Depois da Tempestade escrita por DrixySB


Capítulo 3
Capítulo III




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/697932/chapter/3

Pouco depois de regressar de Maveth, Coulson reuniu a equipe e contou em detalhes o que havia acontecido, não omitindo nenhum pormenor. Nem mesmo que havia assassinado Ward. Mesmo que o chefe houvesse prometido fazer isso, a equipe não evitou ficar boquiaberta com o relato. Coulson era um agente bem treinado, que escapara da morte diversas vezes (e até mesmo de uma forma bem peculiar), mas eles não esperavam que ele fosse capaz de matar de maneira tão passional.

Mas Coulson não estava preocupado com o que seu time pensava dele. E como Fitz se recusava a abrir a boca, o chefe da Shield saiu em sua defesa, dizendo que Fitz fez o que era necessário, que não havia escolha.

— A criatura, seja lá o que for, tomou o corpo de Will e ameaçava atravessar o portal e vir para a Terra – ele fez uma pausa antes de continuar – Fitz o impediu.

O engenheiro mantinha o olhar fixado em um ponto qualquer do chão. Ainda perturbado diante de tudo o que havia visto e vivenciado na outra dimensão.

Um silêncio constrangedor aliado a um clima tenso se instalou no recinto. Todos sabendo que isso se devia as palavras não ditas. Mas ninguém parecia querer se atrever a encarar o elefante na sala de estar. Foi Jemma quem quebrou o silêncio.

— Obrigada, Fitz.

Ele levantou o olhar na direção dela, a expressão insondável.

— Obrigada por fazer o que eu lhe pedi. Voltar em segurança, mas não trazer aquela criatura pra este planeta.

As lágrimas haviam secado e agora ela portava uma postura confiante e o semblante impassível. Ele a admirou por sua força, mas isso não fez com que ele se sentisse melhor. Jemma pareceu aguardar por uma resposta que não veio e ficou desapontada quando Fitz apenas desviou o olhar, ainda calado e taciturno, o rosto sombrio...

O silêncio voltou e, dessa vez, foi Bobbi quem o rompeu.

— Bem – ela descruzou os braços, soltando-os para indicar uma posição mais relaxada – acho que falo por todos quando digo que estou feliz que tudo isso tenha chegado ao fim. Ward, o inumano, o portal... Creio que agora temos o direito de desfrutar de alguns momentos de paz.

Docinho— Hunter começou – duvido que tenhamos momentos de paz por muito tempo. Ainda existe a Hydra e aquele babaca do Malick que deve estar por aí...

— Não me chame de docinho – Ela revirou os olhos – e, de qualquer forma, merecemos um descanso, uma folga depois de tudo isso – ela arqueou as sobrancelhas na direção de seus colegas.

— Bobbi tem razão – disse Coulson – vamos aproveitar um momento de folga antes que tudo comece a desmoronar de novo. Esses momentos são curtos e convém aproveitá-los.

— Peraí, antes que tudo comece a desmoronar? – Repetiu Daisy – isso que eu chamo de um discurso motivador.

Coulson sorriu para ela e os dispensou.

*

— Fitz!

Ela o parou em um dos corredores da base da Shield, agarrando-o pela mão. Fazia dois dias desde o seu retorno e eles ainda não haviam conversado direito. Fitz encarou brevemente a mão dela na sua, antes de levantar o rosto e fitá-la.

Jemma tentou sorrir, mas seu sorriso era retraído e não soava convincente. Fitz sabia que ela estava tentando disfarçar certa melancolia.

— Nós... Não nos falamos mais desde... Bem, desde o que houve – ela desviou o olhar, como se procurasse as palavras certas pelo chão.

— Acho que não há mais o que falar a respeito.

— Por que eu sinto que está me evitando?

Fitz assumiu uma postura rígida e enfiou as mãos nos bolsos, se esquivando do toque dela, sem encará-la.

— Não estou, Jemma... É só que – ele se recostou em um pilar na parede, encolhendo os ombros – eu não sei o que dizer. Nada do que eu diga vai mudar o que aconteceu ou melhorar as coisas.

— Eu não estou brava com você se é o que pensa.

Agora ele levantou o olhar para ela.

— Eu... Estou com raiva de mim mesma por tudo o que aconteceu. Eu sinto que tudo o que houve foi culpa minha - ela levou uma mecha de cabelo para trás da orelha, ponderando a situação antes de continuar - Nada disso teria acontecido se eu não estivesse perto do maldito monolito naquele dia. Eu... Não teria ferido as pessoas que amo, ninguém teria se arriscado tanto para me salvar e a Hydra jamais teria conhecimento de alguém que atravessou o portal e conseguiu voltar.

As palavras saíram aos borbotões. Fitz franziu as sobrancelhas, incrédulo.

— Você estava simplesmente no lugar errado na hora errada, isso não foi culpa sua.

— Mas por que eu me sinto tão culpada, então? É claro que eu tenho minha parte em tudo isso... E não só nisso, mas... Também libertei Andrew... E ele matou todos aqueles inumanos porque eu o soltei. E para salvar a minha pele.

— Jemma, me escute – ele se aproximou, levando as mãos ao rosto dela a fim de que ela o olhasse nos olhos, sem se dar conta de seu gesto. A última vez que eles tinham ficado tão próximos assim foi no laboratório, quando se beijaram – não pode carregar o peso do mundo nas suas costas. Tudo isso... Tudo o que houve, nada disso é culpa sua. Você não fez absolutamente nada de errado. Pare de se culpar pelas escolhas que os outros fazem, pelas ações dos outros.

— Mas se não fosse por mim...

— Eu escolhi te resgatar, Jemma. Assim como foi minha escolha voltar para aquele lugar. Foi escolha de Andrew matar aqueles inumanos porque ele tem instintos assassinos, não porque você o libertou. Will escolheu morrer para te salvar – a voz dele caiu para um sussurro – você não é culpada de nada. Nem de... Bem, nem de não corresponder aos sentimentos dos outros. Você não me deve nada.

Ela o fitou, confusa.

— De que está falando?

— Você já me agradeceu pelo que fiz, mesmo sem precisar – ele deu um longo suspiro – não quero que sinta como se tivesse uma dívida comigo. Você não tem.

— Fitz, eu não...

— Acho que seria melhor – ele a interrompeu bruscamente – deixar tudo isso pra lá. Já sofremos o bastante, não há motivo para ficar voltando para esse assunto – ele soltou o rosto dela, afastando-se – mas... Se precisar, eu estarei no laboratório – ele tentou sorrir, mas a tentativa foi infrutífera. Jemma nem teve tempo de processar as palavras ditas e, de repente, ele estava lhe virando as costas e seguindo rumo ao laboratório.

Jemma pensou em ir atrás dele, mas conteve-se. Ele também estava traumatizado com tudo o que havia acontecido e, portanto, não queria pressioná-lo. O tempo se encarregaria de curar as feridas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Depois da Tempestade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.