Depois da Tempestade escrita por DrixySB


Capítulo 12
Capítulo XII


Notas iniciais do capítulo

Fitz retorna à base e as coisas começam a entrar nos eixos...



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Ele quis correr de volta para a base no exato instante em que Hunter lhe contou o que estava acontecendo. Mas não o fez por sugestão do próprio que garantiu que Coulson entraria em contato o mais rápido possível, desse modo, evitando revelar que eles se comunicaram secretamente durante todo esse tempo em que Fitz esteve fora.

Não demorou para que Coulson o contatasse, acreditando se tratar de uma novidade para Fitz que o corpo de Ward era o novo hospedeiro da criatura inumana que ele confrontara em Maveth e que havia se apossado anteriormente do cadáver de Will. Ele esforçou-se para parecer que não sabia de nada previamente e, sem hesitar, atendeu ao chamado do antigo diretor para voltar para a base da SHIELD.

— Bem... Acho que é isso, então – Stark fez o possível para disfarçar o quão dolorosa estava sendo aquela despedida – vou sentir sua falta. Não só do seu trabalho, mas... Eu gostei de sua companhia.

O sorriso de Fitz expressava os mais diversos sentimentos: A admiração por Stark; a alegria por ter seu trabalho bem como sua parceria, reconhecidos; certa melancolia por estar partindo; e, acima de tudo, gratidão.

— Obrigada, Senhor Stark.

— Oh, por favor, não! Senhor, não! – Tony começou a dizer, em um tom dramático – Faz com que eu me sinta um velho de noventa anos como o Rogers. O velho Steve, sim, você deve chamar de senhor por respeito aos cabelos grisalhos que ele deveria ostentar. Mas a mim, não. Sou Tony pra você, garoto.

— Ok, Tony. Foi um prazer trabalhar com e para você. Era um velho sonho de adolescência.

— O prazer foi todo meu.

Trocaram um aperto de mãos firme e, no semblante de Stark, Fitz percebeu que aquele ainda não era o ponto final.

— Sabe, sempre terá um lugar para você nas Indústrias Stark. O dia em que se cansar da SHIELD, ou quando ela cair de verdade... Não que eu esteja desejando isso – ele apressou-se em consertar sua sentença – mas o que eu quero dizer é que seu trabalho será sempre bem vindo e reconhecido aqui.

— Obrigado por isso. Aliás, obrigado por tudo.

— Por nada. Se quiser trazer sua amiga para cá também, será um imenso prazer. Mais um talento trabalhando comigo.

Tony referia-se obviamente à Jemma, cujo alguns dos estudos e projetos, Fitz havia mencionado ao Stark. O engenheiro desviou o olhar, um sorriso vago curvando um dos cantos de seus lábios, como se ponderasse ou idealizasse um momento no futuro.

— Quem sabe?

Fitz virou-se a fim de caminhar até o jato que esperava por ele no terraço do edifício das Indústrias Stark.

— Ah, Fitz! – Tony o chamou uma última vez.

— Sim? – Ele olhou por cima do ombro.

— Diga ao Coulson que quando encontrá-lo, vou terminar o que Loki começou.

A boca do engenheiro se entreabriu. Stark pareceu divertir-se com o visível espanto em seu rosto.

— Sim, eu sei que aquele bastardo está vivo... Diga também que fico feliz por isso – Tony fez uma pausa antes de prosseguir – aliás, não diga nada. Deixe que eu mesmo diga quando o vir novamente, ok? – com uma piscadela ele deu aquele assunto por encerrado.

Fitz não conseguiu evitar rir um pouco. Fechou os olhos e sacudiu levemente a cabeça, desistindo de pensar no absurdo de toda aquela situação. Caminhou a passos largos rumo ao jato pilotado por Mack que o recebeu com um amplo sorriso no rosto.

— Bem vindo de volta, agente Fitz.

— Obrigado por vir, Mack

— Tem sorte de eu ter sido designado para te buscar – Mack relutou antes de revelar isso a Fitz enquanto pilotava o avião, partindo rumo ao playground – Se fosse a Bobbi, ela iria lhe aplicar um corretivo dos bons. Palavras da própria.

