como ser, se a noiva nem havia entrado ainda. Observei Felicity respirar fundo e olhar em volta como se desejasse fugir o mais rápido possível.

— Felicity está bem? – Tommy sussurrou confuso. Seu tom baixo. – Ela parece mais ansiosa do que eu, e eu sou o noivo, isso não deveria ser possível.

— Ela é alérgica as flores. – Murmurei rapidamente. – Vire-se, sua garota logo vai entrar.

— E a sua parece prestes a explodir. – Observou me ignorando. Eu ia protestar, mas minha atenção voltou para Felicity, seu peito subiu e desceu.

— Ela parece. – Concordei.

— Por que ela não falou nada? – Indagou parecendo estar dividido entre divertido e seriamente preocupado.

— Talvez não houvesse muito que fazer. – Dei de ombros. – Suponho que Caitlin tenha falado sobre a decoração e detalhes durante a despedida de solteira dela, não sobra muito tempo para mudar nada, e, além disso, quem mudaria por conta de um convidado? – Questionei resistindo a vontade de olhar para Felicity novamente. – Certamente foi isso que ela pensou.

— Bem, pelo menos ela está cercada por médicos. – Respondeu. – O que está me deixando inquieto.  – Confidenciou. - Meus melhores médicos estão aqui, eu tenho certeza que o hospital vai explodir, assim como sua garota.

— O hospital não vai explodir. – Neguei tentando acalma-lo. Logo me vi obrigado a acrescentar – Nem Felicity.

— Em três, dois...

— O que você está fazendo? – Perguntei encarando-o.

— Um. – Murmurou e no mesmo momento toda a igreja virou em direção a Felicity que soltou o espirro que havia tentado em vão segurar.  Ela corou e forçou um sorriso de agradecimento as pessoas que murmuraram educadamente lhe desejando “saúde”, ao contrário das amigas que estavam rindo sem dó dela.

Sara pelo menos tentava ocultar o riso, pressionando os lábios e abaixando a cabeça. Thea, bem, minha irmã, era minha irmã, ela jogou a cabeça para trás e riu, atraindo toda atenção para si.  Roy segurou seu braço tentando fazê-la perceber que estava longe de ser discreta. Voltei minha atenção para Felicity que agora me encarava e pisquei fazendo com que ela sorrisse e desse de ombros.

— Isso foi fofo. – Tommy murmurou ao meu lado. – Talvez você queira trocar de lugar comigo, e Felicity com Caitlin, é claro.

— Não seja idiota. – Murmurei.

— Isso é legal, eu aposto que quando eu finalmente “beijar a noiva”, seus olhares vão se encontrar, vão trocar sorrisos apaixonados, e imaginarão o lindo futuro que terão pela frente.  – Continuou colocando um tom sonhador em sua voz, irritando-me.

— Tommy. – Resmunguei.

— Sabe Ollie, eu aposto que meu casamento, será a razão para o sexo incrível que farão hoje. – Ignorou-me, virando-se completamente para Felicity e lhe dando um aceno, tive que segurar seu braço o impedindo, Felicity sem compreender o que passava apenas devolveu o cumprimento.

— Tommy. – O chamei novamente.

— Você nunca me agradeceu pela gata a propósito, eu preciso dizer, eu não acho que estou ganhando o crédito merecido pelo sucesso do seu relacionamento. – Abri a boca para fazê-lo se calar, mas o padre foi mais rápido.

Sim, o padre. Que teve que escutar todas as baboseiras que Tommy soltou.

— Meu jovem, eu acho que o seu amigo está pedindo para que cale a boca. – Tommy piscou incrédulo.

— Peço desculpas, Padre. – Murmurou respeitosamente, com seu sorriso de bom moço.

Cínico.

— Não há problema, estou acostumado com noivos nervosos tagarelando antes da entrada da noiva. – O padre devolveu o sorriso.

— Ah ele não está tagarelando por estar nervoso. – Apressei-me a dizer. – Importunamente, ele já nasceu assim. – O padre franziu o cenho e deixou seu olhar cair sobre Tommy que sorriu como se eu tivesse o elogiando.

— É verdade. – Assentiu orgulhoso.

