— Já voltou a falar com ele? – Ângela me pergunta.

Estava na faculdade e a Ângela era uma amiga que eu havia feito.

— Ainda não. – respiro fundo e apoio a cabeça nas mãos.

— Bella, isso já tem duas semanas. Vocês não deviam ficar tanto tempo sem se falar.

— Eu sei, mas é que aquela mulher não some da minha vida. Você acredita que todos ensaios que o Eleazar consegue pra mim, ela está lá? E vive falando do Edward. Isso me desestabiliza e nem consigo trabalhar direito. Ela faz para me provocar.

— Converse com o Eleazar para ele não levar ela. 

— Já falei. Ele disse que ela estava atrás do Edward. Me pediu até desculpas, mas o coitado não tem culpa.

Meu celular toca, mostro o visor para Ângela. É o Edward.

— Atende Bella.

Encaro a tela do celular, mas acabo rejeitando a ligação.

— Depois.

O professor entra na sala e inicia a aula.

—--*---*---

Já era noite e eu estava limpando a cozinha. O Edward estava lavando os pratos.

O clima estava estranho, porque conversávamos sobre tudo, exceto sobre a tal de Heide. Mas eu sentia que ainda hoje resolveríamos isso. 

Assim que acabei, ele pegou minhas mãos e me puxou para perto dele.

Se encostando na pia, ele envolveu os braços e minha cintura e me fez encara-lo.

— Vamos conversar hoje? Por favor.

— Tudo bem. – digo acariciando seu rosto.

O celular dele toca e quando olho para a bancada, aparece na tela que é a Heide.

 - Ela tem seu número? – pergunto quando ele me solta para pegar o celular.

— Eu... tem, é que ela pediu e... Vou atender, é rápido. Eu juro.

Ele atende sem deixar de me olhar.

— Oi Heide.

Saio de sua frente e ele pega meu braço.

— Vou tomar um banho. – minto e saio da cozinha.

Chego no banheiro e me encaro pelo espelho. Minha testa franzida e percebo que estou triste e com medo. Medo de perder o Edward. Até quando eu seria assim? Dependente de alguém?

— Amor... – ele bate na porta e eu começo a soluçar. 

Ele entra e me abraça.

— Não chora, por favor. – sacudo a cabeça negando e ele me aperta mais em seus braços. – Me deixa explicar. – Edward segura minha cabeça entre as mãos me fazendo olha-lo.

— Eu vou pedir um Uber e ir pra casa.

— Bella, que isso. Me deixa te explicar vai.

Me solto dele indo para o quarto pegar minha bolsa e ele vem atrás de mim.

— Me deixa pelo menos te levar.

Eu apenas aceno com a cabeça.

—--*---*---

— Você lembra que eu te falei na casa da minha mãe, que eu havia tido uma namorada? — Edward me pergunta enquanto dirige.

— Não me diga que é a Heidi. — falo olhando para janela.

— Ela é uma pessoa importante para mim. Ela ficou mais atrevida com o tempo. Mas você não precisa se sentir intimidada por ela. Eu estou com você. — ele para o carro em frente ao meu prédio. — E não quero ninguém além de você.

— Como você acha que eu devo ficar então? — me viro para ele. — Sua ex aparece, e é mais velha que eu, bem sucedida, toda resolvida. Uma pessoa que claramente quer você. Eu devia simplesmente não me incomodar? Você está se escutando, Edward?

— Acho desnecessário esse seu ciúme. Será que você poderia agir com mais maturidade apenas dessa vez?

— Você está dizendo que sou infantil? — digo surpresa. — Nossa Edward... Nossa.

Saio do carro e bato a porta.

Sinto ele vir atrás de mim. Enquanto subo ele diz:

— Espera amor, me desculpa. Eu me expressei mal. — Coloco a chave na fechadura e quando vou abrir a porta ele segura meu rosto. — Me desculpa. Vamos conversar, por favor.

Suspiro.

— Nós já estamos conversando.

Tomo um susto quando entro no kitnet com o Edward atrás de mim.

— Jacob? O que está fazendo aqui? — digo franzindo o cenho.

— É com esse babaca que você está? — ele diz apontando na direção de Edward.

— É melhor você sair daqui. — Edward diz sem dar muita importância pra Jacob.

— Eu sei que fui estúpido, mas nós precisamos conversar, Bella.

— Vai embora, Jacob.

— Me escuta. — ele puxa meu braço me fazendo virar. — Qual é, Bella. Depois de tudo que vivemos, você me deve ao menos uma conversa.

— Pra quê, Jacob? Já terminamos.

— Cara, vai embora, beleza? Ela não quer falar com você. — Edward diz tentando soltar a mão de Jacob do meu braço.

