Problem escrita por LelahBallu


Capítulo 17
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Hey hey!!
então, demorei, eu sei. Estive um cadinho ocupada, e não pude vir antes. Então, peço desculpas pela demora e peço também paciência, por que vem mais provas por aí e disso não posso fugir. Agradeço todos os comentários, aqui e no twitter, pelo carinho e pla atenção.
Agora quero deixar aqui meu Xoxo especial para a Luna Loveggod (Vocês sabem bem quem é) pela linda e maravilhosa recomendação, você costuma dizer que sempre recomenda alguma coisa minha eu demoro a postar, peço desculpas por isso, e espero que o capítulo esteja a altura de sua recomendação. Esse capítulo é para você, espero que goste!!
Boa leitura a todos!!



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OLIVER QUEEN

Girei a chave e abri a porta do meu apartamento deixando escapar um suspiro cansado. Havia é claro grande alívio em finalmente voltar para casa, mas junto a ela tinha a decepção em estar sozinho.

Que inferno de dia.

Para ser sincero os dois últimos dias vinham sendo uma verdadeira provação. Um verdadeiro inferno. Felicity havia ido para a casa dela ontem após receber alta, e após algumas breves palavras trocadas entre nós dois onde eu disse que a levaria, e ela disse que sentia melhor indo com Diggle, não havíamos mais nos falado. Exibiu um sorriso forçado e culpado por estar dispensando minha companhia, mas estava claro que não mudaria de ideia, ela precisava ficar sozinha e até certo ponto eu entedia isso.

Eu mandava mensagens e ela respondia apenas com “Eu estou bem, um pouco cansada, vou dormir um pouco.” E então se despedia vagamente.  Mais claro que ela estava me evitando impossível.  Se fosse possível ela me evitar no hospital provavelmente ela teria conseguido, mas ela só foi embora após ter mais notícias de Roy que estava se recuperando da cirurgia em um quarto na UTI. Tentamos tranquilizar ela e minha irmã, dizendo que logo ele sairia de lá para um quarto normal e logo elas poderiam visita-lo tranquilamente, mas Thea estava decidida a acampar no hospital e Felicity só foi embora por que a própria Thea pediu a amiga que fosse descansar.  Eu queria ter podido ir com ela de qualquer forma, mas eu havia deixado de lado algumas das minhas obrigações enquanto estava preocupado com ela, então eu não poderia apenas tirar um dia de folga e ficar a rondando.

Este era o primeiro momento em que eu tinha podido sair do hospital em horas, e apesar de querer ir direto para sua casa, eu sentia que no momento eu não seria bem vindo. Eu me sentia um pouco irritado com isso, tudo não havia passado de um mal entendido e não era como se eu tivesse mantendo Felicity e Isabel.

Não era como se eu tivesse tendo um caso com a morena, como se eu estivesse traindo Felicity. Ela estava transformando uma coisa pequena em algo de proporções enormes.  Felicity estava sendo completamente infantil.

Não.

Eu precisava ser justo aqui.

Desde que havia gritado comigo no Pronto Socorro do hospital, ela não havia feito mais nada semelhante, manteve-se calma e contida e mesmo o episódio no PS podia ser facilmente explicado devido todo o estresse do acidente. Sua despedida foi cortês e distante, mas não era uma vingança, não era um comportamento proposital para me chatear, e talvez fosse essa parte que me incomodasse mais. Eu não sabia exatamente como estávamos, e por mais irritado que estivesse com a situação, que julgasse completamente ridícula a ideia dela ter pensando que eu realmente estava com Isabel quando já havia deixado claro em que passo eu estava com ela, eu podia compreender que embora eu soubesse como Isabel era, ela não sabia. Ela que já era completamente desconfiada de todos se deparou com uma cena mais do que suspeita em um momento em que ela estava machucada, vulnerável e procurando por mim.

Eu sentia que mesmo sem querer, eu havia fodido tudo.

E isso era uma merda.

Quando foi que eu passei a me preocupar em perder Felicity?

Joguei-me no sofá cobrindo meu meus olhos com o braço e fiquei assim por alguns minutos, reunindo coragem para tomar um banho, ir até lá e de alguma forma conversar com ela de forma tranquila, fazê-la entender, e se não desse certo, eu estava me preparando mentalmente para uma possível rejeição.

Merda, eu não estava preparado para uma possível rejeição.

O toque do celular me despertou cerca de vinte minutos depois. Um pouco grogue pelo pequeno cochilo e ainda ansioso pela possibilidade de ser Felicity, me apressei em pegar o celular que ainda estava ainda em meu bolso, mas suspirei desapontado quando encontrei a foto irritante de Tommy me encarando.

— Diga. – Murmurei levando uma mão aos meus cabelos optando por continuar deitado no sofá. Queria me livrar de Tommy o mais rápido possível e só então fazer algo além de ficar preso em minha cabeça, considerando o que aconteceria ou não com o relacionamento novo e frágil que eu havia entrado.

— Quanto mau humor Ollie. – Tommy murmurou me provocando. – Talvez você devesse pensar em tirar aquelas férias acumulada que você tanto se nega.

— Não estou com humor para suas provocações Tommy. – Murmurei irritando. Escutei uma risada como resposta.

— Isso ficou bem óbvio. – Retrucou. – Suponho que você ainda não tenha ido ver sua namorada.

— Eu mal cheguei em casa. – Murmurei em uma desculpa fraca.

Sua namorada sofreu um acidente, você nem devia ter ido para casa. – Respondeu direto. Senti minha respiração falhar a sua menção ao acidente. Eu odiava que ela tivesse passado por algo semelhante, odiava imaginar que as coisas poderiam ter sido bem pior, e que por mais que eu quisesse, eu não estava com ela agora. — Você está sendo um covarde.

— Tommy...

— Aposto que pessimista como é, em sua cabeça já deve está imaginando que Felicity irá terminar com você. Antes mesmo que você possa dizer o nome Isabel. – Continuou.

— Há uma grande possibilidade disso. – Murmurei me erguendo.

— Eu já disse o que você deve fazer. – Falou com seriedade.