— A noiva chegou. – O mestre de cerimônia avisou.

— Graças a Deus. – O padre murmurou fazendo com que Tommy o encarasse ofendido.

Felizmente antes que ele pudesse responder ou fazer qualquer comentário sobre, uma garota de apenas dez anos, que logo reconheci como uma ex paciente nossa, ergueu o violino e passou a tocar a marcha nupcial e depois disso nada além de Caitlin foi capaz de prender a atenção de Tommy. 

Nem mesmo os pequenos espirros de Felicity.

Caitlin estava linda, é claro, como toda noiva em seu grande dia. Tudo estava impecável, seu vestido, seu cabelo e sua maquiagem, mas conhecendo Tommy, ela poderia ter entrado de jaleco e ele ainda teria o mesmo olhar bobo enquanto a observava avançar lentamente, passo atrás de passo, pelo extenso corredor. Ele estava tão absorto, tão maravilhado, que tive que empurrar seu ombro para fazê-lo avançar e ir até ela no passo final, ele apertou a mão do pai de Caitlin e murmurou algumas palavras simbólicas antes de pegar as mãos de Caitlin nas suas e beija-las delicadamente, seu rosto tomado pela emoção. O resto da cerimônia passou quase rapidamente, meu olhar passando dos noivos para Felicity, que apesar de tentar resistir, seguia espirrando, tomando o cuidado para não chamar atenção demais para si.

Ela tentou me tranquilizar com o olhar, uma pequena repreensão deles, dizendo-me que eu deveria voltar a prestar atenção no casal a minha frente.  Minha mente registrava vagamente as palavras proferidas pelo padre, mas foi quando ele trouxe o momento das trocas das alianças que seria após os votos dos noivos, que eu realmente prestei a atenção, por que apesar de ter tentado o meu melhor para ajudar Tommy, eu ainda não tinha ideia de como era seu voto. Tentei encara-lo, mas seu olhar estava fixo em Caitlin que sorriu abertamente e se virou para ele, sendo ela a primeira a proferir as palavras.

Caitlin soltou uma respiração profunda, parecendo mais nervosa agora que havia chegado esse momento. Seus olhos brilhando com lágrimas não derramadas, a observei vira-se para sua mãe que estendeu para ela uma folha, seus votos escritos ali.

Tommy estava perdido.

 - Tommy. – Murmurou com a voz embargada. – Parece que foi ontem que eu entrei naquele hospital, e me apaixonei a primeira vista.  – Tommy sorriu. – Não era você é claro, nosso amor não foi a primeira vista, não pelo meu lado, você sabe disso. – Tommy deu de ombros. - Eu estava falando do emprego, do local, da cidade. Essa era minha busca quando cheguei a cidade, o trabalho perfeito, a casa perfeita, até mesmo o restaurante de esquina perfeito, aquele que fica perto o suficiente para ir a pé, mas não demais para ser considerado um ato de preguiça. Eu nunca estive atrás de amor, de sonhos românticos, de um parceiro. Você foi uma surpresa, uma surpresa irritante no começo, mas que rapidamente e um pouco contra minha vontade se transformou em muito mais. Eu sei que você diz que eu fiquei com a parte difícil, mas você está enganado, foi tão fácil me apaixonar por você Tommy Merlyn.  Não apenas porque você é, e eu quero deixar claro que estou citando você no momento, “O partido perfeito: Charmoso, alto, bonito, rico e com sorriso de menino” não, não é apenas por isso. Você é tão divertido, e bom. Você ama seu trabalho tanto quanto eu amo o meu, e respeita isso. Você tem um lindo coração Tommy, e como uma cardiologista, eu tenho autoridade para dizer isso. Eu me apaixonei por ele, por seu coração, pela bondade que há nele e nada me deixa mais feliz que após tantos e tantos anos cuidados dos corações dos outros, eu finalmente encontrei alguém para confiar o meu. Você. Este é meu coração Tommy, e é seu.

Observei Tommy respirar fundo, absorvendo as palavras ditas, tomando as emoções que haviam nelas.

O amor.

— Eu acho que é minha vez. – Tommy murmurou nervoso. O padre assentiu. Os olhos de Tommy voltaram para o de Caitlin. – Você tinha que ser a melhor em tudo não é mesmo?

