Problem escrita por LelahBallu


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!!!
Então tava dando um tempo das longs, por razões que só vou falar sobre, na fic correspondente aos motivos de minha hesitação em atualiza-las, então não será hoje que vou comentar sobre isso.
Hoje eu desejo a vocês uma boa leitura, e dedico esse capitulo a minha amiga cheia de dramas Izabel Seliger, aka Bebel (Ela odeia que eu a chame assim), como um presente de aniversário, ou ao menos uma compensação, já que não foi dessa vez que eu trouxe a one dela de niver. Então, Bebel, parabéns, muita felicidade para você e obrigada por todo o carinho que recebo de você basicamente todos os dias (Quando você faz o favor de aparecer no whats) Parabéns!!!



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FELICITY SMOAK

Encarei o rosto sério e magoado de Thea. Ela me encarava fixamente, decepção dominado toda sua expressão. Eu por minha vez podia sentir de imediato o medo de sua reação que vinha a seguir.

Eu sabia.

Eu repeti mais de uma vez para mim mesma que isso não daria certo, sabia que ela desaprovaria, e ainda assim ignorei todas as advertências, o bom senso, meus próprios conselhos. Apesar de tudo isso eu continuei, resisti a vontade de ligar para a pessoa que eu realmente considerava minha amiga mais próxima, e apenas continuei.

Eu era ridícula.

Eu merecia todas as consequências que estavam por vir.

Definitivamente eu não era uma boa amiga.

— Eu não entendo. – Thea murmurou meneando a cabeça. – Como você fez isso, Felicity?  - Ela deu de ombros com pesar. - Eu sou sua amiga.

— Eu sei. – Assenti. Eu sabia.

— Ao menos achei que era. – Murmurou erguendo as mãos.

— Você é. – Murmurei com toda a convicção que eu podia ter.

— Não parece. – Retrucou meneando a cabeça novamente. – Amigas chamam as outras. Pedem opinião. Elas não fazem coisas à surdina. – Falou séria. - E definitivamente não colore seu cabelo de rosa sem antes consultar a outra!

— Ficou ruim? – Perguntei insegura.

— Ah, agora você quer saber o que eu acho? – Perguntou um pouco ácida.

— Sem dramas Thea Queen. – Pedi. Apesar de está preparada por isso e temer como ela reagiria, a parte racional em mim sabia que ela estava exagerando.

— Eu só estou dizendo que não se faz nada escondido daquela que você diz ser melhor amiga. – Murmurou. - É feio, e desleal, não é justo. Você está excluindo alguém que adoraria conversar com você sobre isso. Opinar, aconselhar e definitivamente alertar. – Franzi o cenho. Logo medo me dominou, se ela estava reagindo assim a uma coloração de cabelo, como diabos ela reagiria ao meu envolvimento com seu irmão? Cada vez mais eu tinha certeza que Thea jamais deveria saber que nós dois estávamos envolvidos, fosse o que fosse esse tipo de envolvimento.

— Thea, é só uma coloração de cabelo. – Murmurei tão baixo que eu mesma não tinha certeza se eu havia escutado, ou se eu disse em minha mente. Ela ergueu um dedo. Oh ela tinha escutado.

— Agora. – Frisou. – Agora é apenas a coloração de um cabelo. Quem sabe a que ponto pode evoluir? Mais tarde você pode me esconder algo realmente importante. – Ok. Agora eu estava me sentindo ainda mais culpada. – Mas ok, eu te perdoo.

— Perdoa? – Perguntei confusa. Eu não acho que essa não era uma situação de perdão, mas ok. Eu que não ia chateá-la falando isso justo agora. – Ou você está dizendo isso apenas para jogar em minha cara no meu próximo erro? – Sondei estreitando os olhos.

— Não cometa nenhum erro e você nunca vai saber. – Sorriu simplesmente.

— Thea...

— Sim. – Cortou-me parecendo extremamente alegre. – Eu te perdoo, por que eu sou uma ótima amiga. – Sorriu. – A melhor. Tão boa que agora mesmo eu direi o que achei desse cabelo.

— Obrigada. – Murmurei aliviada. Eu realmente precisava escutar a opinião de alguém. Alguém que realmente se importasse e prestasse atenção. – Ainda não coloquei o pé fora de casa, eu pintei ontem e pareceu uma boa ideia. Mas então eu perguntei a Diggle, e ele apenas deu de ombros. – Falei meneando a cabeça com descrença. -  Ele disse “Qualquer coisa que a faça feliz.” Eu juro que fiquei esperando pelo “Querida” de tão paternalista que foi seu tom. – Reclamei. Soltei o ar dos meus pulmões de vez e a encarei com ansiedade. – Então?

— Você está linda. – Revirou os olhos. – Você sabe disso, não me irrite com perguntas idiotas tão cedo.

— Mas você acha que foi uma boa ideia? – Perguntei hesitante. – A logo prazo?

— Eu acho que você deveria ter me perguntado isso antes. – Murmurou pegando sua bolsa do sofá. Ela havia jogado lá após me encarar com choque tão logo desci as escadas. Eu tentei minimizar toda a atenção que um cabelo rosa podia trazer fazendo tranças, mas ainda assim ela passou uns bons minutos apenas me encarando com a boca aberta após dizer “Você perdeu sua cabeça?”.  – Eu teria respondido que “Sim, é uma ótima ideia.” Mas também comentaria sobre todos os cuidados que você teria que ter com seu cabelo, as roupas que teria que escolher para não fazer um visual muito... Hum... Poluído? Em fim, eu te daria dicas, ficaria animada, e provavelmente teria me oferecido para pintar o meu de roxo. Eu perdi isso, por que você me excluiu.

— Desculpe. – Murmurei pegando minhas coisas.

— Bem, por um lado você conseguiu o queria. – Murmurou com um sorriso enorme.

— Que era? – Perguntei confusa.

— Agora eu nunca mais poderei tentar juntar você e Ollie. – Deu de ombros. – Mesmo eu não poderia mudar a cabeça do meu irmão sobre mulheres pintando seus cabelos de rosa. – Falou caminhando até a porta e a abrindo. – Oliver odiaria isso. – Murmurou fazendo com um gesto de mão me abrangendo ao dizer isso. – Você vem? – Perguntou ao me notar parada. Eu mesma não havia notado que havia parado ao escuta-la dizer que Oliver desaprovaria meu visual. Em nenhum momento eu havia considerado o que Oliver acharia dessa mudança.

Estávamos indo bem com esse nosso acordo.

Apenas por que até o momento havíamos respeitado todo o lance de apenas sexo. Contrariando o que eu havia dito, estávamos entrando na terceira semana. Eu não achei que iria tão longe, mas estava acontecendo apenas por que nos víamos em seu apartamento, geralmente tarde da noite, quando ele mandava mensagens avisando que estava lá com tempo livre. Então eu pegava meu carro, ignorava o olhar desaprovador de Diggle quando ele topava comigo e ia ao seu encontro. Ele abria a porta e sem demora, sem perguntar como foi seu dia, sem que nenhum dos dois se preocupasse em iniciar uma conversa, nós transávamos. Na sala, na cozinha, no quarto de hospedes, em qualquer lugar da casa, exceto em seu quarto. Quando terminávamos eu ia embora, sem lhe dar tempo de falar qualquer coisa, sem cair na tentação de ficar mais um tempo, de saber como seria dormir com ele, de fato dormir. Eu saia e o deixava parecendo sempre ter algo a dizer, mas que nunca se atrevia a dizer.

 Então eu saía.

Eu voltava para minha casa, dormia algumas horas e então começava a minha rotina, ia ao parque e depois para a faculdade. Algumas vezes eu o via correr, eu diminuía o ritmo deixando-o me ultrapassar, e observava-o olhar por cima do ombro apenas para menear a cabeça e seguir correndo.