— Não se mete, palhaço. Você não sabe nada da minha vida com ela.

— Das suas traições? De todas as vezes em que você deixava ela no momento em que ela mais precisava? E só voltava quando precisava de algo? Ah, pode apostar que eu sei muito bem do que você fez pra ela.

— Seu viado... — Jacob diz indo pra cima de Edward lhe dando um soco no supercílio antes de Edward o imobilizar. — Me solta, seu canalha. Me solta

— Edward, por favor. Solta ele. Não quero confusão. Vou conversar com ele e assim ele vai embora daqui logo.

Ele me encara incrédulo e solta Jacob me olhando indignado.

— Vou te esperar lá no quarto. Não vou ficar aqui vendo isso.

Ele entra no quarto​, mas como o meu apê é pequeno, sei que ele vai ouvir tudo que conversarmos, mas não me importo.

Desvio minha atenção ao Jacob que está me olhando.

— Nós não temos mais nada haver um com o outro, Jacob. O que mais você quer?

— Não se faça de inocente. Você teve sua parcela de culpa por tudo que aconteceu.

— Você quer conversar? Então vamos conversar. Eu te digo toda a verdade que você quer ouvir. Eu não sou culpada pelos erros que você cometeu. Então pare de tentar me culpar por isso.

— Você ficava me sufocando, Isabella. O que mais você quer?

— O que mais eu quero? Jacob, se toca. Não quero mais nada com relação a você. Já se passaram 8 meses. Porque você ainda estar aqui?

— Eu senti saudades, Bells. A Leah ta grávida e eu não sei se eu consigo...

— Para. Pode parar. Você só está assim porque os papéis se inverteram e eu estou com outra pessoa. Você não sabe o que quer da vida. Mas te garanto que comigo você não vai ter mais nada.

— Você vai jogar 4 anos de relacionamento fora, por causa desse tal de Edward? — ele se altera.

— Primeiro que não existe mais relacionamento nenhum entre a gente. E segundo, não toque mais no nome dele, não tem nada haver. Acabou, ta? Tudo que é seu, suas coisas eu juntei e deixei lá fora. Já pode ir embora.

— Por que você está fazendo isso, Bella? Por que está me deixando por ele? — ele diz com o cenho franzido e me dói ver a pessoa na qual ele se transformou. Uma pessoa com quem dividi minha vida. Ele estava perdido, mas não mudava o fato de ele estar me culpando por tudo o que havia e pior, taxando Edward de não ser o suficiente. E isso me irritou.

— Vou dizer o que é que ele tem que não tem em você. Então senta. — aponto pro sofá — Senta e escuta calado e vê se não chora. Ele quis o amor que um dia você jogou fora!

— Quando foi que eu disse que não queria que você me amasse? Eu sempre precisei do seu amor.

— Suas atitudes demonstraram outra coisa. – Suspiro cansada.

— Não estou entendendo...

— Onde você estava quando o Gabbe morreu?

— O que?

— Você sabia o quanto eu amava o Gabbe, e você não estava aqui. Sabe quem ficou, Jacob? – olho para ele que me encara de braços cruzados. – O Edward. Foi ele que pegou na minha mão quando você soltou, que me aceitou do jeito que eu sou. Do jeito que você me deixou. Eu fiquei despedaçada após a partida do Gabbe, e sabe quem me ajudou a levantar quando eu cair? Foi ele, Jacob. Ele que enxugou as minhas lágrimas e me fez sorrir todas as vezes em que eu lembrava do Gabbe ou quando acontecia algo entre mim e o meu pai. Ele me aceitou do jeito que eu sou. E é com ele que eu estou! – digo firmemente a última frase e vejo o Jacob se transformar na minha frente.

Seu olhar fica sombrio e vejo ele apertar as mãos em punho.

— Você sabe, né? Que isso com ele não vai dar certo. – Ele diz acidamente me olhando com raiva. – Sabe porquê? Porque o problema está em você. Todo mundo se afasta de você, ou morre. Primeiro a sua mãe, depois a madrasta. Seu pai. Até o Gabbe que não tinha nada haver, morreu por sua causa. Você é tóxica, Isabella.

Minha fúria irrompe e sem pensar duas vezes lhe dou um tapa na cara com tanta força que o lábio dele se parte e sinto minha mão arder. Mas não ligo, eu estava entorpecida pela forma como suas palavras me atingiram.

— Saia. – Ouço a voz sombria do Edward.

— Você não manda em mim... – Jacob é interrompido quando Edward agarra a gola de sua camisa e o prende contra a parede.

— Escute bem o que vou dizer, porque não vou repetir. Você vai sair agora por aquela porta, antes que eu arrebente sua cara. E vai sumir da vida dela, porque se eu souber que você tentou se aproximar dela, te garanto que não vai ser só sua cara a ser arrebentada. – Edward diz com tanta frieza que eu mal posso acreditar que seja o mesmo homem que estou namorando.