— Onde estão seus votos? – Caitlin perguntou baixinho. Tommy tocou sua própria cabeça com o indicador. – Oh Deus.

— Confie em mim. – Sorriu. – Seu coração é meu lembra?

— Oh, eu confio meu coração a você, mas não os votos. – Retrucou rapidamente. O padre pigarreou chamando a atenção deles. – Desculpe.

— Continuem. – O padre gesticulou, indicando que era a vez de Tommy. Ele assentiu parecendo mais uma vez precisar tomar uma longa respiração.

— Catlin.  – Sua voz saiu pesada, como se o mínimo esforço de dizer seu nome fosse demais. Fosse muito, e ainda assim, não fosse o bastante. Observei Tommy engolir em seco e pela primeira vez, em muitos anos pude vê-lo sem palavras. Sem uma resposta rápida e esperta, sem seu sorriso idiota que o tinha colocado em tantos e tantos problemas, o mesmo que havia o tirado de tantos outros. Que o tinha trazido a este momento. – Eu venho tentado de muitas, muitas maneiras, algumas um pouco ridículas, talvez mais do que um pouco. – Sussurrou baixinho, para ninguém em especial. – Encontrar as palavras certas para fazer desses votos, nada menos que inesquecível. Especial, ousaria até mesmo sonhar com “perfeito.” – Confessou. – Mas eu não pude. – Deu de ombros. – Eu não posso. Eu jamais poderia. Não há palavras o suficiente para descrever como eu me sinto em apenas estar ao seu lado, e não apenas nesse momento, como em todos os outros, até mesmo os mais banais, principalmente os banais. Eu me sinto grato, eu me sinto maravilhado, eu me sinto seguro, e ainda assim assustado. Eu nunca amei tanto alguém em minha vida, como eu amo você, eu nunca temi tanto perder alguém, como eu temo perder você. Nós dois trabalhamos muito perto da morte, para saber quão importante é a vida, frágil. Para entender o quanto você faz parte da minha, e é importante para mim. Eu amo você tanto. Eu posso ser o cara divertido, aquele que sempre tentará trazer um sorriso ao seu rosto, mas também serei aquele que entenderá quando não puder fazê-lo, e que estarei sempre ao seu lado, mesmo que seja apenas para estar lá, eu posso ser o melhor partido que uma mulher poderia ter... – Sorriu para ela, e então piscou, fazendo com que ela sorrisse também. – Mas você é o melhor presente que a vida poderia ter me dado, e se eu tenho seu coração, você pode ter certeza Caitlin Snow, que você tem a mim. Pegue o que quiser, cada parte pertence a você. Eu serei o homem mais feliz do mundo, enquanto puder ter a chance de fazer o mesmo por você.

Sorri percebendo que ele havia chegado ao fim. Ele conseguiu, o idiota conseguiu fazer com que Caitlin se apaixonasse ainda mais por ele. E eu não havia achado que isso seria possível. Ela sorria, um sorriso acompanhado por lágrimas.

— É eu acho que não foi tão ruim assim. – Caitlin murmurou arrancando alguns pequenos risos, mesmo o padre cedeu à alegria contagiante, ele sorriu e prosseguiu com a cerimônia, no momento da troca das alianças, as mãos de ambos estavam tremetes, e Tommy quase estragou quando por pouco não deixou a de Caitlin cair no chão, na hora do beijo ele não poderia se contentar com um delicado e rápido beijo, ele começou assim, por Caitlin, pelo momento, por eles, mas esse era Tommy, em algum momento ele voltaria ao normal, atrairia as atenções, ele a inclinou em uma cena digna de cinema e a beijou, arrancando aplausos, sendo parado apenas pelo padre que tocou levemente em seu ombro.

Depois disso era oficial.

Tommy Merlyn havia finalmente casado com Caitlin Snow.

O bastardo havia conseguido.

Olhei em direção a Felicity, mas meu sorriso foi interrompido ao notar que ela já não estava mais lá, e por mais que desejasse ir atrás dela, tinha que respeitar toda a formalidade desse último momento. Foi apenas quando consegui pisar fora da igreja que voltei a girar o pescoço em busca de Felicity.

