- Que diabo é isso?- Bennie foi o primeiro a se manifestar.

    - Vamos sair daqui o lugar vai pegar fogo! – Liv começou a juntar suas coisas e os garotos faziam o mesmo.

   Mas Scar não. Ela estava parada, olhando fixamente para as chamas, ela precisava tocá-las.

   - Scar vamos embora! – Arthur puxou a sua mão, mas ela não se moveu, precisava tocar as chamas.

     E assim o fez tocando nas chamas que formavam a palavra “Pura”.

     — Por culpa de suas insubordinações as filhas do escarlate só poderão proteger aos outros. E as que poderem fazer mais serão amaldiçoadas, sofrendo por toda a vida. E serão acompanhadas sempre do Caçador protetor, do amigo e da segurança, como você Scarlett.

                                                          ~~

    - Você está sendo acusada de bruxaria e envolvimento com o demônio contra a igreja – O padre acendeu a fogueira e tudo que ela pode fazer foi gritar em agonia enquanto o fogo a consumia.

                                                           ~~

   - Não! Você não pode estar morto! Por favor não! – Anne acariciou os cabelos de Willian que agora pertencia a vida eterna.

                                                          ~~

  Aquele selvagem era a coisa mais bonita que Emília já havia visto. Ele a encarava de volta, provavelmente porque nunca havia visto alguém de cabelos ruivos antes, mas mesmo assim ela lhe ofereceu um sorriso.

                                                        ~~

    - VOCÊ NÃO PODE MANDAR NA MINHA VIDA MAMÃE! EU VOU ME CASAR COM TOMÁS VOCÊ QUERENDO OU NÃO!

    - Scar!

    Scar se viu parada olhando para a parede que agora não estava mais em chamas, Liv, Arthur e Bennie estavam em volta dela. Encarando cada um ela percebeu algo diferente, não conseguia identificar o que era, apenas sabia que estarem os quatro ali era certo.

    - Você está bem?! – Liv foi a primeira a dizer qualquer.

   - Eu acho que sim...

   - Sem dor de cabeça? – Arthur afastou uma mecha de cabelo do rosto dela.

   - Sim, incrivelmente.

   O único que tinha parado de olhar para ela era Bernardo, que agora encarava a parede que tinha pego fogo.

   - Você é Pura. – Disse ele – e estava escrito Pura na parede.

   - Pura, Amigo, Segurança e Protetor – Scar respondeu sem pensar – eu sonhei com isso. Eu não consigo lembrar exatamente com o que.

    - Você tem certeza que está bem?

   - Arthur relaxa eu não sou de vidro. Acho melhor voltarmos a dormir.

    - Tem certeza? Acho que devíamos investigar o que significa aquilo.

   - Liv’s já temos coisas demais na cabeça, não precisamos de mais isso.

   Sem esperar o que os outros tinham a explicar Scar colocou sua mochila como travesseiro, deitou tentando dormir, enquanto os gritos da mulher que gritava se casar com o tal Tomás ressoavam em sua mente.

   - Dona Marina!

   Marina estava indo até a casa de Scar discutir algumas coisas com Clara quando uma garota que aparentava ter a idade de Arthur a parou na rua.

    - Oi, eu posso ajudar?

    - Meu nome é Alice, sou amiga do Arthur e não tenho visto ele depois que saímos de férias.

    A garota aparentava ter menos de 1,55m de altura mas usava um salto enorme, tinha cabelos castanhos extremamente longos e usava pelo menos 1kg de maquiagem no rosto. Foi então que ela se lembrou de Scar ter comentado sobre uma tal de Alice, que vivia dando em cima de Arthur e a odiava, e como Scar era como sua filha, ela não podia ir com a cara de quem não gostava de sua filha.

   - O Arthur saiu de férias com a melhor amiga dele, a Scar.

   - Scar? Tem certeza que ela é a melhor amiga dele?

   A garota torceu o nariz.

   - Considerando que ela vive na minha casa e eu nunca tinha visto você antes, sim eu tenho certeza.

   - Ah tudo bem, você pode me passar o número dele então por favor?

   - Ué mas se vocês são amigos por que não tem o número dele?

   Alice lhe fuzilou com os olhos mas Marina continuou lhe dirigindo um sorriso bondoso, algo que havia aprendido com os anos era como derrubar uma pessoa sendo extremamente doce.

   - Tudo bem, eu vou ver se encontro de outra forma, tchau.

   - Tchau meu bem.

