Your Best Friend. escrita por Martins


Capítulo 1
'Till the end of the line, pal.




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Muitos anos atrás, uma criança caíra no subsolo com a intenção de deixar de existir. E vendo que não conseguira dar um fim em sua vida miserável, ela começara a chorar, encolhendo-se tanto que quase não podia ser vista no meio daquela escuridão...

Seus soluços se tornaram cada vez mais intensos, ferindo seu peito com mais intensidade cada vez que saiam de seus lábios trêmulos. As bochechas da criança se tornaram avermelhadas pela própria vergonha de si mesma, por chorar sem ninguém por consolá-la, por um motivo tão tolo.

— Você está bem? — ouviu uma voz doce e ergueu sua cabeça, assustada com a súbita companhia. Afastou seu corpo o mais rápido que pode da pequena cabra de olhar gentil que lhe encarava. A cabra lhe estendeu a mão, mas, Chara se encolheu ainda mais, completamente assustada.

— Quem é você? — perguntou tremendo dos pés à cabeça. — Onde estou...?

— Você está no subsolo. — ele sorriu simpaticamente e, mesmo hesitante, Chara aceitou sua mãe e com a ajuda da cabra, ela começou a andar seguindo na direção de um grande e belíssimo castelo. — Meu nome é Asriel... Você tem um nome também, certo? — ele questionou inocentemente.

— Sim, seu bobo. — respondeu com um sorrisinho fraco. Asriel soltou uma risadinha envergonhada, suas bochechas avermelhando-se. — Meu nome é Chara!

— Você veio da superfície... — sussurrou Asriel ao que se aproximavam a entrada do castelo. — Como é lá em cima... Com os humanos?

— Horrível! — Chara respondeu rapidamente, balançando a cabeça negativamente, malditas lágrimas voltando aos seus olhos. — Não tenho amigos lá...

Asriel inclinou sua cabeça, a boca levemente entreaberta e disse, com aquele tom doce e genuíno que nunca parecia sair de sua voz. Ele parecia estar feliz sempre e, Chara sorriu largamente por isso, sentindo um sentimento bom e quentinho tomando seu peito. Era encanto:

— Eu posso ser seu amigo! — Asriel tinha os olhos levemente fechados, parecendo animado com a ideia. — Podemos ser melhores amigos, Chara!

Encarando o monstro que sua melhor amiga se tornara, Asriel Dreemur fechou seus olhos lacrimejantes, trêmulo dos pés a cabeça, sentindo uma culpa imensa em seu corpo ao que observara o estado deprimente que Chara se encontrava. Ela conseguira voltar para aquele mundo, usando sua própria Determinação, e ali se encontravam: um de frente para o outro, dois melhores amigos, prestes a lutarem até a morte.

— Podemos ser melhores amigos, Chara! — repetiu Asriel, com aquele tom gentil, mas tão fragilizado que fez a pequena garota rir sarcasticamente. Seus olhos vermelhos encontraram os íris brancas de Asriel e Chara inclinou a cabeça, aquele sorriso sádico sem sair de seus lábios.

— Não somos mais melhores amigos, Asriel! — ela rosnou com sua voz fina e completamente assustadora. Asriel engoliu seco e retirou de dentro de seu longo manto roxo, um cordão dourado que os dois costumavam usar antigamente. Chara congelou em seu lugar, a faca em sua mão começou a tremer, porque ela estava usando aquele mesmo cordão.

— Você é minha melhor amiga, Chara. — sorriu ele. — E sabe disso.

Chara retirou seu próprio cordão, encarando-o com curiosidade e choque absoluto, perguntando-se como pudera manter aquela porcaria durante toda a sua vingança. Sorriu abertamente mais uma vez e enfiou sua faca no cordão, desfazendo-o em mil pedaços.

— Chara, você está machucada! — o pequeno Asriel exclamou, vendo o estado que sua melhor amiga se encontrava. Os dois haviam atravessado a barreira, mas, apenas um deles continuava vivo. Os humanos estavam chegando, com suas foices e armas de fogo, pronto para machucarem Asriel do mesmo jeito que as flores douradas machucaram Chara...