Apenas sexo.

Nada mais do que isso.

Era tão bom quanto poderia ser ruim.

Por que eu adorava os momentos que passávamos juntos, mas eles se limitavam a... Sexo. E parte de mim sempre me perguntaria se eu não era boa o suficiente para dar mais do que isso a um homem. Mas a outra parte de mim retrucava dizendo que fui eu que coloquei esses termos, eu quis assim, mesmo não acreditando que ele quisesse mais do que isso, eu nunca dei a chance dele realmente me dizer se queria apenas isso. Mas eu prometi a Oliver que seria simples. E isso era o mais simples que eu poderia dar a ele.

Então, ontem quando vi sua mensagem dizendo que poderia me encontrar em minha casa, eu menti para ele. Eu disse que estava ocupada demais, e que não seria uma boa hora, em um impulso fui para uma loja de cosméticos e pintei meu cabelo de rosa.

Rosa.

Rosa, Smoak.

Tão fodidamente rosa.

Por que diabos eu ia de um extremo ao outro?

— Felicity? O que aconteceu? – Thea perguntou preocupada. Então seu rosto se iluminou como se soubesse o que se passava em minha mente. – Já sei, eu falei sobre Oliver e agora você está pensando e temendo o que os homens vão achar desse novo visual. Você não precisa se preocupar com isso. – Murmurou procurando me tranquilizar.

— Eu não preciso. – Assenti a surpreendendo. Pegando minhas coisas passei por ela. – Eu fiz isso por mim, não por ninguém. E certamente não vou deixar a opinião de um homem, seja ele quem for, influenciar em uma decisão que só pertence a mim.

— Amo essa sua filosofia. – Sorriu mais amplamente. – Você me deixa orgulhosa. – Assentiu com um sorriso realmente orgulhoso. - Sério, está ótimo, eu sinto até mesmo um pouco de inveja.

— Vamos. – Falei puxando seu braço. – Antes que você decida pintar o cabelo de roxo, e essa sim, não seria uma boa decisão. – Brinquei.

— Oh, por favor, eu ficaria ótima até com cabelos pintados de verde. – Retrucou. Decidi ficar quieta para não alimentar ainda mais seu ego. Como ela decidiu vir me buscar, estávamos indo em seu carro e não no meu. Ela tagarelou todo o tempo sobre a palestra que substituiria as aulas da professora Lyla Michaels. Falou que geralmente ela escolhia as três melhores notas em sua matéria para fazer a visita ao hospital logo em seguida, algo como aprender um pouco sobre a rotina de um hospital. Ela resmungou sobre ter certeza que sua nota não estaria entre os dez melhores quanto mais entre os três. Quando perguntou sobre a minha eu apenas dei de ombros, não era como se eu fizesse questão desse passeio, para ser sincera eu estava desejando não estar entre os três melhores, embora eu soubesse que era quase impossível não estar.

— Ela nunca dá dez a ninguém. – Murmurou continuando seu monólogo enquanto fechava a porta do carro. Isso chamou minha atenção.

— Quem? – Perguntei esperando ela ficar ao meu lado.

— Lyla. – Respondeu seu olhar indagando se eu realmente estava prestando atenção. – 9.8. Foi quão longe chegaram até o momento, pelo o que eu soube. – Resmungou. – Então, eu não sei por que eu teria que me preocupar em ser a melhor em uma matéria cuja professora é arrogante demais para permitir que um aluno seja. – Assenti concordando vagamente. Minha mente já indo em outra direção. – Eu acho que nem vou ficar nessa palestra idiota. – Acrescentou.

— Você vai. – Murmurei segurando seu braço e a forçando a andar. – Ou não sei por que você teria vindo em primeiro lugar.

— Por que eu já havia prometido uma carona. – Murmurou rapidamente. – E depois por que eu quero ver todas as reações quando você entrar na sala com esse seu cabelo rosa.

— Que bom que eu entretenho. – Murmurei ácida. Soltei seu braço e caminhei para o prédio que costumávamos ter as aulas de Profª Michaels, mas Thea segurou meu braço impedindo. – O quê?

— A palestra é aberta. – Falou me puxando na direção contrária. – Qualquer um pode ir, vai ser no auditório cinco hoje.

— Oh não.

— Oh sim. – Sorriu. – Você resolveu pintar o cabelo justamente no dia em que você teria uma plateia consideravelmente maior para apreciar.

— Ter meu cabelo pintado não deveria importar para ninguém. – Resmunguei.

— Sim, mas você meio que é uma celebridade aqui. Você já chamaria atenção com esse jeito foda-se o mundo, mas você também é filha de um senador, já teve seus peitos circulando por ai...

— Meus peitos nunca circularam por aí. – A cortei.

— A foto deles, você também já saiu em algumas revistas.  – Acrescentou. – E tem os rumores.

— Você é filha do prefeito. – A lembrei. – E sua fama deveria ser bem pior do que a minha.

— Não importa. – Murmurou deixando minhas preocupações de lado. – Você foi a escolhida, o que você faz interessa a eles. Agora... - Parou em frente a porta. – Escolha um lugar para nós duas. Eu vou esperar pelo palestrante.

— Você conhece? – Perguntei confusa.

— Claro. – Sorriu. – Sempre é Tommy Merlyn, melhor amigo de Oliver. – Respondeu. Eu de imediato fiquei incomodada com o que escutei, a última vez que eu havia visto Tommy, embora Thea não soubesse que eu o conhecia, havia sido brevemente na arrecadação de fundos em que eu havia fugido de Cooper. A última vez que eu havia falado com ele, tinha sido no dia em que fiquei internada em seu hospital por conta das drogas. Eu não estava animada para revê-lo, menos ainda para Thea perceber que eu já o conhecia caso ele falasse comigo.  – Felicity? – Pisquei surpreendida ao perceber que havia perdido o que Thea dizia.

— Hum? – Indaguei alheia.

— Nossos lugares. – Esclareceu. – Pegue algo no fundo. – Pediu. – Não se preocupe com Roy, ele não vai vir hoje.

— O quê? Por quê? – Perguntei preocupada.

— Vá. Eu te explico mais tarde. – Murmurou. – Eu quero dar um abraço em Tommy antes que ele possa entrar nessa sala cheia de piranhas que vão tentar flertar com ele sempre que possível.

— Ok. – Assenti ansiosa por fugir da chegada iminente de Tommy. Entrei no auditório cinco e fiquei feliz por descobrir que a porta ficava nos fundos, e que eu não precisava descer todas os degraus para escolher um lugar. Facilitava minha provável fuga caso Tommy quisesse me cumprimentar quando terminasse sua palestra, eu sairia antes mesmo que ele pudesse terminar de chamar meu nome.  Entrei na penúltima fileira a esquerda e querendo evitar que ele me visse ao passar por mim, não escolhi as primeiras cadeiras da fileira, pulei quatro delas antes de sentar e colocar minha bolsa na que seria a de Thea. Peguei um livro e passei a fingir que lia, dessa forma com um livro em minha cara eu não precisava fingir que não via, por que eu não estava realmente o vendo, minha atenção estava mais embaixo, em meu livro.

Ponto para Smoak.

— Eu nunca pensei que você seria o tipo nerd. – Ergui meus olhos do livro o choque em reconhecer a voz atrás de mim, deixando-me inquieta. Olhei por cima do meu ombro buscando a certeza de que meus ouvidos não estavam me enganando.

Não. Nenhum engano aqui.

— Sara. – Murmurei surpresa. – Deus, Sara Lance?

— A única e perfeita Sara Lance. – Sorriu.  Sara fazia parte do passado, ela e Laurel. Não é que eu não gostasse de vê-la, mas trazia memórias que eu havia escolhido deixar para trás. Eu não a tinha visto desde aquela maldita festa em que Cooper aprontou comigo, seu olhar de choque e preocupação estava impregnado em minha mente. Então, embora ela estivesse sorrindo para mim, não era isso que eu via agora. Eu não via a Sara linda e alegre. Eu via a Sara preocupada e temerosa, que não sabia o que estava acontecendo com sua amiga.