O engenheiro deixou escapar uma interjeição de surpresa. Intimamente, se perguntando se Bobbi seria mesmo capaz de fazer isso.

*

— E aí está ele! – Bobbi disse, caminhando na direção de Fitz que acabara de cruzar a entrada da base. No entanto, ela parou a poucos metros dele e cruzou os braços em frente ao corpo. Fitz se sentiu intimidado por ela – você tem muito a explicar, mocinho!

Com um sorriso descontraído, Mack aproximou-se da amiga e tocou ligeiramente seu ombro.

— Ele acabou de voltar. Dê um desconto.

— Seria merecido? – havia um tom de gozação, mas também um quê de seriedade nas palavras e na expressão de Bobbi.

— Bobbi... Você não tinha uma missão para ir com a May? Sabe que ela odeia esperar.

Com um esgar de contrariedade, Bobbi girou nos calcanhares, dando uma última olhada por cima do ombro para Fitz, antes de partir ao encontro de May. Fitz engoliu em seco, sentindo-se desconcertado.

— Não sei se sou, assim, tão bem vindo...

— Relaxa – Mack o cortou, sacudindo uma mão no ar como se espantasse um inseto voador – você não se tornou persona non grata aqui. Bobbi só está tomando as dores de uma amiga.

Diante daquelas palavras, o coração de Fitz disparou e ele respirou fundo pensando em como seria reencontrar Jemma. Seus pensamentos foram interrompidos no instante em que ele avistou uma esguia figura com o cabelo cuidadosamente desajeitado e trajando roupa de couro correndo ao seu encontro.

— Fitz! – Daisy gritou animadamente e então o abraçou.

Ele retribuiu o abraço, percebendo o quanto sentiu falta de sua amiga. No tempo em que esteve trabalhando com Stark, ele procurou bloquear a falta que sentia dos colegas e amigos, obstruir lembranças, sufocar o sentimento de nostalgia. Mas, naquele momento, ao abraçar Daisy, acabara de descobrir que realmente não poderia ficar distante por muito tempo.

Eles se afastaram e, de repente, Fitz sentiu um soco no ombro. Não muito forte, mas, ainda assim, dolorido.

— Ouch! – ele massageou a região que começara a latejar. Ela estava realmente ficando boa nisso – por que você...?

— Se você fizer isso de novo, ir embora sem se despedir, dizendo que vai tirar férias e, do nada, arranjar um novo emprego, eu vou te cortar em pedaços!

— Daisy! – Mack lhe lançou um olhar recriminador – pega leve!

Ela olhou de Mack para Fitz, sentindo-se como uma garotinha que acabara de levar uma advertência dos pais.

— Sabe que estou brincando. Não chegaria a esse ponto. Mas fiquei magoada com você.

Fitz suspirou.

— Não posso dizer que não a entendo...

— Hey, amigo! – Hunter apareceu para lhe dar as boas vindas – estou feliz com seu regresso – deu um leve tapinha no ombro que acabara de ser atingido por Daisy. Fitz sentiu uma pontada, mas procurou disfarçar – há muito tempo que não nos falamos não é, meu chapa? A gente não se fala desde que você foi embora daqui... É, faz muito tempo mesmo que a gente não conversa – Hunter estava dando ênfase demais às palavras, o que já estava começando a soar suspeito.

— Sim, Hunter... Todos já entenderam – falou categórico, de modo a impedir o outro de continuar falando.

— Fitz?

Ele ouviu sua voz antes de se dar conta de sua presença. O som de seu nome sendo pronunciado por ela foi o suficiente para seus batimentos cardíacos acelerarem, tanto pelo nervosismo quanto pelo júbilo de vê-la novamente. Avistou sua silhueta a alguns metros de onde ele estava. Parecia melhor do que da última vez que a viu. Mais saudável, mais parecida com quem ela costumava ser antes de toda onda de traumas e sofrimentos que a envolveu. Todo o resto em torno dela se dissolveu. Nada mais parecia importar.

— Simmons? – ele finalmente falou, ainda sentindo-se arrebatado pela sua súbita aparição.