— Eu não vou dar um presente a ela. – Neguei lembrando-me da conversa que tivemos mais cedo. – Vai me fazer parecer culpado. O que eu definitivamente não sou.

— Você mandou uma mensagem para Isabel dizendo que não poderia mais encontra-la e deletou seu nome do contato? — Perguntou. Seu tom me irritando.

— Não. – Murmurei mesmo sabendo que me arrependeria.

— Então você é culpado.— Murmurou fazendo com eu desejasse mata-lo. Seu tom era brincalhão, como se tudo isso o divertisse. E provavelmente o divertisse mesmo. Tommy estava feliz, noivo da mulher que amava, apenas um passo do grande dia, tudo o que viesse de fora para ele, mais parecia uma grande novela. Não querendo que ele ficasse com a última palavra e me negando a assumir alguma culpa nisso tudo, me apressei em perguntar.

— Você deletou todos os seus contatos quando passou a namorar com Caitlin? – Retruquei.

— Claro que não. – Falou rapidamente. Meu sorriso vitorioso não durou muito.  – Ela fez isso. Helena foi o primeiro a ir embora.

— Sim, mas Helena é sua ex-namorada. Isabel era...

—... Sua transa constante sempre que estava na cidade. – Completou. – Vai culpar Felicity por ficar irritada após ver o mais próximo de uma ex sua, fora Laurel, o beijando no meio do corredor de um hospital? E se fosse o contrário? Quanto tempo você daria a ela para se explicar antes de dar as costas e ir embora se a visse beijando seu ex?

— Você não está ajudando muito. – Murmurei aborrecido. Tommy sabia muito pouco do ex de Felicity, eu mesmo não sabia tanto sim, mas se eu o visse próximo dela era mais certo que eu avançaria sobre ele do que lhe desse as costas.

Eu já ajudei. – Retrucou alheio aos meus pensamentos violentos. – Eu já disse o que deve fazer.

— Levar um presente é um atestado de culpa! – Protestei voltando a me concentrar na questão atual.

Pois o assine e peça desculpas, seu idiota. — Falou sem paciência. – Você quer essa garota ou não?

— Eu quero. – Falei sem pestanejar.

Então pegue a porra do presente e leve para ela, faça seu melhor olhar de arrependido, diga a verdade, que você não beijou Isabel, e obtenha grande sexo de reconciliação em troca. – Completou. – Depois me ligue agradecendo por isso.

— Você é um idiota.

— Que sabe como manter a mulher que amo ao meu lado. – Eu podia escutar o maldito sorriso em sua voz. – Eu tenho que ir, Caitlin me espera em algum quarto de plantão. Vou te mandar o endereço, leve o maldito presente e recupere sua garota.— Concluiu sem esperar alguma resposta minha de volta. Demorou apenas alguns segundos após o encerramento de sua chamada para eu receber a mensagem contendo o endereço.

A mulher que amo.

Eu ainda não estava assim.

Não tínhamos ido tão longe.

Não.

Era muito cedo para isso.

Eu podia admitir apenas que eu estava me apaixonando muito rapidamente por Felicity Smoak, e com culpa ou não eu não ia deixar um maldito mal entendido atrapalhar o progresso que havíamos tido. Levantando-me fixei meu olhar na mensagem novamente e considerei mandar uma mensagem a avisando que eu ia passar por lá, mas deixei isso de lado. Queria surpreendê-la. E mais do que isso eu não desejava lhe dar uma oportunidade para arranjar alguma desculpa. Resisti a vontade de ligar para ela nem que fosse apenas para escutar sua voz. Eu precisava disso após o susto que ela havia me dado. Eu sabia que estava sendo irracional, que se fosse qualquer pessoa eu diria que estava exagerando, que tudo não havia passado de um susto, e que ficar preso a isso era tolice. Mas a possibilidade de que fosse ela a ficar em um quarto de UTI ainda me amedrontava. Então, por mais irracional que fosse, eu sentia a vontade incontrolável de ouvir sua voz, e não ler mais uma daquelas estúpidas mensagens.

Parei em frente a porta ao me dar a conta de que eu nunca havia escutado sua mensagem, a mensagem que eu estava prestes a escutar antes de ser abordado por Isabel e a enfermeira.

E se ela havia ligado chamando por mim?

Recuei pesando que enquanto eu estava em uma cirurgia salvando a vida de alguém, Felicity pode ter ligado para mim pedindo por ajuda. Eu não tinha certeza se eu queria escutar essa mensagem. Eu quase podia afirmar que não, mas ainda assim, me vi deslizando meu dedo pelo celular novamente até que eu estava levando ao celular a orelha e após o que pareceu um eterno silêncio eu escutei sua voz, clara e alegre soar:

 — Hey! – Suspirei aliviado ao perceber que se tratava de antes, ela parecia alegre e determinada, ia encontrar minha irmã e acabar com aquela situação ridícula de vez, me vi sorrindo enquanto escutava ela dizer quer era uma oponente a altura de Thea e senti um calor em meu peito ao escuta-la dizer que apesar de ainda não estar segura se estava pronta, ela estava tentando, ouvi-la dizer que não éramos um erro me trouxe um sorriso idiota no rosto, e eu ainda sorria bobamente escutando a provocação de Roy e sua reposta, quando percebi meu erro. Não foi antes, foi durante o acidente, escutar o choque entre os carros, sua frase sendo cortada, seu grito longe e o silêncio a seguir levou tudo de mim. Em um momento eu estava calmo e feliz, e esperançoso sobre o que dizia e no momento seguinte eu sentia como se tivesse levado um soco no estômago, o pavor amorteceu meus sentidos, o medo do que poderia ter acontecido veio ainda mais forte, por alguns momentos eu fiquei preso em um cenário assustador, onde eu percebi quão perto eu cheguei de perdê-la. Eu odiei isso, a sensação, a impotência, mesmo que parte de mim soubesse que isso já havia acontecido e que agora ela estava bem, eu sentia como se estivesse acontecido agora mesmo. Por um milésimo de segundo meu primeiro pensamento foi correr para o hospital para vê-la, mas então caí em mim me lembrei de que ela estava bem, em sua casa, e a única coisa que me impedia de vê-la era eu mesmo.

