Draco viu Bellatrix fazer um leve movimento de Varinha e de repente Belinda subia descontroladamente, quando atingiu mais ou menos um metro e meio, a gravidade a puxou de volta e ela foi de encontro ao chão, causando um estrondo abafado pela grama.
Bellatrix gargalhou ao ver Belinda se virar de lado, respirando com dificuldade.
Draco sabia que ela sentia dor, caíra sobre o braço esquerdo e mantinha a mandíbula travada, contendo qualquer som que a denunciasse, Malfoy a conhecia, ela não daria o gosto de seu sofrimento a ninguém, principalmente a Bellatrix, que parecia tão disposta a fazer com que ela demonstrasse dor.
—Isso é tudo o que você consegue, garotinha estúpida? —Bellatrix provocou e Bell se colocou de pé, o peito subia e descia rapidamente, tentando forçar o ar a entrar.
—Eu ia perguntar o mesmo ao seu respeito, Bellatrix. —Rebateu.
—SUA INSOLENTE INSUPORTÁVEL!
Belinda viu Bellatrix apontar a Varinha pra ela e os olhos escuros brilharem de ódio. Ela havia sido pega distraidamente pelo Alarte Ascendare inicialmente, não podia negar, mas o contrário do que fazia com Mark, não estava disposta a só se defender, ela tentaria um contra-ataque, algo em Bellatrix a irritava de forma incompreensível.
—Ela tem uma língua afiada. —Rabastan comentou rindo ao lado do irmão e Draco teve o desprazer de ouvir os dois rirem.
—Estupore! —Bellatrix atacou.
—Protego! —Belinda se defendeu. —Immobullus. —Sussurrou, não queria alertar a adversária.
Bellatrix defendeu com um riso de deboche.
—Você mal consegue me fazer cócegas, garotinha!
Belinda se sentiu seriamente insultada e irritada. Quem ela pensava que era pra chegar ali e desafia-la daquela forma tão grosseira? Bell assumia estar assustada e estar se controlando para não se encolher na presença de três perigosos e leias Comensais da Morte, porém aquele olhar superior de Bellatrix pedia que Belinda se esforçasse para silenciar aquela maldita risada escandalosa.
Draco acompanhava de forma apreensiva os movimentos, Belinda, como era esperado, estava levando uma surra, porém parecia decidida a levantar a cada novo ataque e revidar da melhor forma que podia, mantendo seu ar debochado e provocando Bellatrix, que se irritava a cada vez que a menina abria a boca. Rodolphus e Rabastan estavam se divertindo assistindo o duelo e Mark parecia levemente irritado por Belinda estar levando uma luta a sério com Bellatrix, mas nunca ter feito o mesmo com ele.
—Conjunctivitis!
Belinda tentou se defender, porém não tivera tempo o suficiente e logo seus olhos ardiam desesperadamente, a fazendo não conseguir ver nada adiante e pressionar as mãos contra os olhos, que começavam a lacrimejar contra sua vontade, o que fez a menina praticamente rosnar de fúria e Bellatrix gargalhar mais.
—Garotinha tola e burra! —Se divertiu Bella. —Você nunca vai conseguir me acertar. —Cantarolou rindo. —Não é páreo nem para conseguir me fazer cócegas. —Repetiu.
—Vou fazer você engolir suas malditas palavras. —Ameaçou Belinda e Rabastan riu, enquanto se aproximava da menina, que nem sabia o que ocorria ao redor, de tão irritado que estavam os olhos.
—Mas não acho que será hoje, em? —Disse ele parando ao seu lado direito.
Belinda sentiu os músculos travarem, Rabastan ria animadamente ao seu lado e isso provocava constantes calafrios e se não fossem os olhos irritados, provavelmente estaria desesperada com sua proximidade.
—Vamos deixa-la descansar um pouco agora. —Rodolphus disse divertido, Belinda notou que ele estava do seu lado esquerdo. —Amanhã começaremos seu verdadeiro treinamento, Belinda.
Belinda estava ladeada pelos irmãos Lestrange e seu coração acelerou, fazendo o sangue correr mais rápido pelas veias e um zumbido irritante ficar em seu ouvido, ela praticamente ouvia o sangue correr por seu corpo.
—Ah, mas já vamos parar? —Bella perguntou fazendo beicinho, como uma garota mimada e maldosa, pensou Draco.
—Deixe a garota descansar, Bella. —Rabastan comentou de leve. —Ou você a quer morta?
Draco observou Rodolphus parar em frente à Belinda e segurar seus pulsos.
Belinda travou com o toque.
—Deixa eu ver seus olhos. —Rodolphus lhe disse, era uma ordem, notou ela.
Belinda não tivera escolha, o homem puxou suas mãos de frente dos olhos e abriu a força seu olho direito, porém isso só causou mais ardor e a fez forçar para fecha-lo, o que causou um suspiro irritado em Rodoplhus.
—Muito ruim? —Rabastan questionou o irmão.
—Um contra-feitiço e depois uma compressa de água gelada resolve, amanhã ela estará pronta pra outra. —Respondeu, mas Bell notou que a voz não trazia compaixão alguma, somente uma diversão maldosa.
—Interessante. —Rabastan riu. —Amanhã ela irá treinar com quem?
—Vão dividir meu tempo por acaso? —Belinda perguntou de forma debochada, ainda não conseguia vê-los, mas sabia que não poderia ficar quieta, precisava saber o que iria acontecer.
—Exatamente isso. —Rabastan parecia alegre. —Você estudará Feitiços, bem mais avançados do que nossa querida Hogwarts oferece para os alunos, comigo. Irá aprender sobre ataques e defesas com Rodolphus, continuará com Mark em Poções e como já percebeu, colocará tudo isso em prática com a Bella.
—E por que isso? —Quis saber. —Então será válido tentar envenenar Bellatrix? —Rabastan gargalhou e Rodolphus deu uma risada leve.
—Seria uma tentativa interessante. —Rabastan brincou.
Belinda assumia que por trás do medo, havia a curiosidade. O que eles queriam com ela ao ponto de desejar treinar e ensina-la? Eles haviam acabado de fugir de Azkaban e Voldemort estava a solta, poderiam simplesmente estar lambendo o chão pelo o qual o Mestre deles passava, mas parecia que Belinda não se veria livre deles tão rápido.
—Isso não tem importância alguma. —Rodolphus cortou. —Agora abre os olhos, se não será pior.
—Eu não consigo abrir meus olhos. —Disse furiosa e Rabastan riu.
—Você é uma pequena ferinha, em Belinda? —Riu novamente. —E eu sempre imaginei que teríamos uma garotinha estupidamente assustada em mãos.
—E era o que preferiam? —Quase cuspiu as palavras.
—Sem dúvida. —Disse ele. —Pessoas assustadas tendem a serem obedientes.
—Obediência é algo que todos precisam e pelo que me disseram de você, vamos precisar que você seja ou teremos que torna-la. —Rodolphus ameaçou e ela sentiu o estômago embrulhar. —Agora abra os olhos.
Belinda se obrigou a abrir os olhos e Rodolphus usou um Feitiço para amenizar a ardência, o que ajudou bastante, ao ponto de ela conseguir enxergar tudo novamente, mesmo que embaçado, mas os olhos ainda estavam irritados.
—Coloque compressas de água gelada aí e amanhã está bem. —Rabastan disse a encarando. —As oito horas nos vemos na biblioteca, Belinda.
Belinda notou que aquilo foi uma dispensa e era tudo o que ela esperava, por tanto não discutiria, estava exausta e querendo ir para o quarto. Olhou em volta e rapidamente localizou Draco, próximo a entrada da casa, ele a olhava preocupado.

