Os dias foram passando, mas nada que pudesse mudar a rotina das meninas e a detenção dos meninos que já na primeira semana levaram detenções correspondentes a dois meses. 

Caio tentava se aproximar de Mel mas ela fazia questão de responder com um simples Oi seco. Maya estava cada vez mais próxima de Bruno que apesar de admirá-lo muito sentia que faltava alguma coisa, tendo poucas e breves discussões com o irmão. Para a alegria de Andressa ela e Thiago começaram a estudar juntos, porém isso não ajudava nada pois só quem falava era Thiago. Bianca e Miguel estavam com a “amizade colorida” de sempre. Enquanto isso as pessoas erradas se esbarravam.

— Oi Gustavo. – Cláudia abanou enquanto Gustavo sorrio e continuou andando. – Hei, vai ir na festa semana que vem?

Gustavo parou de andar a voltou praticamente correndo.

— Festa?

— Sim, esqueceu que todo o começo de ano o SNK lota?

— É mesmo, o ano passado todo mundo foi, mas... – Gustavo parou de falar e sorrio. – Sem comentários. 

Cláudia riu alto já que Gustavo não se lembrara de ter ido, e sim de ter acordado no dia seguinte com seu pai indo o buscar na delegacia junto com Caio, Miguel e Thiago.

— Não quer ir comigo? – Cláudia se aproximava.

— Não sei se eu vou, mas se eu for te vejo lá. 

Gustavo piscou para Cláudia de uma maneira até comportada fazendo a mesma morder os lábios e sair saltitante. Ele girou os olhos após vê-la se afastar.

— Mais uma... 

...

Thiago e Andressa ocupavam quase toda a mesa com livros e cadernos, a matéria realmente não era das melhores, porém como diz Andressa: Thiago era muito inteligente para se deixar abater por números. O que causava certa desconfiança da parte de Gustavo, pois o amigo sempre alertou Thiago de uma paixão de Andressa por ele.

— Então você soma a primeira matriz com a segunda. Entendeu?

— Acho que sim. –Andressa respondia mais ligada nos olhos de Thiago no que na matéria. Ela se aproximou ainda mais como uma forma de tentar que Thiago percebesse, pois como dizia Maya: Garotos nunca entendem nada!

— O que foi? 

Thiago a olhava estranhamente percebendo certa tensão nas mãos de Andressa. Ela corou estendendo o pé em direção a panturrilha de Thiago, afinal se ela perdesse essa chance não existiria outra. Seu pé se aproximava mais e não importava se ia receber um fora ou simplesmente uma despistada, ela estava pronta. 

— Thiago seu amigo é um idiota! – Mel se sentava no meio deles puxando a atenção de Thiago para si. – Não sei por que você esta rindo, primeiro ele vem e me pede desculpas ai agora pouco ele estava me xingando. – Mel abraçava Thiago fazendo o mesmo retribuir. 

— Olha vocês dizem que não entendem os homens mais nós também não entendemos vocês. - Mel separou-se dele. - Você tem que falar com o seu irmão, afinal ele não vive sem você. 

— Ninguém vive sem mim. – Mel rira do próprio comentário dando uma de Caio, como seu irmão a ensinara desde pequena. Thiago fazia cosquinhas em Mel como se fossem duas crianças fazendo a coordenadora da biblioteca quase os expulsar de lá.

“As vezes nossos olhos não conseguem enxergar o que realmente é certo, e sim aquilo que mais faz nosso coração doer. Nem sempre o que nosso coração interpreta como um simples e bobo desejo tem que ser levado para o lado menos importante. Só queremos enxergar o que realmente não dói, e o que aceitamos para nossas vidas.”