— Ela está atrás da igreja. – Girei meu corpo para ficar em frente a Sara. – Thea está com ela, aparentemente os últimos minutos foram muitos difíceis para ela.

— Difíceis? – Perguntei confuso.

— Ela não consegue parar de chorar. – Falou.

— O casamento a deixou assim tão sensível? – Perguntei estranhando ainda mais seu comentário.  Não parecia com minha Felicity. Sara me encarou com desdém. Tardiamente me lembrei da razão pela qual minha namorada estaria chorando, fato que esqueci por que eu mesmo me vi envolto pelo casamento, não pude me corrigir, Sara foi mais rápida em me repreender.

— São esses malditos filmes de comédia romântica que estragam nossa fama, certo? – Meneou a cabeça. – Os olhos dela estão ardendo, e a maldita garganta está fechando por que ela é alérgica, lembra?

— Oh.

— Oh. – Repetiu. – E vendo que você é o namorado, então...

— Certo. – Assenti.  – Estou indo. – Falei, mas antes que eu pudesse dar um passo sequer, a voz de Malcolm Merlyn soou atrás de mim.

— Oliver. – Repetiu se aproximando. – Precisamos que você vá conosco no carro que está saindo agora. – Era para ser um pedido, mas nada que fosse dito por Malcolm Merlyn soava como um pedido.

— Eu sinto muito... – Tive pressa em negar. - Eu ia com minha acompanhante...

— Ela está só? – Ele interrompeu-me.

—Não exatamente. – Fui obrigado a responder.

— Temos alguns problemas com a recepção, e precisamos resolver antes que todos cheguem. – Confessou. – Precisamos do padrinho. – Frisou lembrando-me das minhas obrigações para com os noivos.  Encarei Sara que olhava de um para o outro. Malcolm entendeu errado, pois logo se dirigiu a ela. – Você é a acompanhante, podemos ceder um lugar no nosso carro quando eu voltar...

— Eu sou a amiga. – Ela ergueu uma mão o interrompendo, então me encarou. – Pode ir, vamos esperar Felicity melhorar um pouco mais antes de irmos também, já que não duvido o lugar vai estar cheio de flores assim como a igreja.

Considerei sua proposta.

Não gostei da ideia, odiei a situação. Não queria deixar Felicity. Eu não estava muito confiante em deixa-la quando estava no meio de uma crise alérgica. Mas eu era o padrinho, não podia simplesmente sumir justo quando os noivos precisavam.

— Está bem. – Cedi. Virei-me para Malcolm. – Deixei-me apenas encontra-la antes...

— O carro só está esperando por você, Oliver. – Respondeu deixando claro que em sua impaciência que minha relutância o desagradava.

— Vá. – Sara indicou com o queixo. – Mantemos contato. – Prometeu.

— Certo. – Suspirei. – Se ela não estiver muito bem, mande-a esquecer da coisa toda, sei que Caitlin entenderá. Leve-a para meu apartamento e...

— Oliver... – Malcolm murmurou olhando para o relógio.

— Apenas cuide dela. – Falei antes de me virar e caminhar com relutância lado a lado com o pai do meu melhor amigo. Nunca gostei muito dele, para ser sincero, nem mesmo Tommy nutria grande afeição por seu pai. Mas nesse momento, não acho que nunca odiei tanto Malcolm Merlyn.

Minha raiva foi aumentando depois que cheguei à festa do casamento, todos os pequenos problemas que surgiam podiam muito facilmente, serem solucionados por basicamente qualquer um que tenha sido contratado para a organização do maldito casamento. O que Malcolm não queria era lidar com as pequenas queixas. Tommy e Caitlin tiveram que se trocar e depois circular pela recepção antes de participar de cada pequeno detalhe planejado cuidadosamente pela equipe, os pais de Caitlin não estavam envolvidos diretamente com o casamento, tendo chegado apenas hoje para a cerimônia e partiram logo após, e o único a servir de ponte de comunicação entre a equipe e os noivos foi eu.