— O que diabos você está fazendo aqui? – Perguntei ainda chocada.

— O quê? – Ergueu suas sobrancelhas em um gesto provocativo. – Sem abraços, nenhum “Eu senti saudades”? Apenas Laurel é digna de reconhecimento? – Perguntou franzindo os lábios.

— Sara...

— Relaxe. – Murmurou encostando-se a cadeira. – Eu não vou fazer dramas. Por agora. – Completou. – Eu estou aqui por que Laurel me trouxe novidades. Após anos apenas citando o que você tinha aprontado recentemente ela veio com “Ei, você sabia que Felicity está fodendo com meu ex?”. Eu cuspi meu café fora na hora.

— Ei! – Protestei desejando que ela diminuísse o tom, não queria alguém escutando, principalmente Thea. – Mais baixo. – Exigi.

— Eu não escuto Laurel Lance falar “fodendo” com muita frequência, então após passar o choque de saber que você estava na cidade e nunca me procurou, eu decidi que tinha que encontra-la para parabeniza-la. E depois é claro fazer com que você sentisse péssima consigo mesma.

— Eu não sabia que eles haviam namorado. – Murmurei automaticamente.

— Eu não estou falando isso. Eu não ligo se você resolver transar com o marido dela um dia. – Falou sem piscar. – Ok talvez eu esteja sendo um pouco maldosa, mas eu não me importo. – Deu de ombros. - Não se trata disso, se trata de você vindo para minha cidade e não se dando o trabalho de me ligar. Se trata de você nunca mais ter falado comigo, depois de tudo o que aconteceu, você foi embora, me deu as costas. E por quê? Por que Laurel desaprovava o que você fazia? Por que Laurel não acreditou em você? Laurel era a única que importava?

— Ninguém acreditou. – Retruquei em tom baixo.

— Eu acreditei. – Falou parecendo muito chateada. – Eu acreditei, Felicity. Mas você nunca soube disso, por que para você tudo o que importava era opinião de Laurel? Aquela que nem mais ligava para você? Só você que não percebia que Laurel estava ocupada demais com seus novos amigos, para realmente se importar com qualquer coisa que acontecesse com você. Eu entendo que você a tinha como irmã mais velha, mas eu tinha você como uma irmã também. Então eu fiquei decepcionada com você, não pelo o que aconteceu antes, mas como você agiu depois.

— Sara, eu sinto muito. – Murmurei tentando controlar minha voz, e sentindo a vontade desesperadora de chorar. Eu queria tanto ter alguém ao meu lado naquela época, saber que ela esteve e ainda assim eu não tinha nenhum conhecimento... Era demais. – Mas este não é o lugar, nem a hora para discutimos isso, eu... – Parei ao notar alguns conhecidos entrarem e sentarem próximos a Sara. – Mais tarde. – Completei, era mais uma promessa. Ela não pareceu gostar da ideia, mas assentiu de qualquer forma, após mais alguns segundos a encarando eu me virei, e fingi mais uma vez que minha concentração estava no livro.

Mas não estava, meu olhar desceu até encontrar quem estava no centro do auditório conversando com ninguém menos que a Profª Michaels.

Oliver Queen.

Meu Oliver Queen.

Meu Dr. Delicia?

Dr. Delícia ia apresentar essa palestra? O que aconteceu com Tommy? Procurei ao redor em busca de Thea e Tommy, mas nenhum sinal de nenhum dos dois, olhei para o meu celular e observei o alerta de mensagem.

“Desculpe, vi meu irmão no corredor e tive que fugir, provavelmente é ele e não Tommy quem vai dar a palestra, me atualize depois sobre o que aconteceu. Bjs T. Q.”

— Ela não sabe que você está transando com o irmão dela? – Fechei meus olhos ao notar que Sara estava praticamente pendurada em meu ombro, seu corpo curvado, a atenção de todos se fixando na loira. Meneei a cabeça desejando que ela entendesse a resposta e voltasse a se sentar. Direcionei meus olhos para mais a frente, lá embaixo, voltando a cair em Oliver novamente, e fiquei surpresa ao notar seus olhos em mim. Ele parecia surpreso também como se não esperasse que eu estivesse aqui.- Hum, isso vai ser interessante. – Sara murmurou após perceber onde estava minha atenção, mais precisamente em quem. - A propósito gostei do seu cabelo.

— Ou você vem para aqui ao meu lado, ou você fica quieta. – Alertei a olhando por cima do meu ombro. – Isso está chamando atenção.

—Relaxe, eu vou me comportar quando tudo começar. – Sorriu. – Mas eu posso sentar ao seu lado... Ou não.  –Concluiu quando um corpo masculino se jogou na cadeira ao meu lado, colocando minha bolsa em meu colo e seu braço caindo sobre meus ombros.  Olhei incrédula para Alex que me dirigiu um sorriso arrogante.

— Barbie. - Cumprimentou-me. Eu fechei a cara para ele e alcancei sua mão me livrando do seu braço. - O quê? Ainda estamos brincando disso? – Perguntou quando eu o ignorei. Ele olhou para trás, imagino que seu olhar encontrando o de Sara. Eu fixei minha atenção para frente. Eu não queria encarar Oliver, mas ele ainda seguia me observando com extrema atenção. – Ela gosta de fingir que não gosta de mim. – Escutei Alex dizer. - Eu acho que não te conheço. – Acrescentou, todo o seu charme em sua voz. Ou o que ele considerava ser charme.

— Não, você não me conhece. – Sara respondeu simplesmente.

— Qual o seu nome doçura? – Perguntou com um sorriso.

— Eu acho que prefiro que você continue não me conhecendo. – Respondeu.

— Osso duro como a Barbie aqui, heim? – Perguntou sorrindo. – Nós três poderíamos fazer um trio e tanto. – Deus, esse cara me dava nojo.

— Osso bom demais para um vira lata como você. – Retrucou. Dessa vez eu não pude evitar olhar para Alex. Eu queria, na verdade precisava observar sua reação a isso.

Seu rosto se fechou. O sorriso charmoso se esvaindo, a única coisa que o impediu de responder algo foi à voz da professora soando por todo o auditório através do microfone, e chamando nossa atenção.

— Bom dia a todos. – Virei meu rosto para encarar a professora. – Como todos já sabem, hoje eu cedi meu horário para proporcionar a vocês uma palestra com o chefe de cirurgia do hospital St. Anna. Dr. Tommy Merlyn. Como já sabemos nossa Universidade possui uma parceria com o hospital, e frequentemente alguns dos nossos melhores alunos estagiam lá, alguns antes mesmo de chegarem o período correspondente ao estágio. Infelizmente Dr. Merlyn não pode comparecer a nossa palestra, mas Dr. Queen, chefe do departamento de pediatria se ofereceu para assumir essa tarefa. Oliver além de nosso palestrante, é um amigo meu. Então por favor, não me envergonhem, escutem o que homem tem a dizer e façam perguntas. – Alertou. – Após a palestra eu quero que Sr. Davis, Sr. Harper e Srtª Smoak venham até mim. – Murmurou fazendo com que cochichos começassem. Oliver me lançou um olhar a atônito e logo eu estava dirigindo meu olhar para Alex que me encarava confuso.

— O que diabos nós fizemos? – Perguntou-me.

— Eu não sei, eu definitivamente não queria ter meu nome associado ao seu em um discurso feito em um auditório. – Murmurei ríspida.

— Desça do pedestal, se eu fiz besteira, você também fez. – Retrucou.  – Você e seu amiguinho traficante.

— O que você está insinuando? – Perguntei, meus sentidos protetores se elevando.