Andressa não conseguia entender, ou simplesmente não queria. Sentia uma angustia no peito e não sabia como, sem nem se esforçar, sua amiga conseguia a atenção de Thiago. Por um lado essa situação já estava quase a fazendo explodir, porém por outro Mel não sabia que era afim de Thiago. E o pior ver também todas as cenas entre os dois durante todos esses anos só começara a fazer mais sentido em sua cabeça, quando descobriu vasculhando seu próprio coração que gostava de Thiago. Um segredo que ela protegera por muito tempo. 

Levantou-se dali com uma raiva e tristeza fora do comum jogando alguns livros para fora da mesa, o que nem foi notado pelos dois que estava quase aos berros conversando. Apenas depois de alguns segundos Thiago observou me volta.

— Aonde está a Andressa?

— Ela estava aqui? – Perguntava Mel perdida.

— Nós estávamos estudando. 

— Hum, que estranho. Olha só eu descobri que na semana que vem vai haver uma festa, a gente vai né?

— Bom eu vou. Agora você... Acho difícil. – Thiago ria baixo fazendo Mel fechar a cara. 

— Nada disso, eu vou também porque o Eduardo me convidou e se ninguém quiser me levar eu vou com ele. – Mel fazia beiço fazendo Thiago a metralhar com os olhos.

— Extremamente chantagista não é?

— Está no sangue, porém por mim não faz diferença. 

Mel deu um beijo na bochecha de Thiago e saiu fazendo o mesmo girar os olhos e juntar as coisas.

...

— MEEEEEEEEU PINTINHO AMARELINHO. – Caio cantava loucamente no quarto fazendo Miguel tampar os ouvidos. 

— Acredita que ele esta cantando isso? – Miguel perguntava a Gustavo que pulava em cima da cama. 

— CABE AQUI NA MINHA MÃO...

— NA MINHA MÃO! 

Gustavo continuava fazendo Miguel abafar o rosto no travesseiro enquanto os dois pulavam fazendo ciranda cirandinha. 

— O que vocês acham da Bianca? – Miguel perguntava aos amigos que pararam imediatamente de cantar e como se puxassem um freio de mão, caíram na cama.

“As vezes agimos e interpretamos os sentimentos que vem do coração de forma tão boba e infantil que nos deixamos escapar o que era para ser levado a serio. Ou a vezes não conseguimos enfrentar ou aceitar o que realmente sentimos, então a piada e a brincadeira se une a esse sentimento.”

— O que? Como assim?

— É, vocês acham ela bonita, legal? 

Miguel falava sem jeito fazendo os amigos se olharem.

— Esta apaixonado Miguelito?

Gustavo perguntava intimidando o amigo como se fosse um detetive. 

— Eu? Não, não. Eu perguntei por causa de uma outra pessoa, nada a ver! EU? Hahahaha. Até parece, capaz, somos amigos. Nada a ver!

— Tudo bem, se não quiser falar não fala!

Caio fingia que acreditava.

— É não precisa ficar nervoso! – Gustavo piscava a Caio. – Mas então diz pra essa pessoa que a Bianca é uma ótima pessoa que com certeza combinaria com ele. 

Gustavo e Caio saíram pela porta deixando o amigo pensativo. É claro que eles souberam na hora o que era, porém era mais fácil dar um conselho inconsciente ao amigo do que o fazer admitir que estava gostando de Bianca.

“ Na maior parte do tempo ficamos divididos escolhendo sempre aquela pessoa que nos direciona ao caminho mais fácil, a aquele que com certeza vai dar certo. Porém nem sempre é essa pessoa que realmente amamos.”

Maya, Mel e Bianca estavam sentadas ao ar livre comendo de tudo que tinham direito, ambas irritadas e reclamando. 

— Eu gosto Bruno entende? O problema é que eu não gosto muito. Eu gosto mais preciso de mais, ou não gosto? AI MENINAS, vocês entendem né?

— Não! – Mel e Bianca responderam em coro fazendo Maya se própria analisar. 

— Também não me entendo.

“ As vezes queremos a liberdade de ficar com quantas pessoas puder, pois o amor nos tira isso de uma forma forte porém quando você aprende que também pode amar quantas pessoas puder descobrira que com o amor também se conquista a liberdade.”