Juntando todas as minhas coisas saí apressado, forcei-me a agir, ignorando os tremores em meu corpo eu fui até meu carro, repetindo mentalmente o endereço que Tommy havia me enviado eu sabia o que precisava fazer, eu levaria aquele presente até ela, pediria desculpas e então faria de tudo para não sentir mais aquela assustadora sensação que senti dentro de mim por um breve agoniante segundo, a sensação de perdê-la.

 

FELICITY SMOAK

Passei para a página seguinte absorvendo as palavras a minha frente com a mesma avidez com que eu bebia água quando estava sedenta, minha concentração totalmente no livro fazendo com que eu perdesse até mesmo o primeiro par de batidas na porta do meu quarto, só percebi as segundas quando estas se fizeram mais firmes e audíveis, ergui meu rosto enquanto a porta se abria sem esperar por outro chamado. Observei atônita Oliver colocar a cabeça para dentro enquanto me avaliava intensamente, seu semblante preocupado. As coisas não estavam muito bem entre nós dois, com toda a bagunça que havia sido no hospital, com Thea preocupada com Roy e nós dois preocupados com ela, foi difícil voltar ao tema “Isabel Rochev” então enquanto eu respondia suas mensagens perguntando se eu estava bem apenas para tranquiliza-lo, eu não fazia nada além disso. Eu nem tinha certeza como ele entrou em minha casa sem que eu escutasse a campainha tocar.

— Roy... – Perguntei alerta.

— Ele está bem. – Apressou-se em me tranquilizar. – Amanhã será transferido para outro quarto se permanecer assim por toda a noite e então vocês poderão visita-lo.

— Bom. – Sorri contente diante o que disse. – Thea...

— Consegui convence-la a ir para casa. – Informou-me. – Perguntei se queria ir para o meu apartamento, mas ela disse que preferia ficar sozinha.

— Ah...

— Posso entrar? – Perguntou em tom humilde, fazendo-me perceber que ainda segurava o trinco da porta, não deixando totalmente aberta, temia um “não” como resposta. Algo em seu rosto me incomodava. Oliver estava inquieto, seu semblante carregado. Eu o vi assim antes, no hospital, mesmo enquanto minha mente buscava focar na cena que eu havia visto dele com Isabel, eu podia perceber o quanto ele estava preocupado comigo, algo que eu nunca tinha visto antes, alguém se importar comigo dessa forma. Não que não fosse Diggle. Então talvez por isso eu fui incapaz de não responder imediatamente ao seu pedido, assenti enquanto indicava que sentasse ao meu lado. Ele avançou tão logo obteve o consentimento me surpreendendo ao não sentar ao meu lado, mas sim deitar, seus enormes braços abraçando minha cintura enquanto sua cabeça repousava sobre meus seios, fazendo com que eu erguesse meus braços e encarasse sua cabeça com perplexidade, não havia nada de sexual no ato. Oliver estava buscando consolo e ainda incapaz de não responder a isto, eu deixei o livro de lado, minhas mãos acariciando seu cabelo. Algo estava errado.

— Oliver. – Murmurei suavemente. – O que houve?

— Eu escutei sua mensagem. – Murmurou, sua voz saindo rouca e tensa, ainda não me encarava, parecia que ele não sairia de sua posição nem tão cedo. Dei-me conta que Oliver estava concentrado em ouvir meu coração.

— Mas eu não mandei nenhuma mensagem... – Comecei enquanto franzia minha testa, estava confusa com o disse, até que por fim me dei conta. A mensagem. – Oh. – Foi tudo que pude acrescentar. — Aquela mensagem.

— Foi horrível. – Confessou.

— Eu estou bem Oliver. – Murmurei tentando tranquiliza-lo. Se ele havia a escutado, eu podia entender por que ele parecia tão... Preocupado. Minhas mãos não deixando de acalma-lo.

— Eu sei. – Assentiu. – Eu sei disso, eu sei que você está bem, eu sabia que você estava aqui e a salvo, mas escutar aquela maldita mensagem, ouvir o momento em que o carro bateu em vocês... Por alguns segundos eu esqueci completamente disso, eu fiquei preso no momento “E se”, onde você não estava bem, não estava viva, e não estava aqui em meus braços. Foi horrível. – Repetiu.

— Bem, foi apenas um “E se”, ele geralmente é usado quando não aconteceu. – Murmurei tornando a acariciar seus cabelos. – Então você não precisa se preocupar, eu estou bem, fui liberada por aquele médico de humor estranho, apesar de ter você rosnando sobre o pescoço dele. – Brinquei. Lembrando-me dos dois homens envolvidos em farpas. Apesar de ter sido divertido de se observar eu sabia identificar a diferença ali, com Tommy eu via que existia uma profunda amizade que permitia as brincadeiras. Dr. Chase e Oliver, havia puro antagonismo, perceber quão irritado Oliver ficava ao ver o médico próximo a mim fez com que ele ficasse mais a vontade em fazer suas provocações. Deixando de lado o episódio daqueles dois, me concentrei novamente em Oliver. – Então pare de ficar preso nesse momento, por que o agora está sendo bem mais generoso comigo. – Pedi. Por um determinado tempo ele permaneceu imóvel, e assim o permiti. Descobrindo que também precisava daquilo, muito.

 O senti respirar fundo antes de com relutância se erguer e sentar de frente para mim, seus olhos me encarando com tal intensidade que por alguns segundos quase fui levada para aquela mesma prisão em que ele havia ficado.  Oliver estava assustado, e ter isso de forma tão clara em sua expressão fez com que meu coração se encolhesse, por que eu nunca havia recebido esse tipo de afeto. Era genuíno demais e fazia com que meu problema com Isabel parecesse uma birra de adolescente. Como se lesse meus pensamentos ele engoliu em seco e começou a falar.

— Sobre Isabel...

— Eu sei. – Murmurei o interrompendo.

— Você não sabe. – Negou. – Você apenas está me perdoando antes de saber a história toda, ou apenas empurrando para o fundo de sua mente. – Não neguei o que havia dito, eu só queria deixar tudo isso para trás. - Você não quer realmente saber o que aconteceu? – Perguntou indeciso.