Suponho que deveria ficar feliz por ser considerado confiável pelos dois, mas após resolver mais uma estúpida e pequena complicação relacionado a uma das mesas dos convidados fiquei puto. Eu deveria estar curtindo esse casamento junto com Felicity, era para eu ser um dos convidados, nesse ritmo logo mais eu tomaria o lugar de mestre de cerimônias. Foi apenas quando me senti liberado para sentar em minha própria mesa e após ver que meus pais estavam lá, o que me deixou ainda mais azedo foi que percebi: Felicity não estava lá.

Então com um aceno rígido para meus pais eu tomei o caminho inverso, evitando a minha mesa. Avançando por entre as mesas procurei por um refúgio. Eu precisava fazer uma ligação. Com o cenho franzido busquei uma sala vazia e bati nos meus bolsos procurando meu celular, para minha irritação percebi tardiamente ainda estava desligado. Em respeito a cerimônia eu havia o desligado, sabia que estava sendo bem substituído no hospital e que se fosse preciso um dos inúmeros convidados que estavam ligado ao hospital me avisariam.

Mas o problema agora era Felicity, e onde ela estava.

— Achei você. – Tommy falou entrando na sala, ergui meu rosto enquanto esperava o celular iniciar.

— Se eu tiver que resolver alguma merda desse casamento de novo, eu juro, Caitlin ficará viúva. – O ameacei. Ele ergueu as mãos em sinal de paz.

— Eu estava te procurando por que daqui a pouco teremos o discurso do padrinho. – Alertou-me. - Espero que não me decepcione.

— Não se preocupe Tommy, se você foi capaz de falar algo coerente, eu também posso. – O provoquei levando meu celular a orelha. – Você viu Felicity por aí?

— Depois da cerimônia não vim ninguém que veio com ela – Respondeu prontamente. – Inclusive ia pedir um favor a ela. Soube que ela toca piano...

— Ela não vai tocar para vocês. – Cortei. Ao perceber que a chamada foi para caixa postal, procurei pelo contato da minha irmã. Voltei a encarar Tommy. Ele me encarava em dúvida. – Não é apenas por não ter sido combinado ou ensaiado antes, é algo pessoal para ela, é um tema delicado.

— Ok. – Assentiu respeitando.  – Eu acho que... – Ergui um dedo o interrompendo ao escutar a voz de Thea soar do outro lado da linha, Tommy me dirigiu um gesto obsceno, mas o ignorei.

Ollie. – Sua voz tensa foi logo um alarme para mim, fazendo-me ficar imediatamente tão tenso quanto ela.

— O que aconteceu? Ela piorou? – Perguntei atraindo o olhar de Tommy e não perdendo tempo com cumprimentos. Comecei a andar pela sala, sentindo-me inquieto. – Vocês foram para o meu apartamento, ou tiveram que ir a um hospital?

Pior. Oliver, ela sumiu. – Soltou angustiada. Parei em brusco, sentindo meu sangue congelar, mal conseguindo definir o sentimento que me sobrecarregou.

— Thea...  – Sussurrei, quase falhando em me comunicar com ela. - Onde está Felicity?

Eu não sei. — Desencadeou a falar nervosamente. — Só a deixamos sozinha por alguns segundos. E então ela sumiu. — Respondeu, o desespero presente em sua voz. – Eu sinto muito Ollie, estamos procurando por toda parte, falamos com Diggle, tentamos falar com você. — Sua voz ficou embargada pelo choro. – Seu celular... A polícia... eu não sei se podemos chamar a polícia...

— Thea, preciso que seja coerente. – Pedi. Pois eu mesmo não conseguia entender muito nesse momento.

Diggle acha que foi Cooper. – Esclareceu. – Falamos com os pais de Felicity, a mãe dela está desesperada, e o pai não quer envolver a polícia agora. Diggle está tentando rastreá-la...

— Cooper. – Repeti sabendo que provavelmente era isso que havia acontecido. Ele havia finalmente conseguindo pega-la, e agora que a tinha, todos nós só podíamos imaginar o que faria.

Aquele fodido havia colocado as mãos em Felicity.

Meu coração se encolheu ao imagina-la sendo tocado por ele.

Ao imagina-la de alguma forma sofrendo em suas mãos.

