Noite Sagrada escrita por Leandro Carvalho


Capítulo 1
"K"


Notas iniciais do capítulo

Foi muito bom escrever baseado na letra da música de uma banda que eu gosto tanto.
Essa song fic também tem a intenção de divulgar a banda Bump of Chicken, e suas fantásticas letras e sons, vale muito a pena conhecer essa banda.
Boa leitura.



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Noite Sagrada.

A noite, a neve, os brilhos e movimento de uma cidade próspera. Os pedestres passavam as avenidas por todo momento, todos apressados, seja para ir em algo que deveria ser importante ou retornar às suas casas. Mesmo com toda essa agitação, uma mãe atenta chama a atenção de sua filha, a garotinha quase cruza com um felino, quando sua protetora puxa sua mão e altera seu caminho. A mulher não sabe se tudo o que dizem é verdade, mas é melhor prevenir, não se malparar, e se algo acontecesse com sua filha? Ela não era a única, a maior parte das pessoas não querem passar pelo caminho de um gato preto.

Um felino assim deve ser muito infeliz, mas aquele não, ele não se importava com o pensamento da mulher e de nenhuma das pessoas que transitavam ao redor. Oculto pelas sombras, ele caminhava orgulhoso, mesmo com sua cauda quebrada, e isso era algo que iria deixar ele menos belo? O animal demonstrava ser majestoso em cada um de seus movimentos.

Era superior a cada um daqueles que passavam em sua frente, como máquinas com uma alerta de medo do perigo que eles mesmos criaram.

Em um abalo, o gato novamente fugiu. Um garoto tentou chutá-lo, era comum aquela atitude dos pequenos, eram da mesma raça dos grandes idiotas. Parou quando encontrou um local seguro para passar a noite, depois de um dia cansativo e difícil, ainda com fome, deveria dormir uma outra vez e tentar entender qual a razão de sua existência. No entanto, aquele não era o dia de sorte do gato; alguém pegou ele nos braços, era a primeira vez que isso acontecia, mas provavelmente apenas queriam machucá-lo de forma distinta, até que o garoto disse palavras que o animal nunca imaginou que iria escutar:
— Boa noite magnífico pequenino, nós somos meio parecidos.
Aquilo provavelmente era alguma mentira de mal gosto. O garoto deslizou sua mão pelos pelos do animal, e cada vez mais ele não entendia o que estava acontecendo, não era aquele um humano?

O gato arranhou os braços do garoto freneticamente, que cedeu para o animal correr em disparada para sua rota de fuga, a tão conhecida solidão. Ele correu, e correu, fugindo do garoto e daquele momento. Ainda incapaz de acreditar, incapaz de confiar... Na primeira gentileza, o primeiro carinho, o primeiro calor e afeto desde o momento que nasceu. Mas não importava o tanto que fugisse e para onde corresse, o estranho continuava a segui-lo.

Se passa o primeiro inverno do gato e do jovem pintor juntos. O garoto nomeou seu amigo de Lucky Black (Preto sortudo), e o chamava de Holy Night (Noite sagrada). Contou ao pequeno como foi seu passado, quais eram seus sonhos, todos diferentes do que ele poderia achar que um humano iria desejar, colocando a felicidade em primeiro lugar, procurando o lado bonito do mundo, ele não precisaria nunca daquela rotina para alcançar a riqueza, praticamente tudo o que precisava já estava em seu coração.

Desde o dia que os dois se juntaram, as imagens antigas sumiram de seu caderno, suas pinturas mudaram, a maioria das cores agora era cinza e preto, Holy Night estava sempre representado ali. Durante as tardes nos fins de semana, o pintor sempre levou suas pinturas para a cidade, na esperança de conseguir ao menos algum dinheiro para sobreviver mais tempo. Porém até o animal sabia que daquele jeito seria difícil, que se ele quisesse sobreviver precisaria fazer algo feliz, ninguém iria desejas cores escurar de um gato aparentemente triste como uma imagem em suas casas, e mesmo que sua única intenção fosse conseguir mais algum dinheiro para continuar vivendo, nem isso ele iria realizar, então eles sempre iriam voltar para casa com menos do que o suficiente, mesmo assim aquilo não era um motivo para deixar o corajoso pintor triste, isso era algo que seu companheiro admirava.