— Silêncio. – Professora Lyla murmurou impaciente. – Estes são os alunos que acompanharão Dr. Queen em uma visita ao hospital hoje, dito isso...

Oh merda.

A visita. Ia ser com Oliver? Justo Oliver?

— Como você conseguiu ficar entre as melhores notas? – Alex perguntou-me me analisando.

— Algo chamado estudar. – Murmurei aborrecida. – Você deveria tentar.

— Eu não preciso, eu colei e estou indo nesse grupinho ridículo de nerds com você. Não é mesmo? - Questionou. – Você devia tentar. – Meneei a cabeça incrédula com a situação, Roy não havia vindo. O que significava que eu teria que enfrentar sozinha uma visita com Oliver e Alex. Um dia inteiro entre fugir das estupidezes de Alex e me concentrar em não estragar tudo com Oliver.

Merda.

Eu vagamente era ciente da onda de aplausos que se iniciou quando a professora Michaels encerrou o discurso e deu boas vindas ao Dr. Queen. Tentei não esboçar nenhuma reação quando senti o rosto de Sara ao lado do meu enquanto sussurrava apenas para eu ouvir.

— Qual Oliver você prefere? Black Tie Oliver, Dr. Oliver, ou professor Oliver? – Ela provavelmente havia escutado por Laurel que Oliver e eu estivemos na mesma festa, ou ela não teria me dado essa opção. O que dizia que Laurel provavelmente havia estado muito chateada, afinal foram muito os detalhes contados. Eu nem sabia que Laurel tinha conhecimento da festa. Apesar de pensar e considerar tudo isso após sua pergunta, eu não demoro mais do que um segundo para verificar onde estava a atenção de Alex e me voltar para ela para lhe responder.

— Oliver nu.

OLIVER QUEEN

Juntei minhas coisas enquanto observava lentamente a grande turma se dispensar.

Eu mataria Tommy maldito Merlyn.

Sim, eu ia.

O desgraçado veio ao meu apartamento me dizer em cima da hora que eu tinha uma palestra marcada para hoje. A mesma palestra que ele era responsável por realizar todos os anos. O idiota jogou mais uma vez suas responsabilidades em meus ombros, e não teve a decência de me avisar com antecipação. Então, quando Lyla falou para todos aqueles alunos que eu havia me oferecido para tomar o lugar do Dr. Merlyn eu segurei uma risada cheia de sarcasmo.

Aquele filho da puta.

Como se não fosse o bastante eu tive que me preocupar em todo o momento a não desviar minha atenção para onde eu sabia estar Felicity. Felicity Smoak, com quem eu estava tendo algo, mas eu não sabia nomear exatamente o que era. Com quem eu vinha me encontrando com frequência nas últimas semanas e me policiando para não deixa que minha irmã, sua amiga, descobrisse.

Tudo por que ela era irracional demais para perceber que esta era uma péssima ideia.

Quando eu entrei no auditório e a vi envolta em uma conversa com ninguém menos com Sara Lance, eu me perguntei o que ela estava fazendo aqui. Por que eu sabia que Felicity e Thea cursavam estavam na mesma Universidade, mas alguma parte de mim havia entendido que era apenas isso, eu nunca havia chegado a conclusão que era na mesma sala. Eu nunca pensei que Felicity estava cursando medicina. Então, eu fiquei na dúvida sobre o que ela estava fazendo ali. Pensei a primeiro momento que ela havia descoberto que seria eu a dar a palestra e que como esta era aberta, ela havia deixado à curiosidade vencer.

Que bobagem, a garota não conseguia ficar na mesma cama que eu depois do sexo. Ela literalmente fingia que não me conhecia após isso. No parque ela deixava que eu passasse por ela como se na noite anterior não tivéssemos feito muito mais do que correr juntos. Como a mesma garota que corria porta a fora após o sexo decidiria assistir uma palestra minha? Por mim? Eu poderia rir, se de fato achasse engraçado.

Eu me sentia como o segredo sujo de alguém.

Era ruim.

E ainda assim eu não conseguia mudar isso.

Quando Lyla chamou o nome dela, de Roy e de mais outro rapaz, eu percebi meu equívoco. E enquanto eu ainda estava superando o choque da nova cor do seu cabelo, eu agora estava lidando com a surpresa que era descobrir que ela estava entre os melhores da classe.

— Tudo bem aqui? – Lyla perguntou enquanto eu checava meu celular.

— Sim. – Assenti. – Os alunos de que você falou... Eles vão me encontrar no hospital?

— Sim. – Assentiu. – Dois deles estão ali. – Apontou para a fileira em que Felicity e o rapaz que havia a abraçado pelos ombros ainda estavam. É claro que eu não havia perdido isso.

Eles estavam em pé. Provavelmente esperando o momento em que seriam chamados, ou que nós nos aproximássemos. Felicity parecia infeliz com toda a situação, ou talvez fosse apenas o fato de que o rapaz em questão sempre procurava toca-la de algum jeito, toques leves e rápidos em seus ombros enquanto murmurava algo que parecia desagrada-la. Sara não estava mais por perto, em algum ponto durante a palestra ela havia se retirado. E eu havia percebido que mais de uma vez ele havia se aproximado de Felicity de forma intima, e falado algo em seu ouvido. Ela sempre parecia fuzila-lo logo após. Ele estava a chateando, e chateado a mim no processo. – Harper não veio.

— Eu conheço Harper. – Murmurei automaticamente.

— Eu suspeitava que sim. – Sorriu. – Sua irmã também não veio Oliver. Eu estou surpresa, eu pensei que ela estaria no trio. Pensei que seria ela, o namorado e Smoak. Nunca imaginei Davis no meio. Sinto dizer, mas Thea irá afundar em minha matéria se não correr atrás, ela está na média, mas eu não gosto de alunos que apenas ficam na média.

— O critério ainda é o mesmo? – Perguntei por fim cedendo a minha curiosidade. Eu não queria parecer como se diminuísse Felicity, ou não a achasse capaz, mas meu problema aqui era em acreditar que Roy Harper estava entre os melhores de uma classe de medicina.

— Sempre o mesmo. – Assentiu. – Eu suspeito que um deles colou. – Confessou. A encarei incerto se deveria perguntar quem. Eu estava louco para perguntar quem. Provavelmente eu deveria diminuir o tempo em que eu passava escutando Tommy, por que eu estava ficando tão fofoqueiro quanto meu amigo. E eu achava isso tão irritante nele. – Não o seu cunhado. – Ela respondeu a pergunta feita em meu olhar.

— Felicity? – Perguntei inquieto. Eu não gostava dessa possibilidade, por que apesar de surpreso, eu também havia ficado orgulhoso com o que eu havia descoberto sobre ela.

— Você a conhece? – Questionou-me ao perceber meu deslize ao chama-la pelo primeiro nome quando ela nunca fez isso.

— Ela é amiga de Thea. – Falei rapidamente. – Só conheço o que Thea me diz. Que não é muito.

— Hum. Não. Não Felicity. – Murmurou por fim, não demonstrei que percebi a pequena intensidade que ela atribuiu ao dizer o nome. – Acredito que ela seja a única a que jamais devo duvidar. Ela não é só a melhor aluna da sala, ela é minha melhor aluna. – Murmurou com certo orgulho.

— Você sempre tem um preferido. – Dei de ombros.

— Ela tirou dez. – Murmurou me surpreendendo. – Ela é minha aluna preferida.

— Dez? – Perguntei atônito. – Da megera que diz que não daria 10 nem a si mesma?

— Não me chame de megera. – Murmurou revirando os olhos. – Sei muito bem que alguns dos alunos me chamam assim, não preciso dos meus amigos fazendo o mesmo. – Repreendeu-me. - E não vamos mais deixa-los esperando. – Murmurou indicando que eu a acompanhasse.