— Pior sou eu que tenho uma relação colorida com o meu melhor amigo que agora não sei se quero que seja tão amigo assim, será que ele quer uma amizade colorida, uma amizade ou algo mais? 

— Eu acho que o Miguel te dá o maior mole e você que viaja muito! - Maya comentara.

— Eu já acho que você não tem que se prender a ninguém, é jovem e tem que curtir primeiro, esse papo de amor, paixão, deixa pra mais tarde! – Mel se manifestava com uma lata de brigadeiro na mão.

— Mais você é assim e é problemática Mel. 

— Não no amor! Posso ser em tudo menos nisso. – Ela rira de si mesma fazendo as outras concordarem com a cabeça. – Além disso, eu não sou problemática só aproveito a vida fazendo o que eu quero e quando eu quero. Eu não acho isso ruim. 

— Isso também já depende, você é meia louca. – Bianca comentava fazendo Mel mostrar a língua. – Mas você e o Thiago são bem unidos, quem sabe não rola nada?

— Não, ele só meu amigo. E eu gosto de caras mais velhos.

— A gente já percebeu! – Maya colocou a mão na boca tentando não rir. 

— Se fosse para comentar sobre amizade devíamos falar sobre o meu irmão e a Maya. Sempre juntinhos! 

— O QUE? – Maya ficava pálida. Mel iria continuar, porém uma sombra fez as garotas virarem para trás e dar de cara com Cláudia e Gisele. 

— Estava demorando. – Bianca comentou baixo.

— Então garotinhas, comendo bastante? - Gisele sorria fazendo Mel pegar a lata de refrigerante que tomava discretamente.

— Sai daqui Gisele, vai arranjar algo melhor pra fazer! – Maya se irritava.

— É, vai lá dedurar alguém pro seu pai, cobrinha. – Mel, Maya e Bianca se levantaram no mesmo momento.

— Dobra essa sua língua pra falar de mim garota! Eu posso te expulsar agora se eu quiser.

— Vou ficar esperando sentada. 

— Vai embora! – Maya se aproximava fazendo Cláudia se colocar na frente e Mel junto com Bianca avançar. Algumas pessoas se aproximavam para assistir a briga que acabara de se formar. - Será que você não percebeu que vai apanhar se continuar aqui?

Maya provocava fazendo Cláudia rir.

— E se vocês não abaixarem a cabeça agora e saírem bem quietinhas o próximo lugar que vão pisar vai ser no hospital!

— Junto com uma carta de expulsão né amiga?

As duas riram fazendo Mel cutucar Maya e Bianca perceber.

— Então vou dar um bom motivo pra isso acontecer!

Mel tocava o refrigerante no rosto das duas enquanto Maya pegou Gisele pelos cabelos e as duas começaram uma briga rápida. Mel estava em cima de Cláudia a segurando e jogando varias bebidas em seu rosto enquanto ela gritava. Bianca ajudava Maya porém uma mão a puxava fazendo agora três brigas ao mesmo tempo se concretizarem. 

“amor da amizade também é um coisa boa, porém nos faz confundir, nos faz perder a cabeça, nos faz machucar.”

Uma briga que para a tristeza dos garotos que estavam torcendo não durou nem um minuto já que o diretor aparecera puxando Maya para um lado e Gisele para outro, a coordenadora separando Bianca e uma garota que às vezes andava com as inimigas e o professor tirando Mel de cima de Cláudia que agora estava com o rosto parecido com uma salada de frutas. 

— EU VOU ARREBENTAR A SUA CARA MELANIE! – Cláudia gritara fazendo Mel ir para cima dela sendo segurada pelo professor. 

— SILÊNCIO! – O diretor gritava. – EU QUERO ORDEM!

Maya fuzilava os olhos de Gisele que agora eram tomados por lagrimas.