Ela deu um sorriso retraído e, sentindo as mãos úmidas de repente, cerrou os punhos, sem coragem de se aproximar.

Os demais presentes observavam a cena em total desconforto diante daquela tensão palpável que pairava no ar,

— Bem, eu... – Mack pigarreou antes de continuar – se precisarem de mim, estarei na sala do Coulson – ele deu um sorriso sem jeito antes de se retirar, sendo quase que prontamente seguido por Daisy que alegou que precisava trocar algumas palavras com Lincoln e Joey.

Fitz deixou de fitar Simmons por um instante e seus olhos repousaram na figura inoportuna de Hunter. O engenheiro arqueou as sobrancelhas, tentando fazê-lo interpretar o sinal de que deveria se retirar também.

Hunter o encarou sem entender por um momento, as mãos nos bolsos da calça jeans em uma postura despreocupada. O olhar de Fitz tornou-se mais incisivo, até que Hunter se deu conta da mensagem que ele tentava lhe transmitir.

— Oh... Eu... Bem, eu também... Se precisarem de mim, eu vou... Eu vou... – Hunter bateu uma mão na outra, tentando pensar em uma evasiva, sem muito sucesso – eu vou estar por aí. A gente se vê – e sumiu de vista, deixando apenas Jemma e Fitz ali.

Foi ele quem tomou a iniciativa de se aproximar, ainda que com passos hesitantes.

— Hey... Como você está? – ele começou, tentando parecer casual. Mas seu olhar denunciava sua inquietude.

Jemma deu de ombros, tão vacilante quanto ele.

— Bem. E você?

— Ótimo – ele respondeu de pronto e ambos mergulharam em um silêncio constrangedor durante um longo instante.

Desviaram o olhar um do outro como se procurassem pelo chão as palavras certas a se dizer a seguir. Quando finalmente tomaram coragem de se pronunciar, ambos falaram ao mesmo tempo, o que apenas causou mais desconforto. Riram, um tanto sem jeito.

— Pode falar. Acho que você ia perguntar algo...

— Sim... O que vocês já sabem sobre...

— Muito pouco – Os dois se puseram a caminhar lado a lado pelo corredor. Foi quase instintivo – o que, de certa forma, já sabíamos. Que ele precisa mudar de hospedeiro de quando em quando, que retém as memórias de todos eles, o atual e os anteriores, e... Ele controla inumanos.

— Apenas inumanos? Qual é o poder que ele tem sobre um humano comum?

— Ao que parece, apenas se apossar do corpo deles quando necessário. Seu foco é nos inumanos mesmo.

— E qual é o interesse neles? Pretende criar um exército?

— Exatamente isso. Tirando proveito de seus poderes.

— Oh... Isso é aterrador. Ele já está agindo então?

— Já capturou dois inumanos. Um, inclusive, era conhecido de Lincoln, da Afterlife.

— E como souberam a respeito do plano dele?

— Hunter e Bobbi conseguiram apanhar um dos soldados da Hydra. Ele forneceu algumas informações, mas bem vagas e inconsistentes. Aparentemente, apesar de nos falar sobre o plano dele com os inumanos, de resto ele sabe tanto quanto nós. Ainda está confuso e bastante impressionado com o retorno de Ward como... Seja lá o que isso for.

— E quem pode culpá-lo?

— Penso que os únicos que realmente sabem quais são os reais propósitos dessa criatura, são Malick e... O torturador do Gyiera – sua voz falhou de repente.

Fitz deu um suspiro cansado.

— E qual é a nossa alternativa agora?

— Por enquanto, laboratório. Como de praxe.

Ele não conseguiu conter um sorriso, ainda que tímido, e caminhou ao lado dela rumo ao lugar favorito de ambos na base.

*

— É preocupante... Se for como Lincoln diz, o fato cada poder inumano cobrir uma necessidade específica, de modo a criar um equilíbrio, isso poderia causar danos irreversíveis para a espécie, gerando uma desestrutura, corrompendo-a a ponto de se chegar à iminente extinção da raça...