Senti a mão de Tommy em meu ombro e percebi que ele tirava o celular das minhas mãos. Eu havia ficado em silêncio e deixado Thea chamando meu nome, sua voz ecoando em meu ouvido. Eu não conseguia pensar direito, mal conseguia assimilar o que estava acontecendo. E só agora conseguia por fim definir o que me assolava.

Eu estava com medo.

Aterrorizado.

Felicity estava nas mãos de Cooper e eu não conseguia fazer nada mais que imaginar o pior.  A preocupação me dominou, abafando a voz de Tommy que seguia falando com Thea, sua voz soando com estática aos meus ouvidos.

Apenas um pensamento soando claro em minha mente.

Eu não podia perdê-la.

 

 

FELICITY SMOAK

Eu deveria ter percebido.

Sentia-me uma tola agora. Se tivesse parado e pensado em meus pesadelos, talvez tivesse compreendido todas as dicas escondidas nele. Se tivesse sido uma daquelas garotas que buscam na internet o significado de sonhos, eu teria tido minha resposta, e teria talvez ficado mais alerta. Devia ter entrado na caixa de pesquisa, e ter digitado “O que significa sonhar com seu ex psicopata que afirma ter pleno domínio sobre você?” . A resposta ia estar lá, clara como água:

Você vai ser sequestrada, sua idiota.

Joguei minha cabeça para trás e gemi de dor quando se chocou com a cabeça do homem atrás de mim. Ele soltou um resmungo e um gemido de dor, perceptível mesmo abafado pelo pano em volta da sua boca. Para completar minha total falta de sorte, eu não havia sido sequestrada sozinha, de todas as pessoas do mundo, eu tive que ter como companhia ninguém menos que Alex Davis.

Poderia ser cômico, se não fosse trágico.

Com algum esforço consegui me livrar do pano, mas não perdi tempo gritando, sabia que não ia dar em nada. Eu nem sabia onde eu estava só ia chamar atenção de Cooper, e preferia não lembra-lo da minha existência. Sabia que as coisas se tornariam gradativamente piores quando ele voltasse.

— Alex. – O chamei em tom baixo, como ele estava as minhas costas eu não podia encara-lo, mas se o gemido era algo, significava que ele estava quase acordando. – Alex! – Insisti.  – Alex seu idiota, acorda. – Chama-lo por seu segundo nome deve ter tido algum efeito, pois escutei seus resmungos, nada que eu pudesse entender, mas estava alto o bastante para me preocupar e irritar, eu não queria e não podia lidar com Cooper no momento. – Cala a boca, seu estúpido. – Tentei mover minhas mãos, quem sabe alcançar as deles e solta-lo, mas era inútil. – Você consegue cuspir esse pano fora? – Mais alguns resmungos e sons que me fizeram ter ânsia de vômito até que eu pudesse escuta-lo, literalmente cuspir o pano fora.

— Que merda está acontecendo aqui, Barbie? – Sua voz soou rouca, e se eu estava certa, definitivamente havia desespero ali. Bom, eu precisava que ele entendesse quão séria era a situação, mas estava irritada demais para lhe dar uma resposta séria e lógica. Tudo começou comigo indo a um casamento, por Deus, eu podia muito bem ter ficado sem a parte do sequestro. – Barbie?

— Eu desenharia, mas minhas mãos estão presas, tente usar um pouco a imaginação. – Resmunguei.

— Não me venha com sua arrogância agora, eu só estou aqui por que tentei salvar sua estúpida bunda. – Lembrou-me. - Quem era aquele cara? Ele parecia te conhecer. – Perguntou irritado. Eu precisava dar o crédito a ele, quando me viu sendo jogada no carro de Cooper, ele realmente tentou me salvar, era de se esperar que sendo maior e mais forte tivesse tido êxito, mas Cooper estava armado, e Alex só faltou mijar nas calças após perceber isso.

— O que você estava fazendo lá? – Ignorei sua pergunta, finalmente estranhando a situação.

— Eu fui convidado. – Rebateu. Tentei forçar minha mente, buscando descobrir em que momento exatamente isso havia acontecido, mas conhecendo Caitlin e quão bêbada ela havia estado naquele dia poderia ter sido até o último minuto quando eles estavam partido e deixaram apenas Oliver e eu para atrás.