— Não quer remarcar essa visita para quando Harper estiver? – Perguntei a acompanhando. Eu adoraria me livrar dessa visita.

Anula-la seria minha opção.

— Não. Eles não tinham certeza de quem ia, mas sabiam que ia ser hoje. – Deu de ombros. – Ele sabe que se faltasse perderia isso.

— Ele talvez não soubesse que estava entre os três. – Eu não sabia por que estava me dando o trabalho de defendê-lo. – Ele é meu cunhado e confesso que estou surpreso. Você tem certeza de que não foi ele que colou?

— Eu tenho. – Assentiu com um sorriso. Provavelmente achava engraçado eu confiar tão pouco no meu próprio cunhado. – Eu estou surpresa também, é um grupo estranho, mas pelo o que sei ele é sempre visto com a Srtª Smoak. Talvez ela seja uma boa influência para ele.

— Você sempre vai babar quando falar nela? – Perguntei com um sorriso apenas para provoca-la. Se ela soubesse o que eu e a Srtª Smoak fazíamos a noite, não estaríamos tendo essa conversa com tanto humor.

— Cala a boca. – Ordenou. Eu calei, apenas por que estávamos chegando muito perto da dupla, Felicity hesitou, mas logo tomou a iniciativa de se aproximar. - Vocês dois estão prontos? – Lyla perguntou de imediato. Felicity se limitou a dar um aceno positivo.

— Eu costumo dizer que já nasci pronto. – O idiota sorriu com arrogância.

— Onde está Roy Haper? – Lyla perguntou o ignorando.

— Eu mandei uma mensagem para ele. – Felicity adiantou. – Ele disse que estava a caminho do hospital, se ele ainda puder fazer parte. – Sondou.

— Está tudo bem. – Assentiu. – A presença na palestra era obrigatória para a turma de vocês, ele terá que administrar suas faltas, mas faltar a ela não significa que não pode ir a visita. Ele a ganhou, por mérito. – Acrescentou dirigindo um olhar significante para aquele que ela suspeitava ter colado na prova. Era tão ridículo, cola se fazia no colegial. Agora, na universidade? Eu não entendia como alguém ainda tinha esse pensamento. – Isso que vocês estão tendo é um privilégio, Oliver liberou sua agenda para estar a disposição de vocês, para responder suas perguntas, façam valer a pena. - Os encarou com seriedade. - Eu estou indo embora, vocês se encontrem com Oliver na entrada do hospital. O respeitem e as regras do hospital, vocês estão lá apenas para observar e questionar quando lhes é permitido. Não me envergonhem. – Advertiu erguendo um dedo.

— Ok. – Felicity assentiu com um sorriso. – Tchau.

— Bom, eu explicarei tudo a vocês quando chegarmos lá. – Falei não querendo demorar mais do que deveria agora.  – Alguém precisa de uma carona? – Perguntei encarando os dois, mas eu não poderia negar que minha pergunta era para Felicity.

— Estamos bem. – O rapaz ao seu lado murmurou feliz consigo mesmo. – Eu posso levar a Barbie.

— Barbie? – Murmurei perdido.

— Essa seria eu. – Felicity forçou um sorriso. – Na verdade, Alex. Eu agradeço a carona, mas eu acho que poderia ir logo com Dr. Queen. Eu pensei que eu poderia fazer algumas perguntas sobre o hospital no caminho. – Ela murmurou me encarando com um pedido em seu olhar. Assenti concordando.

— Não seria nenhum problema. – Murmurei. – Venha comigo. – A chamei já andando um pouco a sua frente. Apurei meus ouvidos para escutar o quer que estivesse rolando atrás de mim.

— Não seja uma nerd, Barbie. – Ele falou. – Homens não se interessam por mulheres assim, se você quer transar com o Dr. Queen comece a piscar os olhos e se desmanchar em elogios. Nenhum homem gosta de sabichona. Eu não.

— Você promete?  -Indagou seu tom com falsa doçura.

— Diga-me algo, você mudou seu cabelo pensando que eu pararia de chamar Barbie? – Perguntou. – Por que isso não vai acontecer.

— Sim. – Murmurou. – Por que minha vida gira em torno de você. - Olhei por cima do ombro lançando a ela uma advertência. Eu não precisava de muito para entender que ali ao seu lado, estava um novo Cooper. Ela achava que podia lidar com ele com palavras, e respostas ríspidas. Mas eu tinha certeza que isso apenas o instigaria a continuar a provocando. Isso não poderia terminar bem.

— Meu carro está ali. – Ele falou quando atravessamos a entrada.  –Eu encontro vocês em 40 min?

— Esteja lá em 10, ou esqueça essa visita. – Falei o encarando apenas brevemente. O observei endurecer diante do meu tom, mas assentiu concordando. Indiquei a Felicity que me seguisse e abri a porta do carro para ela. Apenas quando dei a partida e saímos do campus foi que eu a encarei. – O que diabos foi aquilo?

— O quê? – Perguntou-me confusa. – Alex? Ele é um idiota, eu tenho por regra evita-lo, é por isso que pedi uma carona, não teria te envolvido nisso se pudesse. – Acrescentou.

— É claro. – Meneei a cabeça com desgosto.

— O que está errado, Oliver? – Perguntou-me após alguns segundos. – O que eu fiz que lhe irritou dessa vez?

— O que aconteceu com seu carro? – Perguntei ignorando sua pergunta.

— Nada. – Respondeu. – Eu vim de carona, mas minha carona foi embora assim que viu o irmão no corredor, vocês brigaram?

— O quê? Agora podemos conversar? – Perguntei azedo. – Eu pensei que eu só servia para sexo.

— Qual é o seu problema? – Perguntou-me irritada. – Você poderia ter dito não, quando eu perguntei sobre essa maldita carona. Foi você que começou tudo, a propósito, você que tocou no assunto carona. Não eu. Então se não queria me dar a maldita carona, não me oferecesse a maldita carona.

— E deixar você em um carro com aquele idiota? – Retruquei. – E não sou eu que costumo evitar você, é o contrário.

— Oliver, você está no seu período ou algo assim? Você está sofrendo de TPM? – Perguntou com deboche. – Por que eu não consigo entender por que estamos brigando.

— Nós não estamos brigando. – Respondi.

— Sim, estamos. – Murmurou virando-se para mim. – Você está irritado, e não quer me dizer o que é, então ou você me diz o que está acontecendo, ou você engole esse seu orgulho de macho e deixa para lá. – Trinquei meus dentes enquanto controlava meus nervos. Ela tinha um ponto. Se eu não queria ir até o fundo, que não começasse a escavar em primeiro lugar.

— Como eu não sabia que você estudava com Thea? – Murmurei após longos segundos em silêncio.

— Heim?

— Eu não sabia que você era melhor da turma. – Retruquei. – Foi uma surpresa encontra-la hoje. Eu não sabia que você fazia medicina. Eu ainda não sei um bocado de coisas sobre você, e muitas delas são coisas pequenas, que surgem em meio a qualquer conversa normal entre duas pessoas. Você poderia ter dito isso a um garçom enquanto entregava sua conta. Ele olharia para mesa veria o livro e perguntaria o que fazia, e você naturalmente responderia que estudava medicina. Então, eu não entendo. Estamos nos encontrando, não todas as noites, mas com bastante frequência e eu ainda não sabia que você fazia medicina. Eu não sei nada sobre você. Por que nunca conversamos, e tem esse idiota que lhe importunou durante toda a palestra e eu não podia fazer nada sobre isso, por que você nunca me falou nada. Eu não me sinto no direito de dizer a ele para parar de te chamar por esse maldito apelido.