— Eu não sei Oliver. – Murmurei sincera. – Eu não quero ficar irritada com você, não quero pensar que você a manteve para caso algo acontecesse entre nós dois, ou que você apenas não se importou em terminar nada por que realmente nunca considerou uma regra que você mesmo jogou sobre mim. Eu estou cansada de me aborrecer com isso, de imaginar o por que, e de honestamente me importar tanto com isso, eu estou disposta a esquecer desde que você me garanta que não vai mais ocorrer.

— Nada aconteceu. – Murmurou em tom insistente. – Eu sei que não é isso que parece, mas é a verdade. E eu não minto Felicity, ou traio. Você sabe disso, e você precisa confiar em mim. – Pediu. – Eu realmente ainda não havia acabado nada, é verdade, mas não para mantê-la, só estava esperando fazer frente a frente, e aquela havia sido a primeira vez que nos vimos desde que eu e você começamos algo. – Explicou – Antes mesmo do beijo eu já havia dito que não poderia mais acontecer, mas aquela é Isabel, ela não se afastaria sem antes representar seu papel de mulher fatal, o que você viu foi eu não fazendo uma cena por algo que não valia a pena para mim. – Concluiu. – Você pode confiar em mim? – Perguntou parecendo ansioso por minha resposta, e eu sabia que essa pergunta ia além de toda a situação com Isabel, eu não saberia dizer se estava sendo completamente honesta sobre isso, mas assenti em resposta, talvez eu ainda não confiasse nele completamente, mas não sobre isso, eu sabia que ele estava dizendo a verdade.

Ele sorriu parecendo aliviado e logo sua mão alcançou meu pescoço aproximando-me para um beijo, porém antes mesmo que nossos lábios pudessem se tocar ele recuou me deixando confusa.

— O quê? – Perguntei enquanto ele se levantava da cama.

— Eu quase esqueci. – Falou. – Eu trouxe algo para você, para me ajudar com essa questão. – Confessou.

— Você me comprou um presente para me amaciar? – Perguntei incrédula. Ele ergueu um dedo, um sorriso fazendo possível eu ver suas covinhas.

— Tecnicamente, eu não comprei. – Murmurou indo em direção a porta, ele saiu brevemente antes de voltar com uma caixa nas mãos. Com uma mão ele abriu a caixa e elevou o que deveria ser o gato mais fofo que eu tinha visto. Ajoelhei-me enquanto levava minhas mãos a boca contendo um suspiro surpreso, Oliver dispensou a caixa antes de se sentar em minha frente novamente, desta vez colocando o pequeno animal em meu colo.

— Oh meu Deus. – Murmurei encantada enquanto o pegava. – Ele é lindo!!

— Você gostou? – Perguntou ansioso. – A propósito, ele na verdade é ela. – Corrigiu-me. Sorri assentindo enquanto acariciava a pequena gata de pelagem amarelada apenas em cima, seu peito branco e patinhas como luvinhas brancas, ela era fofa demais, e eu já me derretia por ela a ergui deixando seu rosto perto do meu. – Você gostou?- Repetiu. Se eu gostei? Eu estava apaixonada.

— Eu amei. - Murmurei por fim. Abracei a pequena gatinha escutando um baixo miado em resposta. - Mas eu provavelmente deveria brigar com você por tentar subornar meu afeto e confiança. – Brinquei.

— Em minha defesa eu já havia conquistado antes mesmo de usa-la. – Sorriu. Sua mão também falhou em resistir a acariciar a filhote. – Tommy me disse que conhecia alguém que não podia mais ficar com um gato e ele disse que você não conseguiria resistir a isso. Ele disse que era sexo de reconciliação na certa. – Piscou.

— Tommy é um idiota. – Resmunguei.

— Eu sei. – Concordou. – Você precisa pensar em um nome para ela. – Comentou enquanto a gata deitava de barriga para cima rendendo-se ao seu carinho. Assenti concordando enquanto o observava brincar com ela, minha mente já enterrando-se nas possibilidades. Eu nunca tive um animal, sempre pedi um, mas sempre me foi negado, segundo meu pai eu era alérgica, apesar de nunca ter convivido com um para saber, foras as demais inconveniências de pelos nas roupas e dezenas mais que ele sempre trazia, agora eu tinha um e não sabia bem como chama-la, duquesa era uma possibilidade, por que quem não amava “Os Aristogatas”? Mas eu imagino que seria clichê demais, então pensei novamente em algum que trouxesse um significado, olhei para a mesa onde eu havia colocado o livro que estava lendo antes de Oliver entrar, o peguei ganhando sua atenção. Eu estava tentando me distrair, Diggle vinha me enlouquecendo com sua excessiva preocupação e então conseguia parar der pensar em Roy, então me recolhi para o único lugar depois do piano que me dava paz, que era com minha mente dentro de um livro. Havia acabado de começar o capítulo 10, onde descrevia a garota de “cabelos mal cortados e com aura de nítida birutice”, o título me fez sorrir, meu sorriso sendo observado por Oliver.

— Harry Potter e a Ordem da Fênix. – Murmurou para si mesmo. – Thea me emprestou os seus, não me deixou em paz até que eu lesse todos. – Confessou, a informação me pegou de surpresa. – O que você tem em mente?

— Luna. – Murmurei contente. – Seu nome será Luna. – Concluí o surpreendendo.

— Luna então. – Oliver concordou com um sorriso. Por alguns segundos tudo o que fiz foi observa-lo enquanto brincava com a gatinha, seu olhar baixo e sorriso terno. Eu não sabia ao certo se já tinha pegado um momento de tal suavidade em Oliver.  Notando meu olhar fixo em si, seu olhar se ergueu até encontrar o meu, uma fagulha de confusão sendo percebida por mim.

— O que foi? – Perguntou.

— Obrigada. – Murmurei simplesmente.

— É só um gato.  – Deu de ombros.

— Eu nunca pude ter um. – Confessei. Ele me encarou por um tempo, então ainda segurando o pequeno animal ele mudou sua posição, sentando-se ao meu lado, suas costas encostando-se a cabeceira da cama assim como eu.