Assim chega no segundo inverno dos dois juntos, quando faltava dinheiro o atencioso amigo se importava mais de alimentar seu companheiro, mesmo que comprasse apenas um pouco de leite ou algo para manter o gato bem. Tudo aquilo era algo complicado, desde a época em que o garoto havia sido arranhado pelo gato e por conta disso tenha sofrido alguns problemas de saúde, e aquele forte frio todas as noites, cada vez mais, deixando o garoto de fraca saúde doente. Era arriscar demais, gastar suas últimas telas e sua inspiração, que era mais admiração, fazendo pinturas de seu pequeno amigo. Mas era esse o destino que o garoto havia escolhido, sem se importar com as consequências e com o fim que ele poderia levar, estava decidido em continuar daquele jeito. Foi quando adoeceu, sabendo que agora não tinha saída, em sua vida de pobreza, então escreveu uma carta, sua última carta, colocando nela tudo que mais lhe era importante, seus sinceros sentimentos e seu lamentável destino, então disse ao gato:
— Corra, corra e leve isso a ela. À minha amada que espera o retorno do garoto que partiu com sonhos na cabeça.
Vendo seu padrinho adoecido, sabendo que aquele era o pedido de maior importância que o garoto já fez em sua vida, ele pega a carta com sua boca e passa a correr o mais rápido possível.

O gato corre pela estrada da montanha na neve, cruzando como um raio negro, toda sua velocidade e coragem faziam dele o pequeno mais rápido de todos. Encontrou em seu caminho alguns garotos brincando na neve, eles logo perceberam o animal se aproximando.
— Olhe, ele leva uma carta na boca, é o servo do demônio!
E logo as crianças começaram a jogar pedras em seu corpo, só que dessa vez era diferente, ele estava decidido, depois de ter conhecido seu amigo o gato sabia quem estava certo.
"Não importa como eles me chamem, eu tenho um nome que eles não podem tirar de mim!"

O felino passou a se esquivar das pedras de ódio e ignorância que eram jogadas em direção de seu corpo. Retornou a correr, lembrando de seu amigo ele poderia deixar para trás todo esse mundo, e lembrar que os únicos seres que existiam agora eram ele, o pintor e a amada.

   Holy Night, era assim que ele o chamava, o calor e afeto que uma pessoa poderia possuir eram todos voltadas para o gato. E então, agora ele entendia o porque, talvez seja essa a razão de sua existência, era esse o motivo que tinha para que alguém tão odiável exista. O gato se enganava em relação de quem ele era, mas sabia perfeitamente porque estava ali e qual era a razão de sua existência, só que naquele momento uma pedra atinge sua pequena perna, Holy Night mesmo sentindo uma dor horrível em seu corpo e sabendo do esforço que teria que fazer para continuar sem cair, estava completamente decidido e não iria ceder a nada.
"Talvez eu tenha nascido para o que eu preciso fazer hoje, correrei até onde for necessário!"

   E depois de mais algumas horas ele chega à terra natal de seu amigo, faltam apenas alguns quilômetros até a casa da amada. Ele correu, ele caiu, cheio de feridas. Agora existem pessoas ao seu redor novamente, sem tempo de levantar em meio a zombaria e violência.

   O gato lembrava de quem ele era, dos momentos durante sua vida e o que fez ele chegar até ali. Praticamente se arrastando e quase caindo definitivamente, não aceitava e não poderia deixar que aquela carta morresse ali, com um esforço que qualquer um iria duvidar, ele voltou a correr. E achou! É essa acasa!

A amada leu a carta, onde o pintor escrevia os seus sentimentos e tudo o que havia acontecido, sonhos deixados para trás e a ilusão infantil, era assim que a vida acontecia, porém ele não esqueceria de escrever o principal.

No jardim seria enterrado aquele que fez esse reencontro se tornar realidade. A amada acrescentou uma letra do alfabeto ao nome do gato.

Ela enterrou seu Cavaleiro Sagrado (Holy Knight).


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Notas finais do capítulo

Obrigado leitor.
Espero que tenha gostado.
Essa é mais uma história que escrevo para me tornar um escritor melhor.
Até a próxima.



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