— E você não pode. – Murmurou fazendo com que eu a encarasse incrédulo. Eu tinha falado em vão ou o quê? – Ele continua me chamando assim por que eu demostrei mesmo sem dizer nada, que isso me irrita, então ele continua, para me provocar. Você não deve dizer nada, por que quem deve dizer sou eu, e eu não vou dizer. Por que isso é dar a ele artilharia. Eu prefiro ignorar sua existência a lhe dar um pequeno gesto de atenção. E sobre me conhecer... É melhor deixarmos como está. Você sabe mais do que devia, pode não saber as pequenas coisas, mas sabe as grandes. Sexo funciona entre a gente. Conversa não. Estamos conversando agora e mais parece uma briga, então não. É melhor assim.

— Para quem? – Perguntei irritado.

— Você quer parar? – Questionou-me séria. Meneou a cabeça com um sorriso irônico. – Eu disse que se durasse muito seria duas semanas.

— Eu não estou dizendo para pararmos. – Falei entrando no estacionamento do hospital. – Mas seria errado reavaliarmos o que está acontecendo aqui? – Silêncio foi o que recebi como resposta, quando parei o carro e virei-me para encara-la livremente  ela abriu a boca para dizer algo mais, observei seu rosto emoldurado pelas mexas cor de rosa. Ainda era um choque para mim. Estava acostumado com as mechas loiras quando eu os enrolava em minha mão e a puxava para um beijo. Por vontade própria minha mão alcançou a ponta de uma trança, meus dedos acariciando os fios. Ela me encarou insegura. E tudo o que pude fazer foi sorrir.  – Você está linda, a propósito.

Ela abriu a boca em sinal de surpresa. Talvez por que eu mudei tão rápido de tópico, ou talvez por que não esperasse um elogio vindo de mim, eu não poderia ter certeza quanto a isso. Talvez pelos os dois motivos. Eu tive que me conter para não fazer algo que eu me arrependeria. Bem aqui no estacionamento do meu trabalho eu queria beija-la. Então, para evitar isso eu recuei, soltei seu cabelo e abri a porta com a outra mão, logo escutei a pancada da outra porta se fechando, me dirigindo um olhar cheio de dúvidas ela me acompanhou. Tommy estava encostado ao balcão da entrada, seu olhar rapidamente caiu entre um e outro. Primeiro com confusão, então um largo sorriso veio ao seu rosto, ele encarou Caitlin ao seu lado e esperou o momento em que nós dois estávamos parando a sua frente para murmurar para ela.

— Veja só docinho. Hoje é o dia de traga sua namorada para o trabalho. – O fuzilei com o olhar enquanto Felicity falhava no passo seguinte, chegando a tropeçar. Caitlin que estava alheia a tudo isso por estar com sua atenção fixada no prontuário em cima do balcão, o respondeu.

Docinho, todo dia é o dia de “traga sua namorada para o trabalho.” para você.— Seu tom era monótono, certamente Tommy já havia enchido muito de sua paciência só em uma manhã. Talvez esteja relacionado ao fato dele a estar chamando-a de docinho? Não havia modo de Caitlin realmente estar gostando desse apelido.

— Eu não estava falando de você, eu estava falando de... – Caitlin ergueu a cabeça ao notar que as palavras seguintes soavam abafadas, enquanto eu observava atônito Felicity literalmente calar a boca de Tommy. Ela havia colocado sua mão sobre sua boca abafando as palavras seguintes. Tommy a encarava entre choque e diversão. Caintlin sorria. Droga, eu estava sorrindo.

— Eu sei que não nos conhecemos e eu não tenho o direito a essa liberdade com você. – Ela murmurou. – Mas você parece ser um cara legal, então eu tenho que pedir que cale a sua boca, da forma mais delicada possível. Eu estou aqui como um dos alunos do curso de Medicina da Universidade de Starling City, eu não vim aqui como namorada do Dr. Queen, por que entre alguns outros motivos, eu não sou sua namorada. – E lá se foi meu sorriso, essa sua necessidade de deixar claro o que havia ou não entre nós dois, me irritava. - Eu não sei bem o que vocês dois vem discutindo sobre mim, eu apenas espero que isso não chegue a nenhum dos outros rapazes que vão chegar em alguns minutos. Eu sou apenas Felicity Smoak, e você é o Dr. Merlyn, eu estou aqui em uma visita com o Dr. Queen, e nenhum de vocês três me atenderam após uma reação muito ruim a drogas. – Falando sobre suavizar as coisas. Reação muito ruim?— Por que eu nunca estive aqui. Está claro? – Ela encarou Tommy que apontou para sua mão que ainda cobria a boca dela. – Oh, desculpe. – Murmurou retirando sua mão.

— Eu gostei de você. – Tommy sorriu. – Ollie, eu gostei dela. – Murmurou batendo em meu ombro.

— O que seria de mim sem viver com sua aprovação. – Murmurei me encostando ao balcão.

— Eu gostei de você também, Felicity. – Caitlin murmurou voltando sua atenção para o prontuário e assinando-o. Logo entrego a enfermeira a sua frente que fingia não estar nos escutando. – Eu geralmente valorizo aqueles que conseguem em tão pouco tempo calar a boca do meu noivo. – Ela ergueu a cabeça novamente, um sorriso iluminando seu rosto. – Você provavelmente é minha pessoa favorita no mundo. – Piscou.

— Vocês são estranhos. – Ela murmurou olhando de um ao outro. – Eu os tratei muito mal. – Murmurou referindo-se ao dia que foi internada.

— Eu poderia concordar, mas eu não sei do que você está falando. – Tommy respondeu com um enorme sorriso.  – Você nunca esteve aqui.

— Eu acho que meio que gosto de vocês também. – Felicity murmurou correspondendo ao seu sorriso com um próprio. Era isso. Eu não conseguia entender por que com qualquer outra pessoa ela poderia agir tão naturalmente, conversar e sorrir e eu ganhava apenas as discussões giradas em torno do por que  não podemos ir além do sexo. Eu queria ganhar um sorriso seu.

— Felicity. – Ela virou-se para encarar Roy que se aproximava com pressa. – Eu perdi muito? – Perguntou apreensivo.

— Acabamos de chegar. – Respondeu franzindo o cenho. – Roy por que você faltou hoje? – Ele abriu a boca para responder, mas seu olhar caiu em nós três que os observávamos com interesse. Felicity olhou para trás, seu olhar caindo em mim, e logo pediu licença antes de se afastar um pouco o puxando pela manga do casaco. Enquanto Roy perguntava o que diabos ela havia feito com seu cabelo.

O que diabos eles estavam escondendo de mim? Por que Thea estava me evitando, e no que Roy Harper estava envolto?

— Eu adorei esse visual alternativo dela. – Caitlin murmurou inclinando sua cabeça.

— Eu definitivamente gostei da atitude. – Tommy completou. Meneei a cabeça peguei a pasta que estava ao lado do seu cotovelo e bati em seu braço com ela. – Que merda é essa, Oliver?

— Por que você tinha que chama-la de minha namorada? – Perguntei irritado.

— Deixe-me ver. – Começou colocando a mão no queixo. – Você dois se encontram regularmente, certo? Vocês transam, e são exclusivos sobre isso. Você tem um acordo que envolve não trair um ao outro, você trouxe ela em seu carro. E você provavelmente me bateria se eu tentasse qualquer coisa com ela...

— Eu te bateria se você tentasse qualquer coisa com ela. – Caitlin murmurou enquanto checava o seu celular. – Eu tenho que ir, tente não apanhar, nem de mim, nem de Oliver. Docinho.— Eu precisava perguntar sobre essa merda de docinho, assim que possível. - Respeite a namorada que não é namorada de Oliver. – Acrescentou antes de se afastar. – E me atualizem depois!

— Ela é sua namorada. – Tommy murmurou em tom de conclusão após acenar para Caitlin.

— Eu não tenho ideia do que fazer com ela. Do que fazer sobre isso – Falei a observando no que parecia ser uma reprimenda para o amigo.