— Na teoria, nós filhos de políticos e pessoas que são relativamente famosas, somos crianças privilegiadas. – Comentou finalmente. O encarei incerta sobre o que dizer, Oliver nunca havia falado de si realmente, ou feito alguma relação sua com esse seu lado da família. Sim, eu sabia que ele era filho do antigo prefeito de Starling City. Não foi de imediato, eu geralmente tentava não ficar muito atenta a esse tipo de coisa, não é como se eu fosse atrás, e Thea não falava muito também, mas após um tempo andando com ela pelos corredores da faculdade, ficou impossível um o outro não falar algo a respeito, Alex certamente não perdeu tempo em fazer piadas ao respeito. – Nós temos tudo o que queremos, exceto o que realmente queremos.

O encarei com interesse. Ele deu de ombros ao notar.

— Eu não estou dizendo que somos dignos de pena, que não temos realmente mais do que precisamos, mas...

— Eu entendo. – Assenti.  – Mais ou menos, pelo menos. Nossas vidas parecem tão perfeitas, certo? Dinheiro, festas, podemos sair ilesos de qualquer merda que fazemos até.  Uma liberdade pintada em ouro, mas facilmente dissolvida em pó. Eu tenho todo o dinheiro que eu quiser tirar do meu pai, desde que eu faça exatamente o que ele quer.

— Você faz tudo o que ele quer? – Perguntou com interesse.

                - É claro que não. – Sorri. – Eu o contorno. Como ele mesmo me ensinou. Eu posso não ter exatamente o que quero, mas tenho próximo disso, é uma pequena guerra de vontades. Eu cedo e ele também, até certo ponto. Eu sei, entretanto, que isso não vai durar muito. – Murmurei enquanto provocava a gatinha que tentava agarrar meu dedo com seus pequenos e afiados dentinhos. – Por ele eu não estaria aqui, eu estaria morando com ele e minha mãe, vivendo ociosamente, enquanto esperava pelo dia do meu casamento, por meu pai eu deveria ser apenas um adereço bonito, uma extensão do braço de Cooper. – O encarei de soslaio. Eu não queria trazer Cooper para a conversa, mas já tinha feito. Oliver não pareceu gostar nem um pouco do que eu disse, por que pude ver sua mandíbula rígida.

— Eu não entendo como ele não desejaria que a própria filha tivesse uma educação mais avançada. – Oliver murmurou incrédulo. – E por que Cooper?

— Cooper é filho de um tubarão do mundo empresarial. – Expliquei. – Seu pai está por trás de cada detalhe de cada candidatura do meu pai. É basicamente uma parceria que foi forjada há um longo tempo atrás, eu não tinha tanta ciência disso antes, para mim Cooper era apenas o filho de um amigo próximo, alguém que eu via sempre, que foi impossível não se tornar mais tarde meu primeiro amor. E você entende por que ele me quer ignorante, ele me quer totalmente dependente dele e então mais tarde do meu marido.

— Então você cedeu. – Murmurou confuso. – Você aceitou ser sua noiva.

— Eu nunca concordei com semelhante coisa. – Neguei. – Depois do que aconteceu na minha festa de aniversário, o tempo que fiquei isolada, após me formar no colegial, eu peguei qualquer motivo que fosse para me manter longe da minha casa e de Cooper, viagens em sua maioria. Visitando parentes que mal consigo me lembrar realmente dos nomes, qualquer coisa. Ir para a escola de música não era mais uma opção, depois de perder a audição e depois do dia... – Parei bruscamente. Ele me encarou confuso. – Depois de tudo o que aconteceu, a música não era mais um refúgio, mas uma lembrança amarga. – Senti sua não segurar a minha, ele não parecia ciente disso, seus dedos entrelaçavam-se aos meus com naturalidade.  - Quando eu voltei para casa eu fui recebida em uma festa comemorando meu noivado. Uma maldita surpresa saber que eu estava noiva de Cooper na minha própria festa de noivado, eu fiquei encurralada, eu poderia fazer uma cena, mas Connor estava lá, e ele é apenas uma criança, Oliver, ele ainda admira meu pai. Eu não queria fazer algo bem ali em sua frente, então eu forcei um sorriso e aceitei os cumprimentos, após muito tempo eu senti a mão de Cooper segurando a minha novamente e eu sentia nojo.

— O que aconteceu depois? – Perguntou curioso.

— Tranquei-me em seu escritório com ele, minha mãe e Cooper. – Respondi. – Deixei claro que isso jamais aconteceria. Que se insistissem nisso eu estaria indo embora. Ele riu. Meu pai. Ele me perguntou para onde eu iria, como eu iria me virar, ele lembrou-me que por mais que estivesse cercada de gente, eu não tinha ninguém.

— Foi isso que a prendeu? – Perguntou deixando a gata andar livremente pelo colchão, sua atenção completamente em mim. – É isso que ainda a prende?

— Eu estaria mentido se dissesse que isso pelo menos não me faz hesitar um pouco. – Confidenciei. – Mas não.  Eu não sou boba, eu guardei uma certa quantia de dinheiro que me ajudaria um pouco após deixa-los para trás, ainda guardo. Chega a ser irônico que o dinheiro que ele gasta de forma tão despreocupada comigo para me manter ao seu lado, na verdade possa ser usado para me afastar de tudo isso.

— Então, por quê? – Questionou-me mais uma vez.

— Por que ele ainda é meu pai. – Dei de ombros. – E minha mãe, pode não ser um exemplo perfeito de uma mãe, mas é minha mãe, eu tenho um irmão, inocente, que eu não quero deixar para trás. Embora eu tenho estado sozinha por todos esses anos, eu nunca desejei estar só, e eu tenho medo disso.

— Eu pensei que ele era seu pai adotivo. – Oliver confessou.

— Ele é.  – Assenti. – Isso não faz dele menos meu pai por isso. Mesmo que ele fosse meu pai biológico, ele ainda teria seus defeitos, enormes eu sei, mas ele continua sendo... Meu pai. – Tentei explicar da melhor forma possível. – Eu sei muito bem como ele é agora, e você o conheceu também, mas você não conheceu quando eu era mais nova. Ele era o melhor pai que uma criança podia ter. Rígido? Sim, mas nunca hesitou em demostrar ternura comigo. Toda essa personalidade fria veio ano após ano, em que sua ambição aumentava cada vez mais. O poder transforma as pessoas, Oliver, ele pode até mesmo mudar nossos grandes heróis em vilões.