Jemma largou o tablet em sua mesa com um estrondo que ecoou no laboratório. Sobressaltado, Fitz desviou o olhar da tela do computador que exibia um estudo minucioso do DNA inumano e fitou Jemma com uma expressão confusa.

— Ok, eu não posso fazer isso – ela disse, levando as mãos à cabeça, exasperada.

— Eu não entendi...

— Entende, sim – ela tirou as mãos da frente do rosto e o encarou de maneira inquisitiva – eu não vou fingir que nada aconteceu, que tudo está normal entre nós e voltar a trabalhar com você no laboratório como se tudo fosse como antes. Não é. E nós dois sabemos disso.

— Jemma... – Fitz tentou, mas ela o interrompeu prontamente.

— Você mentiu. Disse que iria tirar férias e, de repente, arranjou outro emprego. Você não tinha nenhuma intenção de voltar – verbalizou em um tom acusatório.

Ele se sentiu culpado ao perceber a angústia que ela sustentava em seu olhar. Tentou escolher suas palavras com cuidado, pesando-as, com medo de feri-la ainda mais.

— Não foi isso que aconteceu.

— Então o que foi? – agora havia austeridade em sua voz.

— Simmons... De repente, eu entendi o que você quis fazer daquela vez em que partiu para se infiltrar na Hydra.

Jemma sentiu seu coração se apertar diante da justificativa que ele estava utilizando. E por, deliberadamente, se dirigir a ela pelo sobrenome. Algo que raramente fazia.

— Então estava se vingando pelo que eu fiz? – indagou de modo frio.

— Não! Você estava certa daquela vez. Eu fiquei irritado e decepcionado, mas você estava certa – ele olhou tão profundamente dentro dos olhos dela que Jemma teve a impressão de que Fitz sondava sua alma – Não me ajudava ficando aqui. Eu só me sentia inferior, irritado, como se não estivesse mais à sua altura. Como se não fosse bom o bastante para trabalhar ao seu lado. Furioso por não ser mais o mesmo depois do que aconteceu. Você quis me dar tempo. Tempo para me recuperar aos poucos. Para que eu não entrasse em desespero, para eu não tentar apressar nada... Minha recuperação tinha de ser gradativa e foi por isso que você se afastou – ele fez uma pausa e então prosseguiu – e agora eu finalmente compreendo. Fui injusto com você.

Jemma ouviu cada palavra segurando a própria respiração, pasma diante daquela revelação.

— E eu não menti. Minha intenção era realmente tirar umas férias. Mas essa oportunidade surgiu... E eu não pude recusá-la. As coisas foram acontecendo. Eu precisava disso, precisava ficar um pouco longe, estar fora daqui, respirar outros ares, viver uma nova experiência, focar mais no meu trabalho – Fitz desviou o olhar, mordendo o lábio inferior – mas aqui estou eu. Quando Coulson me chamou, atendi prontamente. Em nenhum momento hesitei. E você sabe por quê? Porque não consigo ficar muito tempo longe. Distante do lugar ao qual eu pertenço. Do meu lar.

— A SHIELD – Jemma concluiu com um tom de voz e expressão impassíveis.

— Não, Jemma. Não a SHIELD.

Os lábios dela se entreabriram levemente diante da súbita compreensão do que as palavras proferidas por ele significavam.

Ficaram calados por um instante que pareceu durar uma eternidade, encarando-se como se procurassem a solução para seus dilemas dentro dos olhos do outro.

— Temos tanto a conversar – ela finalmente falou, atenuando seu tom de voz.

— Eu concordo.

— Mas agora eu não posso, eu... – ela levou uma mão à testa, soando exausta e impaciente – eu tenho uma sessão com o Dr. Samson, ainda hoje... Daqui a pouco...

— Fico feliz que o tenha consultado – Fitz procurou sorrir, mas pareceu tão aborrecido quanto ela pelo fato de terem de adiar mais um pouco sua conversa – Tudo bem, Jemma. Na volta, a gente se fala.


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Notas finais do capítulo

Só digo que o próximo foi o que eu mais gostei de escrever até agora. Beijos!



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