— Eu lhe daria alguns conselhos. – Murmurou. – Mas Caitlin caiu do céu, ela é fácil de se desvendar para mim, a coitada é que ficou com a parte trabalhosa, ela tem que me aturar. Você talvez devesse perguntar a ela.

— Como te aturar? Sou formado nisso já. – Brinquei.

— Eu estou falando sério, Oliver. – Murmurou em seu tom de “vou te dar um conselho, não desperdice a chance”. – Essa garota pode ser justamente o que você precisa, pode não ser o que você queria, mas definitivamente o que você precisa.

— Que seja. – Murmurei irritado. – Eu ainda estou tentando entender tudo isso, e ainda estou zangado com você.

— Comigo?

— Você me fez dar uma palestra que na realidade era sua. – Reclamei. – E agora vou ter que fazer um tour e apresentar alguns dos meus casos para o meu cunhado, para um idiota que quer entrar nas calças da minha namorada que não é namorada, e para minha namorada que não é namorada. - Senti tapinhas leves em meu ombro.

— Boa sorte com isso. – Murmurou antes de sair carregando a pasta consigo.

— Idiota. – Murmurei para suas costas. – Vocês dois. – Os chamei fazendo com que se aproximassem, já esperei o bastante pelo colega de vocês. Vamos começar logo com isso.

—Quem? – Roy indagou confuso.

— Alex Davis. – Murmurei buscando em minha mente o nome, por que minha resposta automática era “O idiota”. Roy fez uma careta ao ouvir o nome.

— Se eu soubesse que estávamos esperando por ele, eu teria dito logo que é uma perda de tempo. – Murmurou.

— Então acho que podemos começar. – Falei me endireitando.

— Cara, não escute esse idiota, é apenas um invejoso. Eu estou aqui. – Escutei a voz masculina falar enquanto se aproximava, ergui meus olhos encontrando os arrogantes de Alex Davis. – Olá, Barbie. – Piscou para Felicity. Rangi meus dentes e fiquei em sua frente.

— Está bem, vamos as regras. – Murmurei o encarando seriamente. – Eu não me importo, nem me preocupo como é a relação de vocês fora desse hospital, vocês podem se amarem ou se odiarem, isso é problema de vocês. Aqui dentro não é “otário” não é “docinho”, não é “Barbie”. Quando você falar com ela, você vai chama-la por seu sobrenome, é Srtª Smoak para você. O mesmo para Sr. Harper. E comigo é sempre Dr. Queen. Eu não sou “cara” eu não sou seu amigo, nem dentro, nem fora desse hospital. Você vai respeitar os funcionários deste hospital, os visitantes, médicos e acima de tudo os pacientes. Eu trabalho com crianças então você vai avaliar bem cada atitude sua, vai repensar cada frase antes de falar, e só vai falar quando eu assim solicitar. Se houver alguma pergunta reze para eu estar olhando para você na hora, ou voltará para casa com dúvidas. Estamos entendidos?

— Sim.  –Assentiu. Seu olhar caiu sobre Roy que o encarava com um grande sorriso.

— Ótimo. – Repeti encarando os três. – Vamos.

FELICITY SMOAK

Encostei-me a parede do quarto do último paciente que estávamos visitando hoje. Roy estava logo ao meu lado, também encostado a parede. Juntos observávamos Oliver conversar animadamente com o garoto de sete anos que no dia seguinte realizaria o transplante de fígado. Oliver estava sentado à cama enquanto escutava o pequeno Chase fazer perguntas sobre o que aconteceria amanhã. Eu não queria isso, eu não queria vê-lo assim, dessa maneira.

Oliver aos poucos estava se infiltrando ainda mais dentro de mim.

Eu queria ser racional, queria fazer isso da maneira mais fácil. Eu não queria e nem podia me apegar a ele. Eu prometi que seriamos tudo menos complicado, mas cada minuto que passávamos juntos, mesmo apenas sendo sexo, eu me apegava ainda mais. E agora, eu via como ele era com os outros, com seus pacientes. Como ele era com as crianças, e ele era tão bom, tão gentil. E eu via como ele queria ser comigo, mas eu não podia evitar pensar que o que ele queria era a ideia de algo. Ele não gostava de como as coisas estavam acontecendo entre a gente, eu podia perceber, por que Oliver sabia lidar com relacionamentos curtos. Ele podia lidar com sexo e conversa de coração aberto. Ele podia lidar com isso a curto espaço de tempo, e quando tudo acabasse, ele apenas dava de ombros, cumprimentaria a pessoa na rua e perguntaria como ela estava.

 Eu não.

Eu sabia que se me entregasse seria por inteiro. As coisas eram extremas demais comigo, eu era intensa demais, eu não podia me abrir, por que a menor abertura que fosse, se tornaria algo muito maior. Então eu fugia no momento em que ele estava prestes a me abraçar na cama, a me atrair para os seus braços, por mais que eu quisesse esse carinho após o sexo, eu evitava. Por que as coisas eram mais seguras quando se resumiam a sexo.

— Eu nunca pensei que diria isso. – Roy murmurou ao meu lado. – Mas eu gosto dele. – Encarei incerta se havia escutado direito.

— Do seu cunhado? – Perguntei erguendo uma sobrancelha.

— Sim, eu sempre achei Oliver um pouco mesquinho. – Confessou. – Filho de papai que teve tudo, mas hoje eu vi uma pessoa diferente.

— Deixe de bobagem. – Murmurei com diversão. – Eu sei que você só gosta dele agora por que você amou o que ele fez com o estúpido do Alex.

— Tem isso também. – Sorriu antes de encarar Alex que estava fora do quarto, ele estava apoiado de forma displicente ao balcão, nos encarava com raiva. Durante todo o dia foi assim. Ele logo chegou a conclusão que Dr. Queen era irmão de Thea Queen, minha amiga e namorada de Roy. Logo ele chegou a conclusão que Oliver havia escolhido ficar ao lado de Roy, seu cunhado. A todo momento quando Oliver não estava por perto ele não deixava de fazer piadas sobre isso, sem é claro deixar de insinuar que meu pedido de carona a Oliver na verdade era um oferecimento de sexo. Roy esteve bem perto de resolver as coisas com ele da maneira errada, mas eu o acalmei.

Por todo o restante do dia fomos apresentados ao hospital, que era enorme. Oliver nos levou ao pronto socorro, nos ofereceu um verdadeiro tour, mostrando os principais casos do dia de cada área, e com uma permissão especial nos levou a uma das galerias, nos permitindo um vislumbre rápido de toda a agitação de uma cirurgia. Eu fiquei empolgada com isso. Eu fiquei realmente animada. Eu quase esqueci a visita surpresa de Sara Lance e a promessa de que me encontraria amanhã para uma conversa.

Quase.

Em fim, após isso ele explicou que sua agenda do dia havia sido cancelada para ele ficar disponível para nós, para tirar dúvidas e mostrar procedimentos pequenos, algo que a Profª Michaels já havia dito, mas que ele repetiu para explicar por que não o veríamos fazendo nenhuma cirurgia. Ele falou que apenas nos apresentaria alguns dos pacientes que ele atenderia amanhã. Então através das últimas visitas pude enxerga-lo como um médico realmente, não um cirurgião, mas um médico, como ele se relacionava e conquistava seus pacientes. E droga, o bastardo conseguiu um pouco mais de território comigo.

 - Ele vai ficar bem? – Roy perguntou assim que Oliver se aproximou.

— Ele vai ficar ótimo. – Sorriu confiante. – É importante explicar da forma mais simples para o paciente, a criança, como vai acontecer. Usar linguagem fácil e de forma que ela possa compreender. Pode usar comparações, não há problema. Muitos médicos conversam apenas com os pais, usando palavras difíceis ignorando que a criança está bem ali, escutando tudo e se assustando.