— Papai você viu o que fizeram comigo, olha o meu rosto! – Ela se aproximava do pai o abraçando. – Se não fosse por Cláudia e Suzana elas tinham me matado!

— SUA MENTIROSA! – Maya foi pra cima de Gisele fazendo começar a maior confusão de novo, porém tão rápida como começou, terminou.

— Levem todas a direção! AGORA! 

Os professores saiam puxando as garotas pelos corredores que apenas trocavam olhares. 

— Ai está me machucando não precisa me segurar assim, seu estupido!

Mel puxava o braço fazendo as garotas se revoltarem tudo ao mesmo tempo.

— O que está acontecendo? – Um professor aparecia fazendo todas ficarem em silêncio.

— Esse idiota aqui está me machucando. 

— Solte a aluna! – O professor se aproximava.

— E quem é você?

— Me chamo Vitor, sou o professor de literatura. – Ele olhou para as garotas. – Eu as levo para a direção. 

O outro professor saiu com cara de poucos amigos fazendo Vitor as olhar serio e ao mesmo tempo tentando entender. 

— Depois da direção, e de tomarem um banho claro... – Ele olhava para Cláudia fazendo Maya rir. – Vão todas para a minha sala. 

O professor as levou até a direção fazendo as três cumprir uma detenção de limparem todo o porão enquanto as punições de Cláudia e Gisele seriam dadas mais tarde. Para as garotas era completamente injusto, mas como nada podiam fazer seguiram para a sala do professor. Menos Mel que desviou o caminho para o dormitório afirmando que já conhecia os sermões que seriam dados e que tinha coisa mais importante a fazer.

Quando Maya e Bianca chegaram na sala Gisele e Cláudia já estavam lá com o professor e obviamente relatando seu lado da história. 

— Contando mais mentiras?

Maya sentava-se à mesa junto com Bianca.

— As mentiras só vêm quando você começa a falar. 

— Chega meninas. – O professor observava e abria seu caderno. – E onde está a outra?

— Ela não veio. – Bianca respondera calma.

— Como assim não veio? Aconteceu algo?

— Não. – Bianca sorria torto. – É que, bom o senhor é novo e não deve saber, mas, Mel...

— É problemática! – Cláudia interrompia sorrindo. – Nem os pais dela suportam ela é por isso que ela é assim!

— Cala a sua boca! – Maya falara com nojo. – Ela tem problemas sim professor mais não tem nada a ver com a família, todos gostam muito dela. E também qual é a pessoa que não tem problemas?

— Não como ela! – Gisele respondia seca. 

— Cala a sua boca... – Maya fechara o punho. – Ela só não gosta de pessoas a controlando só isso, e o que também isso tem a ver? 

— Já lidei com alunos assim, como ela e como vocês. E não estou aqui para dar broncas e nem para dizer o correto e sim para ensinar a agir da maneira que vocês acham correto. – O professor abria uma pasta e entregava a cada uma, uma folha de papel. – Eu quero que vocês escrevam o que motiva suas ações, na hora da raiva, alegria, de qualquer coisa. 

O professor sorria e logo todas começaram. Maya pensativa virou em direção a janela e lá avistara Caio abraçando uma garota.

“Então o que fazer? O amor nos leva a realidade, onde uma hora ou outra devemos aceitar o que estamos vendo, sentindo e lutar, ou então podemos ignorar fazendo a insegurança agir em primeiro lugar. 
O amor nunca nos mostrara o que queremos ver, sendo ele posto para tirar as mascaras dos que possuem ódio, mas ele sempre vai estar ali para dizer: Construa a sua própria visão!”

Caio avistava Bruno de longe e com nenhuma delicadeza o puxava para trás.

— O que você quer com a Maya? 

Maya abriu a boca categoricamente observando aquela cena pela janela da sala, enquanto os olhos de Caio brilhavam de ódio. 

— O QUE VOCÊ QUER COM ELA?