— Eu entendo. – Murmurou por fim. – Eu vi isso acontecer com minha família também.

— Você geralmente não faz menção a ninguém da sua família fora Thea. – Comentei com interesse.

— Thea é a única que se salva. – Deu de ombros. – Meu pai e minha mãe vivem em casas separadas, vidas separadas, mas ainda gostam de fingir serem um casal feliz. – Continuou. – Era tudo muito doce antes, eu mal percebia que tudo se passava de uma ilusão, as vezes eu mesmo me perdia nisso, em alguns momentos eu chegava a duvidar, mas então eu prestava mais atenção, e podia perceber a verdade por trás de tudo aquilo, meu pai pouco se importava com nossa família e minha mãe amava mais o status do que os próprios filhos. Talvez por estar mais atento, eu fui o menos afetado.  Thea sofreu bem mais quando o castelo de cartas se desmoronou.

— Eu não tenho tanta certeza. – Murmurei após analisa-lo por alguns segundos.

— Por que você diz isso? – Perguntou confuso.

— Thea entrou em seu relacionamento de cabeça. – Dei de ombros. – Ela não deixou que o conto de fadas ilusório de sua família a impedisse de encontrar o seu verdadeiro, real e irritante conto de fadas.

— Isso é sobre nós dois?- Perguntou-me inquieto. – Por quê eu fui tão relutante? – Sorri com sua forma sem jeito de abordar como tudo começou.

— Acredite em mim, eu não estava referindo-me a nós dois. – Inclinei minha cabeça o observando ficar cada vez mais inquieto. – Eu não estava tentando começar nada com você, lembra? Não um relacionamento. E ainda não sei bem no que isso vai dar, eu estava falando no geral. Sempre achei que Laurel havia o estragado para outros relacionamentos. Ela me disse que ela estragou tudo. Que você era assim por conta dela, eu acreditei. Algumas coisas me levaram a conclusão de que ela o traiu, acertei?

— Sim. – Concordou. – Laurel me traiu, não foi bem uma surpresa. – Deu de ombros. – Estávamos cada vez mais afastados. Ela se queixava constantemente que era por minha culpa, tentava se aproximar mais, chegou a falar em morarmos juntos, inúmeras vezes para falar a verdade, mas eu nunca consegui ir adiante com isso, apenas não nos via dessa forma. No final acho que sua traição foi apenas uma patética maneira de chamar minha atenção, ela se envolveu com alguém do hospital, estava claro que eu ia descobrir.

— Mas não foi Laurel que o tornou tão avesso a se relacionar a sério com alguém. – Murmurei consciente que não foi uma pergunta. Ele me encarou aguardando onde eu queria chegar. – Seus pais foram durante muitos anos e ainda são um modelo de relacionamento que o assusta e irrita, você não quer ter que se ver em uma relação assim, talvez se pregunte se algum dia começou tudo de forma idílica, se eles se apaixonaram e então se transformaram nessas pessoas que você não quer por perto. Você não quer se tornar alguém como eles, não quer que alguém o torne assim, ou você faça o mesmo com essa pessoa. Você nunca deu uma chance a sério a Laurel. E no final ela se provou ser alguém que você estava evitando.

— Eu nunca dei uma chance a Laurel? – Murmurou atônito. Seus olhos se estreitaram desconfiados. – Eu me esqueci de que vocês haviam sido amigas, você está tentando defendê-la? – Segurei um riso irônico.

— Não, Oliver. A sua maneira, Laurel me traiu também. – Respondi. – Mas não acho que você realmente entrou aberto nessa relação.

— Eu...

— Eu te amo. – Murmurei fazendo com que ele se calasse abruptamente, seu rosto levantando-se para encarar o meu de imediato. – Alguma vez você disse “Eu te amo” a Laurel? – Perguntei. Ele respirou fundo ao perceber que não havia recebido uma declaração de amor. E sim um questionamento.

— Nunca. – Murmurou sério.

— Por que você nunca se permitiu. – Falei me erguendo e levando a gatinha comigo. – Eu entendo. Sério, meus pais, Cooper, mesmo meus amigos me deram motivos o suficiente para não confiar em algo tão volúvel e caprichoso como o amor.

— Para onde você vai? – Perguntou-me, seu ar carinhoso e descontraído havia ido embora.

— Vou apresentar Luna a Diggle, pedir que ele compre algumas coisinhas para ela e já volto para tomar um banho. Você vai ficar? – Perguntei esperançosa. Só agora percebia o quanto senti sua falta nesse pequeno período distante.

— Não posso. – Falou se erguendo da cama. – Eu preciso de um banho e trocar de roupas, um jantar decente e algumas horas de sono, preciso ficar em meu apartamento hoje, por que tenho uma cirurgia cedo e o hospital é perto de lá.

— Está bem.  – Assenti abraçando o pequeno animal e o encarando. Sorri suavemente ao perceber as linhas duras de seu rosto. Soltei a gatinha no chão e me aproximei dele, segurei seus ombros deixando meu olhar cair ali, Oliver estava tenso, eu podia perceber isso, parecia um pouco irritado até.  Respirei fundo e levantei meus olhos até encontrar os seus. Nossa diferença de altura sempre foi algo que me agradou, ele me encarava sério. – Isso é por que eu disse “Eu te amo” sem realmente dizer? – Perguntei direta.

— Isso é por que foi proposital. – Murmurou honesto. – Você brincou comigo, soltou daquela maneira, para obter algo. Eu não gosto de brincadeiras.

— Nem eu. – Murmurei. Não o estava provocando, nem discutindo. Ou deixando algo no ar. Só falava a verdade. – Eu não quis brincar com você Oliver, com seus sentimentos, mas sim, eu buscava algo. E o suspiro de alívio ao perceber que eu não falava a sério foi o que você me deu. Eu peguei aquilo. E eu não estou magoada, ou irritada. Você não me ama, eu entendo. Você não está pronto para isso, nem eu estou.