Assentimos concordando.

Ele saiu do quarto e logo o seguimos.

— Agora o quê? – Alex perguntou quando paramos em sua frente, estava mais do que óbvio que ele estava entediado.

— Agora vocês podem ir. – Oliver murmurou o lançando um olhar aborrecido. – Para a semana eu preciso entregar alguns relatórios a Lyla sobre vocês, mas vocês já podem ir.

— Espere, estávamos sendo avaliados? – Alex perguntou atônito.

— Surpresa Sr. Davis. - Oliver sorriu.

— Eu não consigo acreditar nisso. – Meneou a cabeça. – Eu estou indo, você vai querer ir comigo dessa vez, ou prefere outra carona do Dr. Queen? –Perguntou colocando certa carga de conotação na frase, Roy meneou a cabeça ao escutar, e Oliver se limitou ao colocar as mãos no bolso de seu jaleco o encarando com um olhar hostil.

— Você pode ir. Sozinho. – Oliver murmurou simplesmente.

— Que seja. – Alex retrucou se afastando. Ergui os olhos para o teto e pedi paciência.

— Ela vai comigo, Oliver. – Roy murmurou checando em seu celular. – Obrigado por ter dado uma carona a ela mais cedo. – Falou distraído. Oliver me encarou exibindo um sorriso mínimo enquanto meneava a cabeça. - Droga, Thea está perguntando se vamos sair hoje. Ela incluiu você. O que você acha? – Perguntou já me encarando.

— Eu não acho que você queira. – Falei o encarando desconfiada.

— Eu quero, mas eu estava ansioso para ficar em casa e assistir TV. – Confessou.

— Diga a ela que prefere ficar em casa com ela, assistindo TV. – Sorri. – Seja sincero, eu tenho certeza que ela prefere ficar com você em casa também. Às vezes nós mulheres não expomos o que está em nossa mente, imaginando que vocês já sabem disso. Pensamos que na verdade não bate com o que vocês querem, e tentando adivinhar o que vocês querem, acabamos eliminando algo que os dois queriam. – Roy me encarou confuso, e eu me limitei a dar de ombros, eu podia sentir Oliver me encarando intensamente, mas não pude encara-lo de volta, apenas continuei encarando Roy. O que parecia ser a escolha certa no momento.

— Ok.  –Roy assentiu. – É um bom conselho. Você espera eu ir ao banheiro? – Perguntou ansioso.

— Claro. – Assenti.

— Onde era o banheiro mesmo? – Roy perguntou encarando Oliver.  Oliver apontou para a direita e Roy sorriu em agradecimento. Só então me permiti encarar Oliver. Ele estava me encarando sério, como se estivesse em meio a diversas considerações, contemplando prós e contras, até que pareceu ceder. Sua mão alcançou meu braço e me guiou até um corredor, abrindo uma porta qualquer e me empurrando para dentro. Segurei qualquer protesto até que ele fechou a porta atrás de si. Seus braços cruzados diante seu peito, o uniforme azul do hospital fazendo jogo com seus olhos.

            Olhei em volta e percebi que estávamos em um quarto de plantão.

Ok, se eu estava assistindo Grey’s Anatomy direito eu sabia o que vinha a seguir.

— Hum, eu acho que gosto da ideia. – Sorri me aproximando dele, minhas mãos indo para o seu pescoço com a intenção de atraí-lo para um beijo, ele segurou meus pulsos me impedindo. – O quê?

— Você está me confundindo.  – Murmurou por fim. – Aquilo que você disse para Roy, está me confundindo. O que você quer de mim, Felicity?

— Aquilo estava relacionado a outra situação. – Murmurei abaixando minhas mãos. – Era para Thea e Roy.

— Não foi o que pareceu. – Retrucou.

— Quer saber? Você está me confundindo. – Falei com irritação. – Você disse que eu era problema, você disse que estava com Isabel por que as coisas com ela era mais simples, eu estou lhe dando exatamente o que você quer, e você está reclamando. O que você quer de mim, Oliver? Eu estou te dando sexo, por que desde o começo você deu a entender que era isso que você podia oferecer, era isso que você queria de mim. Então, eu não entendo. Por que você parece tão insatisfeito com algo que é exatamente o que você pediu?

— Por que não era para ser tão frio assim. – Respondeu. – Calculado. Eu gosto de sexo, mas eu posso ir a um lugar para ter isso se for só sexo, eu gosto de companhia feminina, não precisamos ter um relacionamento, não precisamos fazer juras eternas, nem precisamos falar sobre sentimentos, mas podemos sim nos tratar melhor, eu não sou apenas um corpo que você pode usar Felicity. Eu não estou satisfeito com isso. Se você vai para minha casa você fica até o amanhecer, você dorme comigo, e muito provavelmente come comigo. Você acha que eu não percebi que você não quer que eu vá para sua casa? Eu pensei que era por causa de Diggle, mas logo eu percebi que é por que você quer que seja o mais impessoal possível, e sexo, mesmo sendo “Apenas sexo” não precisa ser impessoal, pelo contrário.

— Isso significa o quê? – Perguntei confusa.

— Que eu não quero mais que você seja minha namorada que não é namorada. – Murmurou. Assenti tentando assimilar suas palavras.

— Espere. O quê? – Perguntei perdida. Do que ele estava falando? O que diabos... – Oliver, o que você está tentando dizer?

— Esquece.  – Meneou a cabeça, ele se afastou da porta e caminhou decidido até mim.  – Vamos voltar para o que sabemos fazer.  – Ergui minha cabeça tentando ainda desvendar o que significava sua frase anterior. Suas mãos me cercaram e seu corpo empurrando o meu para trás.

— Que é? – Perguntei mesmo já sabendo a resposta.

 - Sexo. É claro. – Murmurou antes de me empurrar com seu corpo até cairmos na cama atrás de mim. Seu corpo pesado estava em cima do meu, e como todas as outras vezes isso não me incomodou. Logo sua boca estava sobre a minha, e meus pensamentos se espalharam, fugiram de ordem até que sumiram. Não havia mais dúvidas, sem mais questionamentos, nem confusão. Isso sempre pareceu o certo, está em seus braços era certo, mesmo que fosse por algo apenas físico e mecânico, era o que eu poderia ter. Era o que eu teria, e daria de volta.  Emiti um suspiro quando senti sua mão subir por baixo da blusa, pela minha caixa torácica e alcançar um seio, seus lábios dominando os meus, enquanto seus dedos faziam cócegas em minha pele logo abaixo do sutiã. Impaciente ele se afastou para se livrar de seu jaleco e logo sua camisa foi junto. Tirei rapidamente a minha antes de aceitar um novo beijo seu. Ele voltou a se inclinar sobre mim e beijar meu pescoço quando eu escutei o som da porta se abrindo e uma voz masculina pedir desculpas antes de fecha-la novamente. Empurrei o corpo de Oliver de cima do meu e o encarei atônita.

— Este era? – Oliver murmurou confuso.

— Roy? – Indaguei ao mesmo tempo em que a porta voltava a abrir e Roy entrava novamente como se quisesse se certificar do que havia visto. De quem havia visto.

— Felicity? – Questionou boquiaberto. – Oliver? Vocês dois?

— Vire-se. – Oliver murmurou para Roy, enquanto jogava minha camisa para mim, congelada como eu estava eu apenas a segurei.

— Vocês dois estavam... Deus, vocês dois estão transando? – Roy meneou a cabeça com descrença. Logo seus olhos se abriram ainda mais. - Inferno, Thea sabe sobre isso?

Oh merda.

— Oliver Queen e Felicity Smoak.  –Roy murmurou parecendo extremamente aborrecido. – Você dois estão mantendo segredo de ninguém menos que Thea Queen?

Merda.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e fico na espera do feedback. Xoxo LelahBallu.



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