Belinda colocou novamente a compressa sobre os olhos, estava assustada e furiosa.
—O que merda eles querem comigo? —Questionou ela para Draco, que estava deitado, ao seu lado na cama.
—Não sei, mas não acho que seus comentários cínicos vão fazer com que eles te deixem em paz, provavelmente só vai irritar todo mundo e você vai ganhar novos machucados. —Falou de modo simples, tentando esconder a preocupação.
—Eu não quero treinar com eles. —Disse tirando as compressas dos olhos e o encarando.
Draco a olhou, os olhos da menina ainda estavam muito vermelhos e lacrimejantes.
—Não acho que é uma opção, Bell. —Disse de modo mais leve.
—Eles me dão calafrios. —Sussurrou ela.
—Eu sei. —Sussurrou de volta.
O silêncio se fez presente e logo o sono dominou os pensamentos.

Belinda rolou na cama e bateu em algo, que a xingou violentamente, o que a fez despertar por completo.
—Foi mal. —Disse ela, encarando um Draco indignado, que massageava a testa.
—Porra, Belinda!
Belinda mal conseguia recordar a última vez que dividira uma cama na hora de dormir com Draco, provavelmente quando tinham seus oito anos. Sabia que Draco dormira ali porque a ajudou até altas horas e ficou com preguiça de voltar para o próprio quarto, também sabia que era por causa dela e do medo que estava sentindo por conta dos três convidados que a Mansão Malfoy abrigava naquela noite.
—Eu já disse que foi mal. —Disse ela sorrindo.
—Idiota.
Belinda rolou os olhos e sentou na cama, sr espreguiçando.
—Volta a dormir, Draco. —Ela pareceu cansada de repente, lembrando do que teria que fazer aquela manhã. —Você não precisa treinar com aqueles três... —Draco percebeu que ela não encontrou as palavras certas e por isso se calou.
Miaaaaau.
Rúnda pulou ao seu lado na cama e ela sorriu, esticando a mão e acariciando o gato entre as orelhas.
—Olha quem lembrou que tem dona. —Falou levemente e Rúnda se esfregou em sua mão. —Infelizmente não vou poder ficar com você hoje. —O gato miou outra vez, a encarando como se questionando sua sanidade mental e ela suspirou, mas deu um leve sorriso. —Tenho um dia cheio hoje, Rúnda, mas Draco cuidará de você.
—Cuidarei? —Provou o loiro e ela o fuzilou, os olhos já estavam normais.
—Sim! Você cuidará, Malfoy.
—Então tá. —Deu de ombros e trocaram um sorriso.

Belinda suspirou e finalmente abandonou a ideia de fugir de casa após o café da manhã, deu um último gole no café forte e se ergueu, começando a sair da cozinha e se dirigir para a biblioteca, não sem antes se ver obrigada a passar pela sala de jantar e encontrar Narcisa, que conversava aos sussurros com Bellatrix, Lucius que parecia completamente disperso olhando sua torrada intocada no prato, Rodolphus conversando tranquilamente com Rabastan, que parecia muito feliz em provocar Mark.
—Achei que você tivesse fugido pela janela durante a noite. —Mark provocou ao vet a menina.
Belinda rolou os olhos e o encarou seriamente, os olhos negros parecendo mais escuros que o comum, se é que aquilo era possível.
—O contrário de você, não costumo fugir, Mark. —Rebateu e Rabastan riu sonoramente, já se colocando de pé.
—Vamos lá, temos trabalho a fazer, Belinda.
Belinda conteve um suspiro e começou a caminhar atrás de Rabastan. Aquele seria um longo dia.