   Assim que a garota se afastou sacou o celular do bolso para checar se havia alguma ligação ou mensagem de Arthur, mas era 7h30m ele ainda nem devia ter acordado se bem conhecia o filho.

   Uma parte sua queria encontrar ele e Scar e trazer os dois de volta para casa pelas orelhas mas se lembrava muito bem de como era ter a idade dos dois. E tinha certeza de que se estivesse no lugar dele não pensaria duas vezes antes de largar tudo também.

  Já tinha feito isso muitas vezes, perdera a conta do quanto fugira da escola por muito menos.

   Aquela barraca nos arredores da escola tinha muito o que contar.

   - Clara!

   Bateu na porta da casa e sem receber resposta por três vezes entrou na casa, que se encontrava completamente vazia.

   - Clara? Você está aí?

   Marina procurou pela mulher por toda a casa quando finalmente abriu a porta do quarto de Clara e o grito saiu alto e engasgado do fundo de sua garganta.

   Scar acordou 7h30 da manhã, não que tivesse dormido muito antes disso, mas sua cabeça martelava.

   Os sonhos (visões?) a deixavam com mais dúvidas do que pavor, ela só queria entender tudo aquilo.

   Olhou para o lado e encontrou Arthur dormindo com um braço sobre a sua cintura, como se desejasse protege-la mesmo que dormindo, não pode conter um pequeno sorriso. Depois da noite anterior ela que queria protege-lo.

   Se virou e segurou a mão dele em sua cintura, o amava tanto que chegava a doer.

   - Bom dia Vermelhinha – os olhos dele estavam levemente flutuantes o que acentuava a expressão de cachorrinho perdido, Scar não pode conter o sorriso novamente.

   - Bom dia.

    - Dormiu bem?

   - Quase nada.

   - Aconteceu mais ontem do que você quer me contar não é?

   - Arthur você literalmente morreu.

   - Eu sei mas não foi só isso, eu te conheço melhor que você pensa Vermelhinha.

    - Só me abraça, okay?

   Arthur subiu o braço que estava em seu quadril e a puxou para perto até que seu nariz encontrasse o peito dele, Scar aspirou o cheiro familiar, sentindo-se em casa como a muito tempo não sentia.

    - GUARDEM PRA LUA DE MEL QUE EU NÃO SOU OBRIGADO! – Bernardo gritou a cara enfiada no travesseiro.

    - CALA A BOCA SEU MAL-AMADO! EU QUERO DORMIR! – Devolveu Liv.

   - EU TAMBÉM MAS O CASAL ALI NÃO DEIXA!

  - A gente já parou tudo bem? – Scar acabou com a briga – mas acho que a gente devia levantar e ir procurar um pouco de café pra continuar procurando.

   - Querida esse rostinho não funciona antes da dez, boa noite – Bennie voltou o rosto para o travesseiro e Scar atirou sua mochila nele.

   - Depois de tudo o que aconteceu como você consegue dormir?

   - Dormindo, quer ver? Fiquem todos quietos por cinco minutos.

   Scar abriu a boca para responder quando seu celular tocou surpreendendo a todos e ela viu o nome de Marina e uma foto da mesma brilharem na tela.

   - Minha mãe? Por que ela está te ligando?

   - Eu não sei, só atendendo pra saber. Alô Marina.

   — Scar — a voz de Marina estava embargada.

   - Aconteceu alguma coisa?

   — Eu fui na sua casa agora a pouco e... sua tia...

   - O que aconteceu?! Fala!

    — Sua tia está morta Scar.

   Alice estava quase soprando fogo ao deixar a mãe de Arthur. Scar. Scar. Scar. Santa Scar!

   “Não posso fazer o trabalho com você, vou fazer com a Scar”, “Sair sábado não dá, vou na casa da Scar”.

   Ela não aguentava mais ouvir a voz daquela garota! Ela devia estar com Arthur não aquela ruiva tingida que ainda dizia ser natural! Fala sério ninguém nascia com aquele tom de vermelho.

   - Olá querida, acho que posso ajudar você.

      Estava com tanta raiva que não reparou quando uma mulher passou a andar do seu lado, ela era extremamente alta, tinha longos cabelos negros e um sorriso maldoso na face. Alice se afastou dois passos.

   - Quem é você? O que quer comigo?

   - Meu nome é Sarah, e relaxe, eu sou sua amiga. Você quer acabar com Scarlett Bernardi não quer?

   - O que você sabe sobre isso?

   - Só me responda, você quer não é?

   Sentindo o ódio tomar posse Alice sussurrou um:

   - Quero.

    - Então venha comigo e eu vou te mostrar como.