Ele solta Jacob que cambaleia e me olha limpando o sangue no lábio, até ajeitar a jaqueta e ir embora.

Edward se vira para mim e eu engulo a seco.

— Bella...

— Ele tem razão. – Digo o interrompendo sem encara-lo.

— Bella, olha para mim...

Eu me sento no sofá e encaro meus pés.

— Foram 8 meses maravilhosos, mas eu não posso fazer isso com você. Não mais.

Sinto ele se agachar na minha frente e pega minhas mãos entre as suas.

— Eu não sou seu ex! — ele com tanta convicção que eu fico sem saber o que dizer. — Olha dentro dos meus olhos e ouça tudo o que minha boca calou, pois é sempre mais fácil trocar silêncios com você, já que ultimamente as palavras nos magoaram tanto. Você parece tão perdida, e estar perdido é um caminho bem difícil de vez em quando. Eu não sou feito de mentiras, entenda. Eu sou aquele que curou suas feridas e te abrigou quando estava muito difícil para você morar em si mesma. Quando estava difícil de você acreditar em si mesma, eu estava lá te dando forças e acreditando em você mais do que si mesma.

— Por favor, vai embora... Por favor, Edward! — eu imploro sentindo as lágrimas cair por minha bochecha.

— Você teve um encontro com o passado e isso te fez desmoronar e pensar em nós de um jeito diferente. Segura as lágrimas só por um instante, por favor! Me dói te ver assim: tão confusa. — ele diz secando minhas lágrimas.

— Está doendo em mim também, eu simplesmente não consigo. E sim, estamos nos machucando mais e mais. Eu só quero colocar um fim nesse sofrimento todo. — falo e deixo escapar um soluço.

— Escuta bem, não fui eu quem te magoou. Eu sou a pessoa que te amou mesmo quando não tinha motivos para amar. A verdade Bella, é que você está presa no passado! Você não se reconhece mais, mas eu te conheço e sei que me ama, por isso pare de tentar me afastar.

— O que você quer que eu faça? Eu já tentei, eu te falei, eu já tentei enfiar isso na minha cabeça. Mas não dá, não dá.

— Eu sei que você acha que tentou de tudo para ficar comigo e esquecer de tudo, mas para de tentar ficar e fica de fato, sem medo. O seu passado está te impedindo de ter um futuro. Você sabe, ele teve 4 anos para te mostrar o que ele sentia, e olha no que deu... Você despedaçada, insegura e fria. Eu tive 8 meses apenas e olha só tudo o que aconteceu, eu deixei você livre para ser você mesma esse tempo todo, então tira essa máscara para falar comigo, porque eu sei quem você é de verdade.

— Edward...

Ele pega meus rosto entre suas mãos e diz olhando no fundo dos meus olhos:

— Não tente me fazer ir embora da sua vida só porque está tudo complicado, eu posso aguentar tudo isso com você. Tenha certeza: eu não sou seu ex. E eu te amo. Eu te amo Isabella.

Ficamos nos encarando por longos minutos, eu precisava acreditar nisso. Eu precisava entender que ele era a melhor coisa que havia acontecido em minha vida e que eu estava estragando por causa do meu passado.

— E a Heidi? Como posso confiar que tudo que aconteceu entre mim e o Jacob não vai se repetir?

— Eu não sou o Jacob. Acredite em mim. Eu te amo. Você tem razão sobre a Heidi. Me perdoe. Eu não posso cortar todo contato com ela, mas posso impor limites. Tudo bem pra você?

— Não, não está tudo bem. Mas assim é melhor.

— Ótimo.

— Você não é o meu ex.

— Não meu amor, eu não sou. — ele fala e me puxa para um beijo.

Suas mãos permanecem em meu rosto enquanto ele me beija.

O beijo fica profundo, até que o ar se faz necessário e ele se afasta e encosta sua testa na minha.

— Vamos colocar um ponto final de vez em seu passado. Você topa?

Me afasto e olho sem entender.

— Como assim?

— Vamos colocar esse apê a venda, você odeia esse lugar. Então porque mantê-lo?

— Porque eu não posso voltar pra casa do meu pai, Edward. E não tenho outro lugar pra ficar. — suspiro.

— Claro que você tem outro lugar, Bella. Comigo. E você já fica mais lá do que cá mesmo.

Fico pensando, enquanto analiso o rosto dele.

— Você tem certeza? É um passo grande. — arqueio uma sobrancelha e ele rir se sentando ao meu lado.

— Esqueceu que te falei que sou muito bem resolvido com o quero? — ele sorri lindamente e eu decido aceitar a proposta dele.