— Você foi o stripper! – O lembrei. - Catlin estava bêbada quando o convidou.

— Ainda assim, era um convite. – Tentou dar de ombros. – Verbal.

— Chegou atrasado.

— Sou ateu.

— E o quê? Medo de pegar fogo se entrar em uma Igreja? – Questionei enquanto tentava mais uma vez me soltar das amarras. Eu nem tinha certeza do por que estar perdendo meu tempo discutindo com Alex. Mas eu estava.

— E que não preciso fingir acreditar em tudo o que vem antes da recepção. Toda a baboseira de Deus abençoando uma união em que apenas os dois deveriam se importar. – Respondeu. - Eu estava interessado na comida, não no drama do casamento. Quer parar? – Exigiu. - Você não está conseguindo.

— E você não está tentando. – O critiquei.

— Eu tenho experiência o suficiente, para saber que só quem conseguirá nos soltar, é quem nos prendeu.  – Respondeu sem humor. – O que você ainda não me respondeu, aliás.

—Experiência? Suas clientes gostam de ficar presas? – Estreitei os olhos. - Ou é o contrário? -Questionei tentando apagar a imagem que surgia em minha mente.

— Eu não sou um prostituto. Eu sou um stripper! – Reclamou. – Experiências pessoais, Barbie. Algo que você gostaria se quer saber, e sobre sua última pergunta, só participando para saber a resposta.

— Não, obrigada. – Suspirei. – Ser sequestrada com você já é meu limite. Por falar nisso, qual é sua palavra segura? – Não consegui resistir provoca-lo. De alguma maneira eu sabia, nesse cenário, Alex não era o dominante.

— Quem. É. O. Cara? – Perguntou impaciente.

— Meu ex. – Falei por fim.

— Seu gosto é podre. – Respondeu.

— É, eu vou ter que aceitar essa. – Suspirei cansada e deixei minha cabeça descansar contra ele. – Por que você não ficou quieto Alex? Teria sido mais prudente, e de mais ajuda. Agora ninguém sabe onde eu estou. – Tentei imaginar como todos estavam agora. Deus, Oliver devia estar tão preocupado. - Você poderia ter ficado e falado com a polícia.

— Eu sei que sou um idiota para você, mas não costumo ignorar mulheres sendo sequestradas. – Resmungou.

— Ele vai te matar. – Falei finalmente deixando o medo me dominar. – Você sabe disso, certo? – A falta de resposta me mostrou que ele estava seriamente pensando nisso. – Cooper é impulsivo, facilmente irritável, o imbecil tem uma arma na mão, ele vai te matar na minha frente, e depois nós dois sabemos o que vai acontecer.

Isso pareceu provocar uma reação nele.

— Já aconteceu antes? – Algo no timbre de voz de Alex, me fez ver ele sob outra perspectiva, ele parecia seriamente preocupado e enojado.  – Ele já te...

— Ele tentou.  – O interrompi. – Falhou, e seu ego é o que nos trouxe aqui.

Que eu estivesse conversando com isso com Alex era de surpreender, principalmente porque não esperava que ele fosse de fato mostrar tanto repúdio pela possibilidade. Nunca descartei a chance de Alex ser exatamente como Cooper.

Demorou alguns longos segundos até que ele voltasse a falar.

— Vamos dar um jeito de te tirar daqui. Eu prometo. – Suas palavras foram como uma chave, teve o poder de abrir as portas que impediam as lágrimas chegar aos meus olhos. O medo foi deixado de lado, e a tristeza o substituiu, já era muito estar ciente de que seria testemunha de sua morte quando pensava nele em apenas um idiota, como alguém talvez capaz de cometer as mesmas atrocidades de Cooper.

Agora tudo parecia muito pior.

Eu não podia lidar com a morte de Alex em minha consciência.

Isso se eu sobrevivesse a Cooper em primeiro lugar.


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Notas finais do capítulo

Capítulo entregue!
Espero que tenham gostado e como sempre, vejo vocês nos comentário!!

Xoxo, LelahBallu.



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