— Você acha que eu ligo para esse tipo de coisa boba, Asriel?! — ela perguntou baixinho, sentindo seus olhos arderem, tentando esconder seu rosto, mas Dreemur conseguia ver as lágrimas cristalinas cortando suas bochechas. — Está errado!

— Chara... Olha para mim... — pediu o príncipe e a garotinha ergueu a cabeça, os olhos inundados por lágrimas, completamente desesperada por ajuda. Havia uma coisa queimando em seu peito e não era ódio, era bonito e a fazia querer rir... Rir para esconder sua dor, porque ela sentia uma dor por tudo que tinha feito com seus amigos e família. Todos que ela... Amava.

— Os humanos estão chegando... Eles vão me matar, Chara! — o Asriel assustado murmurou, caindo sobre flores dourados no mundo dos humanos que sorriam maldosamente na direção do pequeno príncipe. Asriel abraçou o corpo falecido de sua melhor amiga e disse: — Não se preocupe Chara, não vou te deixar, eu estou com você até o final, amiga.

— Chara, você está chorando...? — ele inclinou a cabeça.

— Eu... Não! — ela exclamou tentando ataca-lo com sua faca afiada, mas Asriel desviou e passou seus braços peludos, branquinhos e macios por Chara, entregando-lhe um abraço apertado. — Não... Asriel... Pare... Eu... Odeio todos vocês.

— Não, Chara, você não nos odeia. — ele sorriu, abraçando-a com ainda mais força. — Você nos ama. Você ama a mamãe Toriel, e o papai Asgore, você me ama mesmo com a minha incerteza sempre, ama as piadas do Sans, a ingenuidade de Papyrus, ama a força de vontade de Undyne e a inteligência de Alphys, você ama os monstros! — Asriel a apertou e ouviu o tilintar de uma faca caindo no chão do castelo.

— Não... — a garotinha fechou seus olhos, vendo a imagem de todos os seus amigos aparecendo em sua mente, retirando todo o seu ódio e enchendo seu coração com culpa. Ela matara a todos... Mamãe, Papai, seus amigos e ia matar seu irmão, seu melhor amigo. — Fica quieto... Eu... Tenho que odiar você, Asriel...!

Ela soluçou bem alto.                                                       

Queria sua torta de caramelo com canela, queria as histórias antes de dormir vindas de seu pai, as piadas sem graças de Sans, queria uma tarde brincando nos quebra-cabeças de Papyrus, as noites cozinhando com Undyne e conversando com Alphys por seu celular atualizado. Queria seus amigos de volta... Queria pedir desculpa a todos eles. Mas eles não estavam ali agora. Ela havia matado a todos.

— Você não nos odeia, você nos ama, Chara, e não precisa fazer esse tipo de coisa. Não precisa matar ninguém! — Chara, hesitante, tocou os ombros de Asriel, aceitando aquele abraço quentinho. — Você morreu por nós, não se lembra?

Os humanos feriram Asriel gravemente, ele estava quase morrendo e voltou pela barreira para o subsolo onde enterrou Chara em seu manto de flores douradas e se desfez, transformando-se em uma grande flor. Asriel morrera por ela também.

Os dois caíram de joelhos bem em frente a barreira e Chara pegou sua faca mais uma vez, cravando-a com força. Asriel arregalou seus olhos e grunhiu, ao que o corpo de sua melhor amiga caía em seus braços, mais uma vez.

— Chara, o que você fez?! — ele exclamou desesperado, tentando estancar o sangue que saía de sua melhor amiga, que começou a fechar seus olhos, respirando fracamente:

— Eu estou lhe dando a chance de consertar tudo o que eu fiz, Asriel, por favor, reset o mundo. — ela sussurrou, tocando a bochecha molhada e peluda de seu melhor amigo. Asriel negou com a cabeça e disse:

— Não vá embora, Chara.

A garotinha abriu um sorriso sincero.

— Eu não vou embora, A-Asriel... — sua respiração se tornou ainda mais fraca, quase inexistente: — Estou com você até o final, amigo.

E mais uma vez, Chara faleceu aos braços de Asriel que observou os grandes dois botões em sua frente e, sem nem hesitar, ele apertou...

RESET


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Notas finais do capítulo

*Espero que tenha gostado se leu até aqui.
*Deixa um review e até mais! sz
*Stay determined.