— Você não sabe o que se passa comigo, não pode afirmar tão tranquilamente o que eu sinto ou não, mesmo que seja por você. – Murmurou ainda mais aborrecido.

— Então você me ama? – Perguntei o surpreendendo. Ele recuou um passo, seus olhos fugindo dos meus.

— Felicity, isso... Eu... Droga! – Murmurou dando as costas.

— Ei. – Murmurei puxando seu braço e virando-o de volta para mim. – Está bem Oliver. É isso o que eu estou tentando dizer, você não tem que ter medo comigo, por que eu não sou Laurel, eu não estou planejando nosso casamento aqui, e nem temo por você claramente não estar nesse nível comigo, o meu ponto é: Eu não vou exigir nada de você. Por que eu sei que dessa forma, eu ganharei muito mais do que eu ousaria pedir.

— Por que você precisa ser tão racional? – Questionou-me ainda confuso. O abracei pelo pescoço o aproximando de mim, seus braços ainda com certa relutância me abraçaram.

— Ninguém nunca me acusou disso. – Confessei.

— Bem, eu certamente estou te acusando. – Retrucou. – Você é a primeira garota que pergunta se é amada, esperando por um não. E que de uma forma indireta me diz que não me ama. –Observei um movimento mínimo de sua mandíbula me dizendo que isso ainda o contrariava. Sorri ternamente e aproximei meu rosto do seu. Ficando tão próxima quanto podia sem, entretanto beija-lo. Ainda. Seu rosto inclinou-se de forma involuntária, seus olhos me fazendo sua prisioneira. Sua testa colada a minha. – Quando você vai deixar de me surpreender? – Perguntou simplesmente. Fechei meus olhos absorvendo seu calor, e seu cheiro, deixando-me ser abraçada daquela maneira. Escutando sua respiração tão próxima da minha.

— Oliver. – O chamei após alguns momentos do mais puro silêncio. Abri meus olhos para perceber que todo esse tempo os dele estiveram abertos, me observando.

— Sim? – Perguntou suavemente.

— Eu não te amo. – Murmurei mais uma vez o surpreendendo, minha voz saindo tão suave que me surpreendeu também.  Dessa vez ele não pareceu irritado, provavelmente tudo o que eu tenha dito o havia preparado ao menos para se sentir assim. – Mas eu definitivamente estou me apaixonando por você. – Completei. Então, finalmente eu vi aquele meu sorriso favorito chegar aos seus lábios. Seus olhos apresentando-me sua ternura.

— Eu também não te amo. – Murmurou antes de cobrir seus lábios com os meus.

Eu amei aquele beijo. Calmo, puro e doce. Não havia pressa, não havia urgência, ele estava tomando o que tinha em mãos e aproveitando. Apreciando. Compartilhamos um sorriso entre um beijo e outro, um sorriso terno que fez com que aquele momento fosse mais especial do que qualquer um que pudesse nos observar agora acharia. Era nosso, e só nós dois entendíamos. Um miado irritado fez com que eu interrompesse nosso beijo. Olhei para baixo para encontrar Luna arranhando a calça de Oliver implorando por sua atenção. Sorri com a cena e antes que Oliver pudesse pega-la eu mesma a peguei afastando dele.

— Eu não acredito que terei que disputar sua atenção com uma gata. – Murmurei divertida. Ele apenas deu de ombros ainda com um sorriso em seu rosto. – Você precisa ir agora? Ou estava indo apenas por que estava chateado? – Perguntei honesta. Eu não queria que ele fosse, ainda mais por aquilo. Sua mão tocou meu rosto brevemente.

— Eu realmente preciso ir, mas acho que eu poderia ficar um pouco mais. – Murmurou.  Sorri contente.

— Bom. – Retruquei. – Eu só vou levar ela para Diggle e volto logo. – Ele assentiu concordando. Tão logo fechei a porta atrás de mim ergui a gata a altura do meu rosto e comecei a conversar com ela. – É assim que os adultos que estão em um relacionamento saudável resolvem as coisas, sem surtos, sem ameaças sem que eu precise apelar para adolescente de 15 anos que uma vez fui. – A gata me encarou como se entendesse cada uma das minhas palavras. – Eu sou uma mulher madura, eu aprendi com meus erros, eu não faço birra, Isabel é passado, um inconveniente, um mal entendido. – Assenti parando na sala. Encarei Diggle que estava deitado no sofá. Seu olhar era confuso enquanto ia do animal em meus braços até meu rosto.

— O que é isso? – Perguntou incrédulo.

— Isso meu caro Diggle é uma criatura felina. – Sorri. – Um gato. Gata, na verdade.

— Eu sei o que é um gato. – Murmurou se levantando. – Por que você está com um gato em seus braços?

— Oliver me deu. – Murmurei ainda emocionada com o gesto. – A chamei de Luna, o que você acha?

— Ele te deu um gato? – Repetiu parecendo infeliz com a situação.

— Gata. – Assenti. – Luna. – Peguei a patinha de Luna e acenei para Diggle. – Diga oi para tio Diggle. – Tudo o que eu escutei foi um miado em protesto. – Vamos, ele é durão por fora, mas é um ursinho por dentro. – Murmurei a entregando a ele. Ele a pegou sem jeito com apenas uma mão, colocando-a mais longe o possível de si.

— Eu acho que ursos comem gatos. – Diggle murmurou encarando o pequeno e adorável ser em sua mão. – Diga-me que você vai devolver. – Pediu.

— Por quê? Eu não sabia que você não gostava de gatos. – O censurei.

— Não é que eu não goste. É que eu sei que vai sobrar para mim. – Reclamou. – Você passa mais tempo na faculdade do que em casa, e agora é entre lá e a casa de Oliver, eu vou ficar de babá de gatinhos que cagam em lugares indesejados e arranham sofás.

— Prometo leva-la comigo quando eu for para o apartamento de Oliver, não vou deixar tudo em cima de você. – Prometi com um sorriso. – Eu juro que vai ser um lance de guarda compartilhada.

— Sei. – Murmurou não comprando. – Tome seu gato de volta. – Murmurou tentando me entregar.

— Gata. – O corrigi. – Luna. – Lembrei. – E eu não posso ficar com ela agora, você vai leva-la para comprar algumas coisas. Como uma coleira, ração e alguns brinquedos, você sabe onde vende aquelas cama de andares? – Perguntei para ele, e tentando buscar em minha mente a resposta. – Oh eu quero que na coleira tenha o nome dela. E que seja rosa.

— Você está me irritando. – Reclamou. – E de propósito. Ela não é uma criança, eu não preciso levar junto para escolher suas coisas, e por que eu que tenho que ir? Seu médico trouxe a gata, faça com que ele compre tudo.

— Por favor, Diggle. Eu iria, mas você não me deixa sair sozinha, e não é preciso duas pessoas para isso. – Murmurei antes de confessar. – Fora isso eu quero passar um tempo com meu médico que precisa ir embora logo. – Ele me encarou azedo.

— E por que eu preciso levar a gata junto? – Perguntou quase cedendo.

— Para você dois criarem uma ligação. – Sorri. – E por que eu duvido que Oliver tenha checado com um veterinário antes. Você precisa levar a nova integrante da família para uma consulta.

— Eu não a quero deixar sozinha. – Falou. – Ainda não sabemos o que foi que aconteceu, quem estava dirigindo o outro carro e eu tenho minhas suspeitas se de fato foi um acidente.

— Oliver está aqui. – Retruquei. – E é claro que foi um acidente. Ninguém quer me matar. Muito trabalho por nada. – Brinquei.

— Felicity...

— Vá. Eu não vou ficar sozinha, eu tenho Oliver e logo Sara vai chegar. – Dei de ombros. Ela havia ligado após saber o que aconteceu, disse que me visitaria e que ia aproveitar para colocar as fofocas em dia. Palavras estranhas vindo de alguém que não se preocupa nem o pouco com a vida alheia. – Diggle... Precisa ir antes que encontre tudo fechado.

— Está bem. – Cedeu. – Não abra a porta para ninguém antes de olhar nas câmeras e vocês dois tentem estar vestidos quando eu chegar. – Alertou. Ri internamente com isso. – No que ele trouxe a ga...Luna?- Perguntou percebendo meu olhar.

— Numa caixa de papelão. – Falei, ele estreitou os olhos analisando tudo.

— Foi um presente de culpa, não foi? – Perguntou sério. – O que ele fez?

— Já lidamos com isso. – Suspirei. – Vá!! Aproveita e compra uma caixa para transportar o animal dentro.

— Deixe-me adivinhar, rosa? – Perguntou com um falso sorriso. Ignorei sua pergunta e acariciei a pequena orelha, ela ronronou feliz. Diggle que ainda a segurava sorriu diante a reação da gata, ele logo se recompôs, mas não antes que eu pudesse ver. Afastando-se apenas para pegar sua jaqueta e a carteira e chave do carro ele saiu me alertando que seria rápido. Eu precisava desse espaço, desde que foi me buscar no hospital ele havia deixado claro que sentia-se culpado pelo o que aconteceu, que havia negligenciado seu trabalho e que de agora em diante as coisas mudariam. Com meu carro no conserto eu já ia depender de suas caronas, mas mesmo quando estivesse com ele novamente, Diggle sempre estaria comigo. Disse que eu não ficaria mais tão a vontade, e a não ser que eu estivesse com Oliver, ele me acompanharia onde quer que eu fosse. Sem ouvir qualquer protesto meu, ele deixou claro que não cederia, e a parte nele que desconfiava em tudo e em todos não acreditava que tivesse sido um mero acidente.

Meneei a cabeça querendo apagar ou pelo menos afastar esses pensamentos, eu duvidava que houvesse sido proposital, mas seguir nesse caminho me assustava. Roy ainda estava no hospital, e a ideia de que isso tivesse ocorrido por que alguém quis me ferir, me amedrontava. Eu já estava no meio das escadas quando a campainha soou. Com um suspiro recriei a cena de Diggle indo embora carregando Luna em uma caixa de sapato, chave do carro na mão e a jaqueta jogada por cima do ombro. Dei-me conta que em nenhum momento ele havia pego as chaves de casa. Ansiosa para abrir a porta para ele, e subir direto para os braços do meu Dr. Delícia, eu desci os degraus com pressa e em apenas alguns segundos eu estava abrindo a porta pronta para zombar com o Sr. Responsável. Não obstante meu sorriso foi quebrado pela confusão que me dominou quando tudo o que eu vi foi um enorme buquê de flores cobrindo o rosto do homem a minha frente, na outra mão, ele segurava uma balão  com uma frase desejando melhoras.

— Oi? – Murmurei confusa.  Demorou apenas alguns segundos para as flores descerem revelando o rosto por trás delas, mas os momentos seguintes parecerem uma eternidade quando com o sangue congelado eu me dava conta que diante de mim estava Cooper.

— Oi, linda. – Exibiu um sorriso confiante. – Sentiu saudades? – Respirei fundo tentando colocar meus pensamentos em ordens e apenas quando eu finalmente pude pensar direito foi que me apressei em fechar a porta em sua cara, porém ele foi mais rápido interrompendo o ato ao colocar seu pé bloqueando o movimento. – Eu preciso dizer minha querida, você tem muitas qualidades, mas eu acho que este é seu principal defeito. Sempre tão previsível.  Eu quase posso imaginar o que vem depois. – Comentou como se me confidenciasse um segredo, engoli em seco procurando algo a dizer, mas a surpresa do momento m impediu de ser rápida o suficiente para retrucar. Antes que eu ou ele pudesse dizer qualquer outra coisa uma mão grande e masculina surgiu logo acima da minha, abrindo mais a porta, a escancarando e revelando Oliver. Eu sequer havia escutado sua aproximação.

Ele observou Cooper com desdém, que em troca lhe direcionava um olhar repleto de fúria mesclado à confusão.

— Diga-me, “cara”. – Murmurou com a mesma pitada irônica que eu me lembrava havia estado presente quando respondeu a Cooper no evento beneficente. – Você também previu isso?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!! Nos vemos nos coments.
Xoxo, LelahBallu.

ps: Espero que ninguém tenha esquecido de LFF, a